domingo, 25 de dezembro de 2011

O POETA E OS SINOS

Com certeza, os sinos dobram a Luiz Amaral, um poeta incomparável. Na beleza de seus versos, a exaltação aos sinos, ao natal. O natal e os sinos também se combinam; não consigo vislumbrar um natal sem os sinos tocando solitariamente nas capelas e igrejinhas espalhadas pelo Brasil ainda rural.

O ano era 1942. O lugar distante da casa de morada, na passagem do Panela, à margem do rio Tocantins. O fazendeiro e comerciante Luiz Amaral parou naquelas paragens longe de tudo e de todos, aliviou o peso que burros e jumentos carregavam, mandou os trabalhadores descansarem e de repente já era o Poeta Luiz Amaral escrevendo à pena ou a lapis uma oração aos sinos, à rústica capela, ao amor, à saudade, à solidão, à vida, à esperança, à fé, ao Cristo. É natal.

Uma capela rústica - perdida no ermo agreste do sertão bravio!
O pequenino sino dessa ermida
enche da brônzea voz o ar vazio.

Treno de sino no ar, rouco, erradio,
às orações o bom cristão convida.
E até as andorinhas, pelo estilo,
ouvem-no e vêm residir na ermida.

Qual o rebelde, o cético, o descrente,
que o sino ouvindo em músicos bronzidos
pode permanecer indiferente?!

Os seus melífluos sons no ar perdidos
enchem de amor o coração da gente,
e as almas de fé - pelos ouvidos!

(AMARAL, Luiz. O Meu Livro, Anápolis - Marion, p. 49).

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