sexta-feira, 14 de maio de 2010

RESGATE DA HISTÓRIA

Recentemente uma produora de televisão esteve visitando Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, colhendo depoimentos sobre a história, a cultura, os costumes, as tradições, visitando pontos turísticos e se apercebendo da natureza maravilhosa e da geografia ímpar de minha terra, ocasião em que tive a satisfação de ser questionado sobre o surgimento, a fundação e outros dados econômicos, históricos, culturais, sociais e geográficos do mais meridional município do Maranhão.

Utilizei, por sinal, informações publicadas no final dos anos 1950 e a mim recentemente repassadas por um amigo de Alto Parnaíba que ainda não nos deu a satisfação de uma visita, o magistrado João Pereira Neto, da 2ª vara maranhense de Grajaú. Nem o Dr. João Neto e nem seu irmão, o escritor e advogado Paulo César Pereira, também um apaixonado, como nós, pelas cousas do interior maranhense, filhos diletos de Matões.

Essa produtora, pertencente à excelente repórter maranhense, Regina Souza, cuja matéria anterior foi veícula em noticiários da TV Globo e Globonews, elaborou o documentário a pedido do governo do estado e será veiculado no sitio oficial na internet e em órgãos da imprensa.

Hoje, trazendo para a comuna o dever de resgatar uma das histórias mais fascinantes de luta pela criação e emancipação de um município maranhense e brasileiro, o vereador Elias Elton do Amaral Rocha, do PDT, apresentou na Câmara Municipal projeto de resolução que coloca o nome do fundador de Alto Parnaíba, Cândido Lustosa de Brito, cuja memória foi renegada no decorrer dos tempos, no edifício da Casa do Povo, que graças a ele funciona, assim como o munícípio existe, não tendo sido fácil a sua luta de provar que as divisas do Maranhão e Piauí também era o Parnaíba e não o rio Balsas, alfuente do Velho Monge, enfrentando o poder da família Lustosa da Cunha Paranaguá, cujo expoente nacional era o jurista e político João Lustosa da Cunha Paranaguá, o segundo Marquês de Paranaguá, presidente do Conselho de Ministros, conselheiro de Estado, ministro da Fazenda, da Guerra, da Justiça e dos Negócios Estrangeiros (hoje Relações Exteriores), senador do Império, governador da Bahia, do Maranhão e de Pernambuco, amigo pessoal de Dom Pedro II e na República, um dos fundadores e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, irmão do Barão de Santa Filomena, senhor absoluto das terras que iam do sul piauiense até à margem do rio das Balsas. Cândido venceu e integrou ao Maranhão, tão injusto e ingrato com minha região, esse rico extremo sul.

Vejamos o projeto de resolução em sua justificação:

"Próximo de mais um aniversário de fundação de nosso município, nada mais oportuno para o início do resgate de nossa história, a partir da memória e da importância de nosso fundador.

Homem de coragem, sagaz, de rara inteligência, Cândido Lustosa de Brito, piauiense de Paranaguá e descendente direito da família Brito da região de Serra Talhada e Arcoverde, em Pernambuco, ainda jovem tornou-se o encarregado das fazendas – domínio absoluto das terras – de seu tio materno, o tenente-coronel da Guarda Nacional, José Lustosa da Cunha, futuro Barão de Santa Filomena, e em pouco tempo concluiu que as divisas do Maranhão com o Piauí em nossa região não seria o rio Balsas, como era da vontade imposta pelo poderoso barão, mas o rio Parnaíba como o era até a foz no atlântico.

Com essa concepção e utilizando-se do fato do tio ter ido à guerra do Paraguai e naquele ano exercer o cargo de deputado federal (geral) pelo Piauí na capital do Império, o distante Rio de Janeiro, Cândido, acompanhado do sobrinho, futuro genro e seu herdeiro político, Antonio Luiz do Amaral Brito, foi à Caxias, então chamada princesinha do sertão e capital do interior maranhense, e ali convenceu representantes do governo do Maranhão a anexar essa rica área de terras que hoje formam o extremo sul ao território de nosso estado.

Acompanhado de praças da polícia do Maranhão, sob o comandando do tenente José Ayres, Cândido Lustosa de Brito retornou e aqui fincou a bandeira maranhense, conseguindo com o casal amigo, Francisco Luiz de Freitas e Micaela de Abreu Freitas, a doação das terras da Fazenda Barcelona, onde hoje é a cidade, à Igreja Católica, indispensável à concretização política da emancipação, fundando a Vila de Nossa Senhora das Vitórias em 19 de maio de 1866, nome dado em homenagem à esposa de Cândido, dona Ana Vitória Vargas Lustosa de Brito e à derrota imposta ao futuro Barão de Santa Filomena, então deputado federal.

Com o retorno do barão, o clima era de tensão e expectativa, mas, também inteligente e cioso de seu papel na história, o já Barão de Santa Filomena, general do Exército brasileiro por ter sido considerado herói na guerra do Paraguai, fez de imediato uma visita de cortesia ao sobrinho, que iniciara a povoação da vila a partir da construção de uma capelinha próxima à atual Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, o prédio da Intendência, da Câmara, da cadeia, da coletoria e de algumas casas residenciais, onde hoje é a velha Pontinha, cujos alicerces, em sua maioria, ainda se encontram ali.

Em nosso município existe apenas uma escola na zona rural em homenagem ao nosso fundador e até o nome da rua que existia, por falta de conhecimento foi retirado, infelizmente.

Portanto, é nosso dever esse resgate histórico, principalmente em razão de nossa Câmara, ao contrário da grande maioria no Brasil, não possuir ainda um nome, uma nomenclatura no seu edifício, que nada tem a ver com o nome do plenário, uma outra homenagem correta e justa ao saudoso vereador Homerino Duarte Segadilha.


Em face do exposto, rogo aos meus nobres pares pela aprovação da matéria.

Plenário Vereador Homerino Segadilha, da Câmara Municipal de Alto Parnaíba, Estado do Maranhão, em 14 de maio de 2010, 189º da Independência, 122º da República e 145º da fundação de Alto Parnaíba.

ELIAS ELTON DO AMARAL ROCHA -Vereador – PDT
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Um comentário:

  1. DR. DÉCIO, FICO FELIZ DE SABER QUE O MATERIAL QUE LHE ENVIEI, SOBRE A HISTÓRIA DE ALTO PARNAÍBA, TENHA TIDO ALGUMA SERVENTIA.
    UM TRÍPLICE E FRATERNAL ABRAÇO!
    JOÃO PEREIRA NETO

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