sábado, 17 de julho de 2010

MARANHÃO DIFÍCIL

Desde a luta pela fundação, o município de Alto Parnaíba mantém uma fidelidade extrema ao Maranhão, cuja reciprocidade praticamente é inexpressiva.

Nos anos 1980, os agricultores do sul do país descobriram os cerrados do sul maranhense e a adequação de suas terras ao cultivo em grande escala de grãos, principalmente soja, arroz e milho. A serra do Penitente, localizada apenas nos municípios de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, tornou-se logo a cobiça mais preciosa de verdadeiros produtores, de especuladores e de políticos com vínculos na região. O Estado do Maranhão arrecadou milhares de hectares de terras e transferiu suas propriedades, na maioria, para pessoas que nunca d'antes haviam sequer semeado ao natural um pé de maxixe, mas ligadas ao domínio do poder político então reinante no Palácio dos Leões e com interesses centrados no sul do estado.

Essas pessoas ganharam muito dinheiro; algumas perderam tudo; outras se transformaram em milionários. A partir da presença de agricultores com origem e vínculo na terra, com empresas estruturadas e visão empresarial, a serra do Penitente deixou de penitenciar e passou a produzir.

Esse é o Maranhão. Toma as riquezas de Alto Parnaíba e retorna o mínimo. No último domingo, comentei o assunto com o radialista José Bonifácio Bezerra em seu programa na rádio comunitária Rio Taquara FM, da vizinha cidade piauiense de Santa Filomena. O Maranhão não possui um único posto de saúde e sequer um médico ou um dentista em Alto Parnaíba. Apenas uma escola, construída há sessenta anos. Nenhuma estrada, a não ser a MA-006 que nos ligam a Balsas, em estado quase precário. O aeroporto desativado. O escritório da Emater fechado há anos e nenhum apoio ao agricultor. O incentivo à produção agropecuária e empresarial é nula. O prédio da delegacia de polícia e do destacamento da PM é de propriedade do município.

Naquela entrevista, o também radialista Carlos Biá lembrava que o município, embora pobre e abandonado pelo estado, fornece servidores públicos para repartições do governo maranhense, como a delegacia de polícia e a escola.

Ainda na década de 1980, meu pai, na época prefeito, indagou de um certo secretário de estado, um tipo de gente que acha que nunca vai morrer, sobre a construção da estrada Alto Parnaíba à Lizarda, no estado do Tocantins. O presunçoso secretário, que chegou a ser votado em nosso município como deputado estadual, respondeu que aquela rodovia seria um dreno aos interesses do Maranhão. Antonio Rocha Filho, que não deixava nada sem resposta, disse-lhe que fosse dreno, desde que beneficiasse uma região importante do estado, mas não seria dreno como o governo praticava ao drenar impiedosamente o dinheiro público para finalidades alheias que não eram verdadeiramente do interesse da população maranhense.

A estrada até hoje não foi construída. Os drenos permanecem, conforme o noticiário policial da tevê. O Maranhão permanece distante anos luzes de Alto Parnaíba. É lastimável.

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