Nos anos 1950 e por influência do então chefe político do Maranhão, o ex-senador Vitorino Freire, Alto Parnaíba, município maranhense onde nasce o rio Parnaíba, recebeu o seu primeiro posto de saúde em prédio próprio e moderno para a época. A obra foi concluída pelos ex-prefeitos João Borges Leitão e Elias de Araújo Rocha. Meio século depois, permanecemos com o mesmo posto de saúde, que não se sabe de quem realmente pertence, se ao estado ou ao município. O certo é que inexiste qualquer médico ou enfermeiro da rede pública estadual, enquanto a Prefeitura mantém uma única médica para atender toda a população.
As AIHs, que são as internações do SUS, ou seja, dinheiro público, não são repassadas ao hospital público municipal, que teve suas portas lacradas em janeiro de 1989 pela ineficiência e a ausência mínima de boas intenções do então prefeito Zé Paraíba, mas ao hospital e maternidade São Geraldo, particular, de propriedade do casal de médicos Geraldo de Souza Costa e Raimunda de Barros Costa, prefeita de Alto Parnaíba entre 2001-2004.
Para todos o nosso sistema de saúde pública é insuficiente, mesmo reconhecendo o bom trabalho de todos os médicos, enfermeiros e demais profissionais da área. Faltam investimentos e boas intenções, aliados à vontade política e espírito público, de nossos prefeitos e governadores. O setor pediátrico inexiste. Os leitos são comuns e disponibilizados apenas no hospital São Geraldo. Não temos um único pediatra para atender nossas crianças, as maiores vítimas, ao lado dos idosos, desse triste descaso com a saúde pública, mesmo Alto Parnaíba se localizando a 1.080 de São Luís e 246 km de Balsas, a cidade pólo regional.
As crianças filhas de pessoas mais pobres também são as que mais padecem. Tive notícias de que há três dias uma mãe carregando uma menina de três ou quatro anos se lamentava, com inteira razão, porque não conseguiu atendimento, nem no SUS, para a indefesa criatura humana. A menina permanecia com febre alta e chorando bastante nos braços sofridos da mãe lavradora, que teve que andar uns mil metros a pés de volta ao pobre casebre levando a filhinha privada do direito constitucional e internacional - e divino - de ser consultada, de ser medicada adequadamente. Faltava dinheiro à carente cidadã alto-parnaibana para pagar a consulta. É lastimável!
Neste dia dedicado às crianças e quando governantes no Brasil inteiro dão uma de Papai Noel e distribuem brinquedos aos pequenos, em minha terra fica um apelo ao governo local: não é presente, é dever. Distribuiam boa e eficiente saúde pública às crianças de Alto Parnaíba. É o mínimo de um governo que se preza.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
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