quinta-feira, 31 de maio de 2012

FILOMENENSE É O SECRETÁRIO DE SAÚDE DO PIAUÍ

O fundador do município de Santa Filomena, no sul piauiense, o tenente-coronel da Guarda Nacional José Lustosa da Cunha, depois barão de Santa de Filomena, foi deputado federal, então chamado deputado geral, representando o seu estado, na época província, na Corte Imperial. O médico Moisés Nogueira Avelino, natural de Santa Filomena e filho do ex-prefeito Antonio Luiz Avelino, exerceu o cargo de Governador do Tocantins, além de deputado federal. Agora mais um filomenense passa a exercer cargo público de relevância, no caso o médico Enani de Paiva Maia que assumiu no início da semana a titularidade da secretaria da Saúde do Estado do Piauí, escolha pessoal do Governador Wilson Martins, que se baseou na capacidade administrativa de seu novo auxiliar, substituto da ex-secretária e primeira-dama Lilian Martins, atualmente conselheira do Tribunal de Contas daquele estado.

Ernani de Paiva Maia é um dos mais requisitados médicos da capital piauiense. Nasceu em Santa Filomena em 1960, filho do servidor público federal Raimundo Barroso Maia (Mundico) e da ex-vereadora Maria Eunice de Paiva Barroso, ambos falecidos. Em dois mandatos, de 2001 a 2008 exerceu o cargo de prefeito de sua terra natal, realizando um governo cujas realizações superaram as eventuais falhas, especialmente na área da saúde, de moradia, saneamento, esportes e educação.
Foto: Ernani Maia - Reprodução: Blog Visão Geral de Herbert Sousa - Portal GP1

Por seis anos fui assessor jurídico da Prefeitura Municipal de Santa Filomena na gestão do ex-prefeito Ernani Maia e posso testemunhar o seu apego ao seu torrão berço, a sua visão de administrador moderno progressista, sem revanchismo, sem retaliações, cuja cordialidade é inquestionável.

Portanto, não tenho dúvidas de que o governador do Piauí acertou na escolha e de que Santa Filomena e também contíguo município sul maranhense de Alto Parnaíba, a quem Ernani jamais negou apoio a pessoas que o procuraram em Teresina em busca de tratamento de saúde, estão de parabéns. 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A MORTE DE DONA GESSY DO AMARAL NOGUEIRA


Morreu ontem, 20 de maio, na cidade de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, dona Gessy do Amaral Nogueira, aos 89 anos de idade.

A morte de dona Gessy surpreendeu a todos os seus familiares e amigos, já que, mesmo idosa, era uma pessoa ativa, demonstrando vitalidade e boa saúde. Viúva de Afonso Damasceno Nogueira, dona Gessy deixou um único filho, Afonso Nogueira Filho ( Afonsim), e era a única filha ainda viva do capitão da Guarda Nacional, Daniel Lustosa de Britto e de Ana Cândida Lustosa do Amaral Britto ( Candoca ) e irmã, dentre outros, de dona Leny do Amaral Pacheco e de dona Palmerina Lustosa de Brito Lopes.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

HISTORIADOR DISCORDA DA DATA DE FUNDAÇÃO DE ALTO PARNAÍBA

Recebi do historiador Lindolfo do Amaral Almeida um artigo, a seguir publicado na íntegra, que, com dados concretos e históricos, discorda da data de 19 de maio de 1866 como a fundação do hoje município de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, na época ainda integrado aquele território ao Piauí.


Lindolpho, filho do ex-prefeito Raimundo Alves de Almeida (Mundico), servidor de carreira do Senado da República, é o maior pesquisador da história de nossa terra, e brevemente estará lançando um livro com a história de Alto Parnaíba.

A própria matéria - didática e objetiva - explicita as razões do posicionamento do escritor e historiador alto-parnaibano. Vejamos:

ALTO PARNAÍBA: 146 ANOS DE FUNDAÇÃO?

Caro amigo Dr. Décio Rocha,

Há algum tempo tenho acompanhado com atenção as notícias a respeito dos festejos que se realizam todo ano em Alto Parnaíba, semanas antes do dia 19 de maio, para lembrar a funda-ção de nossa cidade. Neste 19 de maio de 2012, comemora-se aí a passagem dos “146 anos de sua fundação”. Sou um diletante e curioso pesquisador, como o prezado amigo, dos fatos que deram origem à formação histórica de nossa cidade, e gostaria de expender algumas informa-ções a respeito deste tema, ou seja: a data oficial de criação da cidade. 

Na verdade, como também sabe, conhecem-se inúmeros documentos que relatam que a “fundação oficial” de Alto Parnaíba deu-se quando da doação à Igreja de parte das terras da fazenda Barcelona por seu proprietário, Francisco Luiz de Freitas, juntamente com sua mulher, Micaela Abreu de Freitas. O documento desta doação teria sido registrado, muito provavelmen-te, na paróquia de Santa Filomena, pois sabe-se que a Igreja Católica Romana era constituída como a religião oficial do Império português, e que mesmo com a proclamação da Independên-cia, em 1822, essa vinculação não se alterou. 

Assim, o catolicismo romano permaneceu como a religião oficial do país, e realizava funções que eram divididas com a própria administração do Estado, participando efetivamente da vida política da nação e do cotidiano de seus habitantes. Cabia à Igreja, por exemplo, a tarefa de realizar e registrar casamentos, batizados e óbitos, a manutenção e administração de cemité-rios, registrar e sediar eleições (eleições paroquiais) e, a partir de 1850, com a promulgação da Lei de Terras, passou a registrar também a posse das glebas fundiárias rurais.
A instituição Igreja era, naqueles tempos, não podemos discordar disso, efetivamente muito poderosa. Este é um ponto. 

Há poucos dias uma pessoa que conheci no Arquivo Público do Estado do Maranhão enviou-me, gentilmente, a meu pedido, o seguinte documento, que há tempos procurava (desde quando lá estive, há cerca de dois anos, não havia sido localizado). Imagino, posso talvez estar enganado, que ninguém em nossa terra o tenha ainda conhecido. Meu propósito era divulgá-lo brevemente, em um trabalho que estou quase a concluir, como o amigo sabe, mas resolvi ante-cipar, justamente na oportunidade em que se comemoram os “146 anos de fundação” da cidade, para que ao menos sirva de reflexão aos que apreciam nossa história. Trata-se da lei que criou a freguesia maranhense de Nossa Senhora da Vitória, que daria origem à cidade de Alto Parnaíba. Ei-la na íntegra: 

LEI Nº 974 – de 8 de julho de 1871.
O Dr. José da Siva Maya, vice-presidente da província do Maranhão.
Faço saber a todos os seus habitantes que a assembleia legislativa provincial decretou e eu sancionei a seguinte lei:
Art. 1º Fica creada uma freguesia na povoação de Nossa Senhora da Victoria, que será a sede da mesma com a denominação de Nossa Senhora da Victoria, cujos limites serão pelo lado do norte, desde a confluência do ribeirão Limpeza, no rio Parnahiba, até as suas vertentes ou ca-beceiras, e desta em rumo direito ao occidente até o rio Balsas; pelo lado sul, desde as nascentes do rio Balsas, encostado à serra Tabatinga ou Mangabeira, até o vão do Serobim donde nasce o Parnahiba; do lado de leste, desde o vão do Serobim pela margem esquerda do Parnahiba até à barra do Limpeza; e pelo lado de oeste, rio Balsas acima até suas vertentes.
Art. 2º Ficam revogadas as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as auctoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nella se contém. O secretá-rio do governo a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio do governo do Maranhão, aos oito dias do mez de julho de mil oitocentos e se-tenta e um, quinquagésimo da independência do Império. – José da Silva Maya.” 

Quando foi criada, lembre-se, a povoação localizava-se a cerca de 17 quilômetros acima da vila de Santa Filomena, um lugar conhecido então como Paixão, entre as fazendas Várzea e Lajeado. Foi ali a sede primitiva da freguesia, que depois seria transferida para a margem es-
querda da foz do Rapadura, sob a liderança de Cândido Lustosa de Britto. Além disso, o dia é 8 de “julho”, e não de “junho”,como também aparece em algumas publicações. 

É do conhecimento dos estudiosos do assunto que as terras da margem esquerda do alto rio Parnaíba – com suas fronteiras a oeste ainda desconhecidas, mas na outra ponta iam até o limite norte do atual município de Tasso Fragoso – foram exploradas e colonizadas pelos pi-auienses, e eram consideradas como pertencentes ao extenso município de Parnaguá, integrando a área da freguesia de Santa Filomena, criada em 1865, como um distrito daquele município. Ainda em 1866, portanto, aquelas terras do outro lado do rio estavam sob o controle do chefe político de Santa Filomena, o tenente-coronel José Lustosa da Cunha. O padre residente na fre-guesia piauiense prestava assistência religiosa aos moradores locais, até que o dono da fazenda Barcelona, com a assentimento do chefe religioso, voluntariamente fez a doação de parte de sua propriedade para constituir o patrimônio da Igreja e construção de uma capela na localidade. A iniciativa do proprietário era apenas um ato formal e muito comum naquele período. 

Mas somente naquele 8 de julho de 1871, com a criação da freguesia de “Nossa Senhora da Victoria”, é que o Maranhão tomaria posse “oficial” da margem esquerda superior do Parna-íba, ato que contrariou profundamente as autoridades da província do Piauí, que passaram a acusar o governo maranhense de ter, com aquele ato, “usurpado” as terras que lhes pertenciam. E essa questão de fronteiras entre as duas províncias se arrastaria ainda por muitos anos. 

Para concluir, penso que algum historiador menos incauto de nossa terra, até por desco-nhecimento da lei (aqui publicada) que criou a freguesia, teria convencido as autoridades alto-parnaibanas, já há alguns anos, de que o 19 de maio é, de fato, a data de “fundação” da cidade, mas, diante das evidências e fatos históricos, poderia significar somente a data de “doação” de uma área pelo proprietário da fazenda Barcelona, e passou-se a partir de então a comemorá-la “oficialmente”, com a promoção de grandes eventos patrocinados pela prefeitura do município, muitas vezes com enormes gastos públicos, sem qualquer transparência. 

Assim, a cidade de Alto Parnaíba estaria festejando este ano, mas no dia 8 de julho, não 146, e sim 141 anos de sua criação!

É a reflexão que gostaria de sugerir aos conterrâneos.
Que a verdade histórica seja restabelecida.

Dr. Décio, faça desta mensagem o uso que quiser, se concordar com seu teor. Se achar conveniente, publique-a em seu blog e divulgue-a.

Com um grande abraço do amigo,

Lindolpho do Amaral"

quarta-feira, 16 de maio de 2012

CARMÉLIA PACHECO DIVULGA A HISTÓRIA DE ALTO PARNAÍBA

Infelizmente, não pude comparecer pessoalmente ao lançamento do livro História de Minha Terra, e Outras Histórias de Ontem e de Hoje, de autoria da professora, educadora e historiadora Carmélia Maria Pacheco Lyra, ontem na Câmara Municipal de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, mas tive o privilégio de acompanhar um pouco a penosa tarefa de pesquisa sobre a qual ela se dedicou integralmente, bem como em receber um exemplar autografado pela nova escritora.

A dificuldade da pesquisa se dá pela ausência de grande parte do acervo documental histórico desde a doação das terras para a posterior criação do hoje município de Alto Parnaíba, em órgãos públicos municipais. O cuidado com a história, principalmente nos últimos anos, foi mínimo. Um exemplo: quando da mudança do fórum da comarca que funcionava em prédio erguido pela Prefeitura na praça coronel Adolpho Lustosa, no centro da cidade - prédio este posteriormente demolido sem qualquer razão minimamente plausível ou inteligente -, um magistrado que respondia pelo juízo mandou jogar no lixo parte do arquivo cartorário, como os autos e proclamas dos primeiros casamentos aqui realizados.

Entretanto, louvável a obra construída pela historiadora Carmélia Pacheco, que por anos se dedicou ao magistério em nossa terra, cujo legado positivo é inegável. Ao lado da professora a escritora, a pesquisora, desvendando e levando à comunidade, especialmente aos jovens e estudantes, fatos relacionados à formação história de Alto Parnaíba. Povo que não conhece a sua própria história é difícil de construir um presente e um futuro melhores.

Portanto, que as autoridades locais divulguem, especialmente nas escolas e bibliotecas, que os alto-parnaibanos e todos aqueles que mantêm um vínculo com esta bela terra procurem adquirir esse livro e como eu se deliciem com uma leitura agradável, cativante e de bom entendimento. Boa leitura.       

FOTOS: José Bonifácio - Reprodução: Blog Cerrados de José Bonifácio Bezerra, Portal GP1

terça-feira, 15 de maio de 2012

A MORTE DE UM TRADICIONAL OPERÁRIO ALTO-PARNAIBANO

Já octogenário, morreu ontem de madrugada, 14 de maio, em sua residência na rua Gonçalves Dias, no centro da cidade sul maranhense de Alto Parnaíba, um dos mais antigos operários (praticamente artesanão) até pouco tempo em atividade em nossa terra.

Salustiano Moraes da Silva, ou apenas Salú de Zé da Prata, era um daqueles carpinteiros que aprendeu a trabalhar a madeira com arte, no manuseio tradicional do serrote, da chó e de outros instrumentos substituídos no decorrer do tempo pela chamada civilização ou modernidade.

Essa arte - na época os pedreiros e carpinteiros eram corretamente qualificados em suas profissões como "artistas" -, Salú apreendeu com o pai e este com seus antepassados, todos pioneiros desde a fundação de Alto Parnaíba, descendentes do major José Rodrigues de Britto, irmão fo fundador Cândido Lustosa de Britto e pai de nosso primeiro (intendente), coronel Antonio Luiz do Amaral Britto.

O pai de Salú carregava consigo o "Prata", uma referência à povoação por sua família erguida próxima à cidade, hoje bairro.

Homem simples, correto em seus pequenos negócios, Salú era viúvo de Júlia Borges da Silva, irmão do poeta Heitor Moraes da Silva, felizmente ainda entre nós, e deixa filhos, dentre os quais Raimundinha Borges, Carlos Dalton, Américo Borges, Diógenes Borges.

Um operário, um artesão, parte da formação de nossa história e nossa cultura, que Salustiano Morares da Silva durma e descanse em paz!   

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O TRABALHISMO ESTÁ DE LUTO

Homem do mundo, saído da pequena e antiga Nova Iorque, à margem maranhense do rio Parnaíba, morreu na madrugada de hoje, 10 de maio, em São Luís, o jornalista, ex-deputado estadual e federal, e fundador nacional do PDT ao lado de Leonel Brizola, o maior líder das massas e das causas do povo em toda a história do Maranhão, José Guimarães Neiva Moreira, aos 94 anos de idade.
Da esq p/dir: Carlos Biá, Pádua Nazareno, Décio Rocha e Neiva Moreira, na Câmara Municipal de Alto Parnaíba em 2002. Foto: arquivo do blog.

Não apenas o PDT e o Maranhão estão de luto, bem como o trabalhismo e o socialismo na América Latina e no chamado Terceiro Mundo. Neiva Moreira foi um dos políticos e jornalistas mais combatívos do Brasil  a partir dos anos 1950. Em São Luís, fundou o Jornal do Povo, órgão de combate ao poder dominante então sob o comando do senador Vitorino Freire, levando o povo às ruas e a quase uma revolução em 1952 que impediu, por dois anos, a posse ilegal de Eugênio Barros no governo maranhense. Na época, o TSE decidiu que, em face da morte do governador eleito, Satrurnino Belo, apoiado por Neiva, assumiria o candidato derrotado, repetindo mais de meio século depois o mesmo disparate e golpe com a cassação do governador Jackson Lago.

Jornalista de renome nacional, Neiva integrou os quadros dos Diários Associados, do então todo-poderoso Assis Chateubriand, tornando-se um dos grandes repórteres e cronistas da revista O Cruzeiro, na época a maior em circulação na América Latina.

No governo JK, foi presidente da comissão de transferência da capital do Rio para Brasília de parlamentares e funcionários públicos federais, tornando-se um dos homens mais influentes da República. Logo em 1964, quando da esclosão do golpe militar que derrubou o Presidente João Goulart, Neiva Moreira foi um dos primeiros congressistas preso, torturado e depois exilado pela ditadura, permanecendo 15 anos longe do Brasil. Na Câmara dos Deputados, foi prineiro-secretário da mesa, presidente da comissão de relações exteriores, líder partidário, dentre outros cargos e missões exercidos.

Com a anistia em 1979, retornou ao país e foi recebido com festa pelo povo de São Luís, especialmente as massas, cuja ilha foi pelo mesmo batizada de Ilha Rebelde, fundando o PDT com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Jackson Lago, Doutel de Andrade, e outras importantes lideranças socialistas e trabalhistas do Brasil. Neiva foi presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista.

Durante os dois governos de Brizola no Rio de Janeiro, Neiva exerceu forte influência, chegando a ser secretário de governo e de comunicação social e  presidente do Banco do Estado do Rio de Janeiro, sem jamais abandonar a militância política maranhense.

Voltou à Câmara dos Deputados em mais três mandatos por sua terra natal. Na década de 1950 foi votado em Alto Parnaíba pelo grupo liderado pelo ex-prefeito Raimundo Lourival Lopes, de quem se tornou amigo particular e compadre. Em 2002 tive o privelégio de apoiar e pedir votos para Neiva Moreira, acompanhado por dezenas de companheiros do PDT e de eleitores de nossa terra. Em nota de pesar, diz a Presidente Dilma Rousseff: "A política brasileira perdeu hoje um de seus mais expressivos líderes. Neiva Moreira, fundador do PDT junto com Leonel Brizola, lançou raízes do trabalhismo no Brasil e em vários outros países latino-americanos. Como estudioso, ativista e escritor, sempre esteve ao lado dos povos oprimidos da região. Viveu intensamente a luta pelas liberdades no Brasil, e após retornar do exílio, ampliou sua trajetória política a partir do seu amado Maranhão. Em nome de todas as brasileiras e de todos os brasileiros, cumprimento familiares e amigos, neste momento de dor. Particularmente, guardarei sempre comigo as boas lembranças de minha convivência com Neiva Moreira".
Membro da Academia Maranhense de Letras, Neiva fundou a revista Cadernos do Terceiro Mundo, em defesa dos países subdesenvolvidos e de sua inclusão no desenvolvimento econômico e social do planeta. Tornou-se um homem do mundo, conhecido e recebido por chefes de estado em todos os continentes, uma das figuras brasileiras mais respeitadas e reverenciadas pelo socialismo e pelo trabalhismo ao redor da terra. Mesmo idoso, Neiva esteve lúcido até o fim. Era o mesmo ribeirinho do Parnaíba, apaixonado pelo Velho Monge, a quem eu presenciei derramando lágrimas olhando demoradamente para as águas majestosas do grande rio à altura de sua mais bela curva, na cidade de Alto Parnaíba. No momento mais difícil de minha vida, a voz ativa de Neiva Moreira se levantou no parlamento nacional contra o arbítrio e odiosa perseguição de que fui vítima, chegando a comparecer pessoalmente na sessão solene de desagravo público a mim realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Maranhão, em São Luís, em 09 de julho de 2004.

Ao meu querido amigo e mestre o meu adeus, a minha gratidão, a minha saudade. Ontem, na tribuna da Câmara dos Deputados, o líder do PDT, deputado André Figueiredo, em emocionado discurso, lembrou que Neiva já devia estar sendo recebido, no outro Plano, por Brizola, Darcy Ribeiro, Abdias Nascimento, Doutel de Andrade, Lyzaneas Maciel. Eu acrescento Jackson Lago e acredito que a vida é perene, não se extinguindo com a morte física da matéria. Que Deus abençoe e ilumine o grande e extraordinário estadista José Guimarães Neiva Moreira.        

terça-feira, 8 de maio de 2012

ALTO PARNAÍBA COMEMORA 146 ANOS SEM HOSPITAL PÚBLICO

Volto ao tema. A Prefeitura continua a anunciar festas de arromba para comemorar o aniversário de fundação da cidade de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, cujas comemorações terão início no próximo dia 11 de maio, se estendendo até a data oficial da fundação, 19 de maio.

Sou totalmente favorável que o aniversário de nossa cidade seja comemorado, lembrando o seu passado de lutas e de construções com o anúncio de novas obras, realizações, inovações na administração pública municipal. Pelo que parece, a mesmice que reina desde o maio de 1989 irá se repetir, pois até na prática político-eleitoral os sucesivos prefeitos repetem, sem o carisma populista, o ídolo comum de todos, que deu início a uma atrasada, retrógrada, inoperante política governamental em todas as áreas da administração pública.

Da esq p/dir: ex-Prefeito Corintho Rocha (em cujo governo foi construído o hospital público municipal), o coronel Moraes, os ex-Prefeitos Antonio Rocha Filho (que manteve o hospital funcionando em sua plenitude) e Zuza Soares (que dá nome à dita casa de saúde), o ex-Prefeito de Corrente/PI, Josué Nogueira, e o ex-Vereador Raimundo Cosme de Oliveira (Nenguim). Arquivo do blog.

O nosso hospital público municipal foi o primeiro a sentir a onda de "renovação" prometida pelo
prefeito eleito em 1988, com seu fechamento e demissão de quatro médicos, dois dentistas, técnicos em enfermagem e uma enfermeira padrão logo em janeiro de 1989. Construído quando prefeito Corintho de Araújo Rocha (1973-1977) pelo governo federal por iniciativa do então deputado federal maranhense José Machado, o hospital público de Alto Parnaíba somente funcionou em sua plenitude quando de sua inauguração e nos seis anos do segundo mandato de meu pai, Antonio Rocha Filho, o Rochinha, entre 1983 e 1988. O abandono do prédio o deixou praticamente em ruínas. Pequenas reformas em pavilhão ambulatorial foram empreendidos pelo ex e pelo atual atual prefeito, entretanto, o centro cirúrgico, os leitos, o consultório odontológico, aliado ao fato de dezenas de pessoas serem atendidas por dia por uma única médica da rede pública municipal, não foram recuperados, nem mesmo o laboratório de exames clínicos e o raio-x. Fotos de Léo Nogueira Rocha.
 

No pátio do hospital municipal, agora denominado de Zuza Soares, o sinal do descaso e do abandono: uma ambulância, adquirida com o dinheiro público, está jogada a céu aberto, se deteriorando a cada dia, enquanto os doentes da zona rural continuam a ser treazidos para a cidade, em sua grande maioria, em "redes" ou carrocerias de caminhonetes ou caminhões particulares.

No início dos anos 1920, o então prefeito, coronel Antonio Luiz do Amaral Britto (nascido em 1850 e falecido em 1924), trouxe o primeiro médico para a então Vitória do Alto Parnaíba, Dr. Miguel de Lima Verde, que aqui permaneceu por vários anos, tornando, em face do prestígio adquirido junto à população, prefeito de nosso município. Considerado um cientista para o seu tempo, ao retornar ao seu estado natal, o Ceará, o Dr. Lima Verde tornou-se prefeito da cidade do Crato, onde nasceu no distrito de São José em 30 de dezembro de 1882, vindo a falecer, quando se encontrava viajando, na cidade de Corinto, em Minas Gerais, em 30 de junho de 1944. Lima Verde, diplomado pela tradicional faculdade de medicina da Bahia, em Salvador, em 29 de dezembro de 1913, foi ainda o terceiro presidente do Rotary Club do Crato e médico-chefe do matadouro de sua cidade natal. Nove décadas depois, o matadouro público municipal de Alto Parnaíba não possui médico-veterinário. 

Dr. Miguel de Lima Verde. Foto: blog família Lima Verde.
Para chegar à nossa cidade, o nosso primeiro médico veio de Floriano através de embarcação pelo rio Parnaíba, então navegável. Noventa anos depois, com estrada asfaltada, médicos e clínicas particulares, bancos, telefone, internet, agricultura com teconologia de ponta e população bem maior  a rede pública municipal de Alto Parnaíba voltou a ter um único médico, no caso a médica Dania Águila, e o Parnaíba não é mais navegável. A culpa, com certeza, não é de Deus. 

domingo, 6 de maio de 2012

ENFRENTAMENTO ÀS DROGAS UNE PODERES E MAÇONARIA

O exemplo vem da capital do Piauí. O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Edvaldo Pereira de Moura, o prefeito de Teresina Elmano Ferrer, representantes da Maçonaria e da Câmara de Vereadores, além do coordenador do programa "Justiça nas Escolas", juiz Paulo Roberto de Araújo Barros, abriram na noite de quinta-feira, 3 de maio, o curso de Formação de Multiplicadores para Prevenção ao uso de drogas, no auditório do TJPI.

Autoridades, médicos, educadores e demais estudiosos debateram o assunto, o grande tema do século no Brasil. É preciso prevenir o uso, além de coibir e combater de forma coordenada, inteligente e dentro da legalidade que exige o Estado de direito o tráfico de drogas ilegais, como maconha, coacína e crack. A participação de entidades organizadas da sociedade civil brasileira é indispensável, mais precisamente na prevenção, participando de debates, de orientações, de discussões nas escolas, nas praças, nos associações classistas, nos clubes esportivos, enfim, junto às comunidades.

Em pequenas cidades do Brasil o problema é sentido com gravidade. Santa Filomena, no sul piauiense, e a vizinha Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, enfrentam esse drama, que é extremamente preocupante, sendo necessário a mobilização - não apenas das autoridades - mas, também, da sociedade civil, dos educadores, dos profissionais liberais, dos empresários rurais, das igrejas, da maçonaria, enfim, de todos aqueles que precisam entender que essa é uma questão que, se providências não forem imediatamente tomadas, não se restringirá à família do vizinho.

O uso indiscriminado de entorpecentes ilegais nas duas cidades ribeirinhas do Parnaíba tem sido a causa principal do aumento da violência, com crimes como homicídio, lesões corporais, ameaças, pedofilia, passeios pela lei Maria da Penha. As festividades infinitas, mescladas, na maioria, com drogas, são o passaporte para a morte, a degeneração, a infelicidade familiar e a degradação física, psíquica e moral. E a violência atinge pessoas inocentes, alheias às drogas, que apenas procuram o lazer e a diversão sadia.

Mais uma vez, a partir de Teresina, a Maçonaria brasileira abraça uma causa grandiosa em nome da Nação. Que o exemplo frutifique rapidamente.

Fontes: CNJ e TJPI.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ALTO PARNAÍBA IRÁ COMEMORAR 146 ANOS SEM ESTRADAS

O anúncio de uma grande festividade banqueada com o dinheiro público já tomou conta da cidade de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, face ao aniversário de 146 anos de sua fundação, que somente ocorrerá em 19 de maio. Os anúncios dão conta de banda de fora, de outras bandas regionais, de atividades esportivas, enfim, a partir de 11 de maio a farra gritada aos sete cantos pelos cotumazes seguidores do prefeito de plantão promete ser grandiosa, entretanto, como a transparência com o dinheiro público é zero em minha terra natal, ninguém diz quem será o financiador do circo e do pão como se não vivéssemos séculos após a Roma dos Césares. Mas todos sabemos que o dinheiro será o público, o da pobre viúva (Prefeitura) maltratada, vilipiada, massacrada descaradamente no seu patrimônio e na sua história de quase um século e meio nos últimos anos.
Foto:Prefeito Ernani Soares - Reprodução BPI
Para comemorar de fato o 146º aniversário de fundação da cidade onde nasci e continuo a viver e a trabalhar, vou iniciar pelas estradas, que são praticamente as mesmas deixadas há mais de 25 anos e abertas pelos fundadores e primeiros governantes de Alto Parnaíba, que antes se chamava Vitória do Alto Parnaíba e na fundação, Frequesia de Nossa Senhora da Vitória. Sei que o fundador Cândido Lustosa de Britto e o nosso primeiro prefeito, Antonio Luiz do Amaral Britto, remoem no túmulo e de onde estiverem devem estar a se perguntar o que fizeram com seu município, pelo qual pegaram em armas, colocaram a própria vida em risco, desbravaram, fundaram, povoaram, institucionalizaram. É lastimável que um descendente do fundador e do primeiro prefeito seja o nosso atual prefeito e que deles não tenha herdado a coragem de enfrentar os desafios, a inteligência de entender e fazer transformar o momento em que vivemos - hoje de modernidade que aporta gratuitamente no município, trazida pelo crescimento econômico alavacado pela iniciativa privada - em uma nova era de prosperidade, de distribuição e geração de rendas, de melhorias em setores vitais para o desenvolvimento de qualquer município ou povo, como educação, saúde, moradia, transportes, esportes, saneamento, urbanismo, cultura, segurança e combate às drogas ilegais que degeneram gerações, operosidade e capacidade de gestão indispensáveis ao bom governante.

Coronel Antonio Luiz do Amaral Britto,  primeiro prefeito de Alto Parnaíba. Foto: arquivo do blog.


Se eu estiver exagerando que alguém me prove o contrário, ou será que a estrada que liga a cidade ao distrito de Curupá e de lá até os Macacos (sem acesso às nascentes do rio Parnaíba) não é o mesmo carreiro de décadas atrás? E a estrada para o Tocantins, passando pela serra da Bacaba, Montividéu, Morrinhos, Angical e dezenas de outras pequenas povoações e propriedades, não é a mesma aberta a picareta por Corbeniano Gomes nos anos 1910 e apenas conservada minimamente no decorrer dos anos? E as pontes de madeira, muitas das quais com 25, 30, 40 anos de existência, não são as mesmas? E a estrada para o povoado Serra Branca e região, se não fossem os empresários rurais ainda existiria? Enfim, o que existe de relevante, de concreto, de real, de paupável em estradas a ser anunciado em 19 de maio próximo pelo atual prefeito? Simplesmente e infelizmente, nada.


 Não fico feliz em escrever isso, mas jamais vou me silenciar enquanto for vivo. Nunca estive e não estou à venda e assim como JK, felizmente Deus me poupou do sentimento do medo. Em Alto Parnaíba temos terras férteis, água abundante, gente trabalhadora, migrantes contribuindo para o crescimento econômico vertiginoso do município. Isso é possível e deve ser comemorado. Mas a festa eleitoreira do governo municipal, não. Nosso povo tem brio e a indignação é geral, já demonstrada no silêncio após a fala de autoridades locais nos últimos anos. É melhor para quem faz o discurso a vaia do que o silêncio do desprezo, do descrédito, da incredulidade em quem acha que a maioria da população de Alto Parnaíba irá se contentar com pão, circo e farra.  
Fotos: Estrada Vicinal Alto Parnaíba/ Curupá
Imagem: Rafael Brito

quarta-feira, 2 de maio de 2012

MÍDIA NACIONAL REPERCUTE ROTA DE DROGAS NO SUL DO MARANHÃO

Ontem, 01 de maio, o noticiário Bom Dia Brasil, da Rede Globo, exibiu reportagem sobre as últimas apreensões de pastas de cocaína no sul do Maranhão e a utilização de estradas da região como rota do tráfico de entorpecentes ilegais para o Porto de São Luís e de lá para a Europa.

A matéria mostra a apreensão de 131 kg de pasta de cocaína em Balsas (foto abaixo), entretanto o delegado regional Eduardo Galvão frisou que aquela era a segunda operação do gênero em poucos dias no sul do estado.

A primeira apreensão ocorreu em Alto Parnaíba, no extremo sul, quando a Polícia Federal prendeu dois traficantes e apreendeu com um elemento identificado como Darci Santana de Oliveira, 62 anos de idade, natural de Hidrolânia/GO, em um hotel da cidade o equivalente a 50 kg de pasta de cocaína.

Segundo informações da polícia local, que chegou ao local quando a PF na operação chefiada pelo delegado Rios já havia apreendido a droga e predido o segundo traficante - o primeiro foi preso pouco antes à altura do povoado Morrinhos, na zona rural de Alto Parnaíba -, Darci Santana de Oliveira disse que fora contratado para transportar a droga pelo valor de R$ 75 mil, mas não revelou o destino da pasta, ainda não refinada, e nem quem o teria contratado.


A estrada utilizada para chegar a Alto Parnaíba foi o carroçal trecho da BR-235 a partir de Lizarda/TO, a 120 km de distância. Além de estradas ruins existem na região aeroportos abandonados por antigos fazendeiros, sem contarmos com vasta faixa de divisas territoriais do município sul maranhense com o Piauí, Tocantins e proximidade com a Bahia - que facilita o crime -, aliados à inexistência de fiscalização e a presença de pequeno contigente de policiais estaduais, que, mesmo assim, vem prestando um trabalho excelente sob o comando do sargento Jozicleber Oliveira Silva, da PM/MA.

Imagem: Reprodução do blog Cerrados, de José Bonifácio Bezerra, GP1.