Com o advento da República, o Brasil deixou de ser um Estado vinculado à Igreja Católica ou a qualquer outra instituição religiosa - na época não havia a predominância das igrejas evangélicas, mas um confronto permanente entre a Maçonaria e membros da cúpula do Vaticano no país.
Transcorridos 120 anos da primeira Constituição republicana, em minha terra natal, o município sul maranhense de Alto Parnaíba, pelo menos oficialmente deixamos de ser laicos, ou seja, passamos a nos vincular, o poder público oficial de um ente federado do Estado brasileiro possui vínculos estreitos e públicos com uma igreja evangélica, conforme forte propanga em carros de som que agora mesmo passam em frente ao meu escritório de advocacia anunciando grande evento daquela instituição sob o patrocínio também da Prefeitura Municipal.
É salutar o bom relacionamento entre os poderes constituídos e as entidades da sociedade civil e religiosas, entretanto, não se pode nem se deve confundir o público com o privado e ferir a Constituição, a ponto de direcionar recursos públicos para o patrocínio de evento religioso de uma agremiação isolada.
Talvez por falta de leitura e de assistir ao menos ao Jornal Nacional, deixam os nossos atuais governantes mais perdidos do que cegos em tiroteio. É lamentável.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
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Dr. Décio
ResponderExcluirEsta danosa parceria, que vira as costas à ética e tripudia da constitucional laicidade do Estado, não é um fenônemo ímpar nem recente em Vitória do Alto Parnaíba. Podemos elencar dezenas de eventos religiosos (católicos ou evangélicos) financiados/patrocinados à base de dinheiro público (e.g., festejos urbanos e rurais, imagem sacra na praça central, cultos e shows religiosos, translados em carros oficiais, apenas para mencionar alguns).
Infelizmente, vemos este princípio constitucional ser grosseiramente violado em todos os cantos do nosso Brasil. Aqui em Belém, por exemplo, onde ocorre uma das maiores festas religiosas desta América - o Círio de Nazaré -, os governos estadual e municipal despejam, reprovável, ilegal e inadvertidamente, milhões (repito: milhões) de reais na referida celebração.É nítido que, por trás de tanta "generosidade" espiritual dos gestores, há maquiavélicas estratégias politiqueiras. Discirna quem for capaz.
Vergonhosamente, nossos líderes eclesiásticos permutam sua dignidade, sendo coniventes com conchavos que, ilegalmente, beneficiarão seus rebanhos locais.
Com base em sua acurada e legítima observação,reprovo, veementemente, as igrejas evangélicas (tronco sócio-religoso do qual faço parte) que associam-se, por meios ilegítimos, com quaiquer esferas de gestão governamental.
Ademais, creio necessário sabermos distinguir, histórica e sociologicamente, as variadas facetas da igreja evangélica brasileira. As múltiplas denominações evangélicas não compõe, sob hipótese alguma, uma substância homogênea.
Explico melhor: Sou membro e pastor de uma denominação evangélica (igreja batista) de história e presente brioso e ilibado. Um dos nossos princípios mais caros remonta à nossa origem histórica, no seio dos separatistas ingleses do século 17, quando empunhávamos a bandeira de "separação entre igreja e Estado" (Lá, o anglicanismo era - e até hoje é -, a religião oficial). Há, inclusive, quem postule que este ítem (separação entre igreja e Estado), em algumas contituições nacionais, sofreu forte influência da postura anabatista/batista supra mencionada.
Exponho estes fatos para subsidiar minha pública indignação com a aludida prática.
Nós, da Igreja Batista, reconhecemos nossa missão (de influência espiritual e social) nesta terra, mas, sob hipótese alguma, recorreremos à retaguarda política para atingirmos nossa meta. Se o fizermos, fique claro que o faremos levianamente, inclusive, desconsiderando e desprezando nossa história e princípios de fé.
Continue, Dr. Décio, sendo sentinela e bastião júridico em favor da moralidade e da ética.
Um amplexo,
Francisco Helder
Belém, Pará