O sentimento da saudade é imensurável. Saudade é uma palavra única, que não vai para o plural.
27 de abril de 1990. Seis horas da manhã o telefone toca em nossa casa da rua dos Manacás, no São Francisco, em São Luís. Minha cunhada, Tânia, nos transmite a notícia da morte súbita de nosso pai, Antonio Rocha Filho, ocorrida há poucos minutos na velha casa de Alto Parnaíba, onde todos nós - seus filhos - nascemos. Ele teve uma noite tranquila e chegou a acordar e conversar com minha mãe, Maria Dacy, deitada ao seu lado, dizendo-lhe que iria ao mercado. Silenciou. Minha mãe tentou reanimá-lo, percebendo que ele estava tendo uma crise. Já estava morto, como os passarinhos, aos 68 anos de idade.
Antes da 11 da manhã daquele dia inesquecível, ao lado de três irmãos, chegávamos, de avião, a nossa cidade natal, onde a população em seu todo - sem exageros - deixava a cidade muda e se aglomerava em frente e dentro de nossa casa. Como disse certa vez o juiz de direito Severino Dias Carneiro, em 1924 no velório do primeiro prefeito de Victória do Alto Parnaíba, coronel Antônio Luiz do Amaral Britto, ali, assim como o povo de Israel se despedindo de Moisés, o povo de Vitória velava e dava o último adeus ao seu líder.
A emoção tomava conta de todos, em cujos semblantes esse sentimento era facilmente demonstrado. Para mim, que além de filho - e mais novo -, possuía uma admiração especial pelo político e pelo cidadão Antonio Rocha Filho, aquele momento parecia não inexistir; mas já era eterno, como o tempo demonstrou nesses vinte anos.
Hoje amanheci com a sensação do dia da dor intensa; é a saudade a castigar-me impiedosamente o peito. As lágrimas teimam em se manifestar, como se a morte tivesse ocorrido ontem ou hoje; é a saudade, essa palavrinha una e maior do que todas as outras já produzidas pelo homem.
Para finalizar, trecho de uma carta do literato alto-parnaibano Adson Vargas Leitão, também falecido, em solidariedade à família naquele instante de imensa dor:
"COMO HOMEM PÚBLICO, FOI EXTREMAMENTE ZELOSO E CIENTE DE SUAS OBRIGAÇÕES, SEM OSTENTAÇÕES E REVESTIDO DE SENTIMENTALISMO E ESPÍRITO HUMANITÁRIO, PROCURANDO, SEMPRE, COLOCAR O PODER PÚBLICO A SERVIÇO DOS MAIS HUMILDES, SEM CONTUDO ESQUECER-SE DOS MAIS FAVORECIDOS. FOI, ALGUMAS VEZES, INJUSTIÇADO, COMO TODOS OS BONS O FORAM, MAS CHEGARÁ O DIA QUE CHORARÃO A SUA FALTA E SÓ LEMBRARÃO DE SUAS VIRTUDES".
Após a profecia hoje verificada em todo o município quanto à saudade do excelente homem público, o professor Adson Leitão se dirigiu diretamente a Antonio Rocha Filho, o Rochinha:
"AO VELHO ROCHA: - TODOS E TUDO CHORARÃO A SUA FALTA. O PARNAÍBA, TESTEMUNHA MUDA DE SUA PASSAGEM ENTRE NÓS, CHORA, PELA MANHÃ, A PARTIDA DO AMIGO, COM SUA BRUMA. AS SERRAS, QUE CIRCUNDAM A PEQUENA CIDADE QUE LHE SERVIU DE BERÇO, MAJESTOSAS E ESTÁTICAS, CHORAM COM SUAS NEBLINAS, A AUSÊNCIA DO AMIGO. TODOS AQUELES TORRÕES POR ONDE TANTO PASSOU, AS MANGUEIRAS QUE EM SUAS SOMBRAS DESCANSOU, TODOS OS CARREIROS, RIACHOS, BAIXÕES, CHORAM, À SUA MANEIRA, O DESENLACE DE ENTE TÃO QUERIDO. CHORAM TODOS E TUDO, MENOS O CRIADOR, QUE ALEGRA-SE COM A CHEGADA DE SEU FILHO TÃO AMADO. ELE QUE TANTO LUTOU NESTE MUNDO, É JUSTO QUE AGORA, POR VONTADE DO PAI, GOZE E COLHA OS FRUTOS DO QUE PLANTOU".
Que assim seja!
As saudades serão eternas!
ResponderExcluirA passagem do senhor, vovô querido, doeu e sempre vai doer. Quando lembro os momentos alegres, sentada em seu colo, ainda pequenina, comendo os bolinhos de D. Amanda, sua papinha no jantar, os dias de espera pela tua chegada das viagens e que sempre trazia algo especial para cada uma das netas, os passeios e todos os mimos que recebi, sinto uma falta que dói o coração. Falta um pedaço de mim. O senhor sempre caridoso e amigo, independente de qualquer coisa. Mas quero que fique a certeza de que nunca estamos longe o suficiente para sermos esquecidos. Pois o que marca uma vida não são os anos que passam, mas sim as lembranças dos momentos que ficam para sempre. O senhor com certeza será sempre lembrança e a saudade sempre existirá!
Ficamos aqui na certeza de que estás em um lugar de paz e amor!
Jamais serás esquecido! És um exemplo de vida para todos que aqui nesta terra te conheceram! Serei, sempre, uma eterna fã.
“quando nascemos todos sorrirem e só nós choramos, quando morremos todos choram e só nós sorrimos!”
Amo-te eternamente!
Ana Alayde Rocha
Vovô querido, te amo eternamente, pois nem a morte afasta os sentimentos mais profundos.
ResponderExcluirNo céu, onde habitas, sei que guarda no coração o amor e os cuidados para os seus que aqui ficaram.
Um dia nos reencontraremos e serem felizes juntos para sempre.
Te amo... saudades.