sexta-feira, 16 de novembro de 2012

AMBIÇÃO E INGRATIDÃO

No centenário da morte do poeta e escritor alto-parnaibano Luiz Amaral e do lançamento da segunda edição de sua obra Meu Livro, passei a reler textos primorosos desse intelectual incomparável, que infelizmente não se tornou universal ante as razões de seu tempo.

E o tempo não passa nos sonetos, crônicas, artigos e poesias do grande poeta e professor. Nos primórdios da humanidade, a ingratidão, a hipocria e a ambição desmedida e irracional já eram combatidas pelos bons. Cristo reprimiu os ingratos, pois deles não será o reino dos céus. Todos nós temos defeitos, não somos perfeitos, uns mais, outros menos. Mas, infelizmente, mesmo no chamado mundo moderno, e até em pequenas povoações, permanecem figuras que esquecem o ontem de uma maneira deselegante, desproporcional, injusta, inadequada e até desumana, levantando-se contra amigos e até benfeitores de um passado não tão distante. O líder da resistência democrática no Brasil no regime militar de 1964, o estadista Ulysses Guimarães, em momento de desabafo, vaticinou QUE O BENEFÍCIO É A VÉSPERA DA INGRATIDÃO.

Para o momento presente, faço questão de transcrever um ensinamento belíssimo e em tom de desabafo - os humanos desabafam, indignam, jamais esquecem o princípio da gratidão - o soneto MEMENTO, HOMO, escrito em agosto de 1933, publicado à página 25 da primeira edição de  Meu Livro, de Luiz Amaral.

"Homem! - do pó ao pó, eis o destino teu!
E te julgas gigante, quando és pigmeu!

Teu orgulho e poder, tua ambição maldita,
tua sede infernal de glória, infinita...

Tudo que a vida enfeita de falaz lirismo
- a vaidade vermelha, o rubro pedantismo...

Se aparência de eterno o mundo lhe empresta,
é que é hipócrita o mundo! A realidade é esta:

Toda a glória do mundo é efêmera e fugaz.
Homem! - do pó saíste... és pó... e nada mais

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