Às 18:30 horas de hoje, 19.11, faleceu em sua residência Tirzah de Araújo Rocha, ou simplesmente
Tizahinha como nós, os seus sobrinhos e amigos, a chamávamos.
Há dois anos convalescendo de um AVC, porém plenamente lúcida e após deixar o hospital, cercada pela única irmã viva, Júnia de Tarso Rocha e Aragão, por sobrinhos e vizinhos, minha tia Tirzah morreu serenamente, ouvindo, ao seu pedido, os salmos 91 e 23, lidos pela dedicada sobrinha Maria do Socorro Formiga Rocha.
Nascida em 20 de outubro de 1928, na mesma casa onde desencarnou, à margem do rio Parnaíba na então Victória do Alto Parnaíba, hoje por concepção político-administrativa apenas Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, Tirzah era o oitavo filho vivo - sem contarmos os que morreram crianças - de meus avós paternos, Antonio de Araújo Rocha e Ifigênia do Nazareth Rocha. Os outros irmãos eram: Elias, José Benedito, Izidora, Ritinha, Rochinha (meu pai), Corintho, Ben-Hur, Carmona e ainda viva Júnia, a caçula.
Minha tia
Tizahinha não se casou e nem teve filhos biológicos, criando dois sobrinhos como filhos, os irmãos Saulo Antonio, falecido neste ano, e Elias, o
Lila, deficiente mental, a quem dedicou os melhores anos de sua vida.
Sua irmã Júnia diz que ela era a advogada natural da família. É verdade. De temperamento forte, firme, direta, objetiva, inteligente, Tirzah acompanhou a vida pessoal, profissional e política do pai, irmãos e sobrinhos com a altivez e a coragem de enfrentar os momentos mais difíceis e as adversidades, pois nos dias festivos ela se esquivava recolhendo-se na solidão da velha casa secular onde seus pais iniciaram a vida em comum e onde todos os seus irmãos vieram ao mundo, onde apenas o som quase impercetível do
Velho Monge descendo em busca do mar era a sua companhia.
Tirzah com a sobrinha-neta Emylenne de Mesquita Rocha, filha de Saulo Antonio.
Conselheira e amiga sem ser subserviente, sabia aplaudir assim como cobrar dos parentes, especialmente dos sobrinhos, sempre visando o bem, o melhor, o caminho de paz, de trabalho honrado, de respeito ao próximo, de decência e de amor a Deus.
Membro ativa da Igreja Batista desde criança, Tizahinha não tinha vaidades, não acumulou riquezas, não exigia luxo, ao contrário, viveu com a humildade de Jó e a fé de Paulo ao enfrentar doenças, mortes dos ente queridos, amor à família, carinho e dedicação aos deserdados da sorte.
Ela fará falta. A sua velha casa era o local do encontro da família numerosa, que, em torno dela, a convivência era mais fraterna. alegre e permanente. Esse o legado de Tirzah de Araújo Rocha, a tia interiorana, bondosa, justa, coerente, amiga. O meu adeus e o meu carinho eterno.
Foto: arquivo de Maria do Socorro Rocha.