Em um mundo cada vez menos romântico, raríssimos aqueles advogados que abraçam uma causa sem o prévio honorário, já que esse operador do direito, indispensável à Justiça, também precisa sobreviver.
Meu irmão Plínio, mais velho do que eu quase oito anos, formado em direito pela Universidade Federal do Maranhão, em dezembro de 1980, morreu pobre e militou na advocacia por ininterruptos 21 anos sem lograr fortuna. E teve reais chances de conseguir ser rico.
Plínio era romântico e vivia intensamente a nossa terra natal, a sua gente sertaneja e seus costumes, a natureza magnífica que abraça o município de Alto Parnaíba, as suas festividades culturais, a sua história, a sua geografia, enfim, nasceu e morreu em Alto Parnaíba, de onde se distanciou apenas para estudar, o que fez em Goiânia e São Luís.
Orador clássico, mas de fácil comunicação com as massas, embebecia o interlocutor e levava multidões a ouvi-lo. Gostava de sentar na praça da velha cidade ao lado de tradicionais homens do sertão, calejados pelos anos, pela enxada e pela vaqueirice, e com eles, até altas horas, não faltava assunto, relembrando passsagens históricas que sequer presenciou em vida terrena.
Certa feita, se dirgiu ao cemitériol público e ali, de dedo em riste no pôr do Angelus, acusou o Estado brasileiro e agentes seus de negarem o direito constitucional da cidadania e da dignidade da pessoa humana ao simplório rurícola do distante interior brasileiro. Fazia a despedida em protesto de uma lavradora infartada após ser desrespeitada e humilhada por simplesmente pleitear sua aposentadoria rural, após 65 anos morando e labutando na roça, no mais remoto lugarejo de nosso município.
Esse era o Plínio Aurélio, que se comovia com a dor alheia; que se levantava contra os poderosos e contra aqueles que se achavam o próprio Estado ou acima do Estado; contra qualquer tipo de arbitrariedade, um Evandro Lins e Silva, no dizer de um juiz maranhense, quando defendia, batendo na mesma tecla da liberdade como princípio, aqueles deserdados sem dinheiro para pagar advogado.
Além de colega de advocacia, Plínio era meu mestre, meu professor, não tendo eu jamais conseguido passar de seu mais humilde discípulo. Filho, irmão, neto, tio, cunhado, sobrinho, primo, vizinho, amigo, colega e familiar exemplar, em 30 de maio de 2001, de forma súbita, Plínio Aurélio do Amaral Rocha, aos 47 anos e na plenitude da vida, nos deixou. A incompreensão daquele fato, após dez anos, me faz reflitir que ele sofreria muito com a doença que atualmente aflige nossa mãe, o Alzheimer, pois era extremamente apegado a ela, sempre próximo, preocupado com qualquer pequena alteração em seu simples cotidiano.
Plínio era um romântico emotivo; um bom; um justo, fazendo da advocacia um sacerdócio, não um negócio. Exercia o direito com a tolerância e o vasto conhecimento inspirado do apóstolo Paulo, mas com a coragem e a firmeza do advogado Saulo de Tarso.
Meu irmão Plínio, mais velho do que eu quase oito anos, formado em direito pela Universidade Federal do Maranhão, em dezembro de 1980, morreu pobre e militou na advocacia por ininterruptos 21 anos sem lograr fortuna. E teve reais chances de conseguir ser rico.
Plínio era romântico e vivia intensamente a nossa terra natal, a sua gente sertaneja e seus costumes, a natureza magnífica que abraça o município de Alto Parnaíba, as suas festividades culturais, a sua história, a sua geografia, enfim, nasceu e morreu em Alto Parnaíba, de onde se distanciou apenas para estudar, o que fez em Goiânia e São Luís.
Orador clássico, mas de fácil comunicação com as massas, embebecia o interlocutor e levava multidões a ouvi-lo. Gostava de sentar na praça da velha cidade ao lado de tradicionais homens do sertão, calejados pelos anos, pela enxada e pela vaqueirice, e com eles, até altas horas, não faltava assunto, relembrando passsagens históricas que sequer presenciou em vida terrena.
Certa feita, se dirgiu ao cemitériol público e ali, de dedo em riste no pôr do Angelus, acusou o Estado brasileiro e agentes seus de negarem o direito constitucional da cidadania e da dignidade da pessoa humana ao simplório rurícola do distante interior brasileiro. Fazia a despedida em protesto de uma lavradora infartada após ser desrespeitada e humilhada por simplesmente pleitear sua aposentadoria rural, após 65 anos morando e labutando na roça, no mais remoto lugarejo de nosso município.
Esse era o Plínio Aurélio, que se comovia com a dor alheia; que se levantava contra os poderosos e contra aqueles que se achavam o próprio Estado ou acima do Estado; contra qualquer tipo de arbitrariedade, um Evandro Lins e Silva, no dizer de um juiz maranhense, quando defendia, batendo na mesma tecla da liberdade como princípio, aqueles deserdados sem dinheiro para pagar advogado.
Além de colega de advocacia, Plínio era meu mestre, meu professor, não tendo eu jamais conseguido passar de seu mais humilde discípulo. Filho, irmão, neto, tio, cunhado, sobrinho, primo, vizinho, amigo, colega e familiar exemplar, em 30 de maio de 2001, de forma súbita, Plínio Aurélio do Amaral Rocha, aos 47 anos e na plenitude da vida, nos deixou. A incompreensão daquele fato, após dez anos, me faz reflitir que ele sofreria muito com a doença que atualmente aflige nossa mãe, o Alzheimer, pois era extremamente apegado a ela, sempre próximo, preocupado com qualquer pequena alteração em seu simples cotidiano.
Plínio era um romântico emotivo; um bom; um justo, fazendo da advocacia um sacerdócio, não um negócio. Exercia o direito com a tolerância e o vasto conhecimento inspirado do apóstolo Paulo, mas com a coragem e a firmeza do advogado Saulo de Tarso.
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