Com iniciativas da população, a legislação eleitoral brasileira tornou-se mais democrática, mais rigorosa, mais atual. Infelizmente, onde o internacionalmente conhecido Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral foi criado, no município sul maranhense de Alto Parnaíba, o abuso do poder político pelo atual prefeito, candidato à reeleição pelo PSDB, não me permite o silêncio.
Na busca desesperada por mais um mandato, o prefeito, demonstrando não temer represálias da lei, ou alguém a ele ligado simplesmente"manda tirar o nome de A ou de B da folha de pagamento", sem o mínimo formalismo ou previsão legal, e sempre o motivo é o mesmo: a suspeita de que aquele servidor não será seu eleitor. Sem rescisão formal, um cidadão já idoso, vigia contratado pela Prefeitura para trabalhar no hospital público (funciona apenas o ambulatório) desde a administração anterior, deixou de receber o salário, cuja alegação para a demissão teria sido o fato de ter cobrado os salários atrasados ao prefeito e eventual simpatia pela candidatura da oposição a prefeito. Uma servidora estabilizada, concursada, com gratificação há muitos anos, ao ir receber seu salário no banco deparou-se com a suspensão da gratificação, legalmente incorporada ao salário. Motivo: o esposo da servidora havia participado de um grande comício da oposição na noite anterior. O filho de um empresário que recentemente aderiu à oposição, também teve seu pagamento suspenso. Razão: o pai decidiu não mais votar no atual prefeito.
Isso não é ficção. É a realidade nua e crua. E está acontecendo a cada momento, mesmo em pleno período de campanha eleitoral. Sei apenas do idoso primeiramente aludido acima que acionou a vara do Trabalho de Balsas, com audiência já marcada. É preciso que as pessoas prejudicadas procurem a Justiça, especialmente a Eleitoral. Esse abuso político não pode nem deve ser tolerado. As pessoas não devem temer a chantagem, a ameaça, a coação. É essencial que reajam, pois quem mantém o político "vivo" ou não é o eleitor, e o silêncio da cabine eleitoral é o foro mais importante à resposta a quem abusa, a quem se acha acima do bem e do mal, da lei e do direito. O Ministério Público Eleitoral precisa investigar. Esses fatos são públicos e notórios.
No entanto, a oposição não está inerte e permanece vigilante, não temendo tomar as providências permitidas pela lei. A eleição, para ser válida, precisa ser legal, limpa, honesta. O atual juiz eleitoral de Alto Parnaíba é capaz, rigoroso sem ser autoritário, e não se deixará intimidar. Quem viver verá, já vaticinava um velho político do Maranhão.