Minha mãe, com 83 anos de idade, sofre de uma doença diagnosticada como síndrome de Alzheimer. Altera momentos de lucidez com a busca por fatos do passado. Nem por isso aceito que a chamem de gagá ou caduca, termos pejorativos e discriminadores que, de ingênuos e comuns no passado, passaram a ter conotação - dependendo de cada colocação e do objetivo por trás da grosseria e da agressividade injustificáveis - inaceitável no mundo em que vivemos, inclusive pela Constituição do Brasil que, em um dos dispositivos de texto constitucional mais belo do direito mundial da atualidade, o artigo 5º, a partir de seu caput ou cabeça, veda a desigualdade e proibe categoricamente qualquer tipo de racismo, de preconceito ou de discriminação. No caso do idoso, é específico o artigo 230 da Carta de 1988, cuja Assembleia Nacional Constituinte que a elaborou era presidida por quase um octogenário, o doutor Ulysses Guimarães, paladino da liberdade, da democracia e da resistência a todo tipo de ditadura, vítima quando candidato à presidência da República, em 1989, de apenas uma acusação: era velho e por isso gagá. Ganhou o jovem Collor, mestre na arte da corrupção, que caíu pouco depois graças à mesma Constituição cujo alicerce foi e será sempre o gagá Ulysses.
A senilidade não ataca apenas os idosos. Nero, o imperador facínora romano, aos 23 anos colocou fogo em Roma, enquanto isso, aos 87 anos de vida, o estadista Konrad Adenauer consolidava a reconstrução da Alemanha pós-guerra, ficando ativo no Parlamento até os 91 anos como sucessor de Adolf Hitler, alçado ao poder da então maior potência militar do mundo com pouco mais de quatro décadas de existência, causador da maior tragédia da humanidade.
Por esse Brasil inteiro o que mais verificamos, inclusive pela mídia, são administradores públicos relativamente jovens com governos desastrados que, ao lado do cinismo corrupto nos moldes Collor, nos dá a sensação de que esses gestores sofrem de demência mental.
Tenho ouvido com certa preocupação a repetição do termo gagá sem qualquer razão ou base sólida para tanto, com propósito agressivo direcionado indevidamente a outrem, com repercussão pública em minha cidade, bem antes do pleito eleitoral de 2012. Quem discrimina poderá responder por crime punido em nossa legislação penal e também constitucional. Quem divulga, permite ou aplaude (mesmo disfarçado) essas posições extremistas (de direita) faz apologia ao crime, inclusive de desrespeito à Constituição, o que é ainda mais grave. Quem ouve se sente mal, pois quem não teve ou não tem pais, avós, tios e outros parentes e amigos idosos? E os idosos que escutam, onde está o respeito à dignidade humana e à própria família? Fica o alerta amigo. O respeito ao idoso, ao próximo e às diferanças é a base da democracia e de um povo civilizado. A crítica é elemento indispensável ao Estado democrático de direito, mas não pode nem deve ser confundida com atitudes discriminadoras, racistas, preconceituosas e, consequentemente, criminosas. Critiquem o homem público por erros que possa ter cometido; sejam veementes, corajosos, diretos, ousando em sua indignação, mas com fatos e com respeito à condição humana generalizada, inclusive a de idoso, de pai, de avô. É o mínimo para uma boa convivência. E por falar em corrupção e como Alto Parnaíba é uma ilha isolada dessa praga.... ATÉ BREVE.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
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