No último 14 de maio, mês de aniversário da fundação de Alto Parnaíba, morreu em Milano, na Itália, o padre Emílio Ragonío, com quase 80 anos de existência.
Fiz o primário na Escola Paroquial Nossa Senhora de Fátima, pertencente à paróquia de Alto Parnaíba, na época dirigida pelo padre Emílio, por anos pároco de nossa comunidade católica. Era uma boa escola para a realidade e os padrões dos idos de 1970. A escola, infelizmente, após a saída do padre Emílio, foi fechada. Na velha casa funcionam atualmente órgãos da administração pública. A sua propriedade continua da igreja. Mas a escola fechou.
Todos os meus irmãos ali estudaram. A qualidade do ensino causava inveja nas cidades vizinhas. Na escola paroquial, como chamávamos carinhosamente e cujo hino entoávamos todas as manhãs antes do início das aulas - ao lado do hino nacional -, tive excelentes professoras, exímias educadoras, como Maria Francisca Pereira do Nascimento, Glória Araújo - filha da Paraíba -, Dirce Negreiros de Aguiar Pachêco, Niwbamaria Sobreira Lima, Cleonice Alves Maia, Maristela Mascarenhas de Araújo, Maria de Fátima Moreira Barros e Maria Dalva Brito do Amorim. O padre Emílio comparecia todos os dias na escola; dava sermões, sem ser exatamente no rito das missas; orientava, sem ser carrasco; imponha respeito, sem autoritarismo exacerbado que apenas dá medo nas crianças.
Na época, auxiliaram o padre Emílio na condução da escola paroquial, os professores Ervólio Maia da Costa, já falecido, e Maria das Vitórias Pires Lustosa. Também bons educadores. As disciplinas básicas, as brincadeiras típicas do lugar, os bolos deliciosos confeccionados e ali vendidos por dona Amanda Gouveia, os colegas que não me saem da memória, ajudaram a formar a pessoa que sou hoje, ainda e felizmente, com traços e costumes interioranos.
Recordar a escola paroquial é manter viva a lembrança do padre Emílio Ragonío, esse italiano nascido em Filottrano em 18 de junho de 1929, principalmente agora no transcorrer de mais um festejo em louvor à Nossa Senhora das Vitórias, a nossa padroeira. Acompanhava minha mãe nas missas de domingo e durante a novena de Vitória. No altar, o padre Emílio com seu forte sotaque nativo, falando rápido com sermões curtos e objetivos. O nosso pároco se preocupava mais em alicerçar a Igreja, em manter o colégio funcionando, em realizar obras de caridade. Era do tipo que entendia Cristo de forma real - de carne e osso.
Como eu disse no início, Emílio Ragonío morou em Alto Parnaíba durante alguns anos. Além da escola paroquial, outro colégio foi fechado. O Centro Educacional Cenecista de Alto Parnaíba - CECAP -, que o missionário comboniano ajudou a dirigir quando ainda se chamava Ginásio Altoparnaibano, formador de várias gerações. Outra escola fechada em nossa cidade, de forma inexplicável. Além de dirigir, o padre Emílio era professor, inclusive de francês. Que falta fazem homens dessa estirpe. Emílio Ragonío não se restringia aos sermões. Colocava em prática os mandamentos do Mestre. Foi um dos construtores de nosso município.
Dr. Décio,
ResponderExcluirParabéns pela belissima homenagem ao saudoso Pe. Emílio Ragonio, me recordo muito bem deste grande missionario que por décadas catequisou e educou muitos altoparnaibanos. Na época a minha mãe era secetaria da Paroquia e o acompanhava em suas desobrigas pelo interior do nosso municipio e, ao chegar me contava com era a vida das pessoas do "sertão" como chamamos hoje, naquela época existia fartura e as pessoas tinam uma vida mais dignina, inclusive ele foi o primeiro a fazer reforma agraria quando nem se falava sobre o assnto.
Um forte abraço.
Carlos Biá
Mais uma justa homenagem que Dr Décio Presta a um Homem Q marcou uma época na vida de tds
ResponderExcluirnós.
Dr Décio álem de grande Advogado e ser humano
Exemplar é um Éximio Historiador...
PARABÉNS. voçê nos émociona.
Lembro-me bem deste missionário que deitou raízes em nossa comunidade. Personalidade marcante, foi também professor de Matemática no Ginásio Alto Parnaibano, onde fui seu aluno. Parabéns por mais esta bela homenagem.
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