sexta-feira, 30 de julho de 2010

UM DOS ÚLTIMOS FOLCLÓRICOS

Morreu na madrugada de hoje, 30 de julho, no hospital São Geraldo, em Alto Parnaíba, um dos últimos personagens folclóricos de minha terra, o filomenense Antonio Dozio Ascenso dos Reis, o popular Ribeiro, aos 62 anos de idade.

Ribeiro ou capitão Ribeiro, como era carinhosamente tratado por todos em nossa comunidade, nasceu do lado piauiense do rio Parnaíba, à margem deste na Fazenda Riacho da Areia, em frente à fazenda Lajeado, então pertencente a Otacílio Lustosa Mascarenhas, onde seus pais, Maria José e José Ascenso, antes do casamento arrumado pelos bondosos patrões, viviam.

Nos anos 1960, os pais de Ribeiro trouxeram a prole para Alto Parnaíba e meu pai, Antonio Rocha Filho, ajudou-lhes a adquirir um terreno no hoje bairro São José, onde ergueram uma casinha, melhorada no decorrer dos anos. Além de Ribeiro, apenas Pedro Margarido e João da Paz, sobreviveram à mortalidade infantil que dizimou outros sete ou oito irmãos.

O Criador privou o nosso capitão sem patente de qualquer beleza física, incluise dotando-lhe de deficiência nas pernas, mas, como justo e soberano, deu-lhe o dom natural de responder a todos com improvisos interioranos cheios de graça e às vezes, de rima. Gostava de uma cachaça, que talvez, sem qualquer apologia, aliviava a falta de atrativos externos. Amava as belas mulheres e mesmo não as tendo, tinha-as como suas, entretanto, não ultrapassava os limites da decência e do respeito.

Anjo em um corpo que fazia lembrar o lendário de Notre Dame, Ribeiro conviveu, quando mais jovem, em nossa casa, presença ali constante e me faz recordar o seu sorriso (gaitada) alta, a sua veia de autoridade que parece ter trazido de outras vidas, o medo que impunha às crianças (não por ser violento, mas pela razão física), o seu gosto por espelhos, onde se mostrava a si próprio e se achava, com certeza, o mais belo dos homens.

Quando padecem os Ribeiros, a humanidade fica mais pobre e Deus, por sua vez, feliz em receber de volta quem cumpriu fiel e resignadamente os seus desígnios. Adeus, capitão.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

LEMBRANÇA


Morto de forma súbita há nove anos, hoje, 22 de julho, é o aniversário de nascimento de meu irmão Plínio, o terceiro filho de meus pais, nascido em 1953.

Plínio Aurélio do Amaral Rocha era mais do que apenas irmão, era o meu ídolo na advocacia, meu mestre, exemplo de vida dedicado às causas da liberdade, dos oprimidos e dos mais pobres. Amigo dos sertanejos, revoltado com a injustiça secular que o Brasil impõe aos seus filhos dos sertões mais distantes e esquecidos, como Alto Parnaíba e região, Plínio encarnava o bom orador e o primoroso redator na defesa radicial dessas gentes e dessas causas.

Não quero me alongar, apenas, saudoso, relembrar, como o faço diariamente, a falta que ele faz a mim, à nossa octagenária e doente mãe, aos nossos irmãos, sobrinhas, cunhados e demais parentes e acima de tudo, aos mais necessidatos e deserdados de cidadania de Alto Parnaíba, de Santa Filomena e Tasso Fragoso, onde atuou como operador do direito sem rendas, mas com coragem em defender os perseguidos e em combater os abusadores do mesmo direito.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O AMOR PACÍFICO DE HEITOR

Acabo de ler - ou devorar - as doze páginas de um livro intitulado Poemas do Mestre Heitor Moraes da Silva, recentemente editado por amigos e parentes de seu autor.

Na apresentação, a adolescente meiga e inteligente, Lara Louise, filha da professora de dança, Ana Flávia, neta da professora municipal Rosimary Moraes Azevedo e bisneta de uma das figuras mais influentes na vida pública de Alto Parnaíba em mais de meio século, a saudosa dona Ana Borges de Oliveira, além de um ter uma outra mãe do coração, a tia-avó Maria Filomena Costa Silva (Maria Filomena Biá), uma de nossas grandes alfabetizadoras, faz uma apresentação do autor e de sua obra primeira

Heitor Moares da Silva completará 84 anos de vida no próximo 06 de agosto, data do início do festejo da padroeira de Santa Filomena, nossa terra-mãe, é alto-parnaibano da gema, ou seja, descende diretamente dos fundadores da velha Victória do Alto Parnaíba, filho de José Moraes da Silva, o Zé da Prata, e de dona Alice Moraes da Silva.

Quando do êxodo que quase dizimou a população de Alto Parnaíba em busca dos garimpos de Goiás e da terra prometida com a construção de Brasilia e da Belém-Brasília (a grande rodovia que interliga norte e sul do país), Heitor também se aventurou pelas terras goianas e segundo Lara, chegou a fixar residência em Lagoa da Confusão, hoje Tocantins, quando aprendeu com os índios a técnica de fazer canoas utilizando apenas um tronco sem emendas.

De família de carpinteiros, Heitor seguiu essa bíblica profissão, se especializando mais como artesão. Solteiro, vive sozinho no bairro Santa Cruz, próximo a parentes que permanecem, como ele, em nossa cidade.

Em todas as poesias que compõe o livro, Heitor fala de amor, vive e se delicia com o amor verdadeiro, puro, ingênuo, doce como mel. Heitor não protesta de forma categórica, mais defende a paz na relação amorosa. Não deixa de ser singular, pois espécie de ermitão convicto, o bom Heitor, que estudou muito pouco, colocou no papel os sonhos acalentados de quem vive a solidão como se vivenciasse a multidão.

No momento em que o Brasil registra o assassinato de dez mulheres por dia, quase todas vítimas de seus amores criminosos, nada melhor do que levar a você, leitor, um pequeno trecho de um hino de um poeta nato às mulheres:

"O amor é um único espírito que vive dentro de dois corpos.
Amor não é morrer por um ser amado; e sim viver para estar ao seu lado.
Amar não é apoderar-se do outro para completar-se, mas se dar ao outro para completá-lo.
A medida do amor é amar sem medida. O amor chega quando se menos espera e se vai quando se menos imagina". (do poema Amor - Espírito de dois corpos - pág. 05).

terça-feira, 20 de julho de 2010

PALAVRA DE JACKSON

No início da noite de ontem, 19/07, a comitiva da coligação O Povo é Maior, liderada pelo ex-governador Jackson Lago, candidato ao governo maranhense, visitou a cidade de Alto Parnaíba, onde manteve encontro com lideranças políticas e comunitárias e com centenas de populares.

Como de hábito, o Dr. Jackson fez um pronunciamento em que reconheceu a falta de tempo - lhe depuseram do cargo de governador - para fazer com que o seu governo chegasse efetivamente ao mais distante município do Maranhão em relação à capital, ocasião em que se comprometeu a iniciar um novo governo, a partir de janeiro próximo, tendo por marco primeiro o município de Alto Parnaíba.

Na via pública, lideranças locais fizeram reivindicações ao Dr. Jackson, aos candidatos ao Senado, Edson Vidigal e Roberto Rocha, e a candidatos a deputado estadual, lembrando da ausência do Estado do Maranhão em nossa comunidade, protestando pela construção da rodovia ligando-nos a Lizarda, no Tocantins, a recuperação da estrada para Balsas, a construção da ponte sobre o rio Parnaíba entre Alto Parnaíba e Santa Filomena/PI, a construção de um hospital estadual e de mais escolas do estado, o incentivo à agropecuária, enfim, praticamente tudo já que o governo maranhense quase não existe em nosso município.

Falaram o presidente da Câmara Municipal, vereador Marco Antonio Leite Almeida, o vereador Firmino José Brito de Amorim, o ex-vereador Corintho Rocha Júnior, o professor Carlos Biá, a candidata a deputada estadual, Deusilene Barros, os candidatos a senador, Vidigal e Roberto Rocha, eu próprio e o futuro governador, com a participação atenta e coesa de muita gente, que também almeja a libertação do Maranhão.

O ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, o hoje advogado Edson Vidigal, relembrou sua trajetória pelo interior do Maranhão no início dos anos 1980, quando formalizou diretórios do velho PMDB nos lugares mais distantes, como Alto Parnaíba, e o fato de ter sido o deputado federal mais votado em nossa terra em 1978, sob a liderança de meu pai, Antonio Rocha Filho (Rochinha), e no mesmo tom dos demais oradores, conclamou ao povo pelo veredicto final com o retorno de Jackson Lago, o legítimo governador dos maranhenses, ao Palácio dos Leões.

Jackson, Vidigal e Roberto Rocha gravaram entrevista com o radialista e blogueiro José Bonifácio Bezerra, que deverá ser veiculada no próximo sábado pela manhã no programa do Carlos Biá, com a participação do Bonifácio, na rádio comunitária Rio Taquara FM, de Santa Filomena.

Também participaram do encontro o prefeito Ernani do Amaral Soares, os vereadores Deusdedith Dias Ferrer, Elias Elton do Amaral Rocha, Fernandes Almista de Sousa, Gecílvio Borges, Jocimar Ferreira, Manoel Gomes e Valdinar Ramos, o presidente do PDT, Wladimir Rocha, o presidente do PT, Raimundo Nonato de França Oliveira, o ex-vice-prefeito Jader Caixeta, o ex-prefeito de Tasso Fragoso, Ataliba Leite de Oliveira, os ex-vereadores Atualpa de Brito Araújo, Sandoval Rodrigues Costa, Avelar Ribeiro, Lourival Lopes Filho, Maristela Mascarenhas, Antonio Rocha Neto, o presidente do PSB e ex-vice-prefeito, Itamar Vieira, dentre inúmeras outras lideranças do município.

domingo, 18 de julho de 2010

JACKSON EM ALTO PARNAÍBA

No final da tarde da próxima segunda-feira, 19 de julho, o ex-governador Jackson Lago estará desembarcando em Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, já como candidato ao governo do estado, quando, na Câmara Municipal, no início da noite, terá um encontro com a população do mais distante e mais abandonado município maranhense.

Eu voto Jackson.

sábado, 17 de julho de 2010

MARANHÃO DIFÍCIL

Desde a luta pela fundação, o município de Alto Parnaíba mantém uma fidelidade extrema ao Maranhão, cuja reciprocidade praticamente é inexpressiva.

Nos anos 1980, os agricultores do sul do país descobriram os cerrados do sul maranhense e a adequação de suas terras ao cultivo em grande escala de grãos, principalmente soja, arroz e milho. A serra do Penitente, localizada apenas nos municípios de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, tornou-se logo a cobiça mais preciosa de verdadeiros produtores, de especuladores e de políticos com vínculos na região. O Estado do Maranhão arrecadou milhares de hectares de terras e transferiu suas propriedades, na maioria, para pessoas que nunca d'antes haviam sequer semeado ao natural um pé de maxixe, mas ligadas ao domínio do poder político então reinante no Palácio dos Leões e com interesses centrados no sul do estado.

Essas pessoas ganharam muito dinheiro; algumas perderam tudo; outras se transformaram em milionários. A partir da presença de agricultores com origem e vínculo na terra, com empresas estruturadas e visão empresarial, a serra do Penitente deixou de penitenciar e passou a produzir.

Esse é o Maranhão. Toma as riquezas de Alto Parnaíba e retorna o mínimo. No último domingo, comentei o assunto com o radialista José Bonifácio Bezerra em seu programa na rádio comunitária Rio Taquara FM, da vizinha cidade piauiense de Santa Filomena. O Maranhão não possui um único posto de saúde e sequer um médico ou um dentista em Alto Parnaíba. Apenas uma escola, construída há sessenta anos. Nenhuma estrada, a não ser a MA-006 que nos ligam a Balsas, em estado quase precário. O aeroporto desativado. O escritório da Emater fechado há anos e nenhum apoio ao agricultor. O incentivo à produção agropecuária e empresarial é nula. O prédio da delegacia de polícia e do destacamento da PM é de propriedade do município.

Naquela entrevista, o também radialista Carlos Biá lembrava que o município, embora pobre e abandonado pelo estado, fornece servidores públicos para repartições do governo maranhense, como a delegacia de polícia e a escola.

Ainda na década de 1980, meu pai, na época prefeito, indagou de um certo secretário de estado, um tipo de gente que acha que nunca vai morrer, sobre a construção da estrada Alto Parnaíba à Lizarda, no estado do Tocantins. O presunçoso secretário, que chegou a ser votado em nosso município como deputado estadual, respondeu que aquela rodovia seria um dreno aos interesses do Maranhão. Antonio Rocha Filho, que não deixava nada sem resposta, disse-lhe que fosse dreno, desde que beneficiasse uma região importante do estado, mas não seria dreno como o governo praticava ao drenar impiedosamente o dinheiro público para finalidades alheias que não eram verdadeiramente do interesse da população maranhense.

A estrada até hoje não foi construída. Os drenos permanecem, conforme o noticiário policial da tevê. O Maranhão permanece distante anos luzes de Alto Parnaíba. É lastimável.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

CEM ANOS DE UM GRANDE HOMEM


Os homens de províncias também podem ser universais, pelo conjunto da obra humana e da dedicação à sua terra e sua gente.

Se vivo fosse, meu tio paterno Elias de Araújo Rocha teria completado cem anos de existência no último dia 06 de julho.

Morto relativamente jovem, aos 58 anos de idade, em consequência da doença de Chagas que tantos óbitos causou e continua a matar no município de Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, Elias Rocha nasceu quando o nosso município ainda se chamava Victória do Alto Parnaíba e era o primogênito de meus avós, Antonio de Araújo Rocha (Antunim) e Ifigênia do Nazareth Rocha.

Inteligente e autodidata, Elias foi promotor público, juiz de direito suplente da comarca de Alto Parnaíba e advogado provisionado até a morte, se destacando pela oratória brilhante no tribunal do júri e pela escrita fácil, que retratavam o conhecimento adquirido através da leitura permanente, hábito transmitido por meu avô aos filhos, que, na época, pelas condições do lugar, o estudo formal era mínimo.

Querido e estimado pela população mais necessitada, Elias aos pobres verdadeiramente se dedicou, ao mesmo tempo que, pelo próprio porte físico, era respeitado até pelos mais velhos.

Na política da província, foi tudo - vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito e prefeito de Alto Parnaíba -, se destacando pela probidade, pela eficiência administrativa e pela capacidade de gestão, alinhados a um carisma contagiante.

Maçom e pregador evangélico (da igreja Batista), meu tio Elias - segundo nos relatava o também saudoso Galileu Clementino Ramos dos Santos, dileto amigo de nossa família, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Maranhão, pai da ex-prefeita de São Luís, Gardênia Gonçalves e sogro do ex-governador e atual prefeito João Castelo -, se encontrava na capital do estado e convidado por ele, Galileu, em um certo domingo foi acompanhar o enterro de um rico empresário dali. No cemitério do gavião, um certo mal estar, já que o maçom que seria o orador na despedida ao ilustre morto, não comparecera. Elias, de pronto e sem sequer conhecer o dito cujo, não se fez de rogado e proferiu um inesquecivel discurso, de conteúdo bíblico sobre a vida e a morte, que a todos impressionou e continuava a provocar lágrimas em seu Galileu muitos anos depois.

Não me recordo de meu tio Elias, pois quando de sua morte eu tinha apenas dois anos. Sua história de vida, entretanto, continua sendo contada por aqueles que com ele conviveram. Casado com a educadora Maria de Lourdes Gouveia Rocha, pioneira normalista vinda da terra natal, São Luís, para alfabetizar gerações na distante Alto Parnaíba, aqui chegando a lombo de burro no final dos anos 1930, deixou duas filhas, Izidorinha Gouveia Rocha e Martha Rocha Avelino.

Um fato curioso do carisma de Elias sempre foi repetido na família Rocha, a própria preferência da mãe para com ele em face dos demais filhos. Franca e sem rodeios, um curioso perguntou à minha avó Ifigênia quem, se Deus permitisse, ela queria que morresse primeiro, se Elias ou os demais filhos juntos. A resposta deixou o interlocutor talvez persplexo: que fique Elias. Esse fato pode ser comparado em razão dela não haver resistido à morte do filho e falecido pouco tempo depois.

Sentindo a proximidade da passagem natural, Elias, desaconselhado pelos médicos que o atenderam em São Luís e Belém, deixou a cidade e foi para a fazenda predileta, a Salina, gleba da Data Água Branca. Ali, cercado por homens e mulheres do campo, caiu morto quando cantava um hino de louvor a Cristo. Velado sob o pranto e as ladainhas cantadas por aquela gente humilde que era o seu povo, o corpo foi trazido para a sede do município onde uma multidão acompanhou até a última morada.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

FÉRIAS E NATUREZA

Alto Parnaíba é, sem dúvida alguma e sem qualquer barrismo, um lugar bonito, pitoresco, onde a natureza praticamente é intocável.

Localizado no extremo sul do Maranhão, avistando o Piauí, cuja divisa é apenas as ruas majestosas do rio Parnaíba, o Tocantins e a Bahia, com extenso território de mais de onze mil quilômetros quadrados, o município de Alto Parnaíba possui milhares de hectares de cerrados - parte ocupada pela lavoura de grãos em grande escala, mas com razoável preservação ambiental -, e de baixões, com águas perenes em abundância, como do principal rio, o Parnaíba e seus alfuentes, dentre os quais, os rios Parnaibinha, Medonho, Pedra Furada, Pureza, Claro, Riozinho, Brejão, Panela e Branco, todos e mais os ribeirões e brejos aptos ao banho com segurança e sem qualquer poluição, destacando-se as corredeiras da Taboca no Velho Monge, um dos pontos mais belos da região, ainda livre da ameaça irracional do homem.

Aves em extinção em outras regiões sobrevoam a cidade e regiões do interior, como araras e papagaios de vários tipos, tucanos, gaviões, garças, além de pequenos pássaros e seus cantos incomparáveis, como a patativa, o curió, o pintassilgo, o bigode, o pássaro preto, o guriatã, o canário da terra e até mesmo o bicudo, que começa a reaparecer.

Outras animais também povoam as nossas matas, rios e baixões, como a onça pintada, a preta e a sussuarana, o veado catingueiro, o mateiro e o suassuapara, a capivara, o porco queixada, porco espim e o caititu, a paca, cotia, tatú, tamanduá bandeira, jacarés, cuatis, guaxinins, raposa, ema, siriema, perdizes, jaós, pequenos macacos, lambús, o lobo guará, o gato do mato (jaguatirica), enfim, a relação é enorme.

A beleza das serras é impressionante, como da serra geral e chapada das mangabeiras, onde o Parnaíba nasce. As serras que circundam as fazendas Serra Branca e Volta da Serra. A serra do Penitente, que de penitência não tem nada nos dias atuais, mas antigamente era mais do que uma penitência atravessá-lo, cujo nome, segundo alguma lenda popular com jeito de veracidade, teria origem em um famoso valentão de um passado não tão distante obrigado por um certo prefeito de Tasso Fragoso a correr em disparada daquela cidade e o único caminho, subir e cortar demarcando nas pernas a serra até descer próximo ao rio Medonho e alcançar a cidade de Alto Parnaíba. A dita serra hoje possui as terras mais valorizadas da região. A vista da serra do Jalapão é incomparável e seu esplendor cicunda parte do nosso município, a partir da região do Angical.

Os baixões do Cedro, próximo ao São Pedro e na região da Serra Branca, é de uma beleza esplêndida, assim como os baixões dos setes contos, na Salina, fazendo a vista se perder no infinito. As pinturas seculares na fazenda Figuras - dai o nome dado pelos antigos - ainda não exploradas. Aliás, tudo é praticamente natural quanto d'antes.

Na cidade, chegou o mês de julho, a temperatura amena, o vento permanente e o convite é o rio Parnaíba. Na margem do Velho Monge, o banho é uma delícia ao lado de botecos que vendem muito de nossa comida típica, como os de Jean Rosa, de tradicional família de cozinheiros do lugar, de Deuriel e Tereza Cristina, de Graciema Souza, a Pitica, de José Carlos Alencar, o Carlinhos, o peixe incomparável - principalmente o piau - do bar Victória, do Cândido Brito, herança de seu pai, Ivan Brito. No Jean, podemos encontrar o peixe frito - piaus, pacus, surubins, branquinhos, mandubés, mandis e outros - e o caldo de cabeça de surubim; a galinha caipira a molho pardo; pratos de carne seca variados, como o coxido, a paçoca e a maria isabel, além da panelada e do chambari.

Enfim, não custa nada conhecer Alto Parnaíba, cujo melhor acesso é através de Balsas, já que a estrada - MA-006 - é pavimentada, mas também pelo estado do Tocantins, a cidade mais próxima é Lizarda, e pelo Piauí, por Gilbués. Ao contrário, quem vem não se esquece e quem bebe da água do Parnaíba, diziam os nossos antepassados, volta sempre.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

CONTAS DESAPROVADAS E IRREGULARES

Encontra-se disponibilizada na página oficial do Tribunal de Contas do estado do Maranhão - TCE - na internet, a relação remetida ao Tribunal Regional Eleitoral maranhense - TRE -, dos gestores públicos maranhenses com contas julgadas desaprovadas ou consideradas irregulares, com pareceres prévios da Corte de Contas, o que significa, na prática, que estariam os mesmos responsáveis pelo dinheiro público impedidos de concorrer a novos cargos eletivos, ou seja, inelegíveis, caso não promovam o enfrentamento no Judiário e comprovem a lisura de seus atos. A relação é de 24 de maio último.



A situação de ex-prefeitos e ex-presidentes da Câmara Municipal de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, é a seguinte:



1 - A ex-prefeita Raimunda de Barros Costa tece as contas do exercício financeiro de 2004 julgadas desaprovadas pelo TCE (processo nº 3201/2005), o que foi mantido em definitivo pela Câmara Municipal; também desaprovadas as do ano de 2003, ainda sem apreciação do órgão julgador final, o legislativo do município (processo nº 8156/2004).



2 - O ex-prefeito José de Freitas Neto, o Zé Paraíba, teve desaprovadas pelo TCE as contas anuais de governo dos exercícios de 1999 e 1998. A primeira, a Câmara dos Vereadores derrubou o parecer prévio do Tribunal de Contas; a outra, ainda não apreciada pelos edis (processos nºs 3836/2000 e 2192/1999).



3 - O ex-presidente da Câmara, vereador Firmino José Brito de Amorim, no exercício financeiro de 2005, teve suas contas julgadas irregulares em parecer prévio do TCE, ainda não julgadas pelo plenário do legislativo (processo nº 3441/2006).



4 - Nos exercícios de 2007 e 2006 - os dois anos em que presidiu a Câmara - o ex-presidente e ex-vereador Evandro Pereira do Nascimento, também não logrou êxito no âmbito da Corte estadual de Contas com a rejeição de sua prestação de contas como irregulares, também sem apreciação, pelo que consta na dita relação, dos vereadores (processos nºs 3448/2005 e 7703/2004).

5 - O ex-presidente e ex-vereador Alan Nunes Vieira, de igual modo e ainda com parecer prévio e sem julgamento definitivo pelos vereadores, não conseguiu aprovação nas contas do exercício de 2001 (processo nº 7808/2002).

O TCE ainda deve enviar uma relação final e atualizada ao TRE. Ao eleitor, a decisão final.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

UM BOM ADVOGADO

Conheci o advogado gaúcho Leonir Possamai quando retornei a Alto Parnaíba em março de 1992. Com fortes traços trazidos da origem italiana, aparentando rudeza e despreocupado com a aparência, ao mesmo tempo emotivo, ele se solidarizava com a dor alheia e se colocava por inteiro em defesa dos menos afortunados.

Somente agora tive a informação concreta do falecimento de Leonir Possamai, ocorrido em outubro de 2008 em sua cidade natal, Ibirubá, no Rio Grande do Sul, para onde havia retornado após sofrer um indevido constrangimento imposto de cima para baixo como se o Brasil ainda vivesse sob estado de exceção. Esse episódio não deve ser esquecido, especialmente por aqueles que defendem o estado de direito e combatem o abuso ditatorial de autoridades, mas não merece ser comentado. Na época, a Ordem dos Advogados do Brasil, através da seccional maranhense e do seu presidente, Raimundo Marques, a Maçonaria e outras instituições da sociedade civil, e o povo alto-parnaibano, se levantaram e garantiram a imediata liberdade do pacato advogado, que apenas e tão-somente, queria advogar sem luzes ou holofotes.

Leonir Possamai era um advogado interiorano, espécie de clínico geral que chegou em minha cidade natal no final dos anos 1980 quando o único militante da advocacia domiciliado na comarca era meu irmão Plínio Aurélio, também morto. O gaúcho Possamai, mesmo bonachão e com aspecto de quem não estava para conversa, era de bem com a vida, se condoia daqueles que não podiam pagar honorários, tinha a altivez de não se rebaixar para os outros operadores do direito e adminstradores da Justiça, era direto em suas colocações, vivenciando a realidade do dia a dia da comunidade, enfim, foi um humilde, porém bom advogado. Fará falta, com certeza, mas, humilhado que foi no fim de uma vida relativamente curta, Leonir Possamai, por suas virtudes, colhe no outro plano o mandamento de Cristo e já foi exaltado.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

INELEGÍVEL

Na relação divulgada na última semana e encaminhada pessoalmente pelo presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Ubiratan Aguiar, ao ministro Ricardo Lewandowiski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e fartamente publicada pela mídia, apenas um político de Alto Parnaiba, no sul maranhense, ali aparece como inelegível.

Trata-se do atual vice-prefeito José de Freitas Neto, o popular Zé Paraíba, duas vezes prefeito e uma das mais importantes lideranças populistas surgidas no município de Alto Parnaíba nos últimos cinquenta anos.

Na sexta-feira, o Tribunal de Contas do Maranhão divulgará a sua lista. É provável que outros nomes, de ex-gestores do município, venham a aparecer. É a lei da ficha limpa começando a sinalizar que veio para ficar.