quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

UM SÉCULO DE LUIZ AMARAL

O8 de fevereiro de 1912 nascia em Victória do Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, o quarto filho de Rita de Cássia Rocha do Amaral Britto e Luiz Antonio Lustosa do Amaral Britto. Ao menino foi dado o nome do pai. O parto ocorreu em uma das fazendas da família, a Fazenda Praia, que hoje pertence ao município de Tasso Fragoso, desmenbrado de Alto Parnaíba nos anos 1960. Os outros irmãos de Luiz Amaral eram Ana Cândida do Amaral Brito (Sia Cândida), Elias do Amaral Brito (meu avô materno), Antonia Luiza do Amaral Brito (Tunica), Erzon do Amaral Brito e Amaral de Lourdes, esta fruto do segundo matrimônio do pai. O futuro literato ficou órfão da mãe aos oito anos de idade.Luiz e Zenaide do Amaral Brito. Foto: meu arquivo pessoal.

Este é o início da vida terrena de Luiz Antonio do Amaral, conhecido apenas por Luiz Amaral e para os familiares e contemporâneos, tão-somente Luizinho. Teve por mestre escola o professor Octaviano Lustosa da Cunha, da vizinha cidade sul piauiense de Santa Filomena, a quem considerava o maior educador da terra. Octaviano, neto do Barão de Santa Filomena, fez o então curso preparatório em Salvador sem chegar a adquirir o curso superior, entretanto, possuia uma cultura vasta, uma inteligência raríssima e um dom natural, aliado ao conhecimento, para o magistério, ao qual se dedicou por mais de meio século tirando das trevas da ignorância inúmeras gerações de filomenenses e vitorienses (alto-parnaibanos). Octaviano morreu pobre e praticamente esquecido pelo poder público. Faço questão, entretanto, de frisar a homenagem justa e merecida que lhe prestou o ex-prefeito Quirino Lustosa Avelino ao construir e dar o seu nome a uma escola na cidade de Santa Filomena. Não se vive apenas do passado, mas não se vive o presente e nem o futuro sem um olhar, o respeito e os exemplos do passado.

Voltando a Luiz Amaral, ele casou-se ainda adolescente com a prima Zenaide, filha de seu tio Adolpho Lustosa, com quem teve os filhos Orison, Arison, Erison, Nair e Domingas. Logo após o casamento foi estudar em São Luís, onde, em pouco tempo, tornou-se bastante conhecido pelo talento extraordinário de poeta e jornalista, tornando-se redator de um dos maiores jornais da época, O Combate, e participando da vida literária da então Atenas Brasileira, como era conhecida a capital do Maranhão. Foi vencedor de um concurso de poesias promovido pelo Jornal do Commercio, do Recife, com o soneto Mar - talvez o mais belo por ele produzido -, que, no final de uma tarde avistando o oceano através do Cais da Sagração (abaixo do Palácio dos Leões), deixou esses versos para a posteridade. Era a paixão do adolescente pela mulher que deixara na distante Victória ante a grandiosidade do mar.

"Ó mar... sinistro mar... mistério impenetrável!
Gigante que espumeja em convulsão tremenda,
abre aos olhos do mundo o seio imensurável,
mostra-lhe o coração para que ele te entenda!
E perscrute o teu grande enigma... e compreenda
essa força que em ti vibra, estuante, indomável,
titânica, feroz, indômita, tremenda,
terrífica, infernal, diabólica, implacável!
Há em ti certamente um gênio incompreensível!
Um mistério infinito em ti se movimenta
e ruge em teu rugir - estranho... indefinível!...
Mostra aos olhos do mundo essa força implacável
que estrebulha em teu seio e o teu poder ostenta,
Ó Mar, sinistro mar... mistério impenetrável!"

Durante o ano, se Deus permitir, em homenagem a este extraordinário escritor, poeta, jornalista, professor, maçom, político e homem cordial e eternamente apaixonado por nossa terra e pela humanidade, darei sequência a essa série de resgate da obra e vida do alto-parnaibano Luiz Amaral, cujo livro terá a segunda edição lançada em breve sob a coordenação do historiador Lindolpho do Amaral Almeida.

(O soneto Mar foi escrito em 1933 e encontra-se publicado à p. 23, da obra Meu Livro, de Luiz Amaral).

Um comentário:

  1. Quando todos Passarem,
    e não restar nem Pó, nem Pôeira
    dos hoje Poderosos de nossa Terra
    O nome de Luis Amaral Ainda vai
    Perdurar e Brilhar pela Éternidade.

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