Como é uma cidade situada à margem do rio Parnaíba, Alto Parnaíba foi contemplada com obras de instalação sanitária de esgotos, um antigo sonho. Até aí, ótimo.
Ao lado da obra e dos transtornos trazidos à população - superáveis face à importância do empreendimento, principalmente para a saúde pública -, tragédias passaram a ocorrer, com feridos e mortos.
Ontem, 21 de julho, por volta das 15:30 hs, na parte alta da rua capitão Daniel Brito, no bairro São José, três operários da construtora Ética, que constrói a obra, foram soterrados com o desmoronamento de uma vala que estava sendo aberta - dois morreram instantaneamente - Antônio Marcos Rodrigues e um filho de Almir, lavrador da Fazenda Brejo da Areia e sobrinho da secretária municipal de Saúde, Carmelita Brandão, e um terceiro - José Filho, filho do sertanejo Zé Praieira, em estado grave, foi transferido para a cidade de Balsas, em razão da precariedade do nosso sistema de saúde.
A população solidária acudiu ao local e fez as vezes de corpo de bombeiros, que aqui não existe. Alto Parnaíba não tem delegado de polícia civil e a comarca se encontra sem juiz de direito e sem promotor de Justiça titulares.
Soube por informações colhidas na delegacia local de polícia, que a polícia regional de Balsas está chegando a Alto Parnaíba para investigar e acompanhar o caso; ontem mesmo remeti notícia à Vara do Trabalho do TRT da 16ª região de Balsas, por equívoco - o comunicado teria de ser endereçado ao Ministério Público do Trabalho -, que, de forma atenciosa e como órgão público responsável, por sua vez, repassou a nota ao órgão competente, o Ministério Público do Trabalho, em Imperatriz, de acordo com e-mail recebido hoje da diretora da secretaria daquele juízo do Trabalho, Sra. Verissa Cabral.
Antes do trágico acontecimento de ontem, que vitimou fatalmente dois jovens do município, o jovem Leandro Rodrigues de Oliveira, o Léo, recém-casado, também foi praticamente soterrado na mesma obra, sob a responsabilidade da mesma construtora e no mesmo bairro, mais precisamente na travessa Elias Amaral; transferido gravemente para Teresina, Léo sobreviveu, mas teve que retornar à capital piauiense, onde se encontra, e poderá ficar paralítico.
Alto Parnaíba é uma cidade pacata e não está acostumada com esse tipo de acontecimento. As tragédias abalaram sensivelmente a nossa comunidade; todas as vítimas eram filhas daqui e conhecidas de todos; pessoas pobres e jovens, que aproveitavam a oportunidade de uma obra significativa para a vida e a saúde de todos, para ganhar honestadamente algum dinheiro, e acabaram perdendo a própria vida. É preciso investigação séria e isenta. A falta de segurança no trabalho merece a atenção minuciosa das autoridades competentes. Em Alto Parnaíba, localizada a 1.100km da capital do Maranhão e cujo cidade-pólo, Balsas, fica a mais de 240km, também não existe sequer um posto da delegacia do Ministério do Trabalho. Não sei afirmar se a obra está sendo devida e corretamente fiscalizada, mas as tragédias ocorridas em aproximadamente sessenta dias de uma para outra, com vítimas fatais e outras em estado quase de vegetação, levantam dúvidas. É preciso investigar.
Lamento as mortes e peço ao poder político-institucional em São Luís e em Brasília que voltem a sua atenção para o interior do Brasil, como a região do Alto Parnaíba, carente de tudo, onde a presença do Estado Brasileiro é praticamente fictícia.
P.S: na matéria de ontem, sobre a ameaça da nova gripe ou gripe suína, em Alto Parnaíba, me esqueci de mencionar um outro prefeito de nosso município com origem na área de saúde, o farmaceutico Luiz Gonzaga da Cruz Lopes, que exerceu o cargo entre 1970-1973.
Achei de muito importância a notícia, em especial, porque já me encontro distante da nossa terra querida e soube sem muitos detalhes do ocorrido. Assim, com a notícia no blog pude saber de todos os pormenores do infortúnio. Eu e meu esposo André queremos parabenizá-lo pela utilização do blog como um excelente veículo de comunicação e, mais que isso, como um veículo de JUSTIÇA! Pois a morte desses trabalhadores precisam de uma investigação séria do MP e fiscalização, se porventura houver continuação das obras.
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