sexta-feira, 2 de julho de 2010

UM BOM ADVOGADO

Conheci o advogado gaúcho Leonir Possamai quando retornei a Alto Parnaíba em março de 1992. Com fortes traços trazidos da origem italiana, aparentando rudeza e despreocupado com a aparência, ao mesmo tempo emotivo, ele se solidarizava com a dor alheia e se colocava por inteiro em defesa dos menos afortunados.

Somente agora tive a informação concreta do falecimento de Leonir Possamai, ocorrido em outubro de 2008 em sua cidade natal, Ibirubá, no Rio Grande do Sul, para onde havia retornado após sofrer um indevido constrangimento imposto de cima para baixo como se o Brasil ainda vivesse sob estado de exceção. Esse episódio não deve ser esquecido, especialmente por aqueles que defendem o estado de direito e combatem o abuso ditatorial de autoridades, mas não merece ser comentado. Na época, a Ordem dos Advogados do Brasil, através da seccional maranhense e do seu presidente, Raimundo Marques, a Maçonaria e outras instituições da sociedade civil, e o povo alto-parnaibano, se levantaram e garantiram a imediata liberdade do pacato advogado, que apenas e tão-somente, queria advogar sem luzes ou holofotes.

Leonir Possamai era um advogado interiorano, espécie de clínico geral que chegou em minha cidade natal no final dos anos 1980 quando o único militante da advocacia domiciliado na comarca era meu irmão Plínio Aurélio, também morto. O gaúcho Possamai, mesmo bonachão e com aspecto de quem não estava para conversa, era de bem com a vida, se condoia daqueles que não podiam pagar honorários, tinha a altivez de não se rebaixar para os outros operadores do direito e adminstradores da Justiça, era direto em suas colocações, vivenciando a realidade do dia a dia da comunidade, enfim, foi um humilde, porém bom advogado. Fará falta, com certeza, mas, humilhado que foi no fim de uma vida relativamente curta, Leonir Possamai, por suas virtudes, colhe no outro plano o mandamento de Cristo e já foi exaltado.

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