quarta-feira, 30 de novembro de 2011

EM ALTO PARNAÍBA, MATADOURO SEM VETERINÁRIO

Por incrível que pareça, mesmo após meses da homologação do último concurso público realizado pela Prefeitura de Alto Parnaíba, no sul maranhense, o matadouro público municipal permanece sem veterinário, não tendo sido nomeado os aprovados ou classificados no aludido certame até o momento. Na última segunda-feira, o noticiário Bom Dia Brasil, da Rede Globo, exibiu matéria sobre as péssimas condições de funciomento da quase totalidade dos matadouros públicos no interior de Pernambuco, levando a coordenadora da vigilância daquele estado a sugerir o fechamamento de 240 desses matadouros, onde um dos principais problemas é a falta de veterinário, essencial para a análise dos bois abatidos e a qualidade da carne, ou seja, se o produto tem condições ou não de ser consumido pelo ser humano. Em Alto Parnaíba a situação não é diferente. Além de inexistir veterinário, a carne é transportada para os açougues em veículo que não teria condições necessárias de higienização e preservação do produto que é consumido pela maioria absoluta da população. Um outro problema crônico desde a inaguração do matadouro: a falta de saneamento e condições mínimas sanitárias para o seu funcionamento. Ali, urubús e o lixo acumulado servem de paisagem, já integrados ao local do abate da carne nossa de cada dia. As víceras são tratadas sem o mínimo de cuidado com a saúde de quem se aventura nessa tarefa nem sempre gratificante.
Em 01.02.2011, o PDT, diretório municipal de Alto Parnaíba, protocolou representação para a interposição de ação civil pública ou outras medidas administrativas e judiciais, petição assinada pelo presidente Wladimir Brito Rocha, ao Promotor de Justiça, em que denuncia os mesmos fatos aqui relatados. Não tenho notícias se alguma providência tenha sido tomada.
Fotos: Léo Nogueira

domingo, 27 de novembro de 2011

EU NÃO ME VENDO. EU NÃO ME ENTREGO.

Quando criei esse espaço, a minha intenção era, como continua a ser a de divulgar com fatos e dados as notícias, os acontecimentos, a história, o presente e as perspectivas de futuro da terra onde nasci, vivo e trabalho, o município sul maranhense de Alto Parnaíba. Permaneço como d'antes!

Envolvido no movimento estudantil desde o antigo ginásio, quando o Brasil ainda estava mergulhado na escuridão da ditadura militar de 1964, e depois na universidade, confesso que continuo com a mesma convicção - o maior mal do país é a corrupção e a sensação de impunidade dos corruptos.

Nesse aspecto não mudei. Engordei e os cabelos estão embranquecendo, mas a resistência de adolescente à ditadura é a mesma contra o desvio do dinheiro público, que atrasa um povo, infelicita uma comunidade, maltrata a humanidade como criação de Deus, pavimenta o incentivo a outros crimes, gera o caos, desestabiliza a economia local e o desenvolvimento social.

Nunca exerci cargo eletivo ou mesmo de confiança na administração pública. Perdi uma eleição para prefeito, em 2000, em Alto Parnaíba. Era a vontade soberana do povo. Na época, combati a compra de votos, a esmola com o dinheiro público corrompendo a consciência de pessoas desprovidas de recursos financeiros mínimos para a própria sobrevivência. Fui a praticamente todo o município e alertei o povo sobre o perigo de permanecermos votando e ao mesmo tempo reféns de um populismo chulo, barato, desinteligente, que privilegiava, como privilegiou meia-dúzia de apaniguados e não promoveu nenhuma mudança positiva na vida dos alto-parnaibanos e na administração pública. O movimento de 1988 é o grande causador da sensação de impunidade dos corruptos e da busca da riqueza fácil com o dinheiro da população de Alto Parnaíba, como se tudo isso fosse a coisa mais natural do mundo.

Não sou santo. Sou um ser humano de carne e osso e, portanto, com defeitos, fraquezas, virtudes e resistência. Entretanto, aos navegantes de maré baixa, viciados em cargos fictícios e dinheiro público, que muitas vezes mudam apenas a pele e aos ingratos de plantão, a única certeza: nenhum laço consaguineo ou de amizade me fará calar ou concordar por ação ou omissão com a corrupção e seus atores. Permaneço como sempre, resistente e na trincheira contra os mal feitos, os abusos, a impunidade, os maus tratos impostos impiedosamente à minha terra e sua gente.

Àqueles que fingem me desconhecer, a única certeza é a de que esses dias já são breves e tudo passará enquanto permanecerei como d'antes com o pensamento, os atos e as ações voltados para o combate sem trégua à corrupção, que desvia o dinheiro da merenda escolar, violena o direito consagrado à saúde, à educação, à moradia, aos transportes, à cidade limpa, ao saneamento, ao urbanismo, à assistência social, ao esporte como lazer, à cultura, ao emprego, ao agronegócio que emprega e propicia divisas e o bem coletivo.

Enfim, sem hipocrisia, sem sorriso forçado e sem medo, felizmente sou o mesmo de antes contra as mazelas que retardam o desenvolvimento de minha terra natal.

sábado, 26 de novembro de 2011

MP FISCALIZA USO DE CARROS OFICIAIS

O Promotor de Justiça da comarca de Tasso Fragoso, no sul do Maranhão, Sílvio Mendonça Ribeiro Filho, recomendou no último 1º de novembro ao prefeito Antonio Carlos Rodrigues Vieira, determinados e necessários cuidados com a frota de carros oficiais daquele município, localizado à margem do rio Parnaíba e a 984 km de São Luís, devendo encaminhar à promotoria, em 30 dias, as providências tomadas para o atendimento das solicitações. O Ministério Público do Maranhão também encaminhou cópias do mesmo documento à Câmara Municipal e à Polícia Militar de Tasso Fragoso.

O documento do MP sugere, dentre outras medidas, a confecção de planilha com dados dos veículos, horários em que estão prestando serviços públicos, autorização expressa da Prefeitura para viagens, uso de combustível, relatórios com todas as informações, inclusive gastos e motoristas responsáveis. É a busca do controle em defesa do patrimônio público.

No vizinho município de Alto Parnaíba, uma ambulância da Prefeitura permanece se deteriorando no pátio do hospital público municipal Zuza Soares, conforme denunciamos aqui no blog. Outros veículos oficiais municipais são poucos. Os carros adquiridos pertencem ao prefeito Ernani Soares e filhos. O alcaide recebe 12 mil reais como chefe do poder executivo. É um ótimo salário. Entretanto, não seria suficiente para a aquisição de dezenas de veículos, a maioria luxuosa, em menos de três anos de governo. Aqui, no mais meridional dos municípios do Maranhão e com certeza o de pior administração pública, qualquer carro novo que chega o povo já diz: mais um do prefeito. Se qualquer pessoa quiser vender carro novo, usado, carroça, enfim, até carrinho de brinquedo, eles compram; pagar é que é difícil. Aqui, onde o belo Parnaíba nasce o MP quando agir não será para recomendar o uso correto dos carros oficiais, mas como usar, utilizar e destinar os veículos deles... Ora, isso seria incomum, mas desde que ao povo seja retornado o seu patrimônio, louvável Ministério Público!

Fonte: subsídios do Jornal Pequeno, de São Luis, versão eletrônica, de 25.11.2011.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CRÔNICAS PARA TIRZAH

Recebi essa bela crônica do jornalista, tradutor, professor e escritor vitoriense de Alto Parnaíba Berilo Vargas, radicado na cidade do Rio de Janeiro, a quem agradeço em meu nome pessoal e de toda a família Rocha, juntamente à sua irmã Maurina Vargas, por essa mensagem inesquecível sobre minha tia Tirzah de Araújo Rocha, que empreendeu a viagem natural e insubstituível no último dia 19 de novembro, pois seria egoísmo guardá-la apenas para a família.


O quase imperceptível murmúrio fluvial que fez companhia constante a Tirzah na velha casa da beira do rio repercutiu longe. Ontem tive vontade de conversar com alguém sobre a morte de sua tia e liguei para minha irmã Maurina em Brasília. Ela recebeu a notícia com espanto consternado. "Meu Deus, Tirzah!", exclamou, como se a morte tivesse levado precocemente a jovem que ela preservava na memória.


Depois li seu belo texto, falamos de Tirzah e de outros vitorienses dos tempos heroicos que já se foram, e ela lhe mandou um recado:"Diga ao Décio que fiquei muito sentida, e que seu texto me trouxe saudades de uma época e de pessoas que estão sempre guardadas lá no fundo da memória. Diga que me lembrei de Tirzah de luto, já não sei por quem. Dos seus óculos de lentes grossas. Do jeito blasé. Até da casa deles, que tinha um cheiro bom de beira de rio. Diga que cheguei a escutar o murmúrio do Parnaíba, e vi até as pedrinhas no raso".Também tive saudades, meu caro Décio. Tirzah faz parte de uma felicidade coletiva que também foi nossa. Mas a vida é assim, o desaparecimento de pessoas muito queridas é sempre um choque, um baque surdo, um vazio repentino. E, paradoxalmente, quanto mais idoso aquele que se vai, maior o silêncio, maior o vácuo da ausência: o fim, embora esperado por ser um imperativo biológico, nem por isso parece natural. Era alguém que estava conosco desde sempre, e qualquer coisa dentro de nós exige a continuação de sua presença. Só com o distanciamento do tempo a dor amortece.


Berilo me fez relembrar uma passagem descrita em prosa por nosso poeta-maior, o imortal Luiz Amaral, que, chegando de uma viagem cansativa em lombo de burro do garimpo de Boqueirão, no municipio piauiense de Gilbués, onde estava estabelecido com a esposa, tia Zenade, familiares e numerosos amigos que nunca abandonou, e hospedando-se na velha casa ribeirinha de meus avós na margem do seu cantado e encantado Velho Monge, ansioso para madrugar no bar e clube Victória de Ivan Brito, com a santa impaciência que Deus lhe deu, forçado pela prima Tirzah ele teve que retornar à hospedagem e, perdidas algumas partidas de sinuca, deixar como legado, assim como Berilo, a prosa-crônica intitulada Sinuca, pimeiramente escrita a mão no álbum de minha tia.


Eu tenho que jogar na bola 'ás'...
mas a 'sete' me priva de o fazer.
Sinuca igual, Tirzá, você me faz
pedindo-me que escreva sem saber.


Eu bem conheço e não censuro mais
esses caprichos próprios da mulher.
Quando ela quer... impõe, não volta atrás.
Que doa o seu pedido a quem doer!...


Ou 'cegar'...ou a 'branca' na caçapa...
De sinuca tamanha quem escapa
Realmente, Tirzá, não sei... não sei...

Aperto como este, só se vendo!
Mas... vamos ver - que o 'tempo' está crescendo...
Joguei na bola 'sete'... suicidei...

O soneto Sinuca está publicado na obra Meu Livro, de Luiz Amaral, à pág. 75.

FALTA DELEGADO NO MUNICÍPIO

Um dos delegados de polícia de Balsas responde ao mesmo tempo pela delegacia de polícia civil do município de Alto Parnaíba, a 246 km de distância. É humanamente impossível que ele consiga desempenhar ao mesmo tempo essas atribuições em lugares diferentes. É o velho Maranhão de tantas mazales e políticas governamentais equivocadas, agora imitado pelo vizinho Piauí, não menos maltratado, nessa questão. Em Santa Filomena, o delegado é o mesmo de Corrente, cujo famoso carreiro para Gilbués dispensa comentários, aumentando a distância no minimo no dobro do normal. Em Alto Parnaíba, no sul maranhense, até os flagrantes, boletins e termos circunstanciados de ocorrências teriam que ser remetidos a Balsas para o processamento final pela autoridade policial. Os inquéritos da mesma forma. A polícia militar prende, mas, sem a autuação do flagrante, que é o processo legal, tem que soltar. Com isso, matar o próximo ficou mais fácil, ante a sensação de impunidade que reina no muncípio, e qualquer um pode facilmente constatar esse fato notório. Traficar drogas ilegais e propagar o seu uso por crianças e adolescentes, o que tornou-se indiscriminado em minha terra natal, da mesma forma. E assim por diante.

O governo do Maranhão nada diz ou se sente blindado. Uma liminar concedida pelo ex-juiz de direito da comarca de Alto Farnaíba, Franklin Silva Brandão Júnior, atendendo a pleito do Ministério Público estadual nos autos de uma ação civil pública, que obrigava a Secretaria de Segurança Pública a nomear delegado de carreira para o nosso município foi revogada pelo Tribunal de Justiça. É um abuso - todos sabemos - que tende a se perpetuar.



Foto: Rafael Rocha

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CASOS DE LESHIMANIOZE EM ALTO PARNAÍBA

A leshimaniose é uma doença transmitida pela picada do mosquito pólvora. Existem vários tipos da doença e suas causas e efeitos também se diversificam.

Segundos informações não oficiais, já que a Prefeitura de Alto Parnaíba se silencia sobre tudo o que é verdadeiramente de interesse público, alguns casos de leshimaniose teriam sido diagnosticados na cidade sul maranhense. Conheço um caso concreto do que seria leshimaniose através de ferida cutânea, em que a paciente terá que receber oitenta injeções ou vacinas.

Esse tipo de doença é comum em palafitas e em cidades sujas de países subsenvolvidos e mesmo em metrópoles europeias onde o lixo prolifera, como na Itália. Em Alto Parnaíba, a proliferação de cães (cachorros) com sinais de calazar abandonados ou praticamente abandonados perambulando pelas ruas da cidade sem tratamento, além de ratos é fato notório, em comum com a sujeira de suas ruas, o que é visível e independe de comprovação, tudo isso aliado a esgotos a céu aberto, à obra inacabada e danosa da Codevasf na implantação do sistema de esgotos sanitários, o lixo doméstico acumulado nas ruas pela ineficiência absoluta da Prefeitura em seu recolhimento, os bueiros e galerias sem limpeza, a água da chuva que invade avenidas, ruas e praças levando consigo o mato, a lama, o lixo, a imundice.
Não se pode negar que muitos proprietários de imóveis não cuidam adequadamente da higienização e limpeza de suas propriedades, a começar pelos quintais comuns em cidades do interior brasileiro.

No mais, a preocupação maior pela certeza absoluta que tenho, o que é compartilhado pela maoria da população, de que a atual administração municipal de Alto Parnaíba permanecerá omissa, silenciosa, o que é grave e não mais tolerável, deixando de lado por completo as necessidades públicas da comunidade.

Imagens: Rafael Rodrigues Brito

sábado, 19 de novembro de 2011

A MORTE DE TIRZAH ROCHA

Às 18:30 horas de hoje, 19.11, faleceu em sua residência Tirzah de Araújo Rocha, ou simplesmente Tizahinha como nós, os seus sobrinhos e amigos, a chamávamos.

Há dois anos convalescendo de um AVC, porém plenamente lúcida e após deixar o hospital, cercada pela única irmã viva, Júnia de Tarso Rocha e Aragão, por sobrinhos e vizinhos, minha tia Tirzah morreu serenamente, ouvindo, ao seu pedido, os salmos 91 e 23, lidos pela dedicada sobrinha Maria do Socorro Formiga Rocha.

Nascida em 20 de outubro de 1928, na mesma casa onde desencarnou, à margem do rio Parnaíba na então Victória do Alto Parnaíba, hoje por concepção político-administrativa apenas Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, Tirzah era o oitavo filho vivo - sem contarmos os que morreram crianças - de meus avós paternos, Antonio de Araújo Rocha e Ifigênia do Nazareth Rocha. Os outros irmãos eram: Elias, José Benedito, Izidora, Ritinha, Rochinha (meu pai), Corintho, Ben-Hur, Carmona e ainda viva Júnia, a caçula.

Minha tia Tizahinha não se casou e nem teve filhos biológicos, criando dois sobrinhos como filhos, os irmãos Saulo Antonio, falecido neste ano, e Elias, o Lila, deficiente mental, a quem dedicou os melhores anos de sua vida.

Sua irmã Júnia diz que ela era a advogada natural da família. É verdade. De temperamento forte, firme, direta, objetiva, inteligente, Tirzah acompanhou a vida pessoal, profissional e política do pai, irmãos e sobrinhos com a altivez e a coragem de enfrentar os momentos mais difíceis e as adversidades, pois nos dias festivos ela se esquivava recolhendo-se na solidão da velha casa secular onde seus pais iniciaram a vida em comum e onde todos os seus irmãos vieram ao mundo, onde apenas o som quase impercetível do Velho Monge descendo em busca do mar era a sua companhia.



Tirzah com a sobrinha-neta Emylenne de Mesquita Rocha, filha de Saulo Antonio.



Conselheira e amiga sem ser subserviente, sabia aplaudir assim como cobrar dos parentes, especialmente dos sobrinhos, sempre visando o bem, o melhor, o caminho de paz, de trabalho honrado, de respeito ao próximo, de decência e de amor a Deus.

Membro ativa da Igreja Batista desde criança, Tizahinha não tinha vaidades, não acumulou riquezas, não exigia luxo, ao contrário, viveu com a humildade de Jó e a fé de Paulo ao enfrentar doenças, mortes dos ente queridos, amor à família, carinho e dedicação aos deserdados da sorte.

Ela fará falta. A sua velha casa era o local do encontro da família numerosa, que, em torno dela, a convivência era mais fraterna. alegre e permanente. Esse o legado de Tirzah de Araújo Rocha, a tia interiorana, bondosa, justa, coerente, amiga. O meu adeus e o meu carinho eterno.

Foto: arquivo de Maria do Socorro Rocha.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DELEGACIA QUASE SEM ESTRUTURA

A casa onde funcionam a delegacia de polícia civil e o comando local da Polícia Militar do Maranhão em Alto Parnaíba, a 1.080 km de São Luís, é uma das mais antigas ainda existentes na cidade sul maranhense, que pertence ao patrimônio do município e já serviu para o serviço público em geral, escola, loja maçônica, a primeira creche e até um antigo salão de barbeiro.
Como o Estado do Maranhão pouco ou quase nada constrói ou investe em Alto Parnaíba, para funcionar a polícia necessita da colaboração da Prefeitura, que nem sempre atende a questões de segurança pública, por acreditar que não é obrigação sua e sim do estado-membro como se a questão segurança não interessasse direta e essencialmente à população da comuna interiorana, mas mantém um prédio de sua propriedade cedido gratuitamente ao governo maranhense para que a estrutura mínima das polícias civil e militar ali tenham um endereço e funcionem - quase precariamente -, além de uma contribuição para a alimentação dos policiais.
Também, justiça seja feita, a Prefeitura disponibiliza um servidor estável seu como escrivão da polícia civil à disposição da Secretaria de Segurança Pública e sem qualquer contrapartida salarial ou de qualquer outra natureza desta ao zeloso funcionário público, o que perdura há mais de 25 anos, além de uma cozinheira no quartel.

Mesmo pouco, mas a participação da Prefeitura talvez seja a responsável ainda pelo funcionamento das duas polícias no município.
Quanto à estrutura de espaço de duas pequenas salas onde funciona a delegacia chega a ser um local praticamente insalubre para a permanência do ser humano em suas dependências em qualquer horário do dia, especialmente em dias quentes como na tarde de ontem, quando presenciei a calçada da delegacia cheia de pessoas que procuravam algum direito nesse indispensável órgão público.A polícia civil agora mantém um investigador na cidade, mas mesmo assim a sala do delegado e de audiências possui um espaço mínimo, sem ar condicionado, sem internet, sem telefone, sem possibilidade de que algum depoimento sigiloso seja colhido ou mesmo que uma testemunha receosa em face de crimes brutais não sinta medo de falar com o réu ou familiares seus ouvindo do lado de fora. No mais, ainda mais grave, os depoimentos quase sempre são tomados na sala do escrivão, cuja porta dá diretamente para a rua.

Antiga delegacia (mantém o nome na porta), hoje a cadeia com alguns presos, cujo alento é o de permanecerem próximo à primeira igreja da cidade.


Desse jeito é difícil para as polícias trabalharem melhor. Hoje, felizmente o município de Alto Parnaíba possui um bom contigente da PM, sob o comando do 1º sargento Josickeber Oliveira Silva, prudente, inteligente, diligente e enérgico sem ser violento, conquistando a admiração e o respeito populares, o que é raro quando se trata de policial. Também a civil destacou um experiente investigador, que de fato conduz a delegacia, possui bom relacionamento com os policiais fardados e encaminha com todas essas dificuldades casos de violência que se amontoavam em inquéritos, TCos e BOs não concluídos na mesma sala do delegado, onde o espaço para uma única pessoa já é insuficiente.



É preciso que o governo do Maranhão entenda que o município de Alto Parnaíba faz divisas com três estados brasileiros, com vasto território, banhando por um grande rio, localizado em uma das mais prósperas regiões econômicas do país com pessoas vindas de todas as regiões do Brasil, inclusive bandidos que estão fugindo das grandes metrópoles para o interior promissor do nordeste. Necessitamos não apenas de um prédio condizente para o funcionamento da delegacia de polícia, com tecnologia que possa identificar com mais agilidade um simples suspeito que aparece no município, pessoal e toda a estrutura necessária, mas também de um quartel da PM mais amplo, com acomodações dignas, alimentação adequada, mais policiais, enfim, o Estado deve assumir suas responsabilidades, com a vigilância permanente do Ministério Público maranhense.


Fotos: Rafael Rodrigues Brito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ALTO PARNAÍBA E A REPÚBLICA

Quando o hoje município de Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, foi fundado em 1866 com o nome de Frequesia de Nossa Senhora das Victórias, o Brasil ainda vivia sob o regime monárquico e a região então centralizada em Parnaguá era dominada politicamente por aliados incondicionais e amigos pessoais do Imperador Pedro II, parentes de seu primeiro-ministro, João Lustosa da Cunha Paranaguá, o Marquês de Paranaguá, os irmãos destes, tenente-coronel José Lustosa da Cunha, o Barão de Santa Filomena, e coronel José da Cunha Lustosa, o Barão de Paraim.


Daí que o advento da República favoreceu politicamente os desbravadores e fundadores de Alto Parnaíba, que mesmo parentes dos barões, tornaram-se desafetos destes em razão da conquista do território e posterior emancipação política de Alto Parnaíba, cujo clima de intranquilidade era permanente com ameças de ambos os lados.

Findo o baronato e outros titulos de nobreza comuns à monarquia, os republicanos, com origem comum no regime derrubado com extrema facilidade em face da frágil saúde física e política de Pedro II, apressaram em ampliar a outorga de um outro título com intuito parecido, mesclado com o militarismo, temerosos com a fragilidade da federação especialmente no vasto interior do país.

A guarda nacional atingiu o Brasil rural e seus oficiais, sem preparação militar, eram os chefes políticos de cada vila ou pólo regional. Em Victória do Alto Parnaíba não foi diferente. Segundo o Diário Oficial da União em sua edição de 25 de março de 1893, pág. 2, seção 1 (disponibilizado no google), o 88º batalhão de infantaria sediado no hoje município de Alto Parnaíba, ali com a inscrição comarca do Alto Parnahyba, era comandado pelo tenente-coronel Samuel Lustosa de Britto, o primeiro prefeito do regime republicano e filho do fundador de nosso município, Cândido Lustosa de Britto, mantido juiz municipal também no novo regime político. O major fiscal era Moysés Lustosa de Britto, irmão de Samuel; os capitães-assistentes, Absalão José do Amaral Britto - sobrinho do coronel Antonio Luiz do Amaral Britto, futuro vice-governador maranhense e o principal líder da região do Alto Parnaíba na República - e Manuel Victorino da Paixão; e os capitães-assistentes de ordens, Cornélio Lopes de Andrade e Josias Francisco de Araújo. Esses e outros, incluindo alguns de Santa Filomena, foram nomeados anteriormente para comporem a guarda nacional por portaria do vice-presidente dos Estados Unidos do Brasil, marechal Floriano Peixoto, dentre os quais o capitão David Lustosa de Britto, também irmão de Samuel e padrasto de meu avô paterno, Antonio de Araújo Rocha, e o tenente-coronel Carlos Lustosa da Cunha, filho do Barão do Paraim e genro do tio, o Barão de Santa Filomena, já que casado com Filomena Lustosa da Cunha, única filha do chefe regional com a esposa legítima.

Era o poder político dominante de Cândido, seus descendentes e aliados, mas que não se restringiu à família dele, ao contrário, os sobrenomes históricos mostram que o poder não era absoluto e até o que chamamos hoje de Prefeitura era um colegiado ou Conselho Municipal, presidido por um intendente (prefeito) e composto por conselheiros e vereadores. Várias famílias seguiram o fundador de Alto Parnaíba em sua corajosa empreitada de sediar e povoar um imenso território, descentralizando-o política, administrativa e economicamente do poder monárquico regional, o que contribuiu para um início de prosperidade e desenvolvimento para a nossa terra, mesmo distante dos grandes centros urbanos e do poder político estadual e nacional. como a navegação pelo rio Parnaíba desde os portos de Victória e Santa Filomena até Teresina, a estrada para o sal ligando-nos por terra ao norte de Goiás e de lá ao restante do país, a primeira escola estadual, a vinda do primeiro médico e instalação de um pequeno posto de saúde.

Samuel Lustosa de Britto nasceu em 16 de novembro de 1856, 33 anos antes da proclamação da República, faleceu em 1931 e deixou uma imensa descendência, já que, entre esposas legítimas ou não, teve cinco mulheres, que geraram muitos filhos seus. Acredito que ele não tenha mais nenhum filho vivo. Acho que o último ou um dos últimos a morrer, já bastante idoso, foi Moyses Lustosa de Britto, filho dele com a terceira esposa, Guilhermina Lustosa do Amaral Britto, um dos fundadores do próspero município de Gurupi, hoje estado do Tocantins, e empresário de sucesso nos anos 1950 e 1960. Em Santa Filomena e Alto Parnaíba ainda vivem netos de Samuel, que são os seguintes se a memória histórica não me trair com algum nome. No lado do Parnaíba piauiense: Maria Salvadora Lustosa Nogueira Duailibe e Damasceno Lustosa Nogueira (filhos de Maria do Amaral Nogueira, Santa); na outra margem do Velho Monge: Laide do Amaral Brito Alves (filha de Hamilton Lustosa de Britto, Mitim); Ana Joaquina Carvalho de Brito (Quininha); Prestes Carvalho de Brito e Siqueira Carvalho de Brito (filhos de Luiz Carvalho Lustosa de Britto); Samuel Moreira Brito (filho de Odino Lustosa de Britto), além de bisnetos e trinetos. Uma curiosidade depois de mais de um século: a avó paterna do atual prefeito de Alto Parnaíba, Ernani do Amaral Soares e de seu antecessor, Ranieri Avelino Soares, dona Maria Eulina de Carvalho Brito Soares era filha de Luiz Carvalho Lustosa de Britto e de Victória Lustosa de Britto, portanto, neta tanto de Samuel como de Cândido, já que o pai era sobrinho da mãe.


Samuel Lustosa de Britto. Foto do arquivo do historiador Lindolpho do Amaral Almeida.


Em Gurupi, Goiânia, Brasilia e outras cidades pelo país, inúmeros outros descendentes de nosso primeiro prefeito republicano, comandante da guarda nacional regional e com título da nobreza republicana.

domingo, 13 de novembro de 2011

MINHA FAMÍLIA PERDEU ERNESTINA

Com apenas oito anos de idade, quando do meu nascimento em dezembro de 1965, Maria Ernestina, órfã de pai e com a mãe desaparecida, foi entregue pela avó, dona Rosalina, para ser criada na casa de meus pais na cidade sul-maranhense de Alto Parnaíba, primeiramente como minha babá.

Até se casar em 1989, Ernestina ou Tinã, como muitos a tratavam, viveu conosco na mesma casa, em Alto Parnaíba e São Luís, onde permaneceu após o nosso retorno à terra natal e veio a falecer ontem, 12.11, no final da tarde, após longo período de enfermidade.

Viúva de Valmir Silva e sem filhos, Maria Ernestina Brito dos Santos, alto-parnaibana nascida em 06 de janeiro de 1957, professora da rede pública de ensino do Estado do Maranhão, foi criada e educada por meus pais como filha, querida e estimada por todos nós, e a reciprocidade era completa, cuja amizade incondicional é a principal lembrança a marcar nossa família.

O corpo de Ernestina está sendo velado em sua residência na capital maranhense, onde seu corpo será sepultado. Que o Criador, que é infinitamente misericordioso, a abençoe. O meu adeus e a minha eterna saudade!

EM SANTA FILOMENA, MUNICÍPIO SE PREOCUPA COM NÃO FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA

Demontrando preocupação com o retorno das atividades judiciais e extrajudiciais no fórum da comarca de Santa Filomena, no sul do Piauí, os poderes constituídos do município tomaram algumas iniciativas para minimizar os efeitos negativos e os prejuízos causados em quarenta dias após um problema elétrico impedir a transmissão da energia elétrica para as dependências do Poder Judiciário piauiense na primeira cidade do estado banhada pelo rio Parnaíba.

A pedido do prefeito Esdras Avelino Filho estive com o juiz de direito Ronaldo Paiva Nunes Marreiros na última quinta-feira, quando foi oferecido um gerador para o funcionamento do fórum tabelião Benvindo Lustosa Nogueira, enquanto o Tribunal de Justiça não solucionar o problema. Após conversar com setores do TJ, o magistrado preferiu a cessão de dependências de órgãos públicos municipais para o funcionamento parcial da secretaria judicial, o que vem ocorrendo desde ontem, sexta-feira, no prédio da Prefeitura, especialmente objetivando o não adiamento das audiências designadas para o final deste mês e início de dezembro, aí incluindo a semana nacional de conciliação.

Também estive em sessão da Câmara Municipal, obtendo apoio incondional dos vereadores, liderados pelo presidente da Casa, vereador João Lustosa Avelino, para a busca de medidas que ponham fim a paralisão da Justiça em quase a integridade de seus serviço essenciais à sociedade. Antes, os vereadores José Damasceno Nogueira Filho, José Bonifácio Bezerra, Osiel Pereira de Sena e Raimundo Antonio Queiróz, o Raimundo Firmino, apreensivos com o problema e dispostos a contribuir na busca de uma solução imediata, pois, mesmo que a questão seja de competência do Estado do Piauí, por via de seu Poder Judiciário, a grande prejudicada é a comunidade filomenense e tudo que diz respeito aos interesses da população do município, é dever do legislativo e executivo locais intervir para o bem comum.

Segundo o juiz Ronaldo Marreiros, o Tribunal se comprometeu a enviar pessoal especializado à Santa Filomena até a próxima quarta-feira, 17 de novembro, para detectar o problema e possibilitar o retorno das atividades plenas no fórum da comarca. A oficial do registro de imóveis e do registro civil, Márcia Brito Nogueira, me tranquilizou ao informar que as cédulas de crédito rural, que financiam a grande maioria da agricultura de Santa Filomena - não custa relembrar que o agronegócio emprega centenas de filomenenses e gera divisas e o bem coletivo para a comarca -, e os registros de nascimento estão sendo lavrados nos livros, restando entregar aos interessados as respectivas certidões quando a energia do prédio for normalizada. Vale frisar, ainda, que mesmo em local impróprio para o trabalho sem a eletricidade que possibilita não apenas a luz como o ar condicionado, os serventuários e o magistrado continuam a dar expediente integral.

Vamos continuar vigilantes e cobrando providências, pois Santa Filomena não tem culpa de pertencer ao Piaui e também é Brasil.

sábado, 12 de novembro de 2011

NO INTERIOR TAMBÉM FICOU CARO SER ENTERRADO

Até pouco tempo atrás, em minha terra natal, Alto Parnaíba, no sul maranhense, os caixões para o sepultamento eram feitos por carpinteiros práticos do lugar, sem luxo, praticamente artesanal mas com madeira resistente. Morria uma pessoa, logo na pequena cidade ouvíamos as batidas do martelo, o som do serrote alinhando as peças de madeira, enfim, especialmente nas noites mais escuras e chuvosas, havia uma sensação de sobrenatural além da morte em si.

Ontem mandei comprar um caixão em uma das funerárias existentes em Alto Parnaíba para um amigo da minha família, pai de uma funcionária doméstica da casa de minha mãe, aposentado rural, sem rendas outras a não ser o salário mínimo mensal e mais de uma dezena de filhos, falecido no bairro Santo Antonio, o Antonio Luís da Silva. O caixão mais barato adquiri por mil e trezentos reais, sem contar com a abertura da cova e sepultamento propriamente dito.

Antigamente, quando dos caixões artesanais, todos os prefeitos mandavam confeccionar e sepultar, às expensas da Prefeitura, os corpos de pessoas necessitadas da comunidade. Era o costume. Hoje, a Prefeitura se omite e quando se manifesta, os caixões de péssima qualidade chegam a fazer o defunto se levantar e sair correndo com medo da morada eterna, que, convenhamos, não deve ser nada agradável a ideia materalista de que a vida se resume ao corpo.

A Prefeitura mantém funcionários para o sepultamento no cemitério público, entretanto, se for para a família arcar com mais uma despesa não sai por menos de um mil reais exatamente para alguma firma dos próprios servidores públicos. É, no mínimo, estranho.

No mais, como a chamada civilização das metróploes, o que há de pior já chegou às pequenas cidades brasileiras e morrer no interior do país também ficou mais caro. As pessoas não podem mais se preocupar apenas com a vida, que já é difícil e dura, mas com a própria morte, não a pos mortem, mas o sepultamento do corpo. Será a globolização dos preços caros dos caixões? Ou no Brasil não se pode nem mais morrer sossegado?

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O MINISTRO LUPI DEVE RENUNCIAR

O presidente nacional do PDT (licenciado) e ministro do Trabalho Carlos Lupi deve renunciar aos dois cargos sem demora. Não é uma questão facultativa; é dever. Político que tenha por si próprio o mínimo de respeito não pode nem deve esperar, em cargo político ou de confiança, que investigações se concretizem. Neste caso, inexiste presunção de inocência.

Correto o posicionamento da maioria do meu partido, o PDT, em pedir o afastamento de Lupi e a abertura de investigações pela Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República sobre atos de corrupção na pasta ministerial comandada desde o governo Lula pelo carioca Carlos Lupi, que se impôs como pretenso sucessor de Brizola sem possuir do inesquecível líder gaúcho qualquer requisito básico de liderança, como o carisma.
Foto: reprodução - AE

O PDT possui um valoroso quadro como Cristovam Buarque, Antonio Ruguffe, Miro Teixeira, Edson Vidigal, Brizola Neto, dentre tantos outros e não deve ficar refém de um líder que macula a sua história de resistência democrática, de moralidade com o dinheiro público e sua luta sem tréguas contra os mal feitos nos governos, a partir de lideranças históricas como Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Jackson Lago, Abdias Nacimento e Neiva Moreira, atualmente com 94 anos e felizmente ainda entre nós.

Entre os envolvidos no escândalo de corrupção no ministério do Trabalho denunciado pela revista Veja em sua última edição, estaria um ex-assesor de Lupi e deputado federal pelo PDT do Maranhão, de nome Weverton Rocha, a quem não conheço e nem sabia que havia se tornado parlamentar. Urge ao presidente estadual pedetista Ygor Lago, honrando as nossas tradições e a própria história ímpar e de destemor contra a corrupção e as oligarquias de seu saudoso pai, Jackson Lago, tomar medidas, a nível do partido, que insente a agremiação no estado de qualquer responsabilidade sobre eventuais atos ilícitos de seu filiado e deputado, bem como, de afastar preventivamente o aludido parlamentar das fileiras do PDT.

Sou filiado ao PDT desde 1999 e por duas oportunidades presidi seu diretório municipal em Alto Parnaíba, no sul maranhense, tendo participado de algumas campanhas eleitorais, todas duras, e no enfrentamento de perseguições insanas que se tornaram públicas na região, especialmente na vitória espetacular de Jackson Lago em 2006 quando eleito o primeiro governador da oposição ao grupo oligárquico que domina o Maranhão, após 40 anos. A nossa luta sempre foi contra a corrupção, que é a maior mazela de nosso estado e infortúnio de todo o seu povo.

Portanto, jamais poderemos - os pedetistas verdadeiros - compactuarmos ou nos omitirmos ante denúncias tão graves que envolvem o ministro indicado pelo partido e seu presidente nacional. Carlos Lupi, com aquele tipo de coronel chôco que faz lembrar personagens de Mazaropi e de Chico Anysio, já deu o que tinha que dá e culpado ou não, já machucou, para dizer o mínimo, o nosso partido. Ninguém quer os ossos de Lupi nem para roer, apenas que Lupi pegue o seu jaquetão ao estilo Pantaleão e vá descansar.

domingo, 6 de novembro de 2011

EM ALTO PARNAÍBA/MA, BRUTAL ASSASSINATO EM RODEIO

Há poucos minutos, no parque de rodeio Trem que Pula, localizado na Avenida Prefeito Antonio Rocha Filho, no bairro São José, na cidade de Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, o jovem Marcos Tavares Tourinho, conhecido apenas por Gerdran, de 23 anos de idade, foi friamente assassinado com duas facadas após provocar uma brincadeira com um dos homicidas, identificado apenas pelo apelido Curió, que teve a ajuda criminosa de um irmão, já preso pela Polícia Militar sob o comando do primeiro sargento Josikleber Oliveira Silva. Curió estaria chegando da localidade rural Boqueirão, onde sua família possui uma fazenda, para participar do último dia do rodeio, organizado por particulares, seria o autor das facadas e está foragido. Os irmãos que cometeram o homicídio são filhos de João Maciel, já morto, e Maria Helena dos Reis, conhecidos sertanejos em nosso município.

Gerdran foi criado como filho por dona Raimunda Maria de Carvalho Costa, viúva do comerciante e ex-presidente da Câmara Municipal de Alto Parnaíba, Benevenuto Pereira da Costa, o Bena, residente na Praça Coronel Antonio Luiz, na margem do rio Parnaíba e próximo ao histórico templo da Igreja Católica Nossa Senhora de Guadalupe, e retornou recentemente à cidade. O corpo ainda se encontra no Hospital São Geraldo.

Não sou contra rodeios, sou totalmente contrário ao número exagerado desse tipo de festividade - em minha terra está perdendo a característica de esporte - na cidade e na zona rural do município de Alto Parnaíba, sem qualquer controle e organização por parte da Prefeitura Municipal, que expede alvará para funcionamento como se fosse a coisa mais natural do mundo, sem observar critérios indispensáveis como do número de festas, local, segurança, higiene.

Na realidade, não seria tecnicamente rodeio, mas arremedo face ao modismo exportado de outros lugares, especialmente de Barretos. Nem o gado bovino passa por qualquer critério, sendo visível em muitos casos o mau tratos aos animais. Tomara que a Prefeitura, Ministério Público e Polícia se unam para encontrarem uma solução imediata.

Subsídio da matéria no blog Folha Mistural Total, de Raildson Rocha.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

EM ALTO PARNAÍBA, A AVENIDA VIROU UM RIO

Na tarde de 01 de novembro, uma chuva forte, porém não uma tormenta, de poucos minutos transformou ruas e avenidas da cidade sul maranhense de Alto Parnaíba em rios. Não estou exagerando. Na avenida principal, a Rio Parnaíba, que dá acesso da margem do Velho Monge, onde a cidade nasceu, à rodovia estadual para Balsas, o grande volume de água fez lembrar o maior rio exclusivamente do nordeste. Um agravante: as águas carregadas pelas chuvas transportam mais lixo, entulho, lama do que o próprio Parnaíba, que também sofre maus tratos em razão do homem.O rio da avenida passa levando tudo, traz água de esgotos e rompe fossas, calçamento e asfalto, invade casas, assusta as pessoas. O rio da avenida é fruto da não conservação das galerias e boeiros que impossibilitam o trajeto natual das águas; é o lixo, o mato e a lama acumulados há meses, desafiando os cidadãos que pagam impostos e a própria hiegene da cidade, que nunca foi tão mal cuidada. O rio da avenida leva feses e urinas de ratos e outros bichos transmissores de inúmeras doenças aos seres humanos. O rio da avenida deixa a cidade fedorenta como se exalasse o próprio odor insuportável da corrupção e da impunidade.






Em frente à Prefeitura Municipal.


Prefiro o rio de verdade, o Parnaíba com suas águas vermelha no inverno, em razão do afluente Uruçuí Vermelho, do lado piauiense, cujo nome diz tudo. É o vermelho vermelho do vermelho lindo, conforme imortalizou o nosso poeta Luiz Amaral em seu insuperável Bilhete ao Parnaíba. O que não diria o poeta se estivesse entre nós e presenciasse o quanto sua amada Victória está sendo maltratada? Com certeza e da autoridade moral inatacável, levantaria a voz e a escrita e faria com que as pedras clamassem.


Fotos: Rafael Brito Rodrigues


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A TERRÍVEL CEMAR

Vendida por um centavo em um dos governos da atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney, a Companhia Energética do Maranhão - Cemar -, mesmo privatizada - a desculpa dos defensores das privatizações é a ineficiência dos governos na prestação de serviços essenciais como o da energia elétrica - continua a prestar serviços de baixa qualidade, em total disonância com o Brasil que busca se firmar internacionalmente como um Estado moderno, desrespeitando frontalmente a legislação, direitos e garantias fundamentais da cidadania e da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, incisos II e III, da Constituição Federal). Isso pelo menos em Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense.



Estrada que liga a cidade ao distrito de Curupá, com a rede elétrica margeando. Ponte precária e de risco à integridade de quem nela ousa passar no riacho São José, a 3 km da sede do município de Alto Parnaíba.


Há 39 horas dezenas de famílias beneficiadas pela única linha de transmissão até agora inslatada no município de Alto Parnaíba do programa Luz Para Todos, do Governo Federal, que vai da cidade ao distrito de Curupá, a 130 km de distância, estão sem a energia fornecida pela impiedosa Cemar. Com a chuva da tarde de 01 de novembro, a luz faltou e não mais voltou. Digo isso como morador da zona rural e vítima desse descaso imperdoável.


Situação da estrada ou carreiro para uma das regiões mais ricas e populosas de Alto Parnaíba. Esse trecho, por incrível que pareça, foi recuperado recentemente pela Prefeitura.


Com a privatização, a Cemar fechou seu escritório em Alto Parnaíba. Para denunciar a falta constante da luz, os danos causados aos consumidores e essa agonia nossa, dos moradores de Alto Parnaíba, há 30 anos com a aludida concessionária de essencial serviço público, é preciso telefonar para o 116 ou para o 0800 286 0196, que pouco funcionam. Para se ter uma ideia, somente a poucos minutos consegui uma ligação para o último número e pude exercer o meu direito de denunciar esse tormento de quase 40 horas sem esse produto indispensável até à saúde. Os empregados locais não possuem autonomia de fazer um simples reparo sem a prévia autorização obtida da empresa após a denúncia telefônica. Tudo ficou mais complicado e burocrático do que d'antes, quando a Cemar em tese pertencia ao povo do Maranhão, onde Alto Parnaíba infelizmente faz parte, e quando não tínhamos telefone, nem internet. É caso de polícia e a ela acabo de recorrer!


Num dia nublado, a rede elétrica do programa Luz para Todos.


Imagens: Marilda Francisca Ribeiro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

TERRENO DE TV AMEAÇADO DE INVASÃO

Na primeira metade dos anos 1980, o então prefeito de Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, Antonio Rocha Filho, o Rochinha, deu início ao seu compromisso de campanha de trazer para sua cidade um sistema próprio de televisão, com transmissão instantânea via parabólica e a implantação gradual de uma mínima programação local.



De início, obteve de Constantino José Dias, por anos oficial de Justiça de nossa comarca e ao mesmo tempo construtor de imóveis, individualmente o maior de nossa terra e com certeza um exemplo de quem construiu uma pequena fortuna com os próprios braços, já morto, a doação formal do terreno em área logo demarcada no chamado Morro do Rapadura, onde o desembargador Aluizio Ribeiro da Silva construiu uma casa de veraneio e de encontros culturais, quando juiz de direito de nosso município. A casa da televisão foi construída pela Prefeitura e com apoio da comunidade alto-parnaibana e da vizinha Santa Filomena, do lado parnaibano do Piauí, cujo prefeito, Almérico Lustosa de Alencar, se engajou na campanha que juntou governos e população no mesmo objetivo. Para se ter uma ideia, Alto Parnaíba e Santa Filomena não possuiam um sistema próprio de televisão. O inovador na área foi o empresário e ex-vereador Evandro Vargas Leitão, que implantou um pioneiro sistema de VT em 1980, inaugurando, assim, a televisão nas duas cidades co-irmãs.

Mais de trinta anos depois que o empresário e jornalista Assis Chateubriand inaugurou a televisão no Brasil, com a extinta TV Tupi, após o ex-prefeito Rochinha obter contrato com a Rede Globo para a retransmissão de sua programação, cuja participação do ex-senador maranhense Magno Bacelar, então dono da TV Difusora, afiliada da Globo no Maranhão e amigo particular de meu pai, foi essencial, e tendo o apoio fundamental de uma associação cultural criada por agricultores, pecuaristas, comerciantes, bancários, profissões liberais, funcionários públicos, professores, estudantes, entidades da sociedade civil, donas de casa, trabalhadores do campo e das duas cidades, finalmente a TV Rio Parnaíba foi inaugurada com muita festa e inesquecível entusiasmo popular.
Entretanto, pessoas com o claro intuito de se apoderar da casa da TV Rio Parnaíba e de todo o seu terreno, levantaram cerca de arame com portão e cadeado, além de colocarem cães de guarda amarrados praticamente dentro das instalações da retransmissora, o que impede, por sinal, o acesso do encarregado para a manutenção permanente nos aparelhos e transmissão do único sinal de televisão ainda existente para quem não pode comprar uma parabólica e instalar em sua residência, ou seja, a maioria da população.


Fui o advogado do inventário dos bens deixados por Constantino José Dias, processo arquivado no fórum da comarca de Alto Parnaíba, e posso garantir que em momento algum a sua viúva e inventariante, professora Maria da Conceição Lopes de Carvalho, e sua única filha legitimada, professora Afonsina Antunes Dias, ambas falecidas, desrespeitaram a decisão do marido e pai na doação do aludido terreno. Ao contrário, fizemos questão de preservar e resguardar esse patrimônio de nossa primeira emissora de televisão, que é das duas comunidades


À Prefeitura de Alto Parnaíba cabe tomar as medidas administrativas e judiciais necessárias de imediato em defesa do patrimônio de todos. Aos pretensos herdeiros de quem está viva, ou seja, a nossa TV Rio Parnaíba, um apelo para que cessem com essa aventura já nascida morta, sem sucesso, pois posse não incide em terra pública e mesmo em particular, somente se for pacífica, o que não é o caso. Aliás, nem posse nem detenção existem. É preciso que todos respeitem os bens públicos, não apenas os governantes. Às comunidades de Santa Filomena e Alto Parnaíba, a vigilância e a defesa de um patrimônio comum, que é cultura e já faz história.



Imagens: Américo Borges.