sábado, 25 de julho de 2009

DR.JACKSON LAGO, AINDA MAIS SERENO

O Brasil começa a descobrir os mandos e desmandos de uma poderosa família, que o Maranhão se encontra farto de conhecer há mais de 40 anos.

Com certeza, nenhum outro político foi mais injustiçado, perseguido, violentado, humilhado e caluniado - vítima dessa mesma família oligárquica -, do que o ex-governador Jackson Lago, uma extraordinária figura humana e um homem público correto e integrante de um pequeno time dos bons políticos do Brasil.

Nada mais machuca quem tem sentimentos verdadeiros do que a perseguição desmerecida, doentia e injusta, e digo isso com a autoridade de quem passou por quase um calvário, sem exageros. Exatamente por ter trazido Jackson Lago a Alto Parnaíba, aqui ter sido um dos fundadores do seu partido, o PDT, e de ter apoiado sua candidatura ao governo do estado em 2002 e 2006, me tornei o alvo preferido de ex-aliados do próprio Jackson e de seguidores do regime dinástico, cuja frustração pessoal e política, mesclada em gestos e rostos de anjos, se revelou na encarnação do demônio, sob o manto inatingível do poder representado. Mas como vivemos em uma regime democrático e com o apoio incondicional do povo de Alto Parnaíba, da maioria dos colegas de classe (operadores do direito), de autoridades merecedoras de respeito, de amigos leais, de entidades da sociedade civil, de uma família unida e da proteção misericordiosa e justa de Deus, Cristo venceu satanás e a verdade foi resgatada.

Entretanto, meu peso político não chega aos pés da liderança do Dr. Jackson, um administrador capaz e eficiente, prefeito por três ocasiões de São Luís, quando transformou e resgatou a velha cidade dos azulejos em uma metrópole humana e moderna, sem ferir às tradições culturais e arquitetônicas de nossa capital. O Dr. Jackson, médico por profissão e devoção, pobre e sem recursos pessoais - não possui bancos, empresas, emisoras de rádio e televisão, jornais, fazendas, mansões, lojas, hotéis, quintas e nem contas no exterior -, ousou enfrentar os poderosos do Maranhão, primeiro derrotando-os por cinco eleições seguidas para a prefeitura da capital (em três se elegeu e nas outras, fez os sucessores, que nem detinham densidade eleitoral), depois sagrando-se governador em uma das campanhas mais empolgantes da história democrática do Brasil, em 2006, e o mais grave: venceu exatamente a princesa do Senador José Sarney, provocando a ira e as artimanhas de quem o país conhecia apenas como o grande construtor da nova democracia após o regime ditatorial de 1964.

Tenho afeito especial pelo Dr. José Sarney, a quem reconheço o papel fundamental e de coragem na transição do autoritarismo para a democracia, a partir de 1985, bem como a excelente administração realizada como governador do Maranhão, inclusive fazendo chegar o governo ao mais distante município maranhense, Alto Parnaíba, e aqui, ao lado do meu pai, Antonio Rocha Filho (Rochinha), prefeito na época, obras importantes e que continuam desafiando os tempos e os sucessores de Rochinha, foram erguidas, como o cais e o paredão que passaram a impedir o avanço das águas do rio Parnaíba no período das cheias; a construção do imponente prédio de nosso primeiro ginásio, mais tarde Centro Educacional Cenecista de Alto Parnaíba - CECAP, fechado unilateralmente pela Campanha Nacional das Escolas da Comunidade - CNEC; o aeroporto municipal (abandonado e em ruínas); saneamento em ruas e construção de nossa principal praça, que homenageia o ex-prefeito, ex-deputado, coronel Adolpho Lustosa, dentre outras realizações.

Mas no decorrer do tempo, tornou-se impossível não fazer oposição ao mando da poderosa família, com o nosso estado a cada ano ficando mais pobre, cujos índices de miséria se comparam apenas aos países mais pobres da áfrica, ao lado dos desmandos às claras, do continuismo e da falta de perspectiva de vida para quem decidira ficar no Maranhão, que não desejasse atrelar-se ao poder dominante.

Volto ao tema.

Mais perseguido do que o ex-deputado Neiva Moreira, com 90 anos de lucidez e de resistência aos males que esfolam o Maranhão, e os ex-governadores Nunes Freire e João Castelo, atual prefeito de São Luís, o Dr. Jackson Lago, como eu disse no início, venceu a última eleição para governador e derrotou exatamente a pessoa a quem Sarney endeusa acima de tudo, e isso foi o bastante para que as investidas dos poderosos se voltassem contra o legítimo governador dos maranhenses, o que culminou com a cassação golpista de um mandato ungido pela vontade popular e soberana do povo do Maranhão.

O Dr. Sarney cometeu um pecado mortal: não impôs limites éticos e morais aos seus descendentes, diferenciando o público do privado, endeusando demasiadamente a filha, esquecendo-se de que homens e mulheres não são santos na terra, daí o seu infortúnio. Mais infortunados o Maranhão e sua gente.

Sou aliado do Dr. Jackson, mas nem o Maranhão nem eu conchecemos os filhos e netos do ex-governador, mantidos distantes de cargos e da influência política do pai; do lado de lá, a falta de humildade e de percepção de uma realidade vivida pelo Brasil, não pela boa vontade da maioria dos políticos, mas pela coragem e pela capacidade e eficiência de investigar e de denunciar os abusos e as mazelas impostas contra o povo, da imprensa nacional, levam até os netos às páginas policiais da mídia; a filha encerrará a carreira como governadora biônica; o caçula, dificilmente retornará à Câmara dos Deputados na próxima eleição; o outro filho, chefe dos negócios, encrencado com a Polícia Federal e a Justiça. É um triste fim para quem poderia ter ficado na posição de um ex-presidente da República, se contentado com essa dádiva que o destino lhe reservou e de ter passado à história merecidamente como constutor maior do regime democrático que vivemos.

Tenho carinho especial pelo Dr. Sarney e verdadeiramente me comove vê-lo trêmulo e alquebrado na televisão, tentando justificar o que não tem justificativa alguma. Quase octogenário, não faz lembrar o tribuno do passado e nem o homem de coragem que rompeu com os generais e viabilizou a vitória de Tancredo Neves e da oposição no Colégio Eleitoral. Ali ele estava com a razão. Na defesa impossível, na fragilidade física e das palavras, a realidade batento no cérebro - minha culpa, minha única culpa.

A vaidade dominou o bom governador do passado, o jovem que liderou a oposição no Maranhão contra a oligarquia de então. Tornou-se poderoso e considerou-se incomum, comparação infeliz do presidente Lula, em quem já não votei na última eleição e que, se não aprender com os exemplos, terá final político semelhante - a história dirá. Construiu a ficção da família perfeita, quando todos no Maranhão sabiam que não era assim - o fato de não vencer uma única eleição na maior cidade do estado, a capital, é a prova cabal de tudo isso. Mas a vaidade ainda teima, mesmo contra o áudio e as boçalidades de filhos e netos, alheios a povo, feudais de um feudo que não será mais deles.

Ao contrário de seu desafeto, o Dr. Jackson Lago não está aproveitando o momento de tragédia política e pessoal de seus adversários para tripudiar, mantendo-se silencioso, tranquilo, sereno, assim como os justos. É um grande homem esse médico que vive da aposentadoria de professor universitário, cuja ira dos poderosos não se restringiu a tomar-lhe no tapetão golpista o cargo de governador, que lhe outorgou o seu povo, mas quiseram prendê-lo e o estão processando. É a máxima: quem com ferro fere com ferro será ferido.

2 comentários:

  1. Meu caro primo,
    Você não me surpreende, pois sei de sua capacidade.
    Cada artigo seu me faz recorrer à história e ao escassos conhecimentos de política.
    Sei, porém, muito, de conhecer pessoas - aprendi com a FAMÍLIA ROCHA- e, por isso, fico a imaginar, a sorte de nosso povo, quando o tiver escolhido como prefeito.
    Tenho a plena certeza que é breve, esse momento.
    Pois, como dizia Corintho Rocha:" Todas as coisas contribuem ao bem d'aquels que amam a Deus..."
    Um T.´.F.´.A.´.
    Alberto Augusto do Amaral Rocha

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  2. Parabéns pelo Blog, dr. Décio, valeu a pena tê-lo acessado. É interessante descobrir coisas aí dessa parte meridional do Maranhão, que espero um dia conhecer.
    Att.
    JOÃO PEREIRA NETO
    Juiz de Direito
    2a. Vara
    Grajaú/MA

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