Acabo de chegar da visita costumeira no dia de finados ao cemitério público de Alto Parnaíba, construído e ampliado nas gestões de meu pai, Antonio Rocha Filho, como prefeito. Ao lado de minha esposa, Vera, percorremos os túmulos de parentes, amigos, conhecidos e de vultos históricos de nossa terra, que nos antecederam na viagem eterna.
De início, adentrando o campo santo pela entrada mais antiga, deparei com uma cena que não presenciei da última vez que ali estive: de uma extensão a outra, na área mais antiga do cemitério, uma grama contínua, bonita, bem cuidada, protegendo a terra das erosões comuns naquela região. Perguntei à primeira pessoa que encontrei de quem teria sido a iniciativa, quando soube que a grama fora plantada e diariamente zelada por minha prima, Doralina Brito Rodrigues, a partir do túmulo de seu filho, Bruno Rodrigues Brito, falecido ainda bem jovem quando cursava direito em Gurupi, no estado do Tocantins, e seria meu sucessor natural no escritório de advocacia. Bruno trabalhou como officie-boy e auxiliar de escritório comigo e seu desencarne, vítima de um acidente de motocicleta e da irresponsabilidade médica, abalou profundamente a todos nós da família Rocha e à sociedade alto-parnaibana no todo, pois era bastante conhecido e estimado, por ser educado, humilde, simpático, inteligente e carismático, sabendo se envolver com todas as camadas sociais.
Em seguida, visitei as sepulturuas mais antigas, onde parte de nossa história, tão escassa de fontes, pode ser contada. Desde criança admirava duas imagens sacras que compunham os túmulos do coronel, prefeito e deputado Adolpho Lustosa do Amaral Britto e de sua filha, Nair do Amaral Barbosa. Os tútumulos continuam ali, mas as imagens desapareceram; os vidros que as protegiam foram quebrados e as santas retiradas, assim como em outras sepulturas, como de Maria de Jesus Tavares, a Dé, minha segunda mãe, que é um túmulo novo e de mármore, que mandei construir, e de um dos fundadores do município, Moisés Lustosa de Britto. Não sei se é puro vandalismo ou parte de quadrilhas que atuam no país inteiro em busca de obras sacras, que, por final, fizeram desparecer a imagem primeira de Santa Filomena, padroeira da cidade vizinha, nunca localizada. Fiquei triste e extremamente preocupado. Essas obras faziam parte de nossa história, representavam a fé ferverososa de nossos antepassados e não deixavam de ser um patrimônio valioso. Ainda na visita de finados, me disseram que a prefeitura mantém um vigia para o cemitério, que recebe mensalmente e não trabalha; vou constatar a notícia. Nem os mortos têm mais o descanso e a segurança necessários.
O primeiro cemitério, ainda da fundação da cidade, está em ruínas, com muros no chão, mato, lixo e o acesso quase inexistente. É preciso que a população, inclusive os filhos e descendentes alto-parnaibanos que moram fora, cobrem providências da prefeitura, pois é o mais antigo patrimônio histórico de nossa terra, que conta parte de nossas origens.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
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