quarta-feira, 29 de julho de 2009
O INCRÍVEL QUINCAS E SUA NATURAL REBELDIA
O meu Quincas foi real, de carne e osso, que talvez não tenha lido o livro de Jorge Amado, mas que em muito se assemelhava ao personagem de ficção, ao mesmo tempo que possuia uma ingenuidade irritante aos olhos dos arrogantes, porém uma característica primorosa e rara de quem não cultivava maldades no coração e nem raivas a enlamear a alma.
Cresci convivendo com o Quincas na casa dos meus pais, em Alto Parnaíba e mais tarde em São Luís, uma pessoa da família, do nosso lar, amigo sincero de todos nós, especialmente do meu saudoso irmão e colega de advocacia, Plínio, a quem o Quincas tinha por ídolo provavelmente abaixo apenas de Jesus Cristo e de seus pais.
Joaquim Nonato Limeira de Oliveira nasceu na zona rural do município sul-maranhense de Alto Parnaíba, na Fazenda Correntão, de propriedade de seus pais, José Pereira de Oliveira, o Zé Correntão, e dona Maria Alice Limeira de Oliveira, em 08 de abril de 1945, gêmeo de Raimundo Nonato Limeira de Oliveira e também irmão de Terezinha, Maria de Jesus e Eulina de Jesus, e faleceu em 26 de janeiro de 2006, na cidade de Palmas/TO, onde se encontrava em tratamento de saúde.
O sertanejo Zé Correntão, que herdou como apelido o nome da própria fazenda, era filho único e ficou com um rico legado de terras, gado bovino, plantações de cana de açúcar e engenho para o fabrico de rapaduras e aguardente (cachaça). De intuição privilegiada e vislumbrando uma vida melhor para a prole, deixou a Fazenda Correntão e comprou casa na cidade, aqui colocando os filhos, especialmente os gêmeos e a caçula, para estudarem. Quincas, com mais dificuldade de aprendizado do que o irmão gêmeo Nonato, conseguiu concluir o antigo primeiro grau no Ginásio Alto-parnaibano, antes passando pelo tradicional grupo escolar Vitorino Freire, onde já demonstrava a sua admiração incontida pelos mestres locais, tais como os professores Maria de Lourdes Gouveia Rocha, Marideth Bezerra do Amaral, Árison Mardem do Amaral, Maria Albaniza do Amaral Mascarenhas, Padres André e João Audizio, Eurídice Formiga Rocha, Émerson Leitão do Amaral, Antonia Galvão Brito, Maria Madalena Gomes Amaral, Carmem do Amaral Pacheco, dentre tantos outros, a quem cultivou a idolatria e o respeito até o fim.
Em meados da década de 1970 e por incentivo de Plínio, Quincas foi morar, trabalhar e estudar na capital maranhense, passando a residir em um pensionato com meus irmãos, primos e amigos; em São Luís, ao mesmo tempo em que cursava o segundo grau à noite, foi operário - inclusive servente de pedreiro na construção da ponte Bandeira Tribuzzi -, comerciário e servidor público estadual, que exerceu enquanto teve vida. Ao concluir o curso de técnico em contabilidade e após algumas tetantivas, obteve o que poucos conseguem, entrar em universidade pública e sem cotas, no curso de história da Universidade Federal do Maranhão, que o destempero psíquico-mental não permitiu a almejada conclusão do terceiro grau.
Após vários anos longe de Alto Parnaíba, Quincas retornou e voltou a morar e a cuidar dos pais, idosos, até o falecimento destes, e n'uma viagem em busca de tratamento para um acentuado problema mental, faleceu, de causa não totalmente explicada, quando se encontrava em casa de parentes no vizinho estado do Tocantins, sendo o corpo sepultado em nosso cemitério público.
Quincas foi discriminado e ao mesmo, invejado, pois detinha algo que pouca gente tem, principalmente os prepotentes que se consideram acima do bem e do mal: coragem, lealdade, altivez, gratidão, amor pelo berço natal, percepção cívica das coisas. Sem medo, discursando na calada das noites ou à luz clara do sol, atacava os poderosos, principalmente políticos e mais precisamente os prefeitos de plantão, e desfilava os erros, as mazelas e as promiscuidades do poder, da vida pública e dos governantes, e assim como o Dr. Ulysses Guimarães, sem ao certo saber a razão, Joaquim Limeira tinha nojo dos corruptos.
O seu amor à Fazenda Correntão e adjacências era incomparável e isso marcou os últimos anos de vida, jamais se conformando, mesmo respeitando a decisão paterna (para ele, superior e imutável), o fato de o pai haver vendido a velha propriedade, um lugar bonito, cheio de baixões e de água farta, com terras férteis, cuja menenice e no exercício da agricultura de subsistência - o machado, o facão, a foice e a enxada eram os instumentos utilizados por Quincas como lavrador em parte de sua existência e ainda o é por centenas de deserdados da sorte e de cidadania em meu município -, o meu fraterno amigo ali vivenciou e cantou em prosas e versos (sem rimas) até o desencarne, e com certeza após este, pela imortalidade da alma, no Correntão revendo tudo o que deixou para trás.
Quincas era bom. A sua rebeldia não ofendia os bons como ele; dizia verdades, que nem sempre agradam a todos. Deixou pérolas, como aquela em que um filho apaixonado pelo genitor apelava ao nosso poeta para que também elogiasse o pai, que fora político; sem titubear e do alto de um banquinho às 2 da matina, Quincas, em uma frase, relembrou o que considerava a única obra do respeitável ancião... o dedicado filho não gostou do que ouviu (é impublicável).
Em outra ocasião, agredido por um político descontente com as palavras inflamadas do orador contra si, após levar uma chicotada nas costas - o dito cujo ainda não aceitou o fim oficial da escravidão no Brasil -, correndo em disparada, ainda conseguiu virar-se e gritar para que todos o ouvissem - vejam minha gente, um vereador batendo n'um lavrador!
Próximo à morte e no bar do Ivan Filho, antigo bar Victória do Ivan Brito, na beira do Parnaíba, tendo o Velho Monge com suas barbas brancas de testemunho, o orador Quincas, acusado graciosamente por outro inflamado tribuno de ter cometido certos pecados no passado, reagiu de dedo em riste: se um saco de arroz for droga; se um saco de feijão de droga; se um saco de milho for droga, então estou perpetuado na droga. Era a digna reação do lavrador que, de vício, apenas a bebida, que o deixava ainda mais eufórico, alegre e, como o Berro d'Água de Jorge Amado, falador e discursador sem papas na língua.
O Quincas gostava do curso que não conseguira concluir e ao modo de sua peculiar interpretação, confundia as estações e chegava a transformar o império romano em um carnaval carioca - não tão díspare, pois as nossas escolas de samba se baseiam muito nos trajes maravilhosamente libidionosos de nossos predecessores. O nosso poeta vacilava, mas às avessas terminava por acertar.
Eu costumava tratá-lo apenas por "poeta", pois de fato falava a voz das ruas, ia ao encontro do povo, gostava de gente, protestava sem temor, não bajulava e era incapaz de mentir; doido para namorar belas mulheres - quem não o é -, chegava a ser ridicularizado por idiotas que se consideravam inteligentes, mas em sua mente realmente elas o queriam e isso o acalentava. Como Vinícius de Moraes, o poetinha, o nosso poeta Joaquim Limeira também preferia a beleza - que as feias me perdoem mas a beleza é fundamental.
Extremamente respeitador e não profano ou promíscuo, Quincas, certa feita estava deitado em um sofá na casa de minha tia Ritinha Rocha, após tomar umas outras e outras, apaixonadíssimo na época por uma belíssima morena, a dona da casa, preocupada com os gemidos do costumeiro hóspede, indagou-lhe se queria um chá. Levantando um pouco a cabeça e abrindo um único olho, encarando a idosa senhora, o apaixonado Limeira respondeu de pronto: só se for um chazinho da... (e deu o nome das razões do pileque).
Portanto, este era o Quincas; muito mais ele deixou construído e dito; amante da palavra, nasceu rico e morreu pobre; gabava da amizade íntima do casal João Castelo e Gardênia Gonçalves, inclusive tendo aquele, governador do Maranhão, o nomeado para o serviço público. Os invejosos e impiedosos desdenhavam de Limeira. Foi preciso a morte para que, em plena reunião na Câmara Municipal de Alto Parnaíba, em 2006, o atual prefeito de São Luís e sua esposa, ex-prefeita da capital, declarassem em viva voz, chorando, o seu carinho, a sua amizade, a sua saudade e o seu respeito por Joaquim Nonato Limeira de Oliveira, cuja natureza não permitiu certos atributos, como o físico, mas que garantiu a existência de umas melhores figuras humanas que conheci.
terça-feira, 28 de julho de 2009
MARANHÃO: UMA TRINCA INEXPRESSIVA NO SENADO
No caso específico do meu estado, a sua representação no Senado da República, sem contarmos com o quarto senador eleito pelo Amapá, é a mais inexpressiva que se tem notícia nos últimos tempos, e quase ninguém sabe ao menos o nome dessas figuras que de fato não representam o estado, mas os mandos e desmandos da poderosa (ou quase ex) família oligárquica que domina o Maranhão há mais de quatro décadas.
O mais idoso senador brasileiro na atualidade é Epitácio Cafeteira, do PTB maranhense, com certeza o mais conhecido nacionalmente. Cafeteira é um paraibano, hoje com 84 anos de idade, ex-funcionário de carreira do Banco do Brasil, que aportou no Maranhão, mais precisamente em São Luís, na década de 1950, e iniciou a sua carreira política, extremamente populista, ao lado de José Sarney e outros, no combate à liderança do senador Victorino Freire, então mandachuva do estado.
Somente se elegeu em 1965, como prefeito da capital, logo rompendo com Sarney, governador no mesmo período, e tornando-se o seu principal adversário e logo arqui-inimigo; filiou-se ao MDB do Dr. Ulysses, o da resistência, e teve relativo destaque na Câmara dos Deputados como deputado em três mandatos; em 1970, em campanha memóral, uniu as forças de oposição ao regime militar e a José Sarney, e derrotou este fragorosamente em São Luís e outras cidades importantes do interior, para o Senado; entretanto, os vencedores foram Alexandre Costa e José Sarney.
Com a posse de Sarney na presidência da República, Cafeteira cobrou de imediato o acordo coordenado pelo Dr. Tancredo para manter unido o PMDB maranhense ante a candidatura a vice do grande adversário, exatamente a sua eleição para o governo estadual em 1986, onde logrou êxito, tornando-se um bom governador, mesmo com alguns escândalos que pipocaram em sua administração; a amizade com os Sarney era estampada pela bajulação nojenta do antigo inimigo, reproduzida em cada entrevista, em cada pronunciamento (muitos deles regado a uma boa cachaça). A aliança oportunista perdeu em conjunto a segunda eleição livre para a prefeitura da capital após o fim do regime de exceção, em 1988 quando Jackson Lago - que impôs mais duas derrotadas aos Sarney pela disputa pela prefeitura e em 2002, vencendo Roseana Sarney para o governo do estado -, impôs uma derrota histórica em São Luís ao candidato apoiado pelo Presidente José Sarney e pelo governador Epitácio Cafeteira. Antes, em 1985, na primeira eleição direta para prefeitos das capitais brasileiras, Sarney e seu governador, Luiz Rocha, foram vencidos em uma bela campanha por Gardênia Gonçalves, esposa do atual prefeito e ex-governador João Castelo, que não deixaram governar a contento, inclusive apoiando o incêndio na sede da prefeitura da cidade dos azulejos, o histórico prédio do Palácio La Ravardière, onde a brava dona Gardênia, querida pelos maranhenses de norte a sul, ficou encurralada e resistindo e do lado, do vizinho Palácio dos Leões, o governador, já morto, não socorreu a prefeita e o patrimônio do povo.
Cafeteira deixou o governo e se elegeu senador, já rompido mais uma vez com a família Sarney, passando a percorrer o Maranhão atacando e denunciando o que denominou de oligarquia e sua política de atraso e de corrupção; perdeu duas eleições para governador e uma para o Senado, exatamente para Roseana Sarney.
Tenho um vídeo onde Cafeteira, no meu escritório de advocacia, em 2002, faz um depoimento terrível contra os Sarney, profetizando que o país em breve tomaria conhecimento de todas as suas mazelas (do clã). Hospedei o hoje senador em Alto Parnaíba, quando disputou e perdeu a eleição para o Senado naquele ano, ao lado do Dr. Jackson Lago, a quem Cafeteira chamava de "preparado, capaz, honesto", e fiquei estupefado quando, em 2006, o mesmo Cafeteira rompia com Jackson e voltava aos braços dos Sarney, e mesmo doente e com início nítido de decrepitude, voltou à Câmara Alta da República.
De cadeiras de rodas, vitimado por derreme cerebral, o octogenário Cafateira ao chegar ao Senado vitou notícia nacional: relator no Conselho de Ética de processo contra o então presidente da Casa, Renan Calheiros, aliado de Sarney, em uma única sessão Cafeteira emitiu seu curto relatório absolvendo o encrencado alagoano. Agora volta à mídia e também de forma nem um pouco auspiciosa (como diriam os indianos de Glória Perez), é alvo do desboche (merecido) de um neto do atual presidente do Senado em diálogo com o pai, Fernando Sarney, gravado pela Polícia Federal com autorização da Justiça, exatamente por ter empregado ilegal e indevidamente o descendente de quem chamava de o "câncer vivo do Maranhão" em seu gabinete, confessando que o fizera em retruibuição ao pai do jovem, financiador de sua campanha.
Por incrível que pareça, esse - Epitácio Cafeteira - é o melhor senador do Maranhão na legislatura vigente.
Os outros chegaram ao Senado como suplentes, sem voto e sem crebilidade alguma. Edison Lobão Filho tem como dados biográficos o mesmo nome do pai, atual ministro de Minas e Energia do governo Lula (quem diria...); o fato de ser conhecido no Maranhão apenas por Edinho 30, uma referência popular às posíveis comissões que receberia de empreiteiros quando o genitor foi governador do estado e pela performace nos negócios - sem qualquer origem empresarial, sem herança de parentes ricos e sem ganhar na loteria, é um homem rico, dono de emissoras de televisão e rádio e de vários outros investimentos, inclusive com problemas com o Ministério Público, a Justiça e o Fisco em razão disso.
O terceiro senador assumiu com a renúncia de Roseana, governadora biônica do Maranhão. Mauro Fecury chegou ao estado para ser prefeito nomeado de São Luís, retornando depois, pela mesma via indireta, ao posto. Na prefeitura, não deixou realizações que mereçam comentário ou alguma lembrança positiva; deixou escândalos. Foi assessor de Sarney no Planalto e é um muito rico com a política, inclusive dono de faculdades e do jatinho (segundo a VEJA) que transporta a família poderosa. Ninguém o conhece nem mesmo a maioria absoluta do povo maranhense.
Esses são os três senadores do Maranhão - nulos, inexpressivos, incapazes de um gesto digno, que nem ao menos falam da tribuna do Senado. Não defendem o miserável Maranhão em nada - nenhum projeto ao menos. Estão sempre de prontidão para defender o Senador Sarney e sua família, não interessa o que fizeram ou fazem. O seu compromisso é com o clã Sarney e não com o estado e seu povo. Não possuem espírito público; são a vergonha de nós, seus representados - aliás, representados desse trio uma ova, nem de fato nem de direito, jamais aceitarei essa condição!
Com absoluta certeza, nenhuma representação no Senado é pior e mais degradante do que a do Maranhão. Apenas mantenho a convicção de QUE TUDO PASSARÁ... ATÉ ELES PASSARÃO!
segunda-feira, 27 de julho de 2009
O QUE AS BARRAGENS TRARÃO DE POSITIVO?
Não me considero nenhum retrógado; tenho pavor de algumas grandes (megalomaníacas) obras ou pequenas obras multiplicadas que se tornarão grandes, assim como o PT tinha a mesma posição quando oposição. No caso concreto de minha região, onde nasci, vivo, trabalho e quero ser enterrado, não vislumbro a necessidade de construirem barragens, inclusive pela criação do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, decretada pelo presidente da República, que abrange mais de 300 mil hectares de terras somente no município de Alto Parnaíba, visando proteger o grande rio e seus afluentes; por sermos abastecidos, com perscalços, confesso, pela energia da hidrelétrica de Boa Esperança, erguida pelos militares no mesmo Parnaíba, e pela violência que representará contra uma população antiga, pacata, com raízes no lugar, com suas vidas simples porém felizes, onde seus mortos estão sepultados, ao se depararem com suas terras, suas casas, a sua comuna destruídos por um capricho imposto de cima para baixo pela metrópole central e por um presidente mais do que suíno.
O mais grave: parece-me que a energia que seria produzida em tais hidrelétricas serviriam para abastecer outras cidades e estados do país, o que representaria um absurdo ainda maior. Se a região de Barreiras, no oeste da Bahia, precisa de mais energia, por que então não abrir essas barragens nos rios dali, como o São Francisco e o Preto?
As informações que eu tenho, e com certeza a nossa comunidade, são mínimas. Órgãos representativos de defesa do meio ambiente se reuniram com a sociedade em Alto Parnaíba, na quinta ou sexta-feira da semana passada, onde não foi possível estar presente, entretanto, deixaram alertas ao nosso povo e às nossas autoridades, muito bem traduzidas pelo radialista José Bonifácio Bezerra no seu programa de ontem, na Rádio Comunitária Rio Taquara FM, de Santa Filomena, que ouvi e deixou-me receoso, principalmente com a notícia que uma das hidrelétricas será na foz no rio Taquara com o Parnaíba, próximo às cidades de Santa Filomena e Alto Parnaíba, e que tomará uma extensão de terras com mais de 150 km, o que representaria o fim do parque criado pelo mesmo governo federal, e expulsaria da terra ribeirinhos e não ribeirinhos, geraria a desintegração social, cultural e familiar, faria muita gente padecer de tristeza.
Vou me inteirar mais, mas desde já deixo claro: SOU CONTRA BARRAGENS AQUI EM NOSSO ALTO PARNAÍBA, que precisa de integração, de desenvolvimento sustentável, da presença construtiva do Brasil e não que venha aproveitar nossas riquezas hidricas e transformá-las em fonte de energia para grandes centros urbanos (principalmente para os ricos), que nem nos conhecem e que nada fizeram por esse sertão tão ultrajado pelo Estado.
Quero continuar vivendo na mesma casa onde nasci; não quero ser expulso de minha cidade e nem permitir que meus conterrâneos o sejam, e não venham com essa estória de empregos e desapropriações - ninguém recebeu dinheiro do governo por tomar as suas terras para barragens desde a primeira construída no país e o emprego para a gente local é de natureza nitidamente escravo. O desenvolvimento às custas da desintegração social, do crime contra a natureza, do desrespeito para com as famílias do lugar, eu não quero e nem desejo.
P.S. Alto Parnaíba hoje está de luto com a morte do ex-vereador José Martins dos Santos, o seu Zequinha, um matogrossense que veio para nosso município ainda no início da década de 1970, e aqui consolidou a família, ajudando a construir de verdade o progresso local. Homem cordial, simpático, pacato e correto em seus negócios, seu Zequinha deixará saudade. À família - dona Elza (esposa), Célio e Vilsinho (filhos), Rosanea e Alice (noras) e netos, o nosso abraço sincerto e fraterno.
P.S2. Também a família de minha mãe está triste no dia de hoje, com a morte de madrugada, em Teresina, do meu tio Benedito de Carvalho Nunes (Bena), casado com minha tia Ana Alaíde Amaral de Carvalho Nunes (Alaidinha). O casal não teve filhos. Bena era um consagrado cardiologista, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Piauí, foi diretor-geral do maior hospital público da capital piauiense, o Getúlio Vargas, era natural de Oeiras e ainda relativamente jovem, deixará uma lembrança gratificante para todos que com ele conviveram e o admiravam. No ano passado esteve em Alto Parnaíba conosco. Gostava da vida, alegre, meio boêmio, enfim, um bom homem e um grande médico, professor de várias gerações de profissionais do Piauí, deixando um legado profícuo à humanidade.
sábado, 25 de julho de 2009
DR.JACKSON LAGO, AINDA MAIS SERENO
Com certeza, nenhum outro político foi mais injustiçado, perseguido, violentado, humilhado e caluniado - vítima dessa mesma família oligárquica -, do que o ex-governador Jackson Lago, uma extraordinária figura humana e um homem público correto e integrante de um pequeno time dos bons políticos do Brasil.
Nada mais machuca quem tem sentimentos verdadeiros do que a perseguição desmerecida, doentia e injusta, e digo isso com a autoridade de quem passou por quase um calvário, sem exageros. Exatamente por ter trazido Jackson Lago a Alto Parnaíba, aqui ter sido um dos fundadores do seu partido, o PDT, e de ter apoiado sua candidatura ao governo do estado em 2002 e 2006, me tornei o alvo preferido de ex-aliados do próprio Jackson e de seguidores do regime dinástico, cuja frustração pessoal e política, mesclada em gestos e rostos de anjos, se revelou na encarnação do demônio, sob o manto inatingível do poder representado. Mas como vivemos em uma regime democrático e com o apoio incondicional do povo de Alto Parnaíba, da maioria dos colegas de classe (operadores do direito), de autoridades merecedoras de respeito, de amigos leais, de entidades da sociedade civil, de uma família unida e da proteção misericordiosa e justa de Deus, Cristo venceu satanás e a verdade foi resgatada.
Entretanto, meu peso político não chega aos pés da liderança do Dr. Jackson, um administrador capaz e eficiente, prefeito por três ocasiões de São Luís, quando transformou e resgatou a velha cidade dos azulejos em uma metrópole humana e moderna, sem ferir às tradições culturais e arquitetônicas de nossa capital. O Dr. Jackson, médico por profissão e devoção, pobre e sem recursos pessoais - não possui bancos, empresas, emisoras de rádio e televisão, jornais, fazendas, mansões, lojas, hotéis, quintas e nem contas no exterior -, ousou enfrentar os poderosos do Maranhão, primeiro derrotando-os por cinco eleições seguidas para a prefeitura da capital (em três se elegeu e nas outras, fez os sucessores, que nem detinham densidade eleitoral), depois sagrando-se governador em uma das campanhas mais empolgantes da história democrática do Brasil, em 2006, e o mais grave: venceu exatamente a princesa do Senador José Sarney, provocando a ira e as artimanhas de quem o país conhecia apenas como o grande construtor da nova democracia após o regime ditatorial de 1964.
Tenho afeito especial pelo Dr. José Sarney, a quem reconheço o papel fundamental e de coragem na transição do autoritarismo para a democracia, a partir de 1985, bem como a excelente administração realizada como governador do Maranhão, inclusive fazendo chegar o governo ao mais distante município maranhense, Alto Parnaíba, e aqui, ao lado do meu pai, Antonio Rocha Filho (Rochinha), prefeito na época, obras importantes e que continuam desafiando os tempos e os sucessores de Rochinha, foram erguidas, como o cais e o paredão que passaram a impedir o avanço das águas do rio Parnaíba no período das cheias; a construção do imponente prédio de nosso primeiro ginásio, mais tarde Centro Educacional Cenecista de Alto Parnaíba - CECAP, fechado unilateralmente pela Campanha Nacional das Escolas da Comunidade - CNEC; o aeroporto municipal (abandonado e em ruínas); saneamento em ruas e construção de nossa principal praça, que homenageia o ex-prefeito, ex-deputado, coronel Adolpho Lustosa, dentre outras realizações.
Mas no decorrer do tempo, tornou-se impossível não fazer oposição ao mando da poderosa família, com o nosso estado a cada ano ficando mais pobre, cujos índices de miséria se comparam apenas aos países mais pobres da áfrica, ao lado dos desmandos às claras, do continuismo e da falta de perspectiva de vida para quem decidira ficar no Maranhão, que não desejasse atrelar-se ao poder dominante.
Volto ao tema.
Mais perseguido do que o ex-deputado Neiva Moreira, com 90 anos de lucidez e de resistência aos males que esfolam o Maranhão, e os ex-governadores Nunes Freire e João Castelo, atual prefeito de São Luís, o Dr. Jackson Lago, como eu disse no início, venceu a última eleição para governador e derrotou exatamente a pessoa a quem Sarney endeusa acima de tudo, e isso foi o bastante para que as investidas dos poderosos se voltassem contra o legítimo governador dos maranhenses, o que culminou com a cassação golpista de um mandato ungido pela vontade popular e soberana do povo do Maranhão.
O Dr. Sarney cometeu um pecado mortal: não impôs limites éticos e morais aos seus descendentes, diferenciando o público do privado, endeusando demasiadamente a filha, esquecendo-se de que homens e mulheres não são santos na terra, daí o seu infortúnio. Mais infortunados o Maranhão e sua gente.
Sou aliado do Dr. Jackson, mas nem o Maranhão nem eu conchecemos os filhos e netos do ex-governador, mantidos distantes de cargos e da influência política do pai; do lado de lá, a falta de humildade e de percepção de uma realidade vivida pelo Brasil, não pela boa vontade da maioria dos políticos, mas pela coragem e pela capacidade e eficiência de investigar e de denunciar os abusos e as mazelas impostas contra o povo, da imprensa nacional, levam até os netos às páginas policiais da mídia; a filha encerrará a carreira como governadora biônica; o caçula, dificilmente retornará à Câmara dos Deputados na próxima eleição; o outro filho, chefe dos negócios, encrencado com a Polícia Federal e a Justiça. É um triste fim para quem poderia ter ficado na posição de um ex-presidente da República, se contentado com essa dádiva que o destino lhe reservou e de ter passado à história merecidamente como constutor maior do regime democrático que vivemos.
Tenho carinho especial pelo Dr. Sarney e verdadeiramente me comove vê-lo trêmulo e alquebrado na televisão, tentando justificar o que não tem justificativa alguma. Quase octogenário, não faz lembrar o tribuno do passado e nem o homem de coragem que rompeu com os generais e viabilizou a vitória de Tancredo Neves e da oposição no Colégio Eleitoral. Ali ele estava com a razão. Na defesa impossível, na fragilidade física e das palavras, a realidade batento no cérebro - minha culpa, minha única culpa.
A vaidade dominou o bom governador do passado, o jovem que liderou a oposição no Maranhão contra a oligarquia de então. Tornou-se poderoso e considerou-se incomum, comparação infeliz do presidente Lula, em quem já não votei na última eleição e que, se não aprender com os exemplos, terá final político semelhante - a história dirá. Construiu a ficção da família perfeita, quando todos no Maranhão sabiam que não era assim - o fato de não vencer uma única eleição na maior cidade do estado, a capital, é a prova cabal de tudo isso. Mas a vaidade ainda teima, mesmo contra o áudio e as boçalidades de filhos e netos, alheios a povo, feudais de um feudo que não será mais deles.
Ao contrário de seu desafeto, o Dr. Jackson Lago não está aproveitando o momento de tragédia política e pessoal de seus adversários para tripudiar, mantendo-se silencioso, tranquilo, sereno, assim como os justos. É um grande homem esse médico que vive da aposentadoria de professor universitário, cuja ira dos poderosos não se restringiu a tomar-lhe no tapetão golpista o cargo de governador, que lhe outorgou o seu povo, mas quiseram prendê-lo e o estão processando. É a máxima: quem com ferro fere com ferro será ferido.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
ALTO PARNAÍBA E AS FÉRIAS DE JULHO
O meu parente e colega de advocacia, Dr. João da Cruz Franco Lopes, que divide seu tempo de aposentado em plena atividade e vigor físico e intelectual entre o Rio de Janeiro e a nossa cidade, gosta de repetir que Alto Parnaíba é um balneário permanente durante todo o ano, com festas quase ininterruptas e um povo alegre e com rara disposição para gozar intensamente a vida.
O retorno, aos poucos, das festas populares e a presença, no passado e no hoje, de pessoas folclóricas e personagens raras no estilo de João Guimarães Rosa e de Jorge Amado, faz de Alto Parnaíba um lugar aprazível, festijo de um povo festeiro e bem humorado, que vence as dificuldades com alegria e uma vocação incomum para o improviso e a informalidade, que fazem a nossa gente feliz e acalenta o nosso espírito.
A professora Carmélia Pachêco, uma de nossas grandes educadoras, está preparando um bem pesquisado livro sobre a nossa história, a nossa cultura, o nosso folclore, a nossa nossa gente e sua origem; o historiador Lindolpho do Amaral Almeida, lançou agora em julho, em homenagem ao pai, Mundico Almeida, que completou 90 anos bem vividos, uma obra gostosa de ler, com causos locais de personagens reais, com o cuidado de não machucar ninguém mas de transmitir à humanidade os gostos, as aventuras, as estórias e históricas de cada pessoa típica de nossa terra, que, pela bela e simples narrativa, deixa o leitor à vontade para sorrir e para viver e vivenciar cada passagem e cada personagem, dando um conteúdo universal ao livro. Uma prova inconteste de que Alto Parnaíba está tendo o resgate cultural que a fez penar no tempo por longas décadas.
A partir de maio até meados de agosto o nosso clima é agradabilíssimo; centenas de pessoas filhas ou com origem alto-parnaibana voltam à terrinha, ao lado de turistas de outras partes do país, principalmente de cidades próximas. A Prefeitura Municipal iniciou pequenas obras, porém importantes, de revitalização de parte da margem do rio Parnaíba, nos fundos da antiga rua coronel Antonio Rocha, retirando mato e lixo ali acumulados há mais de 20 anos; levantando rústicos chapéus de palhas ou similares a estes; iluminando o local, com bandas e pequeno campo para a prática do volley de areia, incentivando a abertura de pequenos bares e a comercialização de pratos típicos, enfim, dando nova vida a essa atração natural cujo cenário é incomparável - o majestoso Velho Monge com suas águas cristalinas e limpas, desafiando os tempos e trazendo paz e alegria.
Ainda é preciso muito para inserirmos Alto Parnaíba no merecido cenário turístico, mas o início é extremamente promissor. E as férias continuam contagiando a todos, com o carnaval fora de época a partir de hoje na tradicional praça coronel Adolpho Lustosa. É participar e curtir com alegria e de forma pacífica. Que todos venham conhecer essa terra privilegiada por Deus e pela natureza.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
LEMBRANÇAS DE PESSOAS QUERIDAS
Ben-Hur Rocha Filho era o segundo filho de meu tio paterno Ben-Hur de Araújo Rocha com a professora Eurídice Formiga Rocha, uma educadora das antigas, piauiense de Ribeiro Gonçalves, que chegou a Alto Parnaíba nos anos 1940 e aqui alfabetizou várias gerações, em uma prole com mais 15 irmãos, e faleceu ainda jovem, aos 49 anos de idade.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, casado com Zilneide e pai de João Ricardo, Tereza Cristina e Ana Beatriz, Ben-Hurzinho sentiu-se mal na agência do BB de Tasso Fragoso e durante a aplicação de uma injeção de buscopam ministrada sem cuidados, teve um infarto agudo do miocárdio, morrendo em segundos, representando uma surpresa para todos nós, seus parentes, para os amigos, colegas bancário e a sociedade de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, pois era uma pessoa querida, excelente servidor, atencioso com os clientes, de bom trato social, franco no que dizia, porém não grosseiro.
Ontem, 22 de julho, se vivo o meu irmão e colega de advocacia, Plínio, teria completado 56 anos de existência; a morte, entretanto, o surpreendeu e a todos nós na madrugada de 30 de maio de 2001, privando-nos e ao povo de um homem extraordinário, inteligência privilegiada, cultura adquirida com muita leitura e disciplina rígida de caráter, moralidade a toda prova, operador do direito que amava verdadeiramente o direito e a Justiça, sem distanciálos das causas e das razões sociais.
Plínio Aurélio do Amaral Rocha era o terceiro dos meus irmãos, formou-se em dezembro de 1980 pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, e inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, retornou a Alto Parnaíba, onde reabriu o velho escritório de advocacia fundado por nosso pai, Antonio Rocha Filho, e nosso tio, Elias de Araújo Rocha, sucessores de nosso bisavô, coronel Leopoldo Lustosa da Cunha, pai de nossa avó paterna, Ifigênia do Nazareth Rocha. Não ganhou dinheiro com a advocacia, pois primava o seu exercício pela defesa da liberdade e dos direitos mais renegados aos pobres e carentes de Alto Parnaíba, de Santa Filomena e de Tasso Fragoso. Advogado do interior com conhecimento universal, maçom por opção, socialista nato, detestava as fraquezas humanas que corropiam e combateu intransigentemente a corrupção, os corruptos, as autoridades arbitrárias, as discriminações, as desigualdades; era fraterno sem hipocrisia.
Plínio foi meu mestre e os seus ensinamentos me ajudaram a enfrentar as perseguições que me vitimaram e que somente se concretizaram após a sua súbita morte. Assim como JK, Deus o privou do sentimento do medo; assim como Evandro Lins e Silva, o jurista filho do Piauí, defendia que a liberdade era o princípio; a prisão, a exceção. Chegou a ser comparado por um juiz de direito a esse grande criminalista, quando defendeu com a mesma tese até a absolvição um jovem pobre filho de pobre acusado de tráfico de drogas, quando havia plantado apenas dois pés de maconha - era para o consumo e não para a venda. Apenas para ilustrar: o "bravo" delegado que prendeu o adolescente e que ganhou as páginas dos jornais da capital pela façanha, mais tarde foi preso como um dos chefes do crime organizado no Maranhão - tráfico de drogas, roubo de cargas, corrupção, etc.
O julho das férias e do clima gostoso em minha terra, também é de recordações tristes, porém de lembranças que se tornam gostosas e embalsam a minha alma, pelas pessoas queridas que fizeram parte de minha vida. Amanhã, 24 de julho, é o aniversário de desencarne de meu tio paterno, Corintho, um homem cordial, culto, autodidata, historiador nato, leitor ávido, apaixonado pela vida e por nossa terra. Corintho de Araújo Rocha nasceu em 04 de junho de 1924 e era o quinto filho de Antonio de Araújo Rocha (Antunim) e Ifigênia do Nazareth Rocha. Assim como os irmãos, estudou apenas as primeiras letras, suprida a falta de instrução em escola pela leitura cotidiana e pela inteligência rara. Excelente filho, somente se casou após o falecimento da mãe. Servidor público por excelência, foi coletor estadual e também professor, além de promotor público. Enveredou pela política, seguindo os caminhos do pai, foi vereador e prefeito de Alto Parnaíba, com elevado espírito público foi honesto como gestor e caridoso sem assistencialismo, realizando uma boa administração - o hospital público (hoje fechado), a energia elétrica e a água potável, ao lado da estrada cascalhada para Balsas, foram marcas de seu governo em convênio ou parcerias com os governos federal e estadual (foi prefeito entre 1973-1977). Casado com Alcione Leitão do Amaral, deixou cinco filhos - Corintho Júnior, Maurício, Ifigênia Nazareth, Alberto Augusto e Ruth Nazareth.
Tio Corintho também era maçom e foi um dos fundadores e venerável da Loja Maçônica Harmona e Trabalho, de Alto Parnaíba, além de evangélico e líder da Igreja Batista, trazida para nossa cidade por meu avô Antunim e por Carlos Lustosa do Amaral (Carreta) e sua esposa Carlota. Historiador e excelente narrador de fatos e causos, era um filósofo por natureza. Dentre várias passagens, recordo-me sempre de uma das melhores que sempre me repetia: o pior dos animais é o homem, pois é o único que pensa, que fala, que evolui e assim mesmo, mata, se mata, trai, viola, corrompe, mente. Ele estava certo.
Uma outra boa lembrança é o meu tio Carmona, o caçula dos filhos homens de meus avós paternos. A sua ascensão para o Alto se deu em 04 de julho de 2004 e o seu nascimento também no mesmo mês, 28 de julho de 1931. Boêmio e amante da vida, era feliz. Sorridente e detentor de uma bela voz, embalou várias noites na Alto Parnaíba ainda pequeninha e sem luz elétrica. Amigo de todos e de uma cordialidade incomparável, Manoel Carmona de Araújo Rocha foi um pouco de tudo - boiadeiro, balseiro (carregava bois e porcos em grande balsas de talo de buriti até Floriano e Teresina, antes da barragem de Boa Esperança), garimpeiro, corretor de terras, cantor e boêmio, trazia sempre um chapéu panamar e calçava uma bota longa, também foi vereador e pai de uma prole de sete filhos - Antonio Rocha Neto (Antunim), Lindolfo, Doralina, Aurélia, Siomara, Cláudia e Wladimir. Casado com Orquídea Leitão do Amaral Brito, era o predileto dos irmãos e se destacava também pelo porte físico, pela entonação das canções e pelo canto ao amor e à vida, a quem se dedicou intensamente.
Todos fazem falta, mas me conforto e regozijo pelas boas recordações de cada um desses inesquecíveis ente-queridos e personagens reais de meu mundo.
MAIS UM JOVEM SUICIDA
Alto Parnaíba, mesmo sendo um município com pequena população e com origem pacífica, vem vivendo certas tragédias ultimamente, inclusive com um índice de suicídios entre pessoas jovens da comunidade que chega a assustar.
Ontem mais um jovem se matou, pelo que consta sem motivo aparente e sem deixar qualquer mensagem. Trata-se de Abdiel da Costa Neto, filho de Dagmar Costa, que foi candidata a vereadora na última eleição, e neto materno de Santana e Domingos Costa, bastante conhecidos em nosso município e ligados tradicionalmente à família do meu pai, família Rocha.
A morte ocorreu no bairro Santo Antônio, onde a família de Abdiel mora há muitos anos, e o enterro será no final da tarde.
Para se ter uma ideia, o Estado do Maranhão mantém apenas uma escola estadual em nossa cidade, a Vitorino Freire, por sinal um velho prédio superlotado e sem reformas estruturais, que não possui sequer um psicólogo. A Prefeitura, idem - a ineficiência e a total falta de políticas públicas, imperam.
É lamentável. Faltam ações governamentais, mas também atuação mais dinâmica e menos especulosas das religiões (na sua maioria) e a retomada da autoridade familiar.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
OBRAS E TRAGÉDIAS CAMINHANDO JUNTAS
Ao lado da obra e dos transtornos trazidos à população - superáveis face à importância do empreendimento, principalmente para a saúde pública -, tragédias passaram a ocorrer, com feridos e mortos.
Ontem, 21 de julho, por volta das 15:30 hs, na parte alta da rua capitão Daniel Brito, no bairro São José, três operários da construtora Ética, que constrói a obra, foram soterrados com o desmoronamento de uma vala que estava sendo aberta - dois morreram instantaneamente - Antônio Marcos Rodrigues e um filho de Almir, lavrador da Fazenda Brejo da Areia e sobrinho da secretária municipal de Saúde, Carmelita Brandão, e um terceiro - José Filho, filho do sertanejo Zé Praieira, em estado grave, foi transferido para a cidade de Balsas, em razão da precariedade do nosso sistema de saúde.
A população solidária acudiu ao local e fez as vezes de corpo de bombeiros, que aqui não existe. Alto Parnaíba não tem delegado de polícia civil e a comarca se encontra sem juiz de direito e sem promotor de Justiça titulares.
Soube por informações colhidas na delegacia local de polícia, que a polícia regional de Balsas está chegando a Alto Parnaíba para investigar e acompanhar o caso; ontem mesmo remeti notícia à Vara do Trabalho do TRT da 16ª região de Balsas, por equívoco - o comunicado teria de ser endereçado ao Ministério Público do Trabalho -, que, de forma atenciosa e como órgão público responsável, por sua vez, repassou a nota ao órgão competente, o Ministério Público do Trabalho, em Imperatriz, de acordo com e-mail recebido hoje da diretora da secretaria daquele juízo do Trabalho, Sra. Verissa Cabral.
Antes do trágico acontecimento de ontem, que vitimou fatalmente dois jovens do município, o jovem Leandro Rodrigues de Oliveira, o Léo, recém-casado, também foi praticamente soterrado na mesma obra, sob a responsabilidade da mesma construtora e no mesmo bairro, mais precisamente na travessa Elias Amaral; transferido gravemente para Teresina, Léo sobreviveu, mas teve que retornar à capital piauiense, onde se encontra, e poderá ficar paralítico.
Alto Parnaíba é uma cidade pacata e não está acostumada com esse tipo de acontecimento. As tragédias abalaram sensivelmente a nossa comunidade; todas as vítimas eram filhas daqui e conhecidas de todos; pessoas pobres e jovens, que aproveitavam a oportunidade de uma obra significativa para a vida e a saúde de todos, para ganhar honestadamente algum dinheiro, e acabaram perdendo a própria vida. É preciso investigação séria e isenta. A falta de segurança no trabalho merece a atenção minuciosa das autoridades competentes. Em Alto Parnaíba, localizada a 1.100km da capital do Maranhão e cujo cidade-pólo, Balsas, fica a mais de 240km, também não existe sequer um posto da delegacia do Ministério do Trabalho. Não sei afirmar se a obra está sendo devida e corretamente fiscalizada, mas as tragédias ocorridas em aproximadamente sessenta dias de uma para outra, com vítimas fatais e outras em estado quase de vegetação, levantam dúvidas. É preciso investigar.
Lamento as mortes e peço ao poder político-institucional em São Luís e em Brasília que voltem a sua atenção para o interior do Brasil, como a região do Alto Parnaíba, carente de tudo, onde a presença do Estado Brasileiro é praticamente fictícia.
P.S: na matéria de ontem, sobre a ameaça da nova gripe ou gripe suína, em Alto Parnaíba, me esqueci de mencionar um outro prefeito de nosso município com origem na área de saúde, o farmaceutico Luiz Gonzaga da Cruz Lopes, que exerceu o cargo entre 1970-1973.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Na década de 1920 o então chefe político de Victória do Alto Parnaíba, coronel Antônio Luiz do Amaral Britto, trouxe o primeiro médico para nossa terra, o cearense Miguel de Lima Verde, que na época clinicava em Floriano, polo regional daquele período de toda a região.
Alto Parnaíba foi administrado por três médicos, os ex-prefeitos Lima Verde, Josué de Moura Santos e Raimunda de Barros Costa, além de outros dois profissionais da mesma área, os dentistas João do Amaral Vargas e Ernani do Amaral Soares, atual prefeito do município.
No final de 1988, ao transmitir a Prefeitura Municipal ao sucessor José de Freitas Neto, o prefeito Antonio Rocha Filho (Rochinha) entregou o hospital público municipal, construído pelo antigo INAMPS, funcionando com toda a sua capacidade, incluindo uma sala cirúrgica, aparelhos de raio-x e pequeno laboratório, além dos médicos Graça Almeida, Carlos Dionísio e Mardem Castro, ao lado do casal Raimunda e Geraldo Costa, de dois dentistas, Ernani Soares e Rosanea Martins, da enfermeira, Irmã Carmelita, de outros auxiliares de enfermagem e demais servidores da saúde pública, sob a direção da saudosa assistente social Célia Amaral, falecida subitamente em 10 de setembro de 1988, trabalhando arduamente em prol da comunidade.
Mesmo com todas essas características, a saúde pública em nosso município praticamente não existe, ainda mais quando se trata de projetos de gestão local. O hospital público foi fechado naquele fatídico início de 1989, no primeiro mandato do Zé Paraíba; e o velho posto de saúde funciona sobrecarregado - consultas, atendimento laboratorial, emergência, além de abrigar a estrutura administrativa da secretaria municipal de saúde.
A população vem crescendo a olhos vistos; é inegável. Entretanto, não existe qualquer comprometimento dos governos municipais com a reestruturação e melhorias em nossa saúde pública. O ex-prefeito Ranieri Soares, que deixou o mando recentemente e transmitiu ao primo, iniciou a reforma estrutural do velho prédio do hospital público, sem continuidade por parte de Ernani Soares, que, como única iniciativa, colocou o nome do avô de ambos, Zuza Soares, no dito hospital que não serve para internar e tratar pessoas, mas como depósito de areia e material de construção. É lamentável!
Eu gosto de levantar fatos históricos para tentar compará-los com acontecimentos do hoje. Está comprovado que o vírus H1N1 da chamada gripe A ou gripe suína é o mesmo da terrível gripe espanhola, que assolou e assombrou o mundo nos anos 1920, apenas com pequenas mutações. Quando o único transporte na pequena Alto Parnaíba daqueles idos era o lombo de burro e de jumento ou as rústicas embarcações pelo rio Parnaíba rumo a Floriano e a Teresina, a gripe espanhola aqui chegou e matou. Uma das vítimas foi a Sra. Maria Dacy Lopes dos Santos, irmã de minha avó materna, Ana Alaíde, casada com Antônio Calixto dos Santos e mãe do jurista e professor de direito, Raimundo Nonato Lopes dos Santos, falecido a pouco tempo em Juiz de Fora/MG.
Hoje com o mundo e o Brasil interligados de uma forma ou de outra, com a estrada pavimentada para Balsas e o restante do país - o transporte de cargas, principalmente de grãos aqui produzidos, é intensa, especialmente com a região sul -, bem como o tráfego de pessoas entre nosso município e outras regiões brasileiras vem aumentando significativamente ao lado do uso do avião também como transporte - mesmo sem aviação comercial -, o vírus da suína que já se alastrou perigosamente Brasil afora, aqui também é uma ameaça concreta, e o mais grave: NÃO EXISTE ATÉ AGORA QUALQUER MANIFESTAÇÃO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS DE SAÚDE DE ORIENTAÇÃO E PREVENÇÃO DESSA PANDEMIA.
Se alguém for infectado, onde detectar e se tratar da doença? O único hospital, o São Geraldo (particular), não possui estrutura para tanto; o público está fechado para balanço indeterminado; apenas dois médicos contratados pela Prefeitura - o casal Raimunda e Geraldo de Souza Costa -, e mais dois na vizinha Santa Filomena/PI, que não se sabe se ao menos participaram de algum treinamento... É uma lástima!
A pergunta não cala: SERÁ QUE A SAÚDE PÚBLICA EM ALTO PARNAÍBA PODE SER MAIS DANOSA DO QUE A GRIPE SUÍNA? Com a palavra o prefeito e sua equipe.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
ALTO PARNAÍBA, UMA HISTÓRIA FEITA COM CORAGEM E VITÓRIAS.
A matéria abaixo está publicada na coluna Cerrados do GP1. 19 de maio de 1.866 é a data oficial da fundação de Alto Parnaíba, quando o fazendeiro Francisco Luiz de Freitas e sua mulher Micaela de Abreu Freitas, donos da Fazenda Barcelona, fizeram a doação de parte de suas terras à Igreja Católica para a instalação da Vila de Nossa Senhora das Victórias, sob a liderança de Cândido Lustosa de Britto.Descendente da família Britto da região de Serra Talhada e Arcoverde, em Pernambuco, Cândido Lustosa de Britto era um homem de rara inteligência, sagaz, trabalhador, desbravador por natureza – também descendente dos Lustosas - dos bandeirantes paulistas saídos de Santos - e de personalidade muito forte. Sobrinho, pelo lado materno, de José Lustosa da Cunha, o Barão de Santa Filomena, saiu de Parnaguá e veio administrar fazendas do tio em Santa Filomena, já casado com Ana Victória Vargas Lustosa de Britto, também de importante família do sul piauiense.O poder financeiro e político do Barão de Santa Filomena era imenso. Irmão do Marquês de Paranaguá – João Lustosa da Cunha Paranaguá -, um político com imensa influência no império brasileiro no governo de Dom Pedro II, tendo sido presidente do Conselho de Ministros – Primeiro-Ministro, governador (presidente) das províncias (estados) da Bahia e Maranhão, além de Senador, desembargador do Piauí, jurista, fundador e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil já na República, Ministro da Fazenda, da Justiça, do Exterior e da Guerra, e do coronel José da Cunha Lustosa, o Barão de Paraim, todo-poderoso senhor de terras e da política de parte do Piauí, através de Parnaguá ou Paranaguá.Além de tudo isso, o Barão de Santa Filomena, que somente faleceu em 1.901, tornou-se amigo pessoal do Imperador Pedro II, após lutar na Guerra do Paraguai, obtendo do monarca o título de general do exército brasileiro, foi deputado geral (federal) exatamente quando da fundação de Alto Parnaíba, foi prefeito (intendente) de Santa Filomena, comandante da Guarda Nacional no sul do Piauí, era maçom, aliás, o primeiro desta região.Mesmo com todas essas forças, Cândido Lustosa de Britto, não receou enfrentá-las, e aproveitando-se da ida do futuro barão para o front da guerra e naquele instante, deputado federal pelo Piauí e atuando pessoalmente na capital do Império, a cidade do Rio de Janeiro, em outro extremo do país, foi a Caxias, então a vila mais importante do interior do Maranhão, convencendo as autoridades maranhenses que, na região do Alto Parnaíba, também o Rio Parnaíba era a divisa natural dos dois estados, então chamados de províncias, trazendo consigo o tenente José Ayres e um contingente com cerca de 50 soldados, e fincou a bandeira do Maranhão onde é hoje a localidade Escalvado, a cerca de 15 quilômetros da cidade rio acima, onde iniciou-se a construção da Vila de Victória.Houve pequena reação de pessoas ligadas ao futuro Barão de Santa Filomena, que então dominava terras que iam até o hoje município maranhense de Balsas, saindo vitoriosos Cândido Lustosa de Britto e o Maranhão.Logo Cândido Lustosa sentiu que a nova cidade deveria ser construída em frente à vila de Santa Filomena, já estruturada, principalmente em razão do porto do rio Parnaíba, da importância dessa comunidade como entreposto comercial e da influência a nível nacional de seu chefe político, fazendo as pazes com o Barão de Santa Filomena, seu tio, que o visitou pessoalmente, transferindo o início das construções do Escalvado para onde é atualmente a cidade de Alto Parnaíba, especificamente na antiga Pontinha e nas atuais Praças Coronel Antônio Luiz e Rua Coronel Antônio Rocha.Todas as cidades do interior brasileiro, em razão do transporte mais dinâmico e da própria água para consumo, surgiram às margens de rios e lagos, inclusive Alto Parnaíba.Com o início das construções das casas, da primeira Igreja de Victória, hoje com o nome de Nossa Senhora de Guadalupe, da cadeia, do prédio do Conselho Municipal (Prefeitura), de estabelecimentos comerciais, do cemitério, dentre outras construções, instalou-se oficialmente a administração da Vila de Nossa Senhora das Victórias, isto por volta de 1.871, sendo eleito o Conselho Municipal – espécie de Câmara Municipal, cujo presidente era o prefeito (intendente) -, sendo eleito para presidi-lo e como primeiro prefeito de Alto Parnaíba, Antônio Luiz do Amaral Britto.
Cândido, que governou como uma espécie de regente único, da fundação, em 1866, até a instalação do governo municipal, em 1871, passou a administração e a liderança política para o futuro Coronel da Guarda Nacional, Antônio Luiz do Amaral Britto, seu sobrinho – filho de seu irmão, Major José Rodrigues de Britto -, neto, pelo lado materno, do Desembargador José Mariano do Amaral, que mandou na política do Piauí, inclusive como seu governador, por décadas, ficando o próprio Cândido como juiz municipal, o primeiro de Alto Parnaíba, permanecendo no cargo até a morte, em 1.916.Antônio Luiz, que era filho de Parnaguá e nasceu em 13 de junho de 1850, casou-se com duas filhas de Cândido, suas primas Ana Cândida Lustosa do Amaral Britto, morta muito jovem, e Maria Lustosa do Amaral Britto, conhecida por Dona, e foi o mais importante líder de Alto Parnaíba de todos os tempos, tendo exercido, por várias vezes, o cargo de prefeito, além de vice-governador do Maranhão, entre 1914/1918, na gestão do Governador Herculano Parga, e eleito o filho Adolpho Lustosa do Amaral Britto e o genro, João Francisco de Vargas, como deputados estaduais; outro deputado estadual representando a vila de Victória, apoiado por Cândido e Antônio Luiz, foi Ludgero César da Rocha, na legislatura 1901/1902.Político com importância reconhecida em todo o Maranhão, o Coronel Antônio Luiz implantou o desenvolvimento em Victória do Alto Parnaíba, criando uma banda de música, a primeira escola municipal em nossa cidade, que levou o nome de Herculano Parga e trouxe as primeiras professoras normalistas, influenciando para que a navegação pelo Rio Parnaíba chegasse a Alto Parnaíba e Santa Filomena, e pela construção da chamada estrada do sal entre Alto Parnaíba e Goiás, hoje Tocantins, projetos de autoria dos Deputados Adolpho Lustosa e João Vargas.O Coronel Antônio Luiz morreu em 1924 quando era prefeito, sendo substituído pelo vice-prefeito (na época, chamado subprefeito), Lindolfo Lustosa do Amaral Britto, que era seu filho.
A família Britto, que dominava a política e a vida administrativa e econômica de Alto Parnaíba, com a morte de seu líder, se dividiu em duas correntes, a primeira sob a chefia do Coronel da Guarda Nacional e deputado Adolpho Lustosa e a outra, sob a liderança do Coronel da Guarda Nacional e ex-prefeito Samuel Lustosa de Britto – o primeiro prefeito (intendente) do período republicano nas eleições realizadas em 01 de julho de 1893 -, este o quarto filho do fundador Cândido Lustosa de Britto, e o Capitão da Guarda Nacional Lindolfo Lustosa, facilitando o crescimento da oposição sob a popular e carismática liderança do fazendeiro e coletor federal, Antônio de Araújo Rocha, filho de Corrente, no Piauí, sobrinho do ex-deputado Ludgero César da Rocha, que, com a morte do pai, Elias da Cunha Rocha, e do novo casamento da mãe, Maria Izidora de Araújo Rocha, com um filho do fundador de Victória, de nome David Lustosa de Britto, mudou-se ainda menino para a Vila de Nossa Senhora das Victórias e aqui contraiu núpcias com Ifigênia Maria do Nazareth Lustosa, neta do Barão de Santa Filomena, filha do coronel Leopoldo Lustosa da Cunha, um extraordinário autodidata, o primeiro advogado da região e prefeito de Santa Filomena por mais de uma vez, redator do que seria a primeira lei orgânica da cidade de Teresina, com Maria Benedita do Nazareth.Desde a fundação até a década de 50 do século passado, a economia de Alto Parnaíba se baseava praticamente no comércio e na pecuária. Aliás, o nosso porto no Rio Parnaíba era um dos mais movimentados na margem do Velho Monge, e a já falada Estrada do Sal foi construída exatamente para facilitar o transporte do sal do nordeste para o centro-oeste, que vinha em vapores pelo Parnaíba e seguia a lombo de burro e jumentos para Goiás e daí para outras regiões do País, centralizando Alto Parnaíba toda essa grande atividade comercial, que se estendia a outros produtos comerciais.
O pecuarista levava o gado de nossa região, tangido por boiadeiros, para comercializá-lo em Pernambuco, Ceará, Piauí, Alagoas e até no Rio Grande do Norte, em longas caminhadas, e de lá traziam confecções, o sal, o café e outros produtos comerciais.
Nos anos 20, Alto Parnaíba teve a presença corajosa e progressista de Corbeniano Gomes da Silva, piauiense de São Raimundo Nonato, que aqui se fixou na Fazenda Sucupira vindo da Bahia, construiu com recursos próprios a ladeira da bacaba e reconstruiu a estrada do sal (a mesma até os dias atuais) pelo Montevidéu, passando a cobrar pedágios, além de grande produtor de cana-de-açúcar, de café, criador de suínos e de gado bovino, morrendo no exercício de sua atividade pioneira, a de garimpeiro de diamantes e outras pedras preciosas.
Com a Revolução de 30, a oposição chegou ao poder em Alto Parnaíba, com a nomeação de Raimundo Lourival Lopes, próspero comerciante piauiense, que governou o município, como prefeito/interventor, por mais de 13 anos, tendo ocupado a prefeitura, também no período de 1930/1945, os prefeitos Adolpho Lustosa, Manoel Moreira, José Soares, Ceir Pachêco, Clóvis do Amaral Vargas, Josué de Moura Santos, João do Amaral Vargas, Palmeron Lustosa do Amaral Britto e Ritinha de Araújo Rocha, a nossa primeira mulher prefeita.
A primeira criança registrada ainda na Vila de Nossa Senhora da Victória do Alto Parnaíba foi Antônio Pereira da Silva, nascido a 30 de junho de 1.899, filho de Jesuíno Pereira da Silva e Josefa de Oliveira Cabral, os pais naturais da Freguesia de Milagres, na Província do Ceará, sendo padrinhos da criança, Fausto Ferreira Lustosa e Isabel de Oliveira Cabral. O registro é o de nº 01, do livro de nascimento nº 01, lavrado pelo Oficial do Registro Civil, Simeão Estelita Pereira de Albuquerque.
As duas outras crianças primeiramente registradas foram Zacarias Vitorino da Paixão, filho de Manoel Vitorino da Paixão, primeiro tabelião público da Vila de Victória, e de Laurentina Maria Vieira, e nascido a 16 de julho de 1.889; e Oséas Lustosa do Amaral Britto, nascido a 27 de julho de 1.889, filho de Antônio Luiz do Amaral Britto e de Maria Lustosa do Amaral Britto.Um dos primeiros casamentos, com efeito civil, de Victória, foi feito no dia 16 de fevereiro de 1.891, na Casa da Intendência Municipal –hoje de propriedade do Sr. Zoroastro Soares, pai do atual prefeito, e servindo para o funcionamento de uma usina de beneficiamento de arroz (o patrimônio público aqui é totalmente desprezado) -, de José Ferreira do Nascimento e Raymunda Francisca de Souza, celebrado pelo Juiz de Paz em exercício Theodomiro da Silva Cunha.
O primeiro médico de Alto Parnaíba foi o cearense Miguel de Lima Verde, trazido pelo Coronel Antônio Luiz no início dos anos 20 de Floriano, através de seus filhos, o Major Luiz Antônio Lustosa do Amaral Britto (Luiz Britto) e Oséas Lustosa do Amaral Britto, tendo sido também prefeito (intendente) de Victória.
As primeiras professoras normalistas foram as irmãs Estelvina e Etelvina Vasconcelos, também trazida de São Luís por Antônio Luiz do Amaral Britto; a primeira escola particular foi a do Professor Luiz Amaral, também poeta e jornalista, o primeiro alto-parnaibano a lançar um livro – O Meu Livro; o primeiro grupo escolar foi a escola Herculano Parga. depois Vitorino Freire e a primeira professora e diretora deste, a educadora Maria de Lourdes Gouveia Rocha, filha de São Luís, que chegou a Alto Parnaíba nos anos 30, aqui casou-se com Elias de Araújo Rocha, político, advogado e promotor público, e se dedicou por quase 50 anos ao magistério, com a colaboração, no início, das também normalistas Eurídice Formiga Rocha, Antônia Galvão e Maria Madalena Gomes Amaral, além da professora municipal Maria da Conceição Lopes de Carvalho.
A primeira mulher delegada foi Ritinha de Araújo Rocha e um dos primeiros juizes de direito, o Dr. Caio Lustosa da Cunha, filho do Barão de Santa Filomena.
O primeiro alto-parnaibano com curso superior foi o dentista João do Amaral Vargas e logo depois seu irmão, o médico Eurípedes do Amaral Vargas, recentemente morto em São Paulo com 103 anos de idade, formados em Minas Gerais; antes, o coronel Adolpho Lustosa, formou-se em farmácia, então um curso análogo ao atual de terceiro grau, em São Luís.
O primeiro advogado formado em direito e ingresso na Ordem dos Advogados do Brasil, natural de Alto Parnaíba, é o Dr. João da Cruz Franco Lopes, pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro; antes o seu primo, Dr. Raimundo Nonato Lopes dos Santos, recentemente falecido com mais de 90 anos de idade, advogado consagrado em Minas Gerais, professor da faculdade de direito da Universidade Federal de Minas, radicado em Juiz de Fora, que, entretanto, mesmo criado em nossa cidade até mudar-se no início da adolescência para estudar em Teresina, no tradicional Liceu Piauiense, onde tornou-se colega do grande jornalista brasileiro, Carlos Castello Branco, era natural de Uruçuí, no Piauí.
A primeira agência de banco em Alto Parnaíba a do Banco do Brasil, que mesmo tendo sido considerada a terceira em movimentos no Maranhão, foi brusca e arbitrariamente fechada e transferida para a vizinha Tasso Fragoso, sem qualquer razão a não ser a de causar prejuízos irreparáveis à nossa economia, então em franco desenvolvimento.
A última festa popular cultural tradicional de nossa terra era o reinado, de Oralina, a Orinha, já morta, mantida por sua filha, Aparecida, apenas na vizinha Santa Filomena; outras festividades folclóricas e de cunho religioso, por falta de apoio e incentivo, se acabaram com o decorrer do tempo.
De 1946 até hoje os prefeitos de Alto Parnaíba e seus vices, foram os seguintes: José Soares e Raimundo Alves de Almeida; João Borges Leitão e Elias de Araújo Rocha; Elias de Araújo Rocha; José Soares e Aderson Lustosa do Amaral Brito; Raimundo Alves de Almeida e Zoroastro Soares; Antonio Rocha Filho e Homerino Duarte Segadilha; Luiz Gonzaga da Cruz Lopes e Wagner Teixeira Mascarenhas; Corintho de Araújo Rocha e Wagner Evelim Pacheco; Renan Soares e Osvaldo Gama de Freitas; Antonio Rocha Filho e José Ribamar Nogueira Almeida; José de Freitas Neto e Itamar Nunes Vieira; Adalto Gomes da Silva e Jader Gonçalves Caixeta; José de Freitas Neto e Ernani do Amaral Soares; Raimunda de Barros Costa e Deusélis José Batista de Oliveira; Ranieri Avelino Soares e Lívio Bastos Santos; Ernani do Amaral Soares e José de Freitas Neto.
No período do Estado Novo, ditadura de Vargas, Alto Parnaíba adquiriu a atual denominação, em razão de ser Vitória do Mearim um município maranhense mais velho com o nome Vitória. Essa mudança, entretanto, jamais teve a aceitação da maioria dos filhos do lugar daquelas gerações, destacando o poeta Luiz Amaral, o maior intelectual do lugar, nascido na Fazenda Praia, hoje território do município de Tasso Fragoso, em 08 de fevereiro de 1912, e já falecido, que cantou e exaltou sua terra em versos e prosas e jamais deixou de chamá-la de apenas Victória.
O primeiro escritório de advocacia instalado na cidade de Alto Parnaíba é o atual escritório de advocacia Dr. Plínio Rocha, há mais de 50 anos, primeiramente com os advogados provisionados Elias de Araújo Rocha e Antonio Rocha Filho, a partir de 1980 com o advogado Plínio Aurélio do Amaral Rocha, falecido subitamente em 30 de maio de 2001 aos 47 anos de idade, atualmente titularizado por mim.
O primeiro cinema e teatro de Alto Parnaíba foi o Victória, de Cândido Lustosa de Britto Filho, o Candinho, e com a morte deste no início da década de 1950 em São Paulo, de seu filho, Ivan Cirqueira Brito, atualmente aposentado, que funcionava em um antigo casarão à margem do rio Parnaíba, na altura do cais, em extensão ao bar e sorveteria – o primeiro balcão elétrico local -, ainda com sala de jogos e clube de dança, que infelizmente não mais existe, representando um marco cultural em nossa cidade, empreendimento pioneiro em toda a região; hoje continua funcionando na esquina uma parte mínima do que era o grupo Victória, pertencente ao jovem Ivan Brito Filho.
A primeira casa de saúde é o velho posto, ainda em atividade, e o primeiro hospital particular, o São Geraldo; antes, o consultório do médico Miguel de Lima Verde nos anos 20 do século passado e pouco depois e por pouco tempo, pequeno consultório do alto-parnaibano Dr. Eurípedes do Amaral Vargas.
Alto Parnaíba teve apenas dois distritos, além da sede, o do Brejo da Porta, emancipado como município de Tasso Fragoso no início dos anos 60, por iniciativa dos ex-prefeitos Elias de Araújo Rocha e Antonio Rocha Filho - sob a coordenação do prefeito da época, Raimundo Alves de Almeida -, que acamparam a ideia, atuaram politicamente e redigiram o projeto apresentado na Assembleia Legislativa pelo ex-deputado Didácio Santos, de Balsas, e ainda o do Curupá, à margem do rio Parnaíba, a 120 km da cidade, que continua credor da presença da administração pública municipal, assim como os demais povoados do município, sem estradas, sem moradias mais dignas, sem transportes adequados, sem saúde pública (inexistem simples postos ou mini-postos de saúde), sem urbanismo e saneamento, sem energia elétrica na grande maioria de nosso território com mais de 11 mil km2, sem água potável, sem escolas mais eficientes, enfim, populações que continuam a viver à margem da civilização.
A história de lutas dos fundadores e dos construtores do município de Alto Parnaíba parece esquecida nos últimos tempos, e mesmo não seguida pela maioria das atuais lideranças e governos locais, infelizmente, causando estagnação, atraso e perda de oportunidades para o crescimento de um município naturalmente privilegiado pela natureza.
Entretanto e apesar de tudo, a promessa da construção e pavimentação de dois trechos da BR 235, entre Gilbués e Santa Filomena, no Piauí, e Alto Parnaíba e Lizarda, no Tocantins, abrem perspectivas concretas de que os sonhos do fundador Cândido Lustosa de Britto e de construtores como Francisco Luiz de Freitas, Antônio Luiz do Amaral Britto, Samuel Lustosa de Britto, Adolpho Lustosa do Amaral Britto, Ludgéro César da Rocha, Antonio de Araújo Rocha, João Pereira Lopes, João Francisco de Vargas, Corbeniano Gomes da Silva, Odonel de Araújo Britto, Miguel de Lima Verde, Raimundo Lourival Lopes, Josué de Moura Santos, Pedro Gama, Henrique Batista, Lindolpho Lustosa do Amaral Britto, Elias do Amaral Britto, Cândido Lustosa de Britto Filho, Izidoro Rolim de Moraes, José Soares, Luiz Amaral, Aderson Lustosa do Amaral Britto, Carlos Lustosa do Amaral, Elias de Araújo Rocha, Ceir Pacheco, João Biá, Hermínio Ribeiro, Ritinha de Araújo Rocha, João Borges Leitão, Antonio Rocha Filho, Homerino Duarte Segadilha, Corintho de Araújo Rocha, Osvaldo Gama de Freitas, Wagner Evelim Pacheco, Daniel Lustosa de Britto, Ana Borges, Amanda Cavalcanti, Oséas Amaral, Maria de Lourdes Gouveia Rocha, Aluízio Ribeiro da Silva, Maria da Conceição Lopes, Plínio Aurélio do Amaral Rocha, Célio Antonio da Silva, Teresinha Castro Rodrigues, dentre outros, se transforme em realidade, passando a velha Victória a ser o centro de desenvolvimento – agricultura, pecuária, indústria, comércio, serviços -, de uma vasta região, que seria o acalentado sonho do Estado do Parnaíba, abrangendo o sul maranhense, o leste do Tocantins, o sudoeste e sul do Piauí e o oeste baiano, pois obrigatoriamente o Corredor Norte de Exportação tem que passar pela cidade de Alto Parnaíba, para que seja concretizado.
Esses são alguns dados históricos sobre a fundação de Alto Parnaíba e alguns aspectos sobre a vida política e econômica de nossa terra. Victória, ainda com essa grafia, foi o nome dado pelo fundador Cândido Lustosa de Britto em homenagem à esposa, Ana Victória, e à vitória que resultou na incorporação do extremo sul pelo Maranhão, e o dia da nossa padroeira é 08 de setembro.
domingo, 19 de julho de 2009
Estado do Parnaíba
O direito de opinar é sagrado em um regime democrático e deve ser respeitado, mesmo que ninguém é obrigado a concordar com a opinião de outrem. A maioria dos sul-maranhenses que leu o texto do ensaísta Roberto Pompeu de Toledo em uma edição da revista VEJA do ano passado, com certeza não gostou do que leu sobre a criação do Estado do Maranhão do Sul. A análise do jornalista – por sinal, Pompeu de Toledo escreve muito bem, o que e é indiscutível -, merece ser vista sem os mesmos preconceitos e barrismos arcaicos, tolos e pouco racionais de uma parcela significativa de jornalistas, empresários, artistas, políticos e intelectuais do sul do país sobre o norte e nordeste brasileiros.
O articulista de VEJA disse verdades, que queiramos ou não, devem servir de reflexão, inclusive de base e ferramenta para uma discussão ampla junto à população mais interessada, ou seja, da região objeto da emenda constitucional que tramita no Congresso Nacional, que de uns tempos para cá passou a ter um trâmite bem mais acelerado – não deixa de ser salutar se observarmos que alguns possam estar realmente trabalhando no parlamento brasileiro.
Essa abrangente discussão precisa ser travada pelos líderes do movimento e com maior participação da sociedade civil, incluindo todas as lideranças políticas e das sociedades organizadas municipais, com o povo das zonas rurais e das cidades que integrarão o território da futura unidade federativa, e não apenas e esporadicamente em palanques-comícios ou reuniões cansativas com poucas camadas das comunidades.
Ora, ninguém tem mais autoridade para discutir o Maranhão do Sul do que os seus filhos e os seus moradores, que para cá vieram de todos os recantos do Brasil, pois se quisermos um estado novo de verdade não deveremos permitir a importação compulsória dos vícios e mazelas do velho Maranhão que todos conhecemos o que em nada adiantaria a peleja do desmembramento ou da mera emancipação política de uma parte considerável do nosso território, onde a natureza foi e ainda é, mesmo com todos os males causados pela burra racionalidade do homem, extremamente prodigiosa.
O município onde nasci, vivo e trabalho é Alto Parnaíba, o mais meridional do Maranhão e o mais distante da atual capital, São Luís. Pelo projeto que tramita no Congresso Nacional a capital do novo estado será Imperatriz. Não tenho nada contra a segunda maior cidade maranhense, ao contrario, é exemplo de crescimento demográfico e econômico no interior brasileiro. Entretanto, parcela importante de nossa região, e não apenas minha terra natal que continuará ou continuaria sendo a mais longínqua do novo centro político e administrativo de decisões estaduais, permanecerá no esquecimento de sempre.
Se o estado do Tocantins serve de modelo, que a capital seja centralizada para que a principal defesa da separação, a distância, não padeça por antecipação ou não morra de véspera. Por essas e outras que se faz necessário discutir e debater com mais amplitude com o próprio povo e em cada município, observando cada particularidade até para que o novo efetivamente seja novo.
Quando estudante em São Luís eu já defendia o que sempre denominei de libertação ou emancipação do sul maranhense, e o fazia em jornais da capital, mas não sou do tipo de gente que se alia ou adere a satanás para alcançar seus objetivos, até pela simples razão de servir apenas a um só Deus. Que seja criado o Maranhão do Sul, sim, mas não no grito, no oportunismo, na imposição de cima para baixo do modelo político, das decisões político-administrativas antes mesmo da emancipação (aí seria retrocesso) e da divisão do mando.
Existem lideranças realmente comprometidas com a causa do novo estado, como o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, o Dr. Fernando Antunes, secretário de estado, e o próprio governador Jackson Lago, dentre outros, que devem coordenar o grande debate regional, visitando cada comuna, ouvindo o povo, explicando com simplicidade a essa mesma gente as razões, os motivos, a viabilidade e as vantagens para este mesmo povo com a criação do Estado do Maranhão do Sul, sob pena, infelizmente, de surgir no momento da glória um novo Floriano Peixoto, principal assessor militar do chefe do governo, o Visconde de Ouro Preto, até a queda da monarquia, e logo em seguida transformado em um dos mais terríveis dos ditadores da nossa República, enquanto os seus idealizadores e principais pregadores de sua implantação no Brasil, como Saldanha Marinho, Benjamin Constant e Quintino Bocaiúva, passaram a ser meros coadjuvantes (ou nem isso) dos republicanos de l5 de novembro.
O ex-senador Chagas Rodrigues, um dos mais íntegros políticos brasileiros, também governador do Piauí, recentemente morto, fez um minucioso trabalho sobre a redivisão territorial do Brasil. Vale salientar, que desse trabalho é possível identificar o que seria - na minha modesta opinião - mais adequado para o extremo sul maranhense, sul e sudoeste piauiense, oeste baiano e norte do Tocantins: a criação do Estado do Parnaíba.
O Rio Parnaíba é um dos mais importantes do Brasil e genuinamente nordestino, com uma extensa bacia interligada à do São Francisco, centralizando o que seria um estado pequeno, já que uma agropecuária moderna e significativa economicamente, uma razoável infra-estrutura, início de um processo de industrialização, de desenvolvimento comercial, de serviços e mesmo, potencial turístico ditado por uma natureza privilegiada.
Um estado no planalto central, estratégico na ligação com as demais regiões do país, e mesmo sem acesso ao mar, o mais importante porto do norte e nordeste, o de São Luís, se tornaria de fácil acesso através da pavimentação das rodovias ligando o oeste da Bahia e o sul piauiense a Santa Filomena, de Lizarda (TO) a Alto Parnaíba e da construção da ponte sobre o Parnaíba entre as cidades de Alto Parnaíba e Santa Filomena (PI), vitais para a consolidação do corredor norte de exportação e do desenvolvimento do interior brasileiro, que vem sendo perseguido desde os bandeirantes paulistas.
Faço questão de ressaltar que a ligação de Alto Parnaíba a São Luís, extensão de aproximadamente 1.100 km, é totalmente pavimentada; que o asfalto para chegar a Santa Filomena, pelo Piauí, depende de pouco mais de 100 km; e de que a construção da rodovia Lizarda a Alto Parnaíba, federalizada, n’uma distância de 120 km é o único empecilho para a mais completa interligação do extremo sul maranhense e o que seria o Estado do Parnaíba com Palmas e, conseqüentemente, Brasília, Goiânia, sul e sudeste do Brasil.
João Castelo, prefeito de São Luis, Gardênia Gonçalves, ex-prefeita de São Luis e o advogado Décio Rocha
Cidades pólos regionais nos quatro estados estão entre as que mais crescem e se desenvolvem no interior do país, como Balsas, no Maranhão, Barreiras, na Bahia, Uruçuí, no Piauí, e Pedro Afonso, no Tocantins.
Por enquanto é apenas um sonho, que faço questão de divulgar; quem sabe se na posteridade essa idéia não seja abraçada por algum parlamentar, sem ambições mesquinhas, sem querer se autoproclamar novo ditador de província, que possa conseguir unir em uma mesma unidade federativa toda uma região com identidades culturais, ambientais, geográficas, de formação histórica, de costumes e de economia semelhantes.