quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SALÁRIOS ATRASADOS



As chamadas diaristas contradas pela Prefeitura de Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, estão sem receber seus salários há três ou quatro meses, segundo notícia pública.

A maioria quase absoluta desses trabalhadores é formada por mulheres, pessoas simples do lugar, quase todas oriundas do campo, com pouca instrução, que deixou a roça para tentar uma vida melhor para si e suas famílias na cidade.
Imagem de Nossa Senhora das Vitórias. Desrespeito até nos festejos de nossa padroeira. Foto de meu arquivo pessoal.

Essas cidadãs brasileiras trabalham de sol a sol - no sol tropical de uma cidade ribeirinha do nordeste -, com 30º em média em determinados períodos do ano e pelo que consta, desde o início da atual administração do município, somente recebem por seu labor após dias ou meses de atraso, sem qualquer justificativa plausível e de respeito por parte do governo, humilhando-se na porta da Prefeitura dias a fio como se estivessem a pedir favor ao político e ao gestor.

O termo diarista vem de diária, ou seja, quem labora dessa forma o faz para receber no final do dia. Em Alto Parnaíba, não. As prioridades andam distantes do interesse público e do respeito à cidadania, à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho, mandamentos primeiros de nossa Constituição Republicana. Essas mulheres alto-parnaibanas estão passando por todo tipo de privação, a partir do alimento, cuja única fonte de renda é o do trabalho prestado à Prefeitura, varrendo ruas, limpando esgotos a céu aberto, carregando lixo, sem o direito sequer ao café da manhã ou a uma simples merenda, sem descanso algum.

Mulheres simplórias que, por timidez, temem até denunciar essa humilhação ao Ministério Público ou à Câmara de Vereadores. O certo é que o dinheiro da Prefeitura, que não é pouco, é aportado automaticamente quase todos os dias nas contas bancárias do município. Fica a indagação, aliada à indignação, já que é interesse comunitário: Por que o descaso? Vamos dar um basta a isso.

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