quinta-feira, 27 de agosto de 2009

DR. ANALÍCIO BRITO, A SERVIÇO DO BEM

Há mais de dois anos, São Luís, o Maranhão e a medicina perderam um de seus maiores expoentes, o Dr. ANALÍCIO PEREIRA DE BRITO, morto aos 71 anos de idade, vítima de um infarto agudo do miocárdio em uma noite após mais um dia de trabalho no sacerdócio abnegado e incansável de curar vidas, de minorar sofrimentos, de trazer à existência novas vidas.

No início de 1978, passei a estudar em São Luís, mais precisamente no Colégio Franco-Maranhense, na rua de Santo Antônio, próximo à praça do mesmo nome, então dirigido pela professora Dulce Maria Collares Moreira de Sousa, uma das grandes educadoras do Maranhão, e ali, no final do primário, passei a conviver com um colega cuja amizade é mantida sólida e permanente até os dias atuais, sobrevivendo até às distâncias impostas pela geografia, o meu estimado Analício Pereira de Brito Júnior.

Com Analício Júnior, passei a conhecer e conviver com sua família, especialmente seus pais, Dr. Analício e dona Jesus de Maria Sampaio Brito, e seus irmãos Cristina, Marcelo Henrique e Gisele – médica como o pai -, desde o princípio de nossa adolescência.

Ao mesmo tempo em que nossa tradicional capital cresce e se moderniza, e pelo próprio decorrer do tempo, que é implacável, os seus melhores valores humanos vão desaparecendo, deixando um vazio angustiante na velha cidade dos azulejos.

Em mais de meio século do exercício pleno da medicina, o Dr. Analício se notabilizou pela dedicação, e mesmo devoção, para com os mais pobres e necessitados, atendendo e cuidando da saúde das pessoas sem distingui-las em razão de dinheiro ou de classe social, daquele tipo de médico que não perguntava necessariamente se o paciente tinha como pagar a consulta ou o tratamento, se possuía ou não plano de saúde, se os honorários do SUS estavam ou não defasados, enfim, para o discípulo de Hipócrates, mais importante o ser humano, a saúde, a vida, a dignidade do homem.

Detentor de uma simpatia contagiante que transmitia natural e automaticamente ao seu interlocutor, o Dr.Analício Brito não se deixou contaminar pela vaidade e pela soberba humanas comuns na grande maioria daqueles que alcançam determinada posição social e poder efêmero, e se colocam, sempre equivocadamente, acima do bem e do mal, privando do respeito de seus semelhantes exatamente pela simplicidade e respeito para com o próximo, que não se confundiam com fraqueza ou subserviência, ao contrário, para se fazer respeitar não é necessário esmurrar a mesa ou se fazer ouvir pelos gritos da prepotência, do abuso do poder e do dinheiro, que verdadeiramente escondem as faces da covardia.

Homem de bons costumes, amante de sua São Luís, amigo de sua gente, culto e eficiente em todas as missões que desempenhou ao longo de sua existência, bom pai e excelente esposo, o Dr. Analício foi acima de tudo um cidadão íntegro, intransigente na defesa da ética, da moralidade na coisa pública e se posicionava em qualquer oportunidade radicalmente contra a corrupção e o atraso político.

Professor da tradicional Faculdade de Medicina do Maranhão por décadas, o magistério era outra paixão do velho médico, transmitindo com paciência e sabedoria os seus conhecimentos de cátedra e de vida a inúmeros novos profissionais saídos todos os anos da Universidade Federal do nosso estado.

O médico Analício Brito foi um autêntico servidor da população, e todas as mães por ele atendidas e seus rebentos são testemunhas dessa verdade cristalina, deixando a marca do humanista no Socorrão, no Hospital Geral e em tantas outras casas de saúde espalhadas por São Luís e por cidades do Maranhão, como Tuntum, onde faleceu no leito de seu lar ao lado da companheira de muitos anos.

Muitas as pessoas de Alto Parnaíba, a meu pedido e de meu pai, atendidas graciosamente pelo grande médico, que tinha uma curiosidade amiga por nossa terra; infelizmente, não chegou a visitá-la, mas prestou serviços a esse município tão esquecido pelos poderes políticos e administrativos de São Luís e de Brasília.

A morte do Dr. Analício Brito deixa um vazio imenso e de difícil substituição no seio da sociedade maranhense e ludovicense, mais precisamente em nossa medicina, entretanto, como seu amigo e admirador, não me sinto suspeito em dizer, tal qual Mário Quintana, o imortal poeta gaúcho sem fardão, que homens da qualidade de Analício Pereira de Brito não morrem; ficam encantados.

2 comentários:

  1. Dr Analício, Que tive a Honra de conhecer e Compartilhar de um breve momento de sua Agradavel Companhia, Era(É) desses Homens Que não Morrem nunca: Éternizam no Coração de todos nós.
    Como Paulo"Combateu o Bom combate, Acabou a Carreira, Guardou a FÉ"

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  2. Décio obrigado mais uma vez pela homenagem,e lembrança de meu pai(Dr Analício) ,que se Deus quiser continua em outro plano realizando bons trabalhos e pregando o bem

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