sábado, 9 de julho de 2011

UMA MULHER DE FÉ

Em 09 de julho de 1928, na pequena Victória do Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, Ana Alaíde Lopes do Amaral, então com 23 anos de idade, dava a luz ao seu quinto filho - a terceira filha -, que recebeu o nome de Maria Dacy Lopes do Amaral, em homenagem a uma falecida tia materna.

Desde os primeiros dias de vida, minha mãe passou a ser criada por seus avós maternos, João Pereira Lopes e Joana Torquato Lopes (Joaninha) como filha, ali convivendo, a princípio, com outros primos já criados pelos avós, Raimundo Nonato Lopes dos Santos, Jonilo Lopes dos Santos e Gracy Lopes dos Santos, filhos da falecida tia Dacy, e logo depois com os primos João da Cruz Franco Lopes, Maria de Jeus Lopes, Geraldo da Cruz Lopes, Deusdedith da Cruz Lopes e Luiz Gonzaga da Cruz Lopes, filhos de seu tio Raimundo Lourival Lopes, que retornou à casa dos pais após a morte de sua esposa, Maria da Cruz Franco Lopes, além do primo Ney Lopes, filho natural de Lourival, de Mariinha Fonseca e de Conceição Lopes, também filhos de criação de meus bisavós.

Hoje, 83 anos depois, minha mãe continua entre nós, enfrentando mais um desafio que a existência lhe impôs: o terrível mal de Alzheimer, uma doença implacável e humilhante que corroi a memória e humilha a condição humana.

Filha de Elias do Amaral Brito com Ana Alaíde, n'uma prole de 16, minha mãe casou-se aos 21 anos de idade com meu pai, Antonio Rocha Filho, o Rochinha, falecido em 27 de abril de 1990, após sofrer um fulminante infarto agudo do miocárdio quando conversava com ela, no amanhacer daquele dia triste, ainda deitados na cama do mesmo quarto em nossa velha casa de Alto Parnaíba, onde moraram desde o primeiro dia do casamento, realizado em 20 de janeiro de 1949.

Maria Dacy do Amaral Rocha teve onze filhos, três dos quais mortos ainda pequenos. Antonio Herbert (Bete), Elias Elton (Zeta), Plínio Aurélio, Humberto Hélio, Antonio Rocha Júnior, José Benedito (Tri), Clóris Alaíde e eu somos os que sobreviveram até a fase adulta, já que outro baque sofrido com imensa resignação e fé inabalável em Deus por minha mãe foi a passagem de três de meus irmãos, Júnior em 26 de março de 1992; Humberto em 30 de março de 2001; e Plínio, dois meses após, em 30 de maio de 2001, todos de morte súbita.

Mesmo cardíaca, a tudo ela enfrentou com extrema discrição, religiosidade cultuada no dia a dia, a cada momento da vida, fé inquebrantável na misericória infinita de Cristo, inclusive a mesma vida discreta como mulher de prefeito por dez anos, sem ostentações, sem cargos públicos, conduzindo com naturalidade a assistência social sem aparatos e sem verbas públicas, mantendo as portas de nossa casa abertas a todos do povo, independetemente de estar ou não o marido no poder, assim como a casa de São Luís, tratando a todas as pessoas com a mesma humildade e a mesma serenidade, ajudando no que fosse possível, encaminhando pleitos, atendendo sem discriminação.

Como disse no inicio, meus avós maternos tiveram 16 filhos, vindo ele a falecer em 1962, em Britânia, Goiás, e ela, com alzheimder, em 1985, em Porangatu, Goiás, onde morava com sua filha mais velha, Rita Edith Lopes do Amaral Rocha, a tia e madrinha Ritinha. Além desta, os outros irmãos de minha mãe são: Maria Magnólia Lopes do Amaral (Magui), Salatiel Lopes do Amaral, Luís Antonio Lopes do Amaral (já mortos), Maria Stela do Amaral Paiva e Silva, Maria do Socorro do Amaral Nogueira, Waldemar Lopes do Amaral Brito (falecido), Maria Zulmar do Amaral Soares, Maria José do Amaral Camapum (a tia Zezé), Nilson do Amaral Brito (falecido), Paulo de Tarso Lopes do Amaral (desencarnado), Maria Luiza Margarida do Amaral Avelar, José Elisson Lopes do Amaral (morto), Alair Maria do Amaral Lopes (falecida - era minha madrinha de batismo) e Ana Alaíde Amaral de Carvalho Nunes, a tia Alaidinha.

Entre 1966 e 1998, minha mãe exerceu o cargo de escrivã, tabeliã de notas e oficial do registro civil do Cartório do 2º Ofício da comarca de Alto Parnaíba, período em que, por algumas vezes, foi a escrivã eleitoral da 11ª zona do Maranhão, marcando sua atuação com honestidade e extremo cuidado com a missão pública.

De Júnior, que era casado com Tânia Maria Viana Rocha, minha mãe tem suas duas primeiras netas, Maria Dacy Viana do Amaral Rocha Pacheco, advogada e servidora pública federal, esposa de André Pacheco, e Ana Alayde do Amaral Rocha Mendes, jornalista, casada com Alyssson Fabiano Mendes, residentes em Brasília, além de Ana Carolina, filha de Clóris com José Damasceno Nogueira Filho, e de Ana Dacy, minha filhinha com cinco anos, havida com minha esposa, Veronice Fonseca do Amaral Rocha.

Amiga da família de meu pai, de quem meu avô materno era primo legítimo, minha mãe tem o carinho e o respeito dos membros da família Rocha, que a tratam com especial atenção, assim como da grande maioria da população da comunidade a quem ela se dedicou a vida inteira, sem holofotes e sem verbas públicas, como na implantação de nossa primeira creche casulo, em 1988, na construção do templo atual da Igreja matriz de Nossa Senhora das Vitórias, no final da década de 1960, na distribuição de bolsas de estudo para estudantes carentes de nosso antigo ginásio, dentre outras medidas que ela tomava com elevado espírito público de solidariedade humana.

Mesmo com Alzheimer, os seus filhos e demais parentes, como Santana, com meus pais desde o casamento deles, se encontram sempre ao seu lado, cuja simples presença já nos aproximam um pouco mais da paz e de Deus.

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