Ao ler nos jornais que o Tribunal de Justiça do Maranhão estaria remetendo um projeto de lei de reorganização judiciária do estado, deparei-me com a notícia preocupante de que a comarca de Alto Parnaíba seria naturalmente rebaixada, ou seja, deixaria de ser de segunda entrância e retornaria ao ponto zero, já que a iniciativa suprimia uma entrância, passando a ser inicial, intermediária e final.
Justa preocupação. Os juízes não teriam mais o atrativo da promoção para aceitarem a mais distante comarca maranhense com relação ao poder político e institucional, a capital. Redigi uma carta detalhando a necessidade de não se mexer em uma comarca geograficamente longe de São Luís e ponderei a todos os deputados estaduais, que votariam o projeto, e até aos deputados federais e senadores do Maranhão. A resposta veio logo. O projeto foi aprovado unanimemente pela Assembleia Legislativa e virou lei. Nenhum nobre deputado atendeu o apelo que não era apenas meu como cidadão e advogado de Alto Parnaíba, mas de toda a sociedade alto-parnaibana. Infelizmente, os meus receios se concretizaram. Alto Parnaíba se encontra desde janeiro de 2007 sem juiz de direito titular em sua comarca. Isso nunca havia acontecido antes.
Fiz questão de iniciar com esse fato concreto para demonstrar o abandono de minha terra natal pelos políticos do estado. Alto Parnaíba teve no passado três deputados estaduais habitantes de seu território - Ludgéro César da Rocha, Adolpho Lustosa do Amaral Britto e João Francisco de Vargas. Iniciativas importantes para o desenvolvimento do município na época partiram desses representantes locais, como a viabilidade da navegação pelo rio Parnaíba, tirando-nos do isolamento e impulsionando o comércio, e a construção da chamada Estrada do Sal até Lizarda, no norte de Goiás, hoje estado do Tocantins, que possibilitou um crescimento econômico e populacional invejável para o período.
Não me eximo de responsabilidades. Indiquei ao eleitorado de Alto Parnaíba candidatos a deputado estadual e federal. O eleito em nada correspondeu aos compromissos com nosso povo. Na última eleição, uma frente de partidos apoiou o advogado Crisogono Vieira, da região, para a Assembleia Legislativa, não logrando êxito. Igualmente, apoiou e ajudou a eleger Pedro Fernandes para a Câmara dos Deputados, como o mais votado no município. Este ainda não disse a que veio. Outro deputado federal eleito e com boa votação do nosso eleitorado é Carlos Brandão, que ouvi falar ter estado aqui há três dias. Ninguém do povo o viu.
Literalmente Alto Parnaíba não tem deputado. Nenhuma voz se levanta nos parlamentos estadual e federal em defesa dos interesses locais. Rebaixaram a comarca; ficamos sem juiz. Nenhum parlamentar levantou a voz. A MA-006 que nos ligam a Balsas, está se deteriorando a cada dia, com buracos tomando conta do heróico asfalto. A BR-235 ligando-nos ao Tocantins está planejada, orçada e licitada. Nenhum deputado federal, estadual ou senador pede o início de sua construção. Aliás, acredito que fora do período eleitoral eles pensam (sic) que Alto Parnaíba fica da outra margem do Parnaíba. A única escola estadual precisa de reformas em sua estrutura, que ameaça ruir, e de expansão. A comunidade clama; os políticos não ouvem. E daí por diante.
Na minha humilde concepção, só existe uma saída. Em 2010 o voto nulo. Não votar para deputado federal, estadual, senador e até governador. Chega! Tudo tem limite. Alto Parnaíba integra o Maranhão e, com certeza, se sua população fosse ouvida, pediria para sair do estado. O nosso eleitorado é pequeno, mas decide uma eleição de deputado. Possuimos um território com mais de 11 mil km2. Não é pouca coisa. Cabe aos políticos locais - aí me incluo - e à sociedade organizada, a reação, inclusive para que não indiquem vários candidatos ao mesmo tempo; aliás, não indiquem ninguém. Até o momento não vejo outra perspectiva que não seja a de reagir anulando o voto. Com isso, quem sabe se Alto Parnaíba não vira notícia em São Luís e na mídia nacional. É preciso protestar sempre. Não tenho sangue de barata, é a única certeza.
sábado, 22 de agosto de 2009
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Uma das coisas que mais me impressiona é o fato de uma cidade como Alto Parnaíba não ter juiz e ainda não ter tido um crescimento no âmbito econômico. Como é que uma cidade que possui vias de acesso à capitais, próximas, pode ser tão esquecida? Pelo que consta e todos sabem, é uma terra rica, nos últimos tempos habitada por pessoas do sul e com riquezas únicas em seu território, como o próprio Rio Parnaíba. Acho um desperdício não investirem numa cidade que poderia crescer no comércio, na educação, no turismo e o melhor, dá oportunidade de trabalho para os habitantes. Concordo e apoio o senhor tio, quando menciona o termo protesto. Estamos em uma era que nada pode ficar sem respostas, tudo deve ser questionado. A comunicação existe para isso. A liberdade de expressão é um direito de todos. O medo não pode mais imperar em nossas vidas, devemos lutar. Parabéns pela matéria!!!
ResponderExcluirOlá, caríssimo!
ResponderExcluirTenho uma opinião bastante parecida com a sua, nesta questão política em especial. Além dessa idéia de "voto-nulo-coletivo", outra saída seria um candidato único, apoiado por todas as alas partidárias de Alto Parnaiba - E quem sabe, Tasso Fragoso. Talvez assim, o escolhido político teria mais ânimo e "MOTIVO" - Pra não dizer votos- para detinar recursos a nossa região.
Precisamos amadurecer as ideias e pesar qual a melhor saída.
Abraço cordial.
Alberto Augusto do Amaral Rocha
No próximo ano (2010) teremos eleições de âmbito Estadual e Federal, aí então, é chegada a hora de, não só apresentarmos nossos reclames, como mostrar que podemos decidir uma eleição. Mostrar nossa indignação a alguns políticos que só nos aparecem quando precisam de um voto e depois nos relegam e nos deixam no ostracismo até que nova eleição se venha.
ResponderExcluirComo bem disse Ana Alayde: "o medo não pode mais imperar em nossas vidas, devemos lutar"