Na madrugada de 18 de março de 1962, em sua casa na cidade de Britânia, em Goiás, enquanto dormia ao lado da esposa, o coração de Elias do Amaral Brito o surpreendeu, encerrando a sua passagem material terrena, aos 60 anos de idade.
Ana Alayde e Elias do Amaral BritoVitoriense da chamada
Era de Ouro, como bem define o tradutor, escritor, diploma e jornalista Berilo Vargas, Elias do Amaral Brito, ou Elias Amaral como era simplesmente conhecido, nasceu na ainda Victória do Alto Parmaíba, a primeira cidade maranhense banhada pelo rio Parnaíba, no extremo sul do estado, em 1902, segundo filho do casal Luiz Antonio LusAmaral Britto, major da Guarda Nacional e filho do primeiro casamento do principal chefe político de nossa terra em todos os tempos, o ex-vice-governador do Maranhão e primeiro prefeito de Alto Parnaíba, coronel Antonio Luiz do Amaral Britto, com Ana Cândida Lustosa do Amaral Britto, e de Rita Araújo Rocha do Amaral Britto (Ritinha), natural de Corrente, no sul do Piauí, filha de Elias da Cunha Rocha e de Maria Izidora de Araújo Rocha e irmã de meu avô paterno, Antonio de Araújo Rocha (Antunim). Seus outros irmão eram: Ana Cândida do Amaral Brito (Sia Cândida), mulher de Luiz de Brito Araújo, Antonia Luiza do Amaral Brito, casada com Aderson Lustosa do Amaral Brito, Luiz Antonio do Amaral - o poeta Luiz Amaral -, esposo de Zenaide do Amaral Brito e Erzon do Amaral Brito, casado com Lourdes Coelho do Amaral, além de Amaral de Lourdes Amaral, filha do segundo matrimônio de seu pai, esposa de Bráulio Leitão - todos falecidos.
Major Luiz Antonio Lustosa do Amaral Britto, pai de Elias Amaral. Foto: arquivo da família.Com a morte da mãe, em 1920, ainda jovem, e logo depois do pai, meu avô materno Elias Amaral tornou-se tutor dos irmãos mais jovens, educando-os e preservando o patrimônio de todos, cuja honestidade e firmeza de caráter foram características que o marcaram durante a vida, conforme testemunho daqueles que com ele conviveram e com quem converso constantemente. Em 1921 casou-se com a bela Ana Alayde Lopes, uma jovem mulher com 16 anos, flha dos piauienses João Pereira Lopes, que já havia sido prefeito de Victória do Alto Parnaíba, comerciante próspero, e de Joana Torquato Lopes (Joaninha), que, mesmo cega dos dois olhos, conduzia os destinos da família como um autêntica
dama-de-ferro.Meus avós Ana Alayde e Elias tiveram dezesseis filhos, todos criados até a fase adulta. Vejamos pela ordem cronológica: Rita Edith Lopes do Amaral (Ritinha), casada com Esdras do Amaral Brito (Esdrinhas), falecidos; Maria Magnólia Lopes do Amaral (Magui), casada com Wilson Lustosa do Amaral Brito, também mortos; Salatiel Lopes do Amaral, já falecido, esposo de Ilnete Barbosa do Amaral, residente em Januária/MG; Luiz Antonio Lopes do Amaral, casado com Valderez Leitão do Amaral, ambos desencarnados; minha mãe Maria Dacy do Amaral Rocha, com 83 anos de idade e ainda residente em Alto Parnaíba, mulher de Antonio Rocha Filho, o Rochinha, já falecido; Maria Stela do Amaral Paiva e Silva, residente em Teresina, viúva de Astrolábio Paiva e Silva; Maria do Socorro do Amaral Nogueira, atualmente residente em Goiânia após anos morando em Corrente/PI, terra natal de seu falecido marido Numa Lustosa Nogueira; Waldemar Lopes do Amaral Brito, morto, esposo de Nilza Naves do Amaral, residente em Porangatu/GO; Maria Zulmar do Amaral Soares, casada com Zoroastro Soares, residentes em Alto Parnaíba; Maria José do Amaral Camapum (Zezé), mulher de José Alencar Camapum (Zezito), moradores também em Porangatu; Nilson do Amaral Brito, falecido, casado com Goiacemar Castro do Amaral, residente em Gurupi/TO; Maria Luiza Margarida do Amaral Avelar, esposa de João Roberto Dias Avelar, residentes em Teresina; Paulo de Tarso Lopes do Amaral, morto, casado com Neuza Ribeiro do Amaral; José Elisson Lopes do Amaral, falecido, que deixou viúva Maria da Glória Melo Amaral; Alair Maria do Amaral Lopes, minha madrinha de batismo, já morta, casada com Luiz Gonzaga da Cruz Lopes, morador de Alto Parnaíba; e Ana Alaíde Amaral de Carvalho Nunes (Alaidinha), viúva de Benedito de Carvalho Nunes, residente em Teresina .
Elias Amaral, mesmo filho e descendente de políticos e dos fundadores de Alto Parnaíba e do sul piauiense e extremo sul maranhense, não tinha aptidão para a política, inclusive recusando-se, em certo momento da vida política municipal, uma candidatura de consenso à Prefeitura. Era um criador de gado nato e exímio comerciante. Apaixonado por sua Fazenda Salina, sofreu muito para vendê-la quando ficou na encruzilhada de permanecer na terra natal, sem perspectivas para os jovens de então, ou acompanhar a maioria da população alto-parnaibana para a recém fundada Gurupi e outras cidades prósperas do norte de Goiás, hoje Tocantins, e Brasília que se iniciava com todo o apogeu e esperanças depositadas por milhares de brasileiros no centro-oeste e planalto central brasileiros, mas preferiu o que significava um verdadeiro sacrífico - talvez a causa do infarto agudo do miocárdio sofrido pouco tempo depois -, preferindo, finalmente, se desfazer de todo o patrimônio construído na velha Victória com imenso sacrífico e trabalho árduo de quem conduzia boiadas em balsas de talo de buriti pelo rio Parnaíba até Floriano ou Teresina ou a pé até o Rio Grande do Norte, trazendo, no retorno, produtos que eram comercializados em sua loja na cidade, e se mudar com a mulher, os filhos mais jovens e outros já casados em busca do prometido eldorado dos anos JK.
Com a morte do marido, minha avó Ana Alayde Lopes do Amaral (foto acima) passou a ter uma saúde fragilizada, culminando com a doença de Alzheimer, na época pouco conhecida, falecendo aos 82 anos de idade na casa de sua filha mais velha, Ritinha, em Porangatu. Ele com 19 anos e ela com 16 anos de idade iniciaram uma via juntos, geraram 16 filhos, criaram todos e esse amor foi permanente além túmulo. Hoje são dezenas de netos, alguns desencarnados, de bisnetos, trinetos e tataranetos, espalhados pelo Brasil. Cumpriram sua missão.
Foto acima: 7 das 10 filhas de Elias Amaral: Alaidinha, Alair, Maria Luiza, Zezé, Stela, Dacy e Magui. Casamento de Suzuna, filha de Stela e Astrolábio, e de Ézio, filho de Zezé e Zezito Camapum, em Teresina. Arquivo da família.
Imagens: pela ordem decrescente:
Minha avó Alayde em visita ao túmulo do marido em Britânia; Waldemar e Nilza Amaral; Salatiel e Ilnete Amaral com a filha Vilma; Valderez, Zulmar, Alayde, Maria Luiza, Maria da Glória e Aladidinha, em Gurupi;
Casamento de Maria Stela e Astrolábio Paiva e Silva em Teresina; Salatiel Lopes do Amaral; Elias Amaral com um neto; Astrolábio, Stela e Regina; Alayde, Elias e netos em Goiás; Luiz Antonio Lopes do Amaral; Maria Luiza Margarida do Amaral Avelar; Nilson do Amaral Brito; Waldemar Lopes do Amaral Brito; Paulo de Tarso Lopes do Amaral, em sua formatura em odontologia; Stela e Dacy (minha mãe); Maria Magnólia Lopes do Amaral (Magui); Maria Luiza; Alair Maria do Amaral Lopes, ainda estudante em Goiás. Fotos do arquivo de minha família.