terça-feira, 27 de março de 2012

20 ANOS SEM ANTONIO ROCHA JÚNIOR

A saudade é um sentimento singular com uma pluralidade que desafia os tempos e a própria razão. Ontem, 26 de março, completou duas décadas da morte súbita de meu irmão Antonio Rocha Júnior, ou apenas Júnior, como era chamado por nós - os seus parentes, amigos, conhecidos e contemporâneos. Parece que foi ontem, pois a dor inesperada ainda aperta o peito e fazem as lágrimas insistirem em brotar. Em cada jogo do Fluminense ou da seleção brasileira eu o reencontro, assim como o reencontro nas rodadas dos amigos que também eram os dele; na visão cotidiana do Parnaíba; nas músicas e ídolos que o marcaram; na velha casa onde nascemos; nas conversas amenas e nos asuntos pitorescos de uma Alto Parnaíba singular, amada, eterna, pacata, terra amiga e abençoada a quem Júnior tinha devoção ímpar.

Também o relembro em Tânia, sua querida e amada mulher que se mantém nessa condição como esposa que um dia continuará a ser no plano superior; em suas duas filhas, que deixou na orfandada, hoje adultas e casadas, ambas com curso superior e independentes como era o seu sonho - Maria Dacy e Ana Alayde. Vejo Júnior - na minha imaginação - olhando com ternura e com seu franco e amplo sorriso de esperança - diferente de nós que ainda permanecemos neste plano material e sofremos a cada instante com aquela cena, - em uma cadeira de rodas nossa velha mãe, que vive mais o passado do que o presente que também a castigou, tirando-lhe o seu Júnior e depois Humberto e Plínio, e antes o seu querido Rochinha, esposo e companheiro de mais de quarenta anos.
Maria Dacy, Ana Alayde e Tânia Rocha.

O Júnior alegre, que viveu a vida com intensidade, que vivia apenas o hoje deixando a Deus o destino do amanhã. O Júnior brincalhão, craque de bola, amante da boa música, da mesa farta e da boa bebida; admirador das mulheres bonitas - e quantas não as teve!. O Júnior bonito, galã, disputado, de um carisma contagiante, com os cabelos grandes e muitas vezes a barba espaçosa que dava-lhe e retratava-lhe ainda mais o homem corajoso, que nada temia. É esse o Júnior, quinto filho de meus pais Maria Dacy do Amaral Rocha e Antonio Rocha Filho, o Rochinha, que carregava até no nome o legado do pai, que se mantém vivo em minhas lembranças e no meu dia-a-dia, cujo desenlace foi a causa maior de meu retorno a Alto Parnaíba, já advogado, há vinte anos.
Da esq p/dir: Décio (eu), Ana Lúcia do Amaral Avelar (minha prima), Júnior, Eliana Leitão do Amaral (minha prima - já falecida), Antonio Herbert (meu irmão) e Clóris Alaíde (minha irmã) e Regina do Amaral Paiva e Silva (minha prima), sentadas, em nossa casa em São Luís.

O Júnior amante do futebol, cuja bola dominou como poucos, de uma geração de craques que marcou época em nosso futebol amador, digno de um futebol profissional, e de amigos de uma vida toda como Luís Luna Brito Alves, Moisés Brito do Amorim, Giovani do Nascimento Borges, Raimundo Nonato Rosa e Sá Filho, José Alves Filho (Caranguim), José Carlos Lopes Fonseca, Paulo Robert do Amaral Pacheco, Mataparte Cavalcante de Bragança, Oscar Galvão Costa, Grigório Lobato Bastos Filho (Gorim), Roberval do Amaral Brito (Robe), Paulo Henrique Santos Nogueira, Gilberto Lustosa de Matos, Elizomar Lopes de Souza, Delson Nogueira Lima, Carlos Jorge Corrêa dos Santos, Saulo Antonio Formiga Rocha, Antonio Augusto Aragão Júnior (Gugu), Lindolfo Brito Rocha, Benedito dos Santos (Benildo), Manoel de Pugas Souza (Louro), Kleuber Formiga Rocha, Deusélis José Batista de Oliveira, Roque Figueredo Filho, João Antonio Amaral, Aderson Amaral, Judson de Oliveira Alves e tantos outros que a memória me trai. O Júnior que, como o nome, pertenceu a gerações diversas, antes e depois de seu tempo, cuja morte repentina em uma triste madrugada de 26 de março de 1992, aos 35 anos de idade - completados dois dias antes -, que vive encantado nas recordações e nos corações de todos nós, sua mãe, filhas, irmãos, esposa, tios, primos, amigos de todas as horas.
Acima, meu pai com sua primeira neta Maria Dacy e uma outra criança de apelido Pepita (morava na casa do casal Aderson Bandeira de Souza), em nossa casa, na rua dos Manacás, no bairro do São Francisco, em São Luís. Na foto abaixo, Tânia e Maria Dacy, no primeiro aniversário desta, comemorado em nossa casa de Alto Parnaíba.

Sem a saudade a própria vida pereceria sem nascer. A morte não mata os Júniores da vida; apenas os transportam à luz mais brilhante e eterna.

3 comentários:

  1. Papai amo-te eternamente.
    Sinto uma saudade saudável e esperançosa.
    Obrigada tio, pela linda homenagem.

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  2. Décio, obrigada pela mensagem relembrando todas as coisas boas que o nosso querido Júnior nos proporcionou aqui na Terra. Sei que jamais ele será esquecido pelo exemplo de esposo, pai, filho e irmão. Apesar de 20 anos de desencarne, essas lembranças continuam vivas em nossos pensamentos e corações. Tenho a certeza que Júnior é um espírito iluminado e trabalhador na seara de Jesus.
    Tânia

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  3. Tio, obrigada pela linda homenagem!!!
    Papai viveu na Terra com a intensidade e o carisma dos Grandes.
    Sinto-o como nosso Guardião constante e tenho a certeza que um dia poderemos viver todos juntos na espiritualidade Maior.
    Beijos carinhosos,
    Maria Dacy.

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