terça-feira, 3 de abril de 2012

90 ANOS DE ANTONIO ROCHA FILHO

Se ainda neste plano terrestre, Antonio Rocha Filho, ou apenas Rochinha como era conhecido e tratado por familiares e amigos, teria completado noventa anos de idade no dia 1º de abril de 2012. Mas, infelizmente, meu pai desencarnou há vinte e dois anos, em 27 de abril de 1990, vítima de um infarto agudo do miocárdio às seis horas da manhã do dia mais triste de minha existência, quando ainda estava deitado ao lado de minha mãe e sua esposa e companheira por quarenta anos, Maria Dacy do Amaral Rocha.
Ex-Prefeito Corintho Rocha, Coronel Moraes (do Piauí), então Prefeito Antonio Rocha Filho, ex-Prefeito José Soares (Zuza), Josué José Nogueira (ex-Prefeito de Corrente/PI) e o então Vereador Raimundo Cosme de Oliveira (seu Neguim). Reunião na antiga Prefeitura de Alto Parnaíba, em 1968. Foto: arquivo da família.
Momento de lazer.
Inauguração da Chácara Flor do Tempo, no Morro do Rapadura, do Juiz Aluizio Ribeiro. Da esq p/dir: Aderson Amaral Brito; José Teixeira Coelho; Izidoro Rolim; Emery Brito; Lourival Lopes; Dr. Aluizio Ribeiro; Rochinha (atrás); Santa Castro Lustosa; Mariquinha Amaral; Ceir Pacheco (atrás), dona Leny Pacheco; Clóvis Vargas e Eurípedes Coelho. Foto: arquivo de Berilo Vargas.

Homem de fé, criado e educado em rígidos princípios morais, liberal e democrata na vida pessoal e pública, simples e atencioso no trato com todas as pessoas, eficiente administrador público com elevado espírito público, exíminio serventuário da Justiça, bom orador, de extrema facilidade para a escrita, esse vitoriense de Alto Parnaíba era o quinto filho de Antonio de Araújo Rocha e de Ifigênia do Nazareth Rocha, estudou apenas quatorze meses com seu primo, o poeta Luiz Amaral, e o restante do aprendizado, assim como seus irmãos, foi ultimado pela orientação paterna e pelo gosto ávido pela leitura.
Meu pai com minha mãe, a nora Tânia Viana Rocha e as netas com quem conviveu, Maria Dacy e Ana Alayde (no colo da mãe), filhas de Júnior.
De 1966 a 1970 e de 1983 a 1988, meu pai foi prefeito de Alto Parnaíba, realizando, com certeza absoluta, um dos melhores e profícuos governos do município, atuando em todas as áreas da administração pública ainda quando os recursos eram parcos e sem fundos especiais. As suas obras ainda desafiam os tempos e a memória de muitos que viveram aqueles idos prósperos e de moralidade com a coisa pública. A sua herança material foi mínima; o seu legado aos seus sucessores, o amor e o respeito à terra natal e ao próximo, o apego à prática da boa Justiça e ao cumprimento das leis, a fé inabalável em Deus e a busca permanente por seus ensinamentos, a humildade, a franqueza sem arrogância ou humilhação, a altivez sem subservivência, a honradez sem meio termo.

Também tabelião público de notas, escrivão judicial e eleitoral, advogado provisionado, maçom (um dos fundadores e venerável da loja maçônica Harmonia e Trabalho), comerciante, garimpeiro, dono de açougue e pecuarista e fazendeiro, Antonio Rocha Filho viveu a vida sem jamais usar do poder para corromper ou se corromper, para ameaçar, maltratar ou amedrontar nem seus adversários de campanha, pois, finda a eleição, extinguiam-se as adversidades passageiras. Não tinha inimigos, nunca mandou prender, ao contrário, primava pela liberdade; nunca tomou terra de ninguém, distribuiu e legalizou muitas pequenas propriedades aos nossos homens e mulheres do campo.
Visita do casal Sarney a Alto Parnaíba. Esq p/dir: dona Filomena Lustosa de Alencar (então primeira-dama de Santa Filomena); dona Marly Sarney (primeira-dama maranhense); dona Maria Eulina Soares; dona Alair Lopes; dona Joana Mascarenhas; dona Dacy Rocha (primeira-dama de Alto Parnaíba) e dona Madalena Amaral. Arquivo de Lindolpho Almeida.

Na Prefeitura, abriu estradas, construiu pontes e praticamente todas as escolas municipais - da cidade foram todas (algumas reformadas), além do prédio do antigo Cecap e ampliação da escola estadual Vitorino Freire, além da implantação de nossa primeira creche. Na saúde, ampliou e centro de saúde (posto) e colocou o hospital municipal para funcionar plenamente com cinco médicos, uma enfermeira formada, técnicos em enfermagem, dois dentistas, sala cirúrgica, laboratório e raio-x. Nas comunicações, a instalação definitiva da televisão no município. Na assistência social, a merenda escolar com fartura, cestas básicas a todas as familias. No saneamento e urbanismo, o calçamento de ruas, a construção de praças e do cais e paredão no rio Parnaíba que colocaram fim às enchentes que invadiam a parte baixa da cidade. Na segurança, reformou e ampliou a antiga delegacia de polícia e construíu o prédio na praça central onde por aproximadamente quinze anos funcionou o fórum da comarca, depois demolido injustificadamente. Ampliou, cascalhou, cercou e construiu as instalações do aeroporto municipal, hoje descredenciado pelo governo federal. Nomeou e conseguiu empregar dezenas de pessoas, deu impulso à agricultura em grande escala, enfim, a história não mente. Não perseguiu, não ficou rico com o dinheiro público, não tripudiou sobre quem quer que seja. Era um homem da construção e da paz, da lealdade, da verdade e de uma integridade que até os adversários jamais lhe negaram o reconhecimento.

Rochinha, de estatura média, era um homem universal que jamais abandonou a sua província e seu povo. Sem fugir à lealdade política, nunca encontrou barreiras ou entraves nos gabinetes de Brasília e São Luís em busca de obras e recursos para Alto Parnaíba. Como filho posso até ser suspeito em dizer tudo isso, mas como cidadão alto-parnaíbano e seu discípulo, não poderia negar a verdade dos fatos. Meu pai e o homem público Antonio Rocha Filho fazem muita falta. A saudade continua a castigar-me o coração. É a vontade do Cristo.
Na casa de meus pais: Foto 1 - Luiz Rocha, dona Marly Sarney, João Castelo, Plínio Rocha (atrás), José Sarney, Rochinha, Josemar Bastos (Mazim - atrás), coronel Eurípedes Bezerra, (um que não reconheci) e Oséas Amaral. Arquivo de Lindolpho Almeida. Obs: as garrafas são da mais pura cajuína cristalina alto-parnaibana; 2 - Homerino Segadilha, Atualpa Brito, Décio Rocha, Adalci Gomes, Plínio Rocha, Corintho Rocha, (uma pessoa que não estou me recordando), José Mascarenhas, deputado Sarney Filho, Zoroastro Soares, Estevam Robinson Dias (Rubim - atrás), Rochinha, deputado Raimundo Leal e Osvaldo Lira, em evento na praça coronel Adolpho Lustosa, em Alto Parnaíba; 3 - Professora Delite Avelino, Rochinha, Izidorinha Rocha, (uma pessoa que não me recordo), Mataparte Cavalcante e Corintho Rocha. Inauguração da Escola Municipal Marly Sarney no segundo mandato de meu pai; 4 - Rochinha, Décio (atrás), Célia Amaral, Vera Lúcia Amaral Silva, Ritinha Rocha, Mataparte Cavalcante de Bragança, Carlos Jorge Corrêa dos Santos e Ivan Brito Filho, na inauguração da primeira creche de Alto Parnaíba, em 1988; 5 - Desfile de 7 de Setembro, o Prefeito Rochinha fazendo seu pronunciamento; 6 - Meu pai e seus colegas de infância nos idos 1930. Meu pai é o segundo na primeira fila (de baixo para cima); 7 - Delite Avelino, Plínio Rocha, Rochinha, e o ex-vereador José Martins dos Santos (seu Zequinha); 8 - Delite Avelino, Wille Mascarenhas, Rochinha, Izidorinha Rocha e seu Zequinha. Inauguração da escola Marly Sarney, assim como a acima. 9 - Posse de meu pai em seu segundo mandato de prefeito em 02 de fevereiro de 1989. Em pé: vereadores Antonio Rocha Neto e Cleiton Amaral, Rochinha, dona Dacy Rocha, vereador Luís Luna Brito Alves, vice-prefeito José Ribamar Nogueira Almeida, vereador Itamar Vieira e Plínio Rocha. Sentados: Professora Maria de Lourdes Rocha, Joaquina Alves, Pastor Adolfo Azevedo e Pastor Arthur (e uma pessoa que não me recordo); 10 - Décio, Rochinha, Francisca Pires de Araújo Brito, dona Gentileza Brito Bastos, professora Maria de Lourdes Rocha, professora Delite Avelino e Domingos Barros, na visita de amigos em um dos aniversários de meu pai em nossa velha casa de Alto Parnaíba; 11 - Rochinha em entrevista, em seu primeiro governo municipal, a uma repórter de um jornal de São Luís; 12 - Rochinha aos 20 anos, no Recife; 13 - Décio, Plínio Rocha, Rochinha, Carlos Jorge Santos, Manoel Brito Bastos (atrás), Sarney Filho e outros; 14 - Mataparte Cavalcante, Wille Mascarenhas (atrás) e Rochinha.

Imagens abaixo: 1 - meus pais; 2 - meu pai; 3 - meu avô paterno; 4 - Durante visita do então Governador José Sarney a Alto Parnaíba em 1968, quando prefeito Rochinha. Da esq p/dir: ex-deputado Albérico Ferreira (tio de Sarney); ex-Governador Luiz Rocha; Rochinha; Aderson Lustosa do Amaral Brito; ex-Prefeito Corintho Rocha; José Sarney e ex-Prefeito Luiz Gonzaga Lopes; 5 - No centro, dona Marly e José Sarney; Luiz Rocha (atrás); Rochinha e o ex-Governador e atual Prefeito de São Luís João Castelo. As duas últimas fotos são do arquivo de Lindolpho do Amaral Almeida.

3 comentários:

  1. Essa crônica que li agora pouco,direcionada ao sr Rochinha,escrita pela sua prole,o que posso dizer e que o sr Rochinha era mais do que foi descrito,ele tinha um grande respeito pelas crianças,lembro bem de quando ele foi eleito no seu premeiro pleito,ele era muito amigo do meus pais,ele ia na minha casa dizia para que eu votasse nele que ele ia me dar um carrinho de brinquedo,eu so tinha 12 anos lembro muito bem de quando disse pra mim que ia construir uma praça com coreto,eu nem sabia o que era coreto,e a praça seria cercada para os jumentos que ficavam na rua não sujarem com seus escrementos,essa fotografia eu muito me recordo dessa imagem,eu estava la no momento em que foi tirada,eu e meu amigo Plinio estavamos ali bem proximo mas não nos deixaram sair na fotografia.
    Dr Decio um grande abraço.

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  2. Exemplo de vida!
    Um avô amoroso e dedicado com suas netas.
    Sempre vai ficar a saudade do tempo em que sentava em seu colo e dormia tranquilamente.
    Será sempre um avô querido do meu coração.

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  3. Saudades do meu vovô...
    De nossas conversas intermináveis, de sentar em seu colo, dos bolinhos de Amanda, das papinhas de maisena, dos bejus sequinhos... as lembranças são tantas, e tão puras!
    Amo muito esse avô.

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