Homem do mundo, saído da pequena e antiga Nova Iorque, à margem maranhense do rio Parnaíba, morreu na madrugada de hoje, 10 de maio, em São Luís, o jornalista, ex-deputado estadual e federal, e fundador nacional do PDT ao lado de Leonel Brizola, o maior líder das massas e das causas do povo em toda a história do Maranhão, José Guimarães Neiva Moreira, aos 94 anos de idade.
Da esq p/dir: Carlos Biá, Pádua Nazareno, Décio Rocha e Neiva Moreira, na Câmara Municipal de Alto Parnaíba em 2002. Foto: arquivo do blog.
Não apenas o PDT e o Maranhão estão de luto, bem como o trabalhismo e o socialismo na América Latina e no chamado Terceiro Mundo. Neiva Moreira foi um dos políticos e jornalistas mais combatívos do Brasil a partir dos anos 1950. Em São Luís, fundou o Jornal do Povo, órgão de combate ao poder dominante então sob o comando do senador Vitorino Freire, levando o povo às ruas e a quase uma revolução em 1952 que impediu, por dois anos, a posse ilegal de Eugênio Barros no governo maranhense. Na época, o TSE decidiu que, em face da morte do governador eleito, Satrurnino Belo, apoiado por Neiva, assumiria o candidato derrotado, repetindo mais de meio século depois o mesmo disparate e golpe com a cassação do governador Jackson Lago.
Jornalista de renome nacional, Neiva integrou os quadros dos Diários Associados, do então todo-poderoso Assis Chateubriand, tornando-se um dos grandes repórteres e cronistas da revista O Cruzeiro, na época a maior em circulação na América Latina.
No governo JK, foi presidente da comissão de transferência da capital do Rio para Brasília de parlamentares e funcionários públicos federais, tornando-se um dos homens mais influentes da República. Logo em 1964, quando da esclosão do golpe militar que derrubou o Presidente João Goulart, Neiva Moreira foi um dos primeiros congressistas preso, torturado e depois exilado pela ditadura, permanecendo 15 anos longe do Brasil. Na Câmara dos Deputados, foi prineiro-secretário da mesa, presidente da comissão de relações exteriores, líder partidário, dentre outros cargos e missões exercidos.
Com a anistia em 1979, retornou ao país e foi recebido com festa pelo povo de São Luís, especialmente as massas, cuja ilha foi pelo mesmo batizada de Ilha Rebelde, fundando o PDT com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Jackson Lago, Doutel de Andrade, e outras importantes lideranças socialistas e trabalhistas do Brasil. Neiva foi presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista.
Durante os dois governos de Brizola no Rio de Janeiro, Neiva exerceu forte influência, chegando a ser secretário de governo e de comunicação social e presidente do Banco do Estado do Rio de Janeiro, sem jamais abandonar a militância política maranhense.
Voltou à Câmara dos Deputados em mais três mandatos por sua terra natal. Na década de 1950 foi votado em Alto Parnaíba pelo grupo liderado pelo ex-prefeito Raimundo Lourival Lopes, de quem se tornou amigo particular e compadre. Em 2002 tive o privelégio de apoiar e pedir votos para Neiva Moreira, acompanhado por dezenas de companheiros do PDT e de eleitores de nossa terra. Em nota de pesar, diz a Presidente Dilma Rousseff: "A política brasileira perdeu hoje um de seus mais expressivos líderes. Neiva Moreira, fundador do PDT junto com Leonel Brizola, lançou raízes do trabalhismo no Brasil e em vários outros países latino-americanos. Como estudioso, ativista e escritor, sempre esteve ao lado dos povos oprimidos da região. Viveu intensamente a luta pelas liberdades no Brasil, e após retornar do exílio, ampliou sua trajetória política a partir do seu amado Maranhão. Em nome de todas as brasileiras e de todos os brasileiros, cumprimento familiares e amigos, neste momento de dor. Particularmente, guardarei sempre comigo as boas lembranças de minha convivência com Neiva Moreira".
Membro da Academia Maranhense de Letras, Neiva fundou a revista Cadernos do Terceiro Mundo, em defesa dos países subdesenvolvidos e de sua inclusão no desenvolvimento econômico e social do planeta. Tornou-se um homem do mundo, conhecido e recebido por chefes de estado em todos os continentes, uma das figuras brasileiras mais respeitadas e reverenciadas pelo socialismo e pelo trabalhismo ao redor da terra. Mesmo idoso, Neiva esteve lúcido até o fim. Era o mesmo ribeirinho do Parnaíba, apaixonado pelo Velho Monge, a quem eu presenciei derramando lágrimas olhando demoradamente para as águas majestosas do grande rio à altura de sua mais bela curva, na cidade de Alto Parnaíba. No momento mais difícil de minha vida, a voz ativa de Neiva Moreira se levantou no parlamento nacional contra o arbítrio e odiosa perseguição de que fui vítima, chegando a comparecer pessoalmente na sessão solene de desagravo público a mim realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Maranhão, em São Luís, em 09 de julho de 2004.
Ao meu querido amigo e mestre o meu adeus, a minha gratidão, a minha saudade. Ontem, na tribuna da Câmara dos Deputados, o líder do PDT, deputado André Figueiredo, em emocionado discurso, lembrou que Neiva já devia estar sendo recebido, no outro Plano, por Brizola, Darcy Ribeiro, Abdias Nascimento, Doutel de Andrade, Lyzaneas Maciel. Eu acrescento Jackson Lago e acredito que a vida é perene, não se extinguindo com a morte física da matéria. Que Deus abençoe e ilumine o grande e extraordinário estadista José Guimarães Neiva Moreira.
Não apenas o PDT e o Maranhão estão de luto, bem como o trabalhismo e o socialismo na América Latina e no chamado Terceiro Mundo. Neiva Moreira foi um dos políticos e jornalistas mais combatívos do Brasil a partir dos anos 1950. Em São Luís, fundou o Jornal do Povo, órgão de combate ao poder dominante então sob o comando do senador Vitorino Freire, levando o povo às ruas e a quase uma revolução em 1952 que impediu, por dois anos, a posse ilegal de Eugênio Barros no governo maranhense. Na época, o TSE decidiu que, em face da morte do governador eleito, Satrurnino Belo, apoiado por Neiva, assumiria o candidato derrotado, repetindo mais de meio século depois o mesmo disparate e golpe com a cassação do governador Jackson Lago.
Jornalista de renome nacional, Neiva integrou os quadros dos Diários Associados, do então todo-poderoso Assis Chateubriand, tornando-se um dos grandes repórteres e cronistas da revista O Cruzeiro, na época a maior em circulação na América Latina.
No governo JK, foi presidente da comissão de transferência da capital do Rio para Brasília de parlamentares e funcionários públicos federais, tornando-se um dos homens mais influentes da República. Logo em 1964, quando da esclosão do golpe militar que derrubou o Presidente João Goulart, Neiva Moreira foi um dos primeiros congressistas preso, torturado e depois exilado pela ditadura, permanecendo 15 anos longe do Brasil. Na Câmara dos Deputados, foi prineiro-secretário da mesa, presidente da comissão de relações exteriores, líder partidário, dentre outros cargos e missões exercidos.
Com a anistia em 1979, retornou ao país e foi recebido com festa pelo povo de São Luís, especialmente as massas, cuja ilha foi pelo mesmo batizada de Ilha Rebelde, fundando o PDT com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Jackson Lago, Doutel de Andrade, e outras importantes lideranças socialistas e trabalhistas do Brasil. Neiva foi presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista.
Durante os dois governos de Brizola no Rio de Janeiro, Neiva exerceu forte influência, chegando a ser secretário de governo e de comunicação social e presidente do Banco do Estado do Rio de Janeiro, sem jamais abandonar a militância política maranhense.
Voltou à Câmara dos Deputados em mais três mandatos por sua terra natal. Na década de 1950 foi votado em Alto Parnaíba pelo grupo liderado pelo ex-prefeito Raimundo Lourival Lopes, de quem se tornou amigo particular e compadre. Em 2002 tive o privelégio de apoiar e pedir votos para Neiva Moreira, acompanhado por dezenas de companheiros do PDT e de eleitores de nossa terra. Em nota de pesar, diz a Presidente Dilma Rousseff: "A política brasileira perdeu hoje um de seus mais expressivos líderes. Neiva Moreira, fundador do PDT junto com Leonel Brizola, lançou raízes do trabalhismo no Brasil e em vários outros países latino-americanos. Como estudioso, ativista e escritor, sempre esteve ao lado dos povos oprimidos da região. Viveu intensamente a luta pelas liberdades no Brasil, e após retornar do exílio, ampliou sua trajetória política a partir do seu amado Maranhão. Em nome de todas as brasileiras e de todos os brasileiros, cumprimento familiares e amigos, neste momento de dor. Particularmente, guardarei sempre comigo as boas lembranças de minha convivência com Neiva Moreira".
Membro da Academia Maranhense de Letras, Neiva fundou a revista Cadernos do Terceiro Mundo, em defesa dos países subdesenvolvidos e de sua inclusão no desenvolvimento econômico e social do planeta. Tornou-se um homem do mundo, conhecido e recebido por chefes de estado em todos os continentes, uma das figuras brasileiras mais respeitadas e reverenciadas pelo socialismo e pelo trabalhismo ao redor da terra. Mesmo idoso, Neiva esteve lúcido até o fim. Era o mesmo ribeirinho do Parnaíba, apaixonado pelo Velho Monge, a quem eu presenciei derramando lágrimas olhando demoradamente para as águas majestosas do grande rio à altura de sua mais bela curva, na cidade de Alto Parnaíba. No momento mais difícil de minha vida, a voz ativa de Neiva Moreira se levantou no parlamento nacional contra o arbítrio e odiosa perseguição de que fui vítima, chegando a comparecer pessoalmente na sessão solene de desagravo público a mim realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Maranhão, em São Luís, em 09 de julho de 2004.
Ao meu querido amigo e mestre o meu adeus, a minha gratidão, a minha saudade. Ontem, na tribuna da Câmara dos Deputados, o líder do PDT, deputado André Figueiredo, em emocionado discurso, lembrou que Neiva já devia estar sendo recebido, no outro Plano, por Brizola, Darcy Ribeiro, Abdias Nascimento, Doutel de Andrade, Lyzaneas Maciel. Eu acrescento Jackson Lago e acredito que a vida é perene, não se extinguindo com a morte física da matéria. Que Deus abençoe e ilumine o grande e extraordinário estadista José Guimarães Neiva Moreira.
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