quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

ARARA AZUL

Matéria do repórter Sidney Pereira, da TV Mirante (afiliada da Rede Globo no Maranhão), foi veiculada hoje no Bom Dia Brasil, em uma bela reportagem mostrando o quase renascimento das araras azuis no município de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense.

A reportagem foi realizada na Fazenda Sucupira, de propriedade do ex-prefeito Luiz Gonzaga da Cruz Lopes, limítrofe com a Fazenda Brejo do Meio, de minha propriedade, onde existe um número considerável da espécie em razão da preservação.

Nos anos 1970, traificantes vindos de Brasília, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente, quando ainda existia a aviação doméstica e a VARIG, com seus aviões avro, interligava o país, sendo Alto Parnaíba beneficiada com vôos que ligavam às grandes cidades brasileiras, extinguiram com a existência do passarinho bicudo, de canto incomparável, não apenas em minha terra natal como em Santa Filomena, no Piauí, Tasso Fragoso, também Maranhão, e outros municípios da região, em um crime lesa pátria, hediondo, exterminador.

Lembro-me bem da figura de dois desses traificantes de aves, que também levaram a preço de banana pagos a alguns nativos desavisados e sem conscientização alguma, que se passavam por enangélico e mágico, um da capital federal e o outro de São Paulo, com casas alugadas na pequena cidade, entrosados no meio social, caras de anjo, que compravam todos os pássaros chamados nobres, como bicudos, curiós, patativas, pintacilgos, bigodes, currupiões, araras, papagaios, periquitos, curicas e muitos outros, utilizavam os aviões da VARIG e até da FAB, e iam ganhar rios de dinheiro no chamado Brasil civilizado e rico, abausando das pessoas incautas e simples do sertão e devastando criminosamente os pássaros de minha região. No regime dos militares, nada era possível fazer.

Felizmente, o bicudo começa a reaperecer em algumas regiões de Alto Parnaíba e Santa Filomena. É preciso cuidado. O movimento ambientalista aqui desencadeado, aliado à conscientização ventilada diariamente na televisão e mais precisamente, para o sertanejo, nas rádios públicas, como a Senado e a Nacional, conseguiu a proeza de mudar o comportamento e o pensamento de nossa gente com relação à conservação e defesa do meio ambiente, incluindo os nossos pássaros e aves. Hoje, por exemplo, as araras azuis, amarelas e outras, com papagaios e curicas, cortam diariamente o céu de nossa cidade, intocadas, admiradas e respeitadas. Na chácara onde moro, a 2,5 km da cidade, as araras fazem a festa. É bonito ver, mas o cuidado com os traficantes de sempre, com cara de anjo e postura civilizada e de nível intelectual e moral que fazem questão de apregoar, tem que ser permanente.

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