O jornalista Augusto Nunes, articulista de VEJA, em seu blog, promoveu uma enquete eletrônica sobre a opinião dos internautas com relação aos senadores de quatro estados da federação, esquecendo-se, infelizmente, de incluir o Maranhão.
No caso específico do meu estado, a sua representação no Senado da República, sem contarmos com o quarto senador eleito pelo Amapá, é a mais inexpressiva que se tem notícia nos últimos tempos, e quase ninguém sabe ao menos o nome dessas figuras que de fato não representam o estado, mas os mandos e desmandos da poderosa (ou quase ex) família oligárquica que domina o Maranhão há mais de quatro décadas.
O mais idoso senador brasileiro na atualidade é Epitácio Cafeteira, do PTB maranhense, com certeza o mais conhecido nacionalmente. Cafeteira é um paraibano, hoje com 84 anos de idade, ex-funcionário de carreira do Banco do Brasil, que aportou no Maranhão, mais precisamente em São Luís, na década de 1950, e iniciou a sua carreira política, extremamente populista, ao lado de José Sarney e outros, no combate à liderança do senador Victorino Freire, então mandachuva do estado.
Somente se elegeu em 1965, como prefeito da capital, logo rompendo com Sarney, governador no mesmo período, e tornando-se o seu principal adversário e logo arqui-inimigo; filiou-se ao MDB do Dr. Ulysses, o da resistência, e teve relativo destaque na Câmara dos Deputados como deputado em três mandatos; em 1970, em campanha memóral, uniu as forças de oposição ao regime militar e a José Sarney, e derrotou este fragorosamente em São Luís e outras cidades importantes do interior, para o Senado; entretanto, os vencedores foram Alexandre Costa e José Sarney.
Com a posse de Sarney na presidência da República, Cafeteira cobrou de imediato o acordo coordenado pelo Dr. Tancredo para manter unido o PMDB maranhense ante a candidatura a vice do grande adversário, exatamente a sua eleição para o governo estadual em 1986, onde logrou êxito, tornando-se um bom governador, mesmo com alguns escândalos que pipocaram em sua administração; a amizade com os Sarney era estampada pela bajulação nojenta do antigo inimigo, reproduzida em cada entrevista, em cada pronunciamento (muitos deles regado a uma boa cachaça). A aliança oportunista perdeu em conjunto a segunda eleição livre para a prefeitura da capital após o fim do regime de exceção, em 1988 quando Jackson Lago - que impôs mais duas derrotadas aos Sarney pela disputa pela prefeitura e em 2002, vencendo Roseana Sarney para o governo do estado -, impôs uma derrota histórica em São Luís ao candidato apoiado pelo Presidente José Sarney e pelo governador Epitácio Cafeteira. Antes, em 1985, na primeira eleição direta para prefeitos das capitais brasileiras, Sarney e seu governador, Luiz Rocha, foram vencidos em uma bela campanha por Gardênia Gonçalves, esposa do atual prefeito e ex-governador João Castelo, que não deixaram governar a contento, inclusive apoiando o incêndio na sede da prefeitura da cidade dos azulejos, o histórico prédio do Palácio La Ravardière, onde a brava dona Gardênia, querida pelos maranhenses de norte a sul, ficou encurralada e resistindo e do lado, do vizinho Palácio dos Leões, o governador, já morto, não socorreu a prefeita e o patrimônio do povo.
Cafeteira deixou o governo e se elegeu senador, já rompido mais uma vez com a família Sarney, passando a percorrer o Maranhão atacando e denunciando o que denominou de oligarquia e sua política de atraso e de corrupção; perdeu duas eleições para governador e uma para o Senado, exatamente para Roseana Sarney.
Tenho um vídeo onde Cafeteira, no meu escritório de advocacia, em 2002, faz um depoimento terrível contra os Sarney, profetizando que o país em breve tomaria conhecimento de todas as suas mazelas (do clã). Hospedei o hoje senador em Alto Parnaíba, quando disputou e perdeu a eleição para o Senado naquele ano, ao lado do Dr. Jackson Lago, a quem Cafeteira chamava de "preparado, capaz, honesto", e fiquei estupefado quando, em 2006, o mesmo Cafeteira rompia com Jackson e voltava aos braços dos Sarney, e mesmo doente e com início nítido de decrepitude, voltou à Câmara Alta da República.
De cadeiras de rodas, vitimado por derreme cerebral, o octogenário Cafateira ao chegar ao Senado vitou notícia nacional: relator no Conselho de Ética de processo contra o então presidente da Casa, Renan Calheiros, aliado de Sarney, em uma única sessão Cafeteira emitiu seu curto relatório absolvendo o encrencado alagoano. Agora volta à mídia e também de forma nem um pouco auspiciosa (como diriam os indianos de Glória Perez), é alvo do desboche (merecido) de um neto do atual presidente do Senado em diálogo com o pai, Fernando Sarney, gravado pela Polícia Federal com autorização da Justiça, exatamente por ter empregado ilegal e indevidamente o descendente de quem chamava de o "câncer vivo do Maranhão" em seu gabinete, confessando que o fizera em retruibuição ao pai do jovem, financiador de sua campanha.
Por incrível que pareça, esse - Epitácio Cafeteira - é o melhor senador do Maranhão na legislatura vigente.
Os outros chegaram ao Senado como suplentes, sem voto e sem crebilidade alguma. Edison Lobão Filho tem como dados biográficos o mesmo nome do pai, atual ministro de Minas e Energia do governo Lula (quem diria...); o fato de ser conhecido no Maranhão apenas por Edinho 30, uma referência popular às posíveis comissões que receberia de empreiteiros quando o genitor foi governador do estado e pela performace nos negócios - sem qualquer origem empresarial, sem herança de parentes ricos e sem ganhar na loteria, é um homem rico, dono de emissoras de televisão e rádio e de vários outros investimentos, inclusive com problemas com o Ministério Público, a Justiça e o Fisco em razão disso.
O terceiro senador assumiu com a renúncia de Roseana, governadora biônica do Maranhão. Mauro Fecury chegou ao estado para ser prefeito nomeado de São Luís, retornando depois, pela mesma via indireta, ao posto. Na prefeitura, não deixou realizações que mereçam comentário ou alguma lembrança positiva; deixou escândalos. Foi assessor de Sarney no Planalto e é um muito rico com a política, inclusive dono de faculdades e do jatinho (segundo a VEJA) que transporta a família poderosa. Ninguém o conhece nem mesmo a maioria absoluta do povo maranhense.
Esses são os três senadores do Maranhão - nulos, inexpressivos, incapazes de um gesto digno, que nem ao menos falam da tribuna do Senado. Não defendem o miserável Maranhão em nada - nenhum projeto ao menos. Estão sempre de prontidão para defender o Senador Sarney e sua família, não interessa o que fizeram ou fazem. O seu compromisso é com o clã Sarney e não com o estado e seu povo. Não possuem espírito público; são a vergonha de nós, seus representados - aliás, representados desse trio uma ova, nem de fato nem de direito, jamais aceitarei essa condição!
Com absoluta certeza, nenhuma representação no Senado é pior e mais degradante do que a do Maranhão. Apenas mantenho a convicção de QUE TUDO PASSARÁ... ATÉ ELES PASSARÃO!
terça-feira, 28 de julho de 2009
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Como às vezes tenho vergonha de ser maranhense!!!
ResponderExcluirUm belo lugar, de tantas pessoas que merecem minha admiração. Mas, com tantos políticos corruptos.
Agora entendo "O Cortiço", que tão bem foi descrito por Aluízio.
Mas, com certeza, eles passarão. Pois, "A vida é combate..." G.D.