Se o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral começou por Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, infelizmente não deixou sua marca, pois nunca se esbanjou tanto dinheiro em campanhas e pré-campanhas eleitorais como nos últimos dez anos.
Com quase dois anos para a eleição municipal de 2012, alguns pré-candidatos usam e abusam do poder econômico e político, desafiam as regras da moralidade, da ética, da isonomia e do respeito para com a cidadania e a dignidade da pessoa humana, princípios constitucionais estabelecidos logo no primeiro artigo de nossa Constituição.
Um ex-prefeito, que entrou pobre e saiu riquíssimo da Prefeitura do maltratado município sul maranhense, autointitulado candidato desde que perdeu a última eleição, somente nos últimos dez dias participou, patrocinou e financiou festas regadas a som e a muita bebida alcóolica, com carros à disposição dos foliões, na capital de um estado vizinho e em duas localidades rurais de Alto Parnaíba (Brejo do Meio e Serra Branca), dizendo-se candidato (e não pré-candidato) a prefeito no próximo ano, desafiando o bom senso e um povo carente de tudo, especialmente de serviços e obras públicas básicas por parte da Prefeitura que ele administrou por quatro anos, como estradas, pontes, transportes, saúde, educação, saneamento, agricultura, emprego.
Um outro candidato (e não pré), também não pára, seguindo à risca o modelo político imposto em meu município a partir da eleição de 1988, com dinheirama à beça e nenhuma preocupação com a Justiça Eleitoral, pois todos entendem que a impunidade é garantida em face de não nos encontrarmos em período oficial de campanha eleitoral.
Se o dito Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral desejar efetivamente ampliar sua boa atuação, que discuta com o Congresso Nacional e o Tribunal Superior Eleitoral mecanismos legais de fiscalização e combate aos males eleitorais, como a descarada compra de votos, também nos períodos pré-eleitorais, inclusive na época mais distante possível dos pleitos, como no momento em minha terra natal.
Sinto-me desencorajado em colocar o meu nome novamente na disputa eleitoral, como o fiz em 2000, mas acima de tudo, creiam, o que sinto mesmo é vergonha de ser político em um município que foi governado no passado por homens de bem, de visão, honrados e com elevado espírito público. Hoje, mais uma vez sou forçado a dizer infelizmente, a deslealdade da disputa é gritante, a sensação de impunidade de alguns gera a compra e venda de votos a varejo bem antes das eleições, o cinismo, a dissimulação e a orgia com o dinheiro público sodomeiam, mesmo que os paladinos da corrupção não suportariam uma mera investigação de rotina da receita federal e do TCE, investigando-se, lógico, também os testas-de-ferro.
Entretanto, ouso dizer que, assim como o ex-presidente JK, Deus me poupou do medo. Adoro a minha terra natal e sem pieguismo ou hipocrisia de qualquer natureza, coloco-me no debate com todos aqueles que queiram e desejam trazer Alto Parnaíba à razão, impor-lhe o merecido respeito, tratar bem o seu povo, aproveitar com racionalidade a sua potencialidade natural. É hora de não ter medo.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
CHUVAS, ESTRAGOS E GOVERNOS
A tragédia que se abate sobre a região serrana do estado do Rio de Janeiro e que já atinge outros estados do sudeste, abriu um debate, inclusive pela imprensa internacional, sobre a incapacidade ou a falta de vontade política dos governos de prevenção contra o que é natural, principalmente pela simples razão de que as chuvas possuem calendário certo e definido.
Ontem a minha cidade natal, Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, teve a chuva mais forte do período, parecendo prenúncio de outras tempestades, deixando estragos com casas destelhadas, árvores caídas, estradas em estado ainda pior, ruas, avenidas e praças com mais lixo, lama, barro, deixando na cidade a impressão de maltrato, que já existia em parte.
O mais grave é que em meu município não existe defesa civil e se criado formalmente, existe apenas neste aspecto. As autoridades municipais quando dizem algo é sempre com a mesma desculpa vazia de que não existe dinheiro, o que contraria o presenciado todos os dias pela população (não em serviços ou obras públicas), ou simplesmente, o que é mais cômodo para os fracos e dissimulados, jogam a culpa em outrem.
E o pior. Aqui não tem mídia e a capital é distante.
Ontem a minha cidade natal, Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, teve a chuva mais forte do período, parecendo prenúncio de outras tempestades, deixando estragos com casas destelhadas, árvores caídas, estradas em estado ainda pior, ruas, avenidas e praças com mais lixo, lama, barro, deixando na cidade a impressão de maltrato, que já existia em parte.
O mais grave é que em meu município não existe defesa civil e se criado formalmente, existe apenas neste aspecto. As autoridades municipais quando dizem algo é sempre com a mesma desculpa vazia de que não existe dinheiro, o que contraria o presenciado todos os dias pela população (não em serviços ou obras públicas), ou simplesmente, o que é mais cômodo para os fracos e dissimulados, jogam a culpa em outrem.
E o pior. Aqui não tem mídia e a capital é distante.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
BERILO E A FORMAÇÃO DE VITÓRIA
O escritor, tradutor, professor e jornalista Berilo Vargas, um dos mais importantes literatos do Brasil, atualmente radicado na cidade do Rio de Janeiro, é um alto-parnaibano apaixonado pelas coisas, personagens, geografia, formação histórica, política e cultural da antiga Vitória do Alto Parnaíba, hoje, por concepção administrativa, apenas Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, avistando o Piauí, a Bahia e o Tocantins.
Descendente da família fundadora de Alto Parnaíba, filho de dois ex-prefeitos - o pai de criação, Clóvis do Amaral Vargas e seu irmão, o pai biolófico, Dr. João do Amaral Vargas, o primeiro alto-parnaibano após o ex-prefeito, ex-deputado e coronel Adolpho Lustosa do Amaral Brito (curso similiar ao atual de farmácia) a possuir o curso superior -, portanto, com forte conhecimento sobre nossa história, Berilo me remeteu um artigo-crônica sobre o médico Miguel de Lima Verde, o primeiro profissional da medicina a cliniar em nossa terra nas duas primeiras décadas do século passado, sobre quem teci algumas considerações no artigo "Prefeito de Victória e do Crato", recentemente publicado nesta página.
Vejamos o belo texto de Berilo Vargas:
"Meu caro Décio,
Seu belo texto sobre o doutor Miguel de Lima Verde me despertou muitas lembranças. Também cresci ouvindo em casa e na rua histórias dessa figura de dimensões mitológicas - histórias tão boas que dava vontade de recuar no tempo só para conhecê-lo pessoalmente e, quem sabe, pedir-lhe conselhos sobre a vida e sobre damas e gamão (parece que era imbatível nesses jogos!).
Como você bem o disse, pela pregação e sobretudo pelo exemplo, o notável médico e educador ensinou a gerações de vitorienses o valor do estudo, da educação formal, da busca do conhecimento.
No caso particular da família Amaral Vargas, ele quase foi um santo doméstico, perenemente exaltado e cultuado. Desde criança sempre me comoveu ouvir contar que, no refeitório improvisado de uma das velhas casas da beira do rio, onde Vó Santinha lhe oferecia pensão, nasceu e ganhou corpo, entre xícaras com café com leite, talhadas de mamão, de vez em quando um aromático e saboroso cozido de "ponta de agulha" fresca, uma relação de amizade e de admiração que mais tarde levaria meu pai João e meu tio Eurípedes a tomarem a árdua resolução de estudar na longínqua Belo Horizonte.
Talvez não seja exagero afirmar que o forasteiro (só no sentido geográfico) Lima Verde foi tão importante para a boa formação de nossa gente quanto os pais-fundadores Cândido e Antônio Luiz Brito.
Grande abraço,
Berilo".
Apenas para registrar: os irmãos João do Amaral Vargas e Eurípedes do Amaral Vargas, sob forte influência do médico Lima Verde, se formaram em odontologia e medicina, em Minas Gerais, e ambos retornaram à terra natal para o exercício de suas missões, demorando-se mais entre nós o dentista João Vargas, que no início dos anos 1940 tornou-se prefeito de Alto Parnaíba.
Descendente da família fundadora de Alto Parnaíba, filho de dois ex-prefeitos - o pai de criação, Clóvis do Amaral Vargas e seu irmão, o pai biolófico, Dr. João do Amaral Vargas, o primeiro alto-parnaibano após o ex-prefeito, ex-deputado e coronel Adolpho Lustosa do Amaral Brito (curso similiar ao atual de farmácia) a possuir o curso superior -, portanto, com forte conhecimento sobre nossa história, Berilo me remeteu um artigo-crônica sobre o médico Miguel de Lima Verde, o primeiro profissional da medicina a cliniar em nossa terra nas duas primeiras décadas do século passado, sobre quem teci algumas considerações no artigo "Prefeito de Victória e do Crato", recentemente publicado nesta página.
Vejamos o belo texto de Berilo Vargas:
"Meu caro Décio,
Seu belo texto sobre o doutor Miguel de Lima Verde me despertou muitas lembranças. Também cresci ouvindo em casa e na rua histórias dessa figura de dimensões mitológicas - histórias tão boas que dava vontade de recuar no tempo só para conhecê-lo pessoalmente e, quem sabe, pedir-lhe conselhos sobre a vida e sobre damas e gamão (parece que era imbatível nesses jogos!).
Como você bem o disse, pela pregação e sobretudo pelo exemplo, o notável médico e educador ensinou a gerações de vitorienses o valor do estudo, da educação formal, da busca do conhecimento.
No caso particular da família Amaral Vargas, ele quase foi um santo doméstico, perenemente exaltado e cultuado. Desde criança sempre me comoveu ouvir contar que, no refeitório improvisado de uma das velhas casas da beira do rio, onde Vó Santinha lhe oferecia pensão, nasceu e ganhou corpo, entre xícaras com café com leite, talhadas de mamão, de vez em quando um aromático e saboroso cozido de "ponta de agulha" fresca, uma relação de amizade e de admiração que mais tarde levaria meu pai João e meu tio Eurípedes a tomarem a árdua resolução de estudar na longínqua Belo Horizonte.
Talvez não seja exagero afirmar que o forasteiro (só no sentido geográfico) Lima Verde foi tão importante para a boa formação de nossa gente quanto os pais-fundadores Cândido e Antônio Luiz Brito.
Grande abraço,
Berilo".
Apenas para registrar: os irmãos João do Amaral Vargas e Eurípedes do Amaral Vargas, sob forte influência do médico Lima Verde, se formaram em odontologia e medicina, em Minas Gerais, e ambos retornaram à terra natal para o exercício de suas missões, demorando-se mais entre nós o dentista João Vargas, que no início dos anos 1940 tornou-se prefeito de Alto Parnaíba.
sábado, 15 de janeiro de 2011
PF NO RASTRO DA CORRUPÇÃO
O ex-diretor geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correia, deu entrevista ao jornal Folha de São Paulo, reproduzida pelo Jornal Pequeno, de São Luís, em que afirma categoricamente que existem cerca de 3 mil inquéritos em andamento na PF contra prefeitos e prefeituras em todo o Brasil, apenas com relação ao desvio e à má aplicação de recursos federais repassados aos municípios.
Esses recursos, em sua maioria, são os chamados fundos, ou seja, dinheiro para a educação, saúde e assistência social em que mais da metade dos prefeitos brasileiros - possuimos 5.600 municípios -, estão sendo investigados sob indícios de desvios dessas verbas para outras finalidades, enquanto esses setores vitais para a sociedade oferecem muito pouco em qualidade e padecem de quase tudo.
É lamentável uma notícia como essa, onde mais da metade de nossas prefeituras e seus gestores são investigados pela maior e melhor instituição policial do país, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ser uma esperança quando deparamos com a corrupção desenfreada onde a falta de punição leva à sensação de que existem pessoas acima do bem e do mal; acima da lei e do direito, como seres onipresentes do mal a causar danos irreparáveis a milhares de comunidades em todas as regiões de nosso imenso Brasil. O desenrolar não tardará, veremos.
Esses recursos, em sua maioria, são os chamados fundos, ou seja, dinheiro para a educação, saúde e assistência social em que mais da metade dos prefeitos brasileiros - possuimos 5.600 municípios -, estão sendo investigados sob indícios de desvios dessas verbas para outras finalidades, enquanto esses setores vitais para a sociedade oferecem muito pouco em qualidade e padecem de quase tudo.
É lamentável uma notícia como essa, onde mais da metade de nossas prefeituras e seus gestores são investigados pela maior e melhor instituição policial do país, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ser uma esperança quando deparamos com a corrupção desenfreada onde a falta de punição leva à sensação de que existem pessoas acima do bem e do mal; acima da lei e do direito, como seres onipresentes do mal a causar danos irreparáveis a milhares de comunidades em todas as regiões de nosso imenso Brasil. O desenrolar não tardará, veremos.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
PREFEITO DE VICTÓRIA E DO CRATO
Meu pai tinha uma grande admiração pelo primeiro médico a clinicar em nossa cidade, para cá trazido no início dos anos 1920 por dois filhos do prefeito da época e chefe político inconteste, coronel Antonio Luiz do Amaral Britto, Oséas e Luiz Britto (meu bisavô), que se encontravam na cidade de Floriano, no Piauí, também situada à margem do rio Parnaíba, e o grande centro comercial de toda a região do Alto Parnaíba maranhense e piauiense.
O cearense Miguel de Lima Verde chegou a Victória do Alto Parnaíba, hoje Alto Parnaíba, em embarcação que percorria o então navegável Parnaíba, e após se apresentar ao chefe político se hospedou na pensão de Leondina do Amaral Vargas (Santinha), filha do coronel Antonio Luiz, segundo nos relata o também médico e filho de tia Santinha, Eurípedes do Amaral Vargas, morto recentemente em São Paulo aos 103 anos de vida, discípulo de Lima Verde e seu aluno em Victória, em um gostoso livro de memórias.
Meu pai, Antonio Rocha Filho (Rochinha), em seu segundo mandato como prefeito de Alto Parnaíba, homenagou o médico Miguel de Lima Verde com o nome em uma rua no centro da cidade.
Em Victória, Lima Verde tornou-se uma personalidade marcante e admirada por todos, entrossado na comunidade, instalou um pequeno posto médico, deu aulas em uma época que escolas formais praticamente não existiam nas pequenas cidades, andou pelo interior do município, consagrando-se como prefeito do lugar.
Após encerrar o mandato de prefeito, onde se destacou pela preocupação com a saúde e a educação e teve total apoio da família que dominava a política local, Lima Verde, solteirão convicto, levado por uma sobrinha retornou à região do Cariri, no Ceará e mesmo não tendo retornado à Victória, manteve correspondências com pessoas amigas, dentre as quais meus avós paternos, Ifigênia e Antonio de Araújo Rocha, seus compadres (era padrinho de meu tio Corintho de Araújo Rocha).
Agora, bisbilhotando a internet, encontrei um blog da família Lima Verde, do Ceará, com destaque para a história de vida do Dr. Miguel de Lima Verde, onde não consta, infelizmente, sua passagem em nossa terra, mas diz de sua vida na terra natal, Crato, onde nasceu em 30 de dezembro de 1882.
Segundo o dito relato, Lima Verde se formou na Faculdade de Medicina da Bahia, em Salvador, em 29 de dezembro de 1913, clinicou na região do Cariri onde era querido e estimado, foi prefeito do Crato, terceiro presidente do Rotary Club dessa cidade, vindo a falecer em Corinto, Minas Gerais, em 30 de junho de 1944, quando se encontrava em viagem.
O Dr. Eurípedes Vargas nos diz (na obra acima mencionada) que essa viagem do Dr. Lima Verde a Minas Gerais tinha por objetivo encontrar um de seus fiéis discípulos, o então jovem dentista João do Amaral Vargas, que havia se formado naquele estado, morrendo o velho médico no caminho.
O cearense Miguel de Lima Verde chegou a Victória do Alto Parnaíba, hoje Alto Parnaíba, em embarcação que percorria o então navegável Parnaíba, e após se apresentar ao chefe político se hospedou na pensão de Leondina do Amaral Vargas (Santinha), filha do coronel Antonio Luiz, segundo nos relata o também médico e filho de tia Santinha, Eurípedes do Amaral Vargas, morto recentemente em São Paulo aos 103 anos de vida, discípulo de Lima Verde e seu aluno em Victória, em um gostoso livro de memórias.
Meu pai, Antonio Rocha Filho (Rochinha), em seu segundo mandato como prefeito de Alto Parnaíba, homenagou o médico Miguel de Lima Verde com o nome em uma rua no centro da cidade.
Em Victória, Lima Verde tornou-se uma personalidade marcante e admirada por todos, entrossado na comunidade, instalou um pequeno posto médico, deu aulas em uma época que escolas formais praticamente não existiam nas pequenas cidades, andou pelo interior do município, consagrando-se como prefeito do lugar.
Após encerrar o mandato de prefeito, onde se destacou pela preocupação com a saúde e a educação e teve total apoio da família que dominava a política local, Lima Verde, solteirão convicto, levado por uma sobrinha retornou à região do Cariri, no Ceará e mesmo não tendo retornado à Victória, manteve correspondências com pessoas amigas, dentre as quais meus avós paternos, Ifigênia e Antonio de Araújo Rocha, seus compadres (era padrinho de meu tio Corintho de Araújo Rocha).
Agora, bisbilhotando a internet, encontrei um blog da família Lima Verde, do Ceará, com destaque para a história de vida do Dr. Miguel de Lima Verde, onde não consta, infelizmente, sua passagem em nossa terra, mas diz de sua vida na terra natal, Crato, onde nasceu em 30 de dezembro de 1882.
Segundo o dito relato, Lima Verde se formou na Faculdade de Medicina da Bahia, em Salvador, em 29 de dezembro de 1913, clinicou na região do Cariri onde era querido e estimado, foi prefeito do Crato, terceiro presidente do Rotary Club dessa cidade, vindo a falecer em Corinto, Minas Gerais, em 30 de junho de 1944, quando se encontrava em viagem.
O Dr. Eurípedes Vargas nos diz (na obra acima mencionada) que essa viagem do Dr. Lima Verde a Minas Gerais tinha por objetivo encontrar um de seus fiéis discípulos, o então jovem dentista João do Amaral Vargas, que havia se formado naquele estado, morrendo o velho médico no caminho.
domingo, 9 de janeiro de 2011
AS VELHAS FAZENDAS DE VICTÓRIA
Com apenas 16 anos de idade, o futuro coronel da Guarda Nacional e vice-governador do Maranhão, Antonio Luiz do Amaral Britto, foi o principal auxiliar do tio Cândido Lustosa de Britto, seu sogro duas vezes, na fundação do hoje município de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, cuja data oficial é 19 de maio de 1866, quando o fazendeiro Francisco Luiz de Freitas e sua esposa Micaela de Abreu Freitas, sob a liderança de Cândido, fizeram a doação da fazenda Barcelona, onde hoje é a cidade, à Igreja Católica.
Diziam os mais antigos que Antonio Luiz detinha rara inteligência, unindo esta à experiência e à sagacidade de Cândido Lustosa de Britto, os dois principais fundadores e líderes de nosso município desde a sua fundação até as décadas de 1910 e 1920. Com um território imenso, que ia das nascentes do Parnaíba à foz do Balsas com o grande rio, passando pelo norte de Goiás, Victória do Alto Parnaíba, o segundo nome dado a Alto Parnaíba, naturalmente abrangia terras excelentes para plantações e criações.
Com essa visão, os dois fundadores desbravaram o território e fixaram as propriedades, que até hoje, na sua totalidade, com exceção da fazenda Barcelona por razões óbvias, possuem as mesmas denominações dadas pelos dois descendentes da família Britto da região de Arcoverde, em Pernambuco.
Cândido situou as fazendas São Paulo, Morros, Boa Vista, Água Branca (com Alexandre Maurício de Britto), Boa Fé, Nazaré. Antonio Luiz delimitou as fazendas Criméia, Tranqueira, São Pedro, Salina, Genipapo, Campo Grande, Figuras, dentre outras. O vizinho Barão de Santa Filomena, que não perdeu de todo o poder dominial, manteve as fazendas Sucupira, Volta da Serra, Promissão.
Os nomes dizem da crença, da admiração, da religiosidade católica, da cultura e das riquezas do lugar. O poeta Luiz Amaral em uma de suas dezenas de cartas deliciosas, esta escrita ao meu pai, Antonio Rocha Filho, em 28 de novembro de 1968 e publicada em Meu Livro (páginas 187/193), institulada "Um SOS vexado de um cristão apavorado", relembra de algumas dessas pioneiras propriedades rurais, típicas de nossa origem, com nomes não menos peculiares, n'uma saudade imensa de quem queria ser, ele próprio, confinado em seu mundo chamado Vitória, canta e exalta as fazendas Boca, de Mundico Almeida, Sumidô, de Clóvis Vargas, Badejo, de Otacílio Mascarenhas, Escondido, de Eurípedes Coelho, Escuro, de José Honório (o único ainda entre nós ao lado de Mundico Almeida), Caracol, de Izidoro Rolim, Sossego, de Hamilton Brito, o Mitim (nome mais do que apropriado em razão do saudoso dono), finalizando o poeta com o Orobó, que foi dele mesmo e na época, pertencia a Homerino Segadilha.
Já estive praticamente em todas essas antigas fazendas, retrato da vida dos alto-parnaibanos e vitorienses de todas as gerações, descendentes ou não dos fundadores e de seus proprietários. Elas resistem, inclusive às máquinas e à soja. Muitas permanecem com seus antigos donos, como a Boca, de Raimundo Alves de Almeida (Mundico), e outras com seus descendentes, como o Badejo, da família Mascarenhas, parte do Caracol, de herdeiros de Izidoro Rolim, e da Água Branca, no que coube a alguns herdeiros de meu avô paterno, Antonio de Araújo Rocha. Na maioria, a criação de gado ainda é extensiva, ou seja, nos chamados referigérios. A curraleira ainda é encontrava, especialmente na região do distrito de Curupá e da fazenda Morrinhos, um lugar onde não existe morros. Enfim, ainda é possível rever e viver esse passado secular.
Diziam os mais antigos que Antonio Luiz detinha rara inteligência, unindo esta à experiência e à sagacidade de Cândido Lustosa de Britto, os dois principais fundadores e líderes de nosso município desde a sua fundação até as décadas de 1910 e 1920. Com um território imenso, que ia das nascentes do Parnaíba à foz do Balsas com o grande rio, passando pelo norte de Goiás, Victória do Alto Parnaíba, o segundo nome dado a Alto Parnaíba, naturalmente abrangia terras excelentes para plantações e criações.
Com essa visão, os dois fundadores desbravaram o território e fixaram as propriedades, que até hoje, na sua totalidade, com exceção da fazenda Barcelona por razões óbvias, possuem as mesmas denominações dadas pelos dois descendentes da família Britto da região de Arcoverde, em Pernambuco.
Cândido situou as fazendas São Paulo, Morros, Boa Vista, Água Branca (com Alexandre Maurício de Britto), Boa Fé, Nazaré. Antonio Luiz delimitou as fazendas Criméia, Tranqueira, São Pedro, Salina, Genipapo, Campo Grande, Figuras, dentre outras. O vizinho Barão de Santa Filomena, que não perdeu de todo o poder dominial, manteve as fazendas Sucupira, Volta da Serra, Promissão.
Os nomes dizem da crença, da admiração, da religiosidade católica, da cultura e das riquezas do lugar. O poeta Luiz Amaral em uma de suas dezenas de cartas deliciosas, esta escrita ao meu pai, Antonio Rocha Filho, em 28 de novembro de 1968 e publicada em Meu Livro (páginas 187/193), institulada "Um SOS vexado de um cristão apavorado", relembra de algumas dessas pioneiras propriedades rurais, típicas de nossa origem, com nomes não menos peculiares, n'uma saudade imensa de quem queria ser, ele próprio, confinado em seu mundo chamado Vitória, canta e exalta as fazendas Boca, de Mundico Almeida, Sumidô, de Clóvis Vargas, Badejo, de Otacílio Mascarenhas, Escondido, de Eurípedes Coelho, Escuro, de José Honório (o único ainda entre nós ao lado de Mundico Almeida), Caracol, de Izidoro Rolim, Sossego, de Hamilton Brito, o Mitim (nome mais do que apropriado em razão do saudoso dono), finalizando o poeta com o Orobó, que foi dele mesmo e na época, pertencia a Homerino Segadilha.
Já estive praticamente em todas essas antigas fazendas, retrato da vida dos alto-parnaibanos e vitorienses de todas as gerações, descendentes ou não dos fundadores e de seus proprietários. Elas resistem, inclusive às máquinas e à soja. Muitas permanecem com seus antigos donos, como a Boca, de Raimundo Alves de Almeida (Mundico), e outras com seus descendentes, como o Badejo, da família Mascarenhas, parte do Caracol, de herdeiros de Izidoro Rolim, e da Água Branca, no que coube a alguns herdeiros de meu avô paterno, Antonio de Araújo Rocha. Na maioria, a criação de gado ainda é extensiva, ou seja, nos chamados referigérios. A curraleira ainda é encontrava, especialmente na região do distrito de Curupá e da fazenda Morrinhos, um lugar onde não existe morros. Enfim, ainda é possível rever e viver esse passado secular.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
PRECARIEDADE DAS ESTRADAS
Moro no que denominei Fazendinha Ifigênia Rocha, do lado de cá da foz do ribeirão São José com o rio Parnaíba, a 2,5 km da cidade de Alto Parnaíba, no sul maranhense, onde, para os que conviveram na velha Vitória, era a roça de Antõe Lopes (marido de minha tia Marú e pai da pioneira professora municipal Conceição Lopes) e depois, fazenda de Ceir Pacheco.
Pois bem. Hoje, após dois dias de chuva (mansa), quase não consigo trafegar no pequeno trecho da estrada municipal que liga a sede do município ao distrito de Curupá e de lá ao lugar Macacos e, com mais dificuldades, até as nascentes do rio Parnaíba. A estrada carroçal é a mesma de décadas. Nada foi feito, assim como nas outras vias do interior do município a situação permace precária, em total desrespeito ao nosso sertanejo e a todos que utilizam esses carreiros que retratam o descaso com que o velho município é tratado.
A esperança é a visita que recebi ontem do secretário municipal de obras, Paulo Roberto de Souza Silva, o Paulinho, um bom operário, que reiterou as palavras do prefeito Ernani do Amaral Soares, de cascalhar, a partir de hoje, a estrada que passa em frente à minha casa e que beneficiará centenas de famílias às margens do Velho Monge. Que os anjos digam amém!
Pois bem. Hoje, após dois dias de chuva (mansa), quase não consigo trafegar no pequeno trecho da estrada municipal que liga a sede do município ao distrito de Curupá e de lá ao lugar Macacos e, com mais dificuldades, até as nascentes do rio Parnaíba. A estrada carroçal é a mesma de décadas. Nada foi feito, assim como nas outras vias do interior do município a situação permace precária, em total desrespeito ao nosso sertanejo e a todos que utilizam esses carreiros que retratam o descaso com que o velho município é tratado.
A esperança é a visita que recebi ontem do secretário municipal de obras, Paulo Roberto de Souza Silva, o Paulinho, um bom operário, que reiterou as palavras do prefeito Ernani do Amaral Soares, de cascalhar, a partir de hoje, a estrada que passa em frente à minha casa e que beneficiará centenas de famílias às margens do Velho Monge. Que os anjos digam amém!
Assinar:
Postagens (Atom)