Hoje, 23 de julho, faz oito anos da morte do meu primo Ben-Hurzinho, que nos deixou em plena férias de julho, mas de uma forma que não poderia ser diferente: morreu trabalhando.
Ben-Hur Rocha Filho era o segundo filho de meu tio paterno Ben-Hur de Araújo Rocha com a professora Eurídice Formiga Rocha, uma educadora das antigas, piauiense de Ribeiro Gonçalves, que chegou a Alto Parnaíba nos anos 1940 e aqui alfabetizou várias gerações, em uma prole com mais 15 irmãos, e faleceu ainda jovem, aos 49 anos de idade.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, casado com Zilneide e pai de João Ricardo, Tereza Cristina e Ana Beatriz, Ben-Hurzinho sentiu-se mal na agência do BB de Tasso Fragoso e durante a aplicação de uma injeção de buscopam ministrada sem cuidados, teve um infarto agudo do miocárdio, morrendo em segundos, representando uma surpresa para todos nós, seus parentes, para os amigos, colegas bancário e a sociedade de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, pois era uma pessoa querida, excelente servidor, atencioso com os clientes, de bom trato social, franco no que dizia, porém não grosseiro.
Ontem, 22 de julho, se vivo o meu irmão e colega de advocacia, Plínio, teria completado 56 anos de existência; a morte, entretanto, o surpreendeu e a todos nós na madrugada de 30 de maio de 2001, privando-nos e ao povo de um homem extraordinário, inteligência privilegiada, cultura adquirida com muita leitura e disciplina rígida de caráter, moralidade a toda prova, operador do direito que amava verdadeiramente o direito e a Justiça, sem distanciálos das causas e das razões sociais.
Plínio Aurélio do Amaral Rocha era o terceiro dos meus irmãos, formou-se em dezembro de 1980 pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, e inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, retornou a Alto Parnaíba, onde reabriu o velho escritório de advocacia fundado por nosso pai, Antonio Rocha Filho, e nosso tio, Elias de Araújo Rocha, sucessores de nosso bisavô, coronel Leopoldo Lustosa da Cunha, pai de nossa avó paterna, Ifigênia do Nazareth Rocha. Não ganhou dinheiro com a advocacia, pois primava o seu exercício pela defesa da liberdade e dos direitos mais renegados aos pobres e carentes de Alto Parnaíba, de Santa Filomena e de Tasso Fragoso. Advogado do interior com conhecimento universal, maçom por opção, socialista nato, detestava as fraquezas humanas que corropiam e combateu intransigentemente a corrupção, os corruptos, as autoridades arbitrárias, as discriminações, as desigualdades; era fraterno sem hipocrisia.
Plínio foi meu mestre e os seus ensinamentos me ajudaram a enfrentar as perseguições que me vitimaram e que somente se concretizaram após a sua súbita morte. Assim como JK, Deus o privou do sentimento do medo; assim como Evandro Lins e Silva, o jurista filho do Piauí, defendia que a liberdade era o princípio; a prisão, a exceção. Chegou a ser comparado por um juiz de direito a esse grande criminalista, quando defendeu com a mesma tese até a absolvição um jovem pobre filho de pobre acusado de tráfico de drogas, quando havia plantado apenas dois pés de maconha - era para o consumo e não para a venda. Apenas para ilustrar: o "bravo" delegado que prendeu o adolescente e que ganhou as páginas dos jornais da capital pela façanha, mais tarde foi preso como um dos chefes do crime organizado no Maranhão - tráfico de drogas, roubo de cargas, corrupção, etc.
O julho das férias e do clima gostoso em minha terra, também é de recordações tristes, porém de lembranças que se tornam gostosas e embalsam a minha alma, pelas pessoas queridas que fizeram parte de minha vida. Amanhã, 24 de julho, é o aniversário de desencarne de meu tio paterno, Corintho, um homem cordial, culto, autodidata, historiador nato, leitor ávido, apaixonado pela vida e por nossa terra. Corintho de Araújo Rocha nasceu em 04 de junho de 1924 e era o quinto filho de Antonio de Araújo Rocha (Antunim) e Ifigênia do Nazareth Rocha. Assim como os irmãos, estudou apenas as primeiras letras, suprida a falta de instrução em escola pela leitura cotidiana e pela inteligência rara. Excelente filho, somente se casou após o falecimento da mãe. Servidor público por excelência, foi coletor estadual e também professor, além de promotor público. Enveredou pela política, seguindo os caminhos do pai, foi vereador e prefeito de Alto Parnaíba, com elevado espírito público foi honesto como gestor e caridoso sem assistencialismo, realizando uma boa administração - o hospital público (hoje fechado), a energia elétrica e a água potável, ao lado da estrada cascalhada para Balsas, foram marcas de seu governo em convênio ou parcerias com os governos federal e estadual (foi prefeito entre 1973-1977). Casado com Alcione Leitão do Amaral, deixou cinco filhos - Corintho Júnior, Maurício, Ifigênia Nazareth, Alberto Augusto e Ruth Nazareth.
Tio Corintho também era maçom e foi um dos fundadores e venerável da Loja Maçônica Harmona e Trabalho, de Alto Parnaíba, além de evangélico e líder da Igreja Batista, trazida para nossa cidade por meu avô Antunim e por Carlos Lustosa do Amaral (Carreta) e sua esposa Carlota. Historiador e excelente narrador de fatos e causos, era um filósofo por natureza. Dentre várias passagens, recordo-me sempre de uma das melhores que sempre me repetia: o pior dos animais é o homem, pois é o único que pensa, que fala, que evolui e assim mesmo, mata, se mata, trai, viola, corrompe, mente. Ele estava certo.
Uma outra boa lembrança é o meu tio Carmona, o caçula dos filhos homens de meus avós paternos. A sua ascensão para o Alto se deu em 04 de julho de 2004 e o seu nascimento também no mesmo mês, 28 de julho de 1931. Boêmio e amante da vida, era feliz. Sorridente e detentor de uma bela voz, embalou várias noites na Alto Parnaíba ainda pequeninha e sem luz elétrica. Amigo de todos e de uma cordialidade incomparável, Manoel Carmona de Araújo Rocha foi um pouco de tudo - boiadeiro, balseiro (carregava bois e porcos em grande balsas de talo de buriti até Floriano e Teresina, antes da barragem de Boa Esperança), garimpeiro, corretor de terras, cantor e boêmio, trazia sempre um chapéu panamar e calçava uma bota longa, também foi vereador e pai de uma prole de sete filhos - Antonio Rocha Neto (Antunim), Lindolfo, Doralina, Aurélia, Siomara, Cláudia e Wladimir. Casado com Orquídea Leitão do Amaral Brito, era o predileto dos irmãos e se destacava também pelo porte físico, pela entonação das canções e pelo canto ao amor e à vida, a quem se dedicou intensamente.
Todos fazem falta, mas me conforto e regozijo pelas boas recordações de cada um desses inesquecíveis ente-queridos e personagens reais de meu mundo.
MAIS UM JOVEM SUICIDA
Alto Parnaíba, mesmo sendo um município com pequena população e com origem pacífica, vem vivendo certas tragédias ultimamente, inclusive com um índice de suicídios entre pessoas jovens da comunidade que chega a assustar.
Ontem mais um jovem se matou, pelo que consta sem motivo aparente e sem deixar qualquer mensagem. Trata-se de Abdiel da Costa Neto, filho de Dagmar Costa, que foi candidata a vereadora na última eleição, e neto materno de Santana e Domingos Costa, bastante conhecidos em nosso município e ligados tradicionalmente à família do meu pai, família Rocha.
A morte ocorreu no bairro Santo Antônio, onde a família de Abdiel mora há muitos anos, e o enterro será no final da tarde.
Para se ter uma ideia, o Estado do Maranhão mantém apenas uma escola estadual em nossa cidade, a Vitorino Freire, por sinal um velho prédio superlotado e sem reformas estruturais, que não possui sequer um psicólogo. A Prefeitura, idem - a ineficiência e a total falta de políticas públicas, imperam.
É lamentável. Faltam ações governamentais, mas também atuação mais dinâmica e menos especulosas das religiões (na sua maioria) e a retomada da autoridade familiar.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
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Eu estava em AP qdo meu querido Benhurzinho foi chamado por Deus. Vai entender os desígnios do Pai. AS vezes a gente fica sem entender direito por q os bons foram chamados e os falsos e hipócritas n foram no lugar de gente completamente do bem como foi o caso de meu amado amigo. AH DEus, se eu pudesse te responder e mandar para aquele lugar um monte de gente de AP q só bebe, q só fuxica , q só quer tomar o lugar do outro se fazendo de bonzinho...O Sr Jesus ia ficar mto triste pq talvez seria mta gente mto próxima de meu amado amigo. Amado, tu já foi mermo e está + perto de DEus, por favor, olhe por nós e salve aqueles q querem se fazer de gente boa. ARRRg, tenho até vontade de vomitar c tanta hipocrisia.
ResponderExcluirQuem não queria a morte de Ben-Hurzinho sou eu, seu filho, também não quero a morte de ninguém em Alto Parnaíba, como deseja essa infeliz em seu importuno e odiento comentário.
ResponderExcluirSó quem conhece(Sonda)corações e mentes é Deus;
ResponderExcluirPecado é o que sai pela boca(não o que entra)vindo do coração.
Quem julgará todos nós, os que partiram e os que ficaram, bons e maus, é Jesus Cristo no Dia do Senhor(Juízo Final).