quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FOGO E POLUIÇÃO ELEITORAL

Hoje é a terceira noite do festejo de Nossa Senhora das Vitórias, a padroeira católica do município sul maranhense de Alto Parnaíba, desde a sua fundação em 19 de maio de 1866.

A praça coronel Adolpho Lustosa, onde se localiza a igreja matriz, está tomada por botequins, camelôs e muito barulho, deixando seus antigos moradores com a insônia ainda mais prolongada.

Em ano eleitoral, praticamente toda a população rural se desloca para a cidade e ao lado dos chamados urbanos, todos se juntam na velha praça, em volta da igreja, mas poucos vão às missas.

Em período de eleição, os candidatos, alguns conhecidos por não terem feito nada por nossa terra, aqui aportam de paraquedas, vão rapidamente à praça, cumprimentam nossa gente simples e crédula com tapinhas nas costas e aquele ar de que são amigos do sertanejo desde criancinha.

Em época de campanha e de caça ao voto, a maioria dos candidatos -alguns achavam até pouco tempo atrás que Alto Parnaíba nem existia -, chega de mansinho, vai ao encontro do chefete político descompromissado com as causas do povo e da comunidade e ali deixa o chamado custeio, ou seja, dinheiro comprando o pretenso chefe para que este compre o voto do eleitor. Aí os comentários ganham às ruas. Quem levou mais: foi A ou B. O certo é que o dinheiro não declarado à Justiça eleitoral chegou e vai engordar os bolsos desses vendilhões do voto, que atrasam e retardam impiedosamente o desenvolvimento de um município naturalmente abençoado por Deus.

Em setembro, fim de agosto, as queimadas se multiplicam e o calor aumenta. O pasto seco deixa o gado magro; o pecuarista sofre; o agricultor se preocupa. O fogo destrói tudo, cerrados e baixões em um município com mais de 11 mil quilômetros quadrados de território. O crime das queimadas ilegais e indevidas, desnecessárias e cruéis, é continuado e seus autores deixam rastros, cabendo apenas uma melhor investigação, inclusive de natureza preventiva, para chegar a eles.

Ao lado do festejo e dos vendilhões, das tradições religiosas e populares que engrandecem nossa cultura e nossa gente, as mesmas queimadas utilizadas ainda na fundação religiosa da vila de Nossa Senhora das Victórias, o mesmo tipo de candidato sem discurso e sem compromisso, os mesmos caciques sem índio se renovando e se enriquecendo, o mesmo povo ingênuo satisfeito em pegar na mão do "doutor candidato" e de receber de esmola uma dose de cachaça em algum botequim.

Ao mesmo tempo, carros de som se atropelando anunciando candidatos de todo gosto e a maioria, de mau gosto, com música altíssima, sem respeitar quem trabalha, quem está doente ou estudando, deixando a temperatura ainda mais alta, o ar mais sufocante, as queimadas menos inofensivas e a ironia que me faz sorrir no momento: novos chefetes políticos se autoproclamando donos de voto.

Daqui a quatro anos será a mesma coisa, a não ser que Cristo retorne à terra e expulse os vendilhões das calçadas de seu templo.

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