sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

VEJA PRECONCEITO

Sou assinante da revista Veja há muito tempo. Reconheço a sua importância para o restabelecimento da democracia no Brasil e a sua atuação investigativa nos grandes escândalos que assolaram o país nas últimas décadas. De uns tempos para cá, entretanto, talvez movida pelas vitórias de Lula que significam derrotas para a elite paulistana, da qual Veja é defensora intransigente, a maior revista de circulação nacional passou a ter um comportamento direcionado contra tudo que é do nordeste, inclusive seus homens públicos.

Na sua penúltima edição, a revista dos Civitas se levantou grosseiramente contra o deputado Pedro Novais, do Maranhão, escolhido ministro do Turismo no governo da presidente Dilma Rousseff. Quais as razões, não sei. Se o deputado cometeu alguma irregularidade, que a revista deuncie e os órgãos responsáveis apurem. Até o fato de Novais ser octagenário é tratado, não com o devido respeito, mas de forma debochada, aliada a idade a outro escárnio, o fato de o deputado maranhense possuir baixa estatura, que é uma questão (com certeza, feliz) física e não moral.

Para os menos entendidos e que acreditam em tudo que Veja publica, é necessário esclarecer que o deputado Pedro Novais, na Câmara dos Deputados desde 1983, foi secretário de Fazenda em dois governos do Maranhão e contra o mesmo jamais pairou qualquer dúvida sobre sua conduta moral, pessoal, política, ética. Um advogado com excelente formação em economia, Novais é um técnico respeitado e capaz. Discreto, sua honestidade pode ser comprovada por longos anos como membro da comissão mista de orçamento do Congresso Nacional, reconduzido seguidamente, sem qualquer nódulo a manchar-lhe a reputação ilibada.

O texto de Veja é preconceituoso e não tendo elementos para incriminar o deputado maranhense e na defesa de interesses escusos do turismo brasileiro, não denuncia, ataca impiedosamente; não esclarece, se posiciona contra os velhos, nordestinos, baixinhos. Enfim, a revista da rica família judia-norte americana mergulha num jornalismo de desunião e de não de integração.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

DESPEDIDA

No último final de semana, o município de Tasso Fragoso, no sul maranhense, quando completava 46 anos de sua emancipação política, se uniu para despedir de um de seus fundadores, Jeconias Barreira de Macêdo, conhecido apenas por Capucho, com mais de nove décadas de vida e uma das figuras mais alegres e fraternas que tive o prazer de conviver.

Antes mesmo que o então distrito de Brejo da Porta, que integrava o território do município de Alto Parnaíba, fosse elevado à condição de município, com o nome dado a um general que apenas nasceu no Maranhão e sem qualquer vínculo com nossa região, Capucho já morava ali, onde constituiu família e desenvolveu várias atividades, destacando-se como tabelião de notas e correto serventuário da Justiça até se aposentar, além de ter sido vice-prefeito na gestão do ex-prefeito José Teixeira Coelho.

Amigo de meu pai e de meus tios, Capucho se destacava pela simpatia e pela cordialidade, narrador primoroso da história e das causos do extremo sul maranhense, participe durante toda a existência de todos os movimentos e decisões políticas e sociais em nossa região. Deixa viúva, dona Altair, filhos e netos. O jovem município de Tasso Fragoso, o que mais cresceu economicamente no Brasil segundo o IBGE, está verdadeiramente de luto e de fato, começa a se emancipar, devendo muito de sua trajetória a Jeconias Barreira de Macêdo.

CIVILIDADE

Ontem, 21 de dezembro, os nove vereadores que integram a Câmara Municipal de Santa Filomena, no sul do Piauí, demonstraram civilidade política, espírito público e compromisso com uma nova realidade para o antigo município, um dos mais prósperos da região e do estado e, ao mesmo tempo, necessitando mais do que nunca da união da classe política para aproveitar o desenvolvimento da agricultura, a chegada permanente de novos investimentos e a transformação de tudo isso em progresso e bem coletivo.

Duas famílias dividem o mando político em Santa Filomena há décadas. De um lado, os Avelino, que no passado tiveram como líderes os ex-prefeitos Antonio Luiz Avelino e Esdras Avelino. Do outro, os Alencar, chefiados pelo ex-prefeito Caio Lustosa de Alencar, também morto. Um filho de Caio, Almérico Lustosa de Alencar, foi prefeito duas vezes. Três filhos de Esdras chefiaram o município, com Quirino Lustosa Avelino, João Lustosa Avelino e atualmente, Esdras Avelino Filho.

Agora, inicia-se a busca, sem entreguismo, de uma nova forma de fazer política, onde a eterna desunião em um município pequeno não contribuiu em nada para o real desenvolvimento de Santa Filomena e para o bem de seu povo. A mesa diretora do legislativo para o biênio 2011-2012, terá como presidente o atual mandatário, João Lustosa Avelino, e como 1º vice o vereador José Damasceno Nogueira Filho, o primeiro filho de Esdras e o outro, neto de Caio. Bons ventos para a gente filomenense.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DISPUTA ACIRRADA

A Câmara Municipal de Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, em uma eleição disputadíssima, com agressões generalizadas, ataques pessoais e participação popular incomum, escolheu ontem, 15 de dezembro, a sua nova mesa diretora, que tomará posse em 1º de janeiro próximo, com mandato até 31 de dezembro de 2012.

A chapa encabeçada pelo vereador Fernandes Almista de Sousa, do PSDB, um jovem de família humilde, com reduto no bairro Santo Antonio, e que se transformou no último pleito no vereador mais bem votado da história de Alto Parnaíba, alcançou uma vitória de 5 votos contra 4 dados à chapa liderada pelo ex-presidente da Casa, vereador Firmino José Brito de Amorim, que exerce o quarto mandato parlamentar, e era apoiado, numa união até pouco tempo inimaginável, por dois declarados pré-candidatos à Prefeitura Municipal, o ex-prefeito Ranieri Avelino Soares, do PV, e o ex-vice-prefeito Itamar Nunes Vieira, do PSB, que se enfrentaram nas urnas em 2008, quando perderam para o atual prefeito Ernani do Amaral Soares, do PSDB, que apoiou Fernandes.

Além de Fernandes foram eleitos os vereadores Elias Elton do Amaral Rocha, do PDT, vice-presidente; Railon de Castro Barros, do PPS, 1º secretário e o atual presidente da Câmara, Marco Antonio Leite Almeide, do PSDB, que está encerrando o mandato de forma impecável, sagrando-se o mais eficiente presidente do legislativo municipal nas últimas décadas, como 2º secretário.

A futura Mesa da Câmara enfrentará vários desafios, a começar pela conclusão do novo prédio da Casa, obra de iniciativa do atual presidente, além das contas rejeitadas de alguns gestores, como as do ex-prefeito Ranieri Soares, nos anos 2006 e 2007, a falta de prestação de contas do ex-presidente do legislativo, vereador Manoel Gomes Alves, o Manoel de Helena (PV), que começarão a chegar ao Parlamento para o veredicto final no processo político. A população está de olho.

sábado, 11 de dezembro de 2010

TURISMO NO ALTO PARNAÍBA

Entregamos ao deputado Pedro Novais, quando de sua visita em campanha eleitoral a Alto Parnaíba, algumas reivindicações, todas voltadas às necessidades e causas de nossa terra, dentre as quais a viabilidade turística das margens do rio Parnaíba na região do Alto Parnaíba maranhense e piauiense, onde o grande rio tem as suas nascentes.

Veio a calhar a escolha de Novais para o ministério do Turismo no governo de Dilma Rousseff. Ex-secretário da Fazenda do Maranhão nos governos Nunes Freire e Epitácio Cafeteira, delegado da Receita Federal em nosso estado, deputado estadual entre 1978 e 1982 e desde então, deputado federal reeleito sucessivamente, Pedro Novais, ribeirinho do Parnaíba nascido em Coelho Neto, é um permanente integrante da comissão de orçamento do Congresso Nacional e sobre sua conduta, jamais pairaram dúvidas. Íntegro, preparado, competente e voltado ao interior maranhense, como ministro do Turismo poderá promover um maior conhecimento do Brasil pelos brasileiros.

O Parnaíba é um dos mais belos rios do Brasil. No extremo sul do Maranhão e sul do Piauí, onde inicia sua longa trajetória banhando cidades e povoações nos dois estados, levando a integração e mantendo viva a natureza, o Velho Monge, cantado em versos e prosas pelos poetas Da Costa e Silva e Luiz Amaral, dentre outros, não é majestoso apenas no Delta, mas desde as suas nascentes, nas Chapadas das Mangabeiras, tendo por guardiã a Pedra da Baliza e avistando a Bahia e o Tocantins.

Permitir e dar condições que pessoas de outros lugares também possam desfrutar das Corredeiras da Taboca, da foz do Parnaibinha com o grande rio, da cachoeira do Riozinho, das matas que circundam o Parnaíba e seus afluentes, da Pedra da Baliza, dos vestígios do quilombo dos Macacos (ainda não reconhecido), enfim, da mais pura natureza, é um dever do Estado, e se feito de forma sustentável, respeitando o meio ambiente, o rio e os ribeirinhos, é a garantia de uma convivência harmônica e necessária entre homem e natureza.

É essencial a construção da estrada ligando a cidade de Alto Parnaíba às nascentes do rio Parnaíba, cortando todo o vale do grande rio e seus afluentes, beneficiando as pessoas do lugar e trazendo turistas para o descobrimento do maior rio genuinamente nordestino. Esse foi o projeto que entregamos ao agora futuro ministro Pedro Novais, que poderá torná-lo uma realidade.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PRÉDIOS DA JUSTIÇA

Em Santa Filomena, no sul do Piauí, o prédio próprio do fórum da comarca já foi erguido e não se sabe as razões de ainda não ter sido inaugurado.
Trata-se do fórum que, por decisão do plenário do Tribunal de Justiça piauiense, leva o nome do ex-tabelião de notas e ex-escrivão de Justiça Benvindo Lustosa Nogueira, já falecido, um exímio servidor do Judiciário e um dos homens mais corretos que tive o privilégio de conviver, numa justa homenagem a um filho da terra que honrou os quadros que integrou por vários anos.
É preciso, entretanto, que o TJ do Piauí dê uma imediata resposta à sociedade filomenense e entregue o moderno prédio à comunidade.
Em Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, também teve início a construção do prédio onde funcionará o fórum, atualmente abrigado em um prédio alugado.
Passei pela manhã no velho campo de futebol Orlando Medeiros, em frente ao desativado hospital público municipal, e deparei com a obra em pleno andamento, com homens trabalhando em uma estrutura que deixa a impressão de ser de um prédio amplo e moderno, como a antiga comarca exige há décadas.
Tomara que o Tribunal de Justiça do Maranhão faça como seu co-irmão do Piauí e ouça a comunidade local quanto ao nome do fórum, para que a homenagem não recaia em alguém que jamais esteve em Alto Parnaíba ou mesmo nunca tenha ouvido falar na bela cidade situada à margem do rio Parnaíba, aliás, a primeira cidade maranhense banhada pelo grande rio.
Desde já, fica a minha sugestão para o nome a ser dado ao prédio do fórum, o que é compartilhado por muitos alto-parnaibanos. Nada mais justo de que a homenagem recaia em um ex-integrante do Judiciário maranhense, o desembargador Aluizio Ribeuro da Silva, já falecido.
Juiz de direito em Alto Parnaíba por oito anos, o doutor Aluizio, como é conhecido por todos e tão bem relembrado pelo escritor Berilo Vargas, um alto-paribano ilustre, era filho de Balsas, mas adotou a nossa cidade como sua, o que é seguido por sua esposa, dona Marinalva, e filhos.
De vasta cultura jurídica, o magistrado Aluizio Ribeiro faleceu recentemente e agora em 2010, comemora-se o seu centenário. Dono da aprazível fazenda Pedra Furada, próxima à cidade e na margem da MA-006, doutor Aluizio tinha Alto Parnaíba por seu domicílio e após se aposentar como desembargador do TJ maranhense, passou a viver parte do tempo junto aos alto-parnaibanos, tornando-se um advogado nato das causas da eterna Victória do Alto Parnaíba.
Que o Tribunal escute esta sugestão, que a formalizarei.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

RADICALISMO PARA CONCILIAR

O Conselho Nacional de Justiça, com a melhor das intenções, instituiu a semana nacional da conciliação no âmbito do Judiciário em todo o território nacional, o que está ocorrendo agora.

Louvável o projeto, a disposição de juízes, advogados, representantes do Ministério Público, serventuários da Justiça e jurisdicionados que se dispõem a este trabalho árduo, com dezenas de audiências por dia.

Em Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, participei de algumas audiências no início da semana, todas com o Banco do Brasil. Mesmo com a extrema disposição de concitar as partes à conciliação do juiz de direito Franklin Brandão Silva Júnior, nenhum acordo foi obtido, graças à intransigência do grande banco público brasileiro.

Processos com mais de vinte anos de tramitação não conveceram o presposto e os advogados do Banco do Brasil à negociar, a conciliar e quando ousam propor, os juros e correções continuam exorbitantes e as dívidas, em consequência, impagáveis. Quando devedores, tentam com o agigantesco núcleo jurídico à sua disposição, zerar o crédito de seus oponentes.

O CNJ precisa convencer, antes da semana da conciliação, os bancos, empresas, autarquias, órgãos públicos e fazendas públicas municipais, estaduais e federal, a reverem a sua política de litigar por litigar, de se considerarem não iguais aos mortais comuns, abarrotando o caótico sistema processual brasileiro e deixando ainda mais emperrada a máquina da Justiça. Ninguém gosta mais de querelas judicantes no Brasil de que os entes públicos e em qualquer comarca, por menor que seja, se pode observar essa triste realidade. Se não houver uma revisão completa dessa metodologia burocrática que castiga milhões de simples brasileiros em todos os recantos do país, a semana da conciliação na prática não passará de uma bela iniciativa.

domingo, 21 de novembro de 2010

MENINICE

Aqueles amigos que ficam da infância não são muitos, entretanto, mesmo afastados por circunstâncias alheias às nossas vontades, as lembranças da meninice e da adolescência não nos deixam.


Quintal de nossa velha casa em Alto Parnaíba. Janeiro de 1979. Da esq.dir. Em pé: Kleuber Formiga Rocha, Paulo Sérgio de Carvalho Brito, Hélio Formiga Rocha e Wagner Mascarenhas Filho. Agachados: Eldimalarde Rodrigues de Araújo; eu (com a camiseta do Fluminente e segurando a bola), Lívio Bastos Santos, Flávio Mascarenhas de Araújo (já falecido) e Haroldo Herley Formiga Rocha.


Em Alto Parnaíba, minha pequena cidade situada à margem maranhense do belo rio Parnaíba, nasci e vivi a infância e o início da adolescência, convivendo com as crianças do lugar, independentemente de classe social ou condição financeira; ao contrário, talvez em outro lugar não existisse uma demonstração natural de convivência democrática e, portanto, igualitária, sem distinções ou preconceitos, entre todos os habitantes, como na mais meridional cidade do Maranhão.


Na semana que está se findando, perdi um desses amigos, nascido em um lar pobre, criado sem a mãe biológica e apenas pelo pai e, principalmente, pela avó paterna, dona Filucha, ao lado dos dois irmãos mais velhos, Ferdinan e Eldinan.


Morreu em Gurupi, no estado do Tocantins, Eldimalarde Rodrigues de Araújo, ou simplesmente Malarde, nascido em Alto Parnaíba no ano de 1965, assim como eu.


Sem atrativos físicos ou financeiros, Malarde tinha o seu carisma, conquistando facilmente a amizade das pessoas e das outras crianças. O próprio nome, que não era mistura dos nomes dos pais ou de outros parentes, era único. Corpo franzino e ágil, brigão muitas vezes, de lábia fina em desculpas, meu amigo Malarde era um conquistador nato e viveu com duas mulheres - e procriando em abundância - ao mesmo tempo, e o mais raro: as mulheres tornaram-se amigas, pois precisavam da união para ajudar a sustentar a extensa prole e o amado.


Meio malandro à carioca no interior do Maranhão, filho de um pai também com um nome que profetizava a fartura nunca vinda, Luís Anos Bons, Malarde gostava de visitar a casa de um vizinho abastado mais precisamente no horário das refeições. Certa feita, como de costume meu amigo ali chegou quando a mesma do almoço já estava posta e todos os lugares e, consequentemente, os pratos ocupados e com seus donos. Eldimalarde ficou em pé atrás do chefe da família, que ocupava a cabeceira, e este, meio áspero e incomodado, já nas últimas perguntou ao menino que sentia vontade apenas de comer melhor: quer almoçar, Malarde. O filho do homem da fartura que nunca teve dinheiro, olhou em direção à farta mesa e respondeu ao rico senhor: mas não tem prato.


No seu último retorno a Alto Parnaíba para morar, Malarde comprou uma bicicleta em uma grande loja. Não pagou nenhuma prestação e, segundo ele, não foi possível fazer no decorrer dos meses, pois precisava alimentar vários filhos apenas com o trabalho de pintor de parede. A grande loja, prepotende e achando-se acima das leis em um lugar pequeno, mandou um empresgado adentrar (invadir) a casinha do meu amigo e dali retirar a bicicleta. Malarde de imediato veio atrás de mim e ingressamos no juizado. Final da história: meu amigo ganhou outra bicicleta, novinha da silva, totalmente quitada. Por isso, também era chamado de Malardinho de Sorte.


Felizmente, fica a saudade e as boas recordações. No plano superior, com certeza as farturas negadas a Luís Anos Bons e seu filho caçula, possam encher uma mesa infinita de boa comida. Adeus, Eldimalarde.

sábado, 20 de novembro de 2010

A ESPONTANEIDADE DE HUMBERTO

Conheci poucas pessoas a gostar de lembrar do próprio aniversário como Humberto, meu irmão dez anos mais velho, que hoje, 20 de novembro, se vivo, completaria 55 anos de idade.

Em 30 de março de 2001, subitamente Humberto nos deixou. Ele era uma presença constante em nossas vidas, sempre próximo aos pais e aos irmãos, de quem era emocionalmente dependente. Alegre e divertido, a sua espontaneidade chegava a ser impressionante ante ao comportamento muitas vezes impulsivo na casa. Rememorava causos que não presenciou e os enfeitavam como um excelente romanceador e narrador do cotidiano e das pecualiaridades históricas das personagens e das passagens de nossa terra, Alto Parnaíba.

Muito ligado aos humildes, de hábitos simples, exímio servidor público, leal em suas convicções, Humberto Hélio do Amaral Rocha com certeza está deixando o plano superior mais alegre e menos formal.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

AUTÊNTICO CHEFE POLÍTICO

Morreu hoje em Brasília, onde se encontrava em tratamento de saúde, provavelmente o último tradicional chefe político de nossa região, o ex-prefeito de Lizarda, no vizinho estado do Tocantins, Antonio Luiz Lustosa de Sousa, aos 83 anos de idade.

Descendente da família Lustosa da Cunha que desbravou a região sul piauiense de Paranaguá, hoje Parnaguá, e que fundou os municípios de Santa Filomena, Alto Parnaíba e Boa Sorte, hoje Lizarda, dentre outros, Antonio Luiz Lustosa era da geração de meu falecido pai e seu primo, Antonio Rocha Filho (Rochinha), e por duas oportunidades prefeitos de seus municípios no mesmo período, se destacava pelo carisma, pela simpatia e pela cordialidade.

Político de uma geração mais romântica, daqueles que iam a lombo de burro ou em carrocerias de caminhões atrás de recursos para sua terra, Antonio Luiz primava pela integridade de caráter e pela lisura e elevado espírito público, mestre no trato com as pessoas, ouvido por seu povo, conselheiro em todos os momentos, enfim, era o autêntico patriarca, que transmitia aos filhos não a facilidade do enriquecimento ilícito, mas o exemplo do trabalho honrado e da conduta ilibada como fontes e meios de uma vida digna, feliz e decente, assim como Jacó, o patriarca de Israel.

Casado com dona Tutu, o estimado chefe político deixa filhos e netos e um povo triste e comovido, porém honrado com sua liderança de mais de meio século.

TODO PRECONCEITO CRIMINOSO

A conservadora elite de São Paulo, falida moralmente, sempre creditou ao nordeste do país eventuais escolhas ruins de políticos na esfera federal, inclusive quando da eleição de Fernando Collor para a presidência da República, esquecendo-se essa turma golpista de que o carioca que se transformou em governador de Alagoas teve votação maciça nos chamados estados civilizados do sul e sudeste do Brasil.

Entretanto, mesmo com todas as suas mazelas e oligarquias que ainda se perpetuam no poder, de suas condições sócio-econômicas desfavoráveis, o nordeste não elegeu macaco deputado, nem muito menos Adhemar de Barros, que se gabava de ser ladrão, Paulo Maluf, Orestes Quércia e tantos outros que também atetaram contra a racionalidade do voto e às mínimas condições morais para o exercício de cargos públicos.

O incitamento ao assassinato de nordestinos, pelo meio cruel do afogamento ou por qualquer outra forma, por Mayara Petruso pela rede mundial de computadores, aliado ao preconceito e ao racismo, precisa e deve ser repelido e combatido por todos os nordestinos, os brasileiros de bom senso - a grande maioria dos nacionais - e a própria humanidade em respeito à condição humana, à igualdade, à legalidade, ao pacto federativo, como fez o presidente da seccional da OAB maranhense, Mário de Andrade Macieira, ao representar em nome de nossa classe contra essa escravagista e neofascista imbecil nos órgãos de polícia e do Ministério Público de São Paulo.

A vigilância tem que ser permanecente e esse tipo de gente irracional e boçal, deve merecer a reprimenda do Estado, bem como da sociedade pacata paulista e brasileira, que não se aliam a esse preconceito criminoso intolerável.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

PREFEITO NOMEIA PREFEITO

O título parece um absurdo, mas é verdadeiro. No município de Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, o prefeito Ernani Soares nomeou ou contratou (dá na mesma persplexidade) o que denomina de "administrador", de fato o gestor do município, ou seja, o prefeito para administrar em seu lugar. Seria uma confissão de incapacidade? O certo é que nem quando os prefeitos eram nomeados pelo governador ou pelo interventor, como durante o Estado Novo de Vargas, se presenciou fato semelhante.

As pessoas do lugar ao se referirem ao "administrador" o tratam por "novo prefeito". Pelo que consta, o prefeito eleito pelo povo em outubro de 2008, diplomado pelo Judiciário e empossado pelo Legislativo em 01 de janeiro de 2009, nem à Câmara Municipal deu explicações. Na linha sucessória, na ausência do prefeito assume o vice-prefeito e deste, o presidente da Câmara. Em Alto Parnaíba tudo pode acontecer em desafio à modernidade, à internet, à mídia, aos órgãos de controle interno e extreno do município (legislativo e Tribunal de Contas), às instituições e aos demais poderes constituídos e à própria sociedade alto-parnaibana.

O novo "prefeito" é quem despacha no gabinete do prefeito, dá ordens e negocia dívidas. O prefeito de direito permanece ganhando R$ 12 mil por mês e o de fato, seriam R$ 18 mil dos cofres públicos de um municípios com os menores recursos financeiros do país, que sobrevive dos repasses do governo federal. É uma afronta à inteligência e à dignidade alheias. Se fosse assim, para que eleger prefeito?

O prefeito de fato e o de direito são contemplados ao mesmo tempo com as mordomias inerentes vergonhasamente ao cargo. Se São Paulo, o mais populoso e rico município do Brasil, existe apenas, de fato e de direito, um prefeito, por que o pequeno município de Alto Parnaíba possui dois prefeitos? Com a palavra, as autoridades e órgãos competentes.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SAUDAÇÕES VITORIENSES

O título é o mesmo dado pelo autor, o jornalista, tradutor, escritor e diplomata Berilo Vargas, um vitoriense de Alto Parnaíba cuja distância geográfica e imposta pelos anos, não o faz se afastar das imagens de nossa terra. É um privilégio ter um texto dele aqui nesse espaço simplório da gente e das causas do mais meriodonal município maranhense.

Meu caro Décio,

Você não tem razão alguma para se lembrar de mim nas horas vagas só porque sabiá cantou.
Embora filho de protagonistas históricos da saga vitoriense (biologicamente de João Vargas, adotivamente de Clóvis Vargas) estou entre aqueles rebentos de Vitória que a abandonaram numa hora difícil, seduzidos pela miragem de uma vida melhor longe do nascedouro, como se a vida em qualquer outra parte pudesse ser muito melhor do que a dos vitorienses de quatro, cinco, seis décadas atrás.

É bem verdade que nessa fase Vitória lutava com dificuldade para alimentar os filhos e parecia incapaz de garantir-lhes qualquer futuro; mas é verdade também que ao fugir de casa condenamos nossa mãe-terra à morte por inanição.

Já você, meu caro Décio, é outra história. Você é da severa estirpe dos que fincaram pé no barranco e resistiram, impedindo que nosso lírico vilarejo fosse arrastado de vez pelas águas do Parnaíba para o oceano do esquecimento. A imagem da família de Antonio Rocha Filho ficou pendurada na parede da memória como indelével fotografia drummondiana daquela Vitória do Alto Parnaíba que nossas famílias construíram tijolo por tijolo, na qual tive o privilégio de morar alguns anos, e que logo deixei para trás no passado perfeito.

Nunca fomos colegas de brincadeiras, vocês e eu, mas, como bons vizinhos de fundo de quintal, brincamos lado a lado a nossa feliz infância vitoriense de sombra e sossego. Muitas vezes, da sombra do pé de tamarindo do quintal de Clóvis, eu via vocês peraltearem nos galhos de um pé de umbu perto do muro de Rochinha (por ser o caçula, você talvez ainda não participasse dessas aventuras arborícolas). E a recíproca devia ser verdadeira: do alto do umbuzeiro, mesmo sem querer vocês certamente acompanhavam as minhas peraltices do outro lado do muro.
De lá para cá, enquanto crescíamos e nos perdíamos de vista, nossa Vitória, a original, a irreproduzível, finalmente morreu para dar lugar a Alto Parnaíba. Você há de ter testemunhado com dor no coração o lento e inexorável declínio de uma, e com apreensão e esperança o incerto e igualmente vagaroso surgimento da outra. A vila primitiva, que por lealdade sentimental chamo de Vitória, tinha sido construída à beira do Parnaíba e de seus múltiplos afluentes e subafluentes por criadores de gado, classe de gente para a qual o mundo gira em torno de uma boa aguada, e morreu quando os cursos de água da região se tornaram economicamente irrelevantes. A parte nova, que por clareza sentimental chamo de Alto Parnaíba, surgiu pouco mais acima com vocação decididamente agrícola, de costas para o rio, já sentada num trator e semeando arroz e soja em lugares altos onde jamais nos ocorrera plantar sequer capim-de-burro.
Você, é claro, soube passar de Vitória para Alto Parnaíba, quanto mais não seja por estar presente durante o processo de replicação. Eu, que apenas acompanhei de longe, fui incapaz de dar o pulo. Fiquei, por assim dizer, empacado na lama vermelha do rio, e minha Vitória é hoje um cemitério adormecido sob as barbas brancas do Velho Monge, onde os personagens de um maravilhoso estilo de vida estão enterrados em espírito.

Numa visita que fiz em 2006, confirmei que não há possibilidade de ressurreição para as cidades mortas. O máximo que se pode esperar é a persistência temporária de uma auréola das ruínas, espécie de ectoplasma coletivo também condenado a desmanchar-se no ar quando o agreste reclamar os seus direitos. Sentado na Praça do Mercado, onde morei quando o logradouro ainda era apenas a parte alta da velha Vitória, tentei ouvir adoráveis barulhos de outrora, mas não tive êxito: uma nova e potente realidade sonora impede a floração espontânea das vozes naturais.
“Que barulhos? De passarinho na janela, de vento nas árvores, de chuva nos telhados, de galo nos quintais, de jumentos que zurravam, subitamente sobressaltados pela alegria animal de estarem vivos. De escarro de um fumante inveterado que passava ao pé do muro. Barulho da voz alterada da mãe que ralhava com o filho lá para dentro. Barulho das gargalhadas sob a mamorana de Eurípides. Barulho de alunos que saíam do Vitorino Freire passarinhando em alegre revoada. Barulho da animação de famílias que começavam o dia junto ao fogão de lenha e em volta da mesa do café com cuscuz e beiju, e terminavam conversando em surdina na porta da rua, à boca da noite, os mais idosos estendidos nas cadeiras preguiçosas, a pele do rosto e dos braços manchada de sol e velhice, alguns já de pijama e chinelos, vivendo na companhia de filhos e netos o suave anoitecer dos últimos anos”.

Na cidade baixa, percorri sozinho os restos mortais da rua onde nasci, e que hoje leva o nome de meu avô paterno, João Francisco de Vargas, num passeio verdadeiramente além-túmulo, onde tudo era fantasmagórico, e eu mesmo não tive muita certeza se ainda era de carne e osso.
“Na beira do rio, a velha Vitória é um cemitério de casas destroçadas, de ruas por onde um dia tramaram seus passos figuras venerandas como Adolfo, Antunim Rocha, Mitim, João Vargas, Luiz Amaral, Padre Cirilo, Titizinha, Aderson, Dona Ifigênia, Tia Raquel e tantos outros, e que já não levam a nenhuma das moradas hospitaleiras de antigamente. Na claridade do dia, é quase uma cidade cenográfica, só paredes externas, portas e janelas sem folhas, salas e quartos sem paredes, beirais sem telhados. Mas quando a noite desce todo o velho conjunto urbano é outra coisa, o lado de dentro dessa outra coisa. As ruas esboroadas se convertem em labirintos de suspiros, e todas as saudades convergem, em procissão, para as esquinas. O passado retorna, como se não tivesse passado, e quem transita por ali, solitário e atento, volta a ouvir os risos, as vozes, o tinir de louças e talheres lá dentro, à mesa de jantar. Na calçada, junto à porta da rua, cadeiras invisíveis conversam em surdina assuntos de antigamente. E de súbito, vindos não se sabe de onde, erguem-se passos de pessoas queridas longamente ausentes, passos que só deixaremos de ouvir quando os nossos também se juntarem ao rumor multitudinário da cidade inteira que se foi”.

A verdade, meu caro Décio, é que nós vitorienses _ os que ficaram, os que partiram _ somos inundados de boas recordações sempre que ouvimos o canto gonçalvino do sabiá. Seu Blog, onde cheguei pela mão do acaso, ao dobrar uma esquina da Internet, me fez escutar melodias antigas, que o ouvido jamais esquece. Mesmo quando trata de urgentes assuntos alto-parnaibanos do momento, ele trai as respeitáveis origens vitorienses do autor, o que talvez explique a forte ressonância de seus textos nos desvãos da memória de um leitor vitoriense sentado a milhares de quilômetros de distância, num canto de apartamento no Rio de Janeiro, à beira de um oceano que ainda não é o do esquecimento.

Com o abraço amigo do

Berilo Vargas

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ADMINISTRAÇÃO INEXISTENTE

É duro constatar, entretanto a verdade teima em se impor e em cobrar reações. Nasci em Alto Parnaíba e em 44 anos de vida, jamais presenciei uma administração tão acanhada, sem iniciativa, desacreditada. Não existe sequer uma obra do governo municipal em andamento. Um vazio de autoridade tomou conta do município sul maranhense e a falta de credibilidade é geradora até mesmo da acomodação da sociedade, que não reage preferindo se deliciar e comentar a agressividade desmedida e covarde em publicações anônimas do que cobrar posicionamentos dos vereadores, dos partidos, das lideranças, da sociedade civil e das autoridades do Estado.

Não nego que os últimos governos municipais e a sua quase total ineficiência, me deixaram provavelmente apático, mas jamais deixei de me indignar contra abusos, ilegalidades, desrespeitos com o dinheiro público. É preciso reagir.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

UM PARQUE FICTÍCIO

Em 2000, levei pessoalmente ao deputado Manoel Ribeiro, em São Luís, a preocupação de ambientalistas de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, com a preservação do rio Parnaíba em suas nascentes, na Chapada das Mangabeiras. Sempre atento aos anseios de nosso município, o deputado ouviu nossa sugestão e apresentou projeto de emenda à Constituição do Maranhão que, aprovada e promulgada, criou no ato das disposições transitórias uma reserva estadual no lugar Água Quente, onde nasce o maior rio genuinamente nordestino, com mais de 36 mil hectares de extensão e sem necessidade de gastos pelo estado para a desapropriação de terras, já que aquela gleba, por iniciativa de meu pai, Antonio Rocha Filho, quando da demarcação, ficou titulada em nome do Estado do Maranhão.

Estranhamente, dois anos depois o então presidente Fernando Henrique Cardoso baixou decreto criando um parque federal que, em tese, seria nas nascentes do rio Parnaíba, abrangendo, apenas no município de Alto Parnaíba, mais de 300 mil hectares de terras.

A iniciativa seria até louvável se não tivessémos a reserva estadual, que precisava, como ainda precisa, ser estruturada, exatamente onde se situam as nascentes do rio que separa os estados do Piauí e do Maranhão.

Entretanto, o parque, cuja criação foi de cima para baixo sem ouvir os ribeirinhos, os proprietários e a comunidade, parece ter sido delimitado com base em antiga carta geográfica, sem qualquer veracidade quanto ao campo.

O parque pouco ou em quase nada abrange as nascentes, ao contrário, é desconexo e sem limitação confiável, além de não existir de fato, ou seja, ficou apenas no texto do decreto ou no papel, sem que ninguém tenha sido até agora indenizado pela desapropriação, causando prejuízos à agricultura sustentável, aos ribeirinhos e nenhum benefício ao rio Parnaíba.

É preciso coragem dos políticos maranhenses, como teve o deputado Manoel Ribeiro ao criar a reserva - se ainda não foi estruturada a culpa é do Poder Executivo maranhense -, para discutir esse parque, até agora inexplicável e sem funcionamento, com o governo federal, exigindo respeito para com um município do Maranhão e para com dezenas de famílias prejudicadas.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

JACKSON E VIDIGAL

De todos os candidatos a governador do Maranhão, apenas Jackson Lago visitou a cidade de Alto Parnaíba, no extremo sul do estado, onde conversou com a população, ouviu reivindicações, elogiosos e críticas, fez uma mea culpa sobre a não realização de obras de seu governo, encurtado pela cassação imposta pelo TSE, no mais meridional município maranhense.

Dos candidatos ao Senado pelo Maranhão, apenas Edson Vidigal e Roberto Rocha, integrantes da comitiva de Jackson, estiveram em minha cidade, onde também tomaram conhecimento dos principais anseios da comunidade e dialogaram com lideranças e populares.

Mesmo possuindo as terras mais férteis do estado, com cerrado privilegiado em números de hectares, em solo e em preservação, com água perene abundante, mais de 11 mil quilômetros quadrados de dimensão, localização estratégica entre o oeste da Bahia, sul do Piauí e Tocantins, Alto Parnaíba não desperta o interesse da maioria dos políticos maranhenses de projeção, que mantêm a mesma ideia de um Maranhão sempre e continuamente pobre, atrasado, onde predominam os índices sociais mais negativos do país, reinando a galope a corrupção e mantendo o eleitorado alienado de tudo, também em sua maioria. Eles não visitam o meu município, e quando o fazem, com as exceções acima e de poucos outros com credibilidade, como os deputados Manoel Ribeiro e Pedro Novais, mandam cabos eleitorais da capital ou capitulados na cidade, na hedionda busca mercantilista pelo voto.

Jackson e Vidigal visitaram Alto Parnaíba e se expuseram ao público, assim como Manoel Ribeiro e Pedro Novais. Jackson é um homem sério, probo, correto, vítima de um sistema feudal ainda forte e impiedoso. Vidigal foi o único maranhense a integrar a segunda corte de Justiça mais importante do Brasil, inclusive a presidência do Superior Tribunal de Justiça, merecendo o respeito da sociedade e de todos aqueles que trilham corretamente o mundo do direito.

Por essas razões, meu voto é de Jackson Lago governador, Edson Vidigal senador, assim como em Pedro Novais deputado federal e Manoel Ribeiro, deputado estadual. Para presidente da República, não dá para engolir Dilma ou Serra. É demais para o meu estômago, o que me leva, por ser mais leve em tudo, principalmente em ética, probidade, eficiência e decência, a digerir e sufragar com raro prazer neste país onde a cada dia os valores mais caros são renegados pelos políticos e pelos poderosos, o nome de Marina Silva.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PALAVRA COM HONRA

Na terça-feira última, no início da noite, participei de uma reunião política onde os deputados Pedro Novais e Manoel Ribeiro, candidatos à reeleição em outubro, conversaram de forma direta, franca, sem arrodeios, em um linguajar acessível e com compromissos objetivos, com parcela significativa da comunidade de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense.

Manoel Ribeiro é um velho conhecido de Alto Parnaíba e posso afirmar, sem qualquer comprometimento, que foi o único deputado estadual votado em nosso município recentemente a abraçar as nossas causas e a trazer benefícios à população, tornando nome de rua não por outorga dos poderes constituídos, mas por decisão dos moradores de uma artéria então aberta no bairro Santo Antonio, que o costume legalizou.

Manoel, com seu jeito objetivo e direto nas colocações, fez cobranças de aliados de plantão que o abandonaram, ao mesmo tempo em que combateu práticas de corrupção e de desleixo administrativo que vitimam Alto Parnaíba, e ao lado de Pedro Novais, se comprometeu em se dedicar ao início da construção do trecho da BR-235 entre nossa cidade e o município de Lizarda, no estado do Tocantins, já em 2011, cuja previsão orçamentária, com empenho, se encontra à espera de iniciativa do governo estadual desde o exercício de 2008.

Essa rodovia é vital não apenas para o extremo sul do Maranhão, mas para todo o estado, além de ser a via de interligação e desenvolvimento também a beneficiar o oeste da Bahia, o sul e o sudeste do Piauí e o Tocantins, como bem salientou o deputado federal Pedro Novais, caminhando para seu oitavo mandato, com cadeira cativa na comissão mista de orçamento do Congresso Nacional, que já presidiu e da qual foi relator, entretanto, jamais teve seu nome envolvido em qualquer dos escândalos que sempre rondam a mais importante comissão do Parlamento nacional.

O encontro foi proveitoso, tendo a comunidade a oportunidade de se manifestar. As prioridades para um município onde o Estado é praticamente ausente, foram analisadas sem pieguismo pelos deputados e lideranças municipais que os acompanham, resultando numa carta onde se clama, além da estrada para o Tocantins, pela recuperação da rodovia para Balsas; pela extensão do programa luz para todos além da região do distrito de Curupá, única até agora beneficiada; saneamento básico e urbanismo, a começar do sistema de água potável em todos os bairros e nas sedes dos povoados, de moradias na cidade e na zona rural; na saúde, com a construção de um hospital e de postos no interior; uma outra escola estadual e o campus da Uema; estradas vicinais e pontes; ginásio esportivo; quadra de esportes; reconstrução do aeroporto municipal; construção da ponte sobre o rio Parnaíba entre as cidades de Santa Filomena e Alto Parnaíba, enfim, os pedidos atingem todas as esferas administrativas e é possível que se tornem realidade. Com a palavra, o eleitor.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

UMA SIMPLES PONTE

No início da semana, na qualidade de cidadão alto-parnaibano e de integrante de uma entidade da sociedade civil brasileira, endereçei correspondência ao prefeito de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, Ernani do Amaral Soares, em que noticio e solicito a imediata construção da ponte sobre o ribeirão São José, a 4 km de distância da cidade, na estrada municipal carroçal que liga a sede do município ao distrito de Curupá e de lá aos Macacos e às nascentes do rio Parnaíba, cujo potencial turístico-ecológico ainda não foi corretamente explorado.



A velha ponte de madeira ali existente, construída às expensas do fazendeiro Wagner Teixeira Mascarenhas, mesmo indispensável para a interligação da cidade com as comunidades localizadas às margens do Parnaíba e seus afluentes, provocou quatro acidentes, com feridos, em apenas dois dias, necessitando urgentemente que as tábuas e a própria estrutura sejam repostas.



E observem que não estou falando de ponte de cimento armado, mas apenas de uma ponte (ou mata-burro) com extensão mínima ainda construída de madeira, que a prefeitura possui condições mais do que suficientes para construí-la.



A comunidade - várias pessoas pediram a minha intervenção - aguarda a realização da obra, que é a resposta que espera de seu prefeito.

domingo, 5 de setembro de 2010

PARECE QUE VAI SAIR

Ouvi pessoalmente ontem, 04 de setembro, em meu escritório de advocacia, do deputado Manoel Ribeiro, ex-presidente da Assembleia Legislativa maranhense, que o DNIT já possui disponibilizados R$ 18 milhões para dar início em 2011 à construção da rodovia BR-235 no trecho entre as cidades de Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, e Lizarda, no Tocantins.

Ouso acreditar na palavra de Manoel Ribeiro por uma razão óbvia: mesmo eu não o tendo apoiado quando começou a ser votado em Alto Parnaíba ainda nos anos 1990 e de não pertencer ao seu grupo político à nível estadual, jamais deixei de creditar-lhe o fato de ter sido nos últimos tempos o mais atuante deputado estadual (provavelmente o único) em defesa das causas da minha terra, como da luta travada com a governadora Roseana Sarney para a pavimentação do trecho da MA-006, de 240 km, entre Alto Parnaíba e Balsas, inaugurada há 10 anos.

Mantenho relações pessoais com Manoel Ribeiro e reconheço a sua determinação quando abraça um projeto, e, segundo ele, é fundamental e estratégico para o Maranhão, e não apenas para Alto Parnaíba, a construção e pavimentação dessa velha estrada, ainda carroçal, quer no aspecto econômico, como no social e cultural, e esta seria a sua nova causa por um município em que também investiu como empresário rural, gerando divisas e empregos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FOGO E POLUIÇÃO ELEITORAL

Hoje é a terceira noite do festejo de Nossa Senhora das Vitórias, a padroeira católica do município sul maranhense de Alto Parnaíba, desde a sua fundação em 19 de maio de 1866.

A praça coronel Adolpho Lustosa, onde se localiza a igreja matriz, está tomada por botequins, camelôs e muito barulho, deixando seus antigos moradores com a insônia ainda mais prolongada.

Em ano eleitoral, praticamente toda a população rural se desloca para a cidade e ao lado dos chamados urbanos, todos se juntam na velha praça, em volta da igreja, mas poucos vão às missas.

Em período de eleição, os candidatos, alguns conhecidos por não terem feito nada por nossa terra, aqui aportam de paraquedas, vão rapidamente à praça, cumprimentam nossa gente simples e crédula com tapinhas nas costas e aquele ar de que são amigos do sertanejo desde criancinha.

Em época de campanha e de caça ao voto, a maioria dos candidatos -alguns achavam até pouco tempo atrás que Alto Parnaíba nem existia -, chega de mansinho, vai ao encontro do chefete político descompromissado com as causas do povo e da comunidade e ali deixa o chamado custeio, ou seja, dinheiro comprando o pretenso chefe para que este compre o voto do eleitor. Aí os comentários ganham às ruas. Quem levou mais: foi A ou B. O certo é que o dinheiro não declarado à Justiça eleitoral chegou e vai engordar os bolsos desses vendilhões do voto, que atrasam e retardam impiedosamente o desenvolvimento de um município naturalmente abençoado por Deus.

Em setembro, fim de agosto, as queimadas se multiplicam e o calor aumenta. O pasto seco deixa o gado magro; o pecuarista sofre; o agricultor se preocupa. O fogo destrói tudo, cerrados e baixões em um município com mais de 11 mil quilômetros quadrados de território. O crime das queimadas ilegais e indevidas, desnecessárias e cruéis, é continuado e seus autores deixam rastros, cabendo apenas uma melhor investigação, inclusive de natureza preventiva, para chegar a eles.

Ao lado do festejo e dos vendilhões, das tradições religiosas e populares que engrandecem nossa cultura e nossa gente, as mesmas queimadas utilizadas ainda na fundação religiosa da vila de Nossa Senhora das Victórias, o mesmo tipo de candidato sem discurso e sem compromisso, os mesmos caciques sem índio se renovando e se enriquecendo, o mesmo povo ingênuo satisfeito em pegar na mão do "doutor candidato" e de receber de esmola uma dose de cachaça em algum botequim.

Ao mesmo tempo, carros de som se atropelando anunciando candidatos de todo gosto e a maioria, de mau gosto, com música altíssima, sem respeitar quem trabalha, quem está doente ou estudando, deixando a temperatura ainda mais alta, o ar mais sufocante, as queimadas menos inofensivas e a ironia que me faz sorrir no momento: novos chefetes políticos se autoproclamando donos de voto.

Daqui a quatro anos será a mesma coisa, a não ser que Cristo retorne à terra e expulse os vendilhões das calçadas de seu templo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

COMOÇÃO NO ENTERRO DE VEREADOR

Foi sepultado na manhã de hoje, 16/08, o corpo do vereador Gecílvio Alves Borges, o popular Borjão, morto em um acidente automobilístico no Km-7 da MA-006, estrada que liga Alto Parnaíba a Tasso Fragoso e Balsas, quando o veículo que estaria sendo dirigido pelo parlamentar colidiu com uma carreta carregada de milho, no final da tarde do dia 14.

Borjão morreu ao dar entrada no hospital, enquanto os passageiros de seu carro, o filho e o também vereador Manoel Gomes Alves, o Manoel de Helena, foram transportados para Imperatriz, ali permanecendo apenas Manoel, ex-presidente da Câmara de Alto Parnaíba, que fraturou a perna e se submeteu ontem a uma cirurgia.

Era o primeiro mandato eletivo de Borjão, integrante de duas das maiores famílias alto-parnaibanas, eleito na coligação PPS-PDT em 2008. Ainda jovem e mestre de obras, era uma pessoa sempre bem humorada, alegre, positiva, com quem tive o privilégio de conviver mais próximo na última campanha eleitoral.

Após a sessão solene de despedida no plenário da Câmara Municipal e da missa de corpo presente na igreja matriz, centenas de pessoas conduziram os restos mortais do jovem vereador ao cemitério da cidade onde nasceu e viveu toda a existência, deixando viúva e dois filhos.

Na vaga aberta no legislativo de Alto Parnaíba com o falecimento do vereador Borges, deverá assumir o primeiro suplente, Railon Castro Barros, cujo reduto eleitoral se concentra basicamente no povoado Taboca e no bairro São José.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A DIFÍCIL ARTE DE ADVOGAR

O dia 11 de agosto é dedicado aos advogados brasileiros. Pouca gente sabe disso, especialmente nos lugares mais distantes do país.



No último 11, às 08 horas da manhã, com quase vinte anos de advocacia plena, eu já me encontrava na cidade piauiense de Santa Filomena, do outro lado do Parnaíba, para participar de audiências no fórum. Deixei o escritório aberto e não me recordava do significado da data. Seria decepção ou cansaço, ou ambos? Foi o que de mim mesmo indaguei, quando alguns serventuários me fizeram relembrar o dia do advogado, árdua missão para quem abraça essa causa no torrão natal e nos sertõoes de um Brasil tão desigual.



O velho ditado que diz que santo de cansa não faz milagres não deixa de ter suas verdades. Ao retornar para Alto Parnaíba, já advogado, naturalmente me envolvi nas questões além da profissão, mas sempre em busca do melhor para minha terra. A origem política que se verifica desde os fundadores do município, talvez tenha contribuído para esse engajamento, nem sempre bem visto por alguns poderosos, cujas atribuições utilizadas de forma abusiva e em confronto direto com o estado de direito, me tornaram alvo do ódio e das perseguições incessantes, impiedosas, injustas.

Entretanto, graças a Deus, ao apoio maçiço de meus conterrâneos dos dois lados do grande rio e da coerência de meus posicionamentos, não esmoreci e assim como o presidente JK, o Criador me privou do sentimento do medo. Talvez o abate emocional se reflita no envelhecimento quase precoce do físico, mas a defesa da Justiça justa, da lei como imperativo de direitos e de Justiça, da liberdade e das causas dos oprimidos e dos levados à desigualdade, não envelheceu nesse simples advogado interiorano, cujo mestrado se faz no convívio diário dos rurícolas sem terras e da garantia de direitos elementares; de pobres vitimados pelo abuso dos mesmos poderosos em todos os aspectos, como no caso de uma mãe lavradora que acaba de deixar meu gabinete clamando por providências contra o pedófilo que abusou de sua filha.

Continuo amante de minha profissão e crente nos valores humanos. Hoje, o nosso Judiciário em Alto Parnaíba, Santa Filomena e Tasso Fragoso, as três comarcas onde mais atuo, se encontra, sem qualquer reconhecimento precipitado, representado com grandeza por três jovens magistrados, os juízes Franklin Silva Brandão Júnior, Ronaldo Paiva Nunes Marreiros e Sílvio Alves Nascimento. Ainda falta muito da presença do Estado brasileiro em todos os seus níveis federativos, mas, com certeza, a indignação de quem lutou, ainda jovem, contra a ditadura militar, permanece viva como d'antes.

Da esq/dir: Carlos Biá (de costa), Erasmo Lustosa "Tafarel", Dr. Décio Rocha e Lindolfo Rocha (no computador) - cotidiano de trabalho e de contato com as pessoas no escritório de advocacia

sábado, 7 de agosto de 2010

JACKSON CANDIDATO

O Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão deferiu, por unanimidade, o registro da candidatura do Dr. Jackson Lago a governador em outubro próximo, negando a impugnação oferecida pelo Ministério Público eleitoral sob a alegação de que o ex-governador, cassado pelo TSE, estaria inelegível de acordo com a lei da ficha limpa.

Na minha opinião, correta a posição da Justiça eleitoral maranhense, que seguiu o voto isolado do ministro Marco Aurélio Mello, que discordou de seus pares no Tribunal Superior Eleitoral quanto a retroatividade da lei para prejudicar - Marco Aurélio também integra o Supremo Tribunal Federal, que julgará, em análise final, essas demandas -, mas, sobretudo, existe uma diferenciação do caso Jackson para a maioria: o candidato do PDT ainda discute a legalidade da cassação e, acima de tudo, a supressão de uma instância, ou seja, Jackson Lago não teve o direito constitucional de se defender primeiramente no TRE maranhense, já que sua adversária partiu direto para o TSE, atropelando princípios mais elementares do direito processual brasileiro. Daí, Jackson ainda não efetivamente julgado, inexistindo razão para enquadrá-lo como ficha suja.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UMA PESSOA DO BEM

Posso afirmar sem hesitação que o título acima se encaixa perfeitamente no caráter, na personalidade, na fé inabalável em Deus, nas virtudes mais elementares, na conduta moral, pessoal e pública, na decência e na dignidade de Antonio Augusto Aragão, filho de Santa Rita de Cássia, no oeste baiano, e morto prestes a completar 88 anos de vida no último dia 03 de agosto, em Barreiras, para onde foi transferido após sofrer um derrame cerebral.

Toinho Aragão, como era conhecido, esposo da irmã caçula de meu pai, era um homem de Deus, pregador das mensagens de Cristo sem pieguismo, defensor das virtudes sem hipocrisia, amante da paz sem covardia.

Por quase sessenta anos, viveu um casamento harmônico com Júnia de Tarso Rocha e Aragão, uma mulher de fibra e de carisma contagiante, com quem teve cinco filhos, todos com curso superior. O primogênito é o médico Paulo de Tarso Rocha e Aragão, seguido do médico-veterinário, ex-prefeito e ex-deputado Antonio Augusto Aragão Júnior, o Gugu, do dentista e ex-prefeito José Benedito Rocha Aragão (Zezo), da professora e atual vice-prefeita da cidade da Barra, também na Bahia, Zênia Lúcia Rocha Aragão e do bioquímico e farmacêutico Roberto Daivisson Rocha Aragão.

Tio Toinho possuia um dos estabelecimentos comerciais mais antigos do oeste da Bahia, próximo ao extremo sul do Maranhão, de onde escrevo, foi líder da Igreja Batista, professor do lendário Instituto Batista Correntino, da vizinha cidade piauiense de Corrente, e também enveredou pela política, tendo sido vereador, presidente da Câmara e prefeito de Santa Rita de Cássia, sempre conduzindo sua vida pela paciência, tolerância, altivez nos momentos necessários, respeito para com o seu semelhante e extrema fidelidade ao Criador. Mesmo idoso, o seu desenlace ajuda a empobrecer a causa humana.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

UM DOS ÚLTIMOS FOLCLÓRICOS

Morreu na madrugada de hoje, 30 de julho, no hospital São Geraldo, em Alto Parnaíba, um dos últimos personagens folclóricos de minha terra, o filomenense Antonio Dozio Ascenso dos Reis, o popular Ribeiro, aos 62 anos de idade.

Ribeiro ou capitão Ribeiro, como era carinhosamente tratado por todos em nossa comunidade, nasceu do lado piauiense do rio Parnaíba, à margem deste na Fazenda Riacho da Areia, em frente à fazenda Lajeado, então pertencente a Otacílio Lustosa Mascarenhas, onde seus pais, Maria José e José Ascenso, antes do casamento arrumado pelos bondosos patrões, viviam.

Nos anos 1960, os pais de Ribeiro trouxeram a prole para Alto Parnaíba e meu pai, Antonio Rocha Filho, ajudou-lhes a adquirir um terreno no hoje bairro São José, onde ergueram uma casinha, melhorada no decorrer dos anos. Além de Ribeiro, apenas Pedro Margarido e João da Paz, sobreviveram à mortalidade infantil que dizimou outros sete ou oito irmãos.

O Criador privou o nosso capitão sem patente de qualquer beleza física, incluise dotando-lhe de deficiência nas pernas, mas, como justo e soberano, deu-lhe o dom natural de responder a todos com improvisos interioranos cheios de graça e às vezes, de rima. Gostava de uma cachaça, que talvez, sem qualquer apologia, aliviava a falta de atrativos externos. Amava as belas mulheres e mesmo não as tendo, tinha-as como suas, entretanto, não ultrapassava os limites da decência e do respeito.

Anjo em um corpo que fazia lembrar o lendário de Notre Dame, Ribeiro conviveu, quando mais jovem, em nossa casa, presença ali constante e me faz recordar o seu sorriso (gaitada) alta, a sua veia de autoridade que parece ter trazido de outras vidas, o medo que impunha às crianças (não por ser violento, mas pela razão física), o seu gosto por espelhos, onde se mostrava a si próprio e se achava, com certeza, o mais belo dos homens.

Quando padecem os Ribeiros, a humanidade fica mais pobre e Deus, por sua vez, feliz em receber de volta quem cumpriu fiel e resignadamente os seus desígnios. Adeus, capitão.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

LEMBRANÇA


Morto de forma súbita há nove anos, hoje, 22 de julho, é o aniversário de nascimento de meu irmão Plínio, o terceiro filho de meus pais, nascido em 1953.

Plínio Aurélio do Amaral Rocha era mais do que apenas irmão, era o meu ídolo na advocacia, meu mestre, exemplo de vida dedicado às causas da liberdade, dos oprimidos e dos mais pobres. Amigo dos sertanejos, revoltado com a injustiça secular que o Brasil impõe aos seus filhos dos sertões mais distantes e esquecidos, como Alto Parnaíba e região, Plínio encarnava o bom orador e o primoroso redator na defesa radicial dessas gentes e dessas causas.

Não quero me alongar, apenas, saudoso, relembrar, como o faço diariamente, a falta que ele faz a mim, à nossa octagenária e doente mãe, aos nossos irmãos, sobrinhas, cunhados e demais parentes e acima de tudo, aos mais necessidatos e deserdados de cidadania de Alto Parnaíba, de Santa Filomena e Tasso Fragoso, onde atuou como operador do direito sem rendas, mas com coragem em defender os perseguidos e em combater os abusadores do mesmo direito.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O AMOR PACÍFICO DE HEITOR

Acabo de ler - ou devorar - as doze páginas de um livro intitulado Poemas do Mestre Heitor Moraes da Silva, recentemente editado por amigos e parentes de seu autor.

Na apresentação, a adolescente meiga e inteligente, Lara Louise, filha da professora de dança, Ana Flávia, neta da professora municipal Rosimary Moraes Azevedo e bisneta de uma das figuras mais influentes na vida pública de Alto Parnaíba em mais de meio século, a saudosa dona Ana Borges de Oliveira, além de um ter uma outra mãe do coração, a tia-avó Maria Filomena Costa Silva (Maria Filomena Biá), uma de nossas grandes alfabetizadoras, faz uma apresentação do autor e de sua obra primeira

Heitor Moares da Silva completará 84 anos de vida no próximo 06 de agosto, data do início do festejo da padroeira de Santa Filomena, nossa terra-mãe, é alto-parnaibano da gema, ou seja, descende diretamente dos fundadores da velha Victória do Alto Parnaíba, filho de José Moraes da Silva, o Zé da Prata, e de dona Alice Moraes da Silva.

Quando do êxodo que quase dizimou a população de Alto Parnaíba em busca dos garimpos de Goiás e da terra prometida com a construção de Brasilia e da Belém-Brasília (a grande rodovia que interliga norte e sul do país), Heitor também se aventurou pelas terras goianas e segundo Lara, chegou a fixar residência em Lagoa da Confusão, hoje Tocantins, quando aprendeu com os índios a técnica de fazer canoas utilizando apenas um tronco sem emendas.

De família de carpinteiros, Heitor seguiu essa bíblica profissão, se especializando mais como artesão. Solteiro, vive sozinho no bairro Santa Cruz, próximo a parentes que permanecem, como ele, em nossa cidade.

Em todas as poesias que compõe o livro, Heitor fala de amor, vive e se delicia com o amor verdadeiro, puro, ingênuo, doce como mel. Heitor não protesta de forma categórica, mais defende a paz na relação amorosa. Não deixa de ser singular, pois espécie de ermitão convicto, o bom Heitor, que estudou muito pouco, colocou no papel os sonhos acalentados de quem vive a solidão como se vivenciasse a multidão.

No momento em que o Brasil registra o assassinato de dez mulheres por dia, quase todas vítimas de seus amores criminosos, nada melhor do que levar a você, leitor, um pequeno trecho de um hino de um poeta nato às mulheres:

"O amor é um único espírito que vive dentro de dois corpos.
Amor não é morrer por um ser amado; e sim viver para estar ao seu lado.
Amar não é apoderar-se do outro para completar-se, mas se dar ao outro para completá-lo.
A medida do amor é amar sem medida. O amor chega quando se menos espera e se vai quando se menos imagina". (do poema Amor - Espírito de dois corpos - pág. 05).

terça-feira, 20 de julho de 2010

PALAVRA DE JACKSON

No início da noite de ontem, 19/07, a comitiva da coligação O Povo é Maior, liderada pelo ex-governador Jackson Lago, candidato ao governo maranhense, visitou a cidade de Alto Parnaíba, onde manteve encontro com lideranças políticas e comunitárias e com centenas de populares.

Como de hábito, o Dr. Jackson fez um pronunciamento em que reconheceu a falta de tempo - lhe depuseram do cargo de governador - para fazer com que o seu governo chegasse efetivamente ao mais distante município do Maranhão em relação à capital, ocasião em que se comprometeu a iniciar um novo governo, a partir de janeiro próximo, tendo por marco primeiro o município de Alto Parnaíba.

Na via pública, lideranças locais fizeram reivindicações ao Dr. Jackson, aos candidatos ao Senado, Edson Vidigal e Roberto Rocha, e a candidatos a deputado estadual, lembrando da ausência do Estado do Maranhão em nossa comunidade, protestando pela construção da rodovia ligando-nos a Lizarda, no Tocantins, a recuperação da estrada para Balsas, a construção da ponte sobre o rio Parnaíba entre Alto Parnaíba e Santa Filomena/PI, a construção de um hospital estadual e de mais escolas do estado, o incentivo à agropecuária, enfim, praticamente tudo já que o governo maranhense quase não existe em nosso município.

Falaram o presidente da Câmara Municipal, vereador Marco Antonio Leite Almeida, o vereador Firmino José Brito de Amorim, o ex-vereador Corintho Rocha Júnior, o professor Carlos Biá, a candidata a deputada estadual, Deusilene Barros, os candidatos a senador, Vidigal e Roberto Rocha, eu próprio e o futuro governador, com a participação atenta e coesa de muita gente, que também almeja a libertação do Maranhão.

O ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, o hoje advogado Edson Vidigal, relembrou sua trajetória pelo interior do Maranhão no início dos anos 1980, quando formalizou diretórios do velho PMDB nos lugares mais distantes, como Alto Parnaíba, e o fato de ter sido o deputado federal mais votado em nossa terra em 1978, sob a liderança de meu pai, Antonio Rocha Filho (Rochinha), e no mesmo tom dos demais oradores, conclamou ao povo pelo veredicto final com o retorno de Jackson Lago, o legítimo governador dos maranhenses, ao Palácio dos Leões.

Jackson, Vidigal e Roberto Rocha gravaram entrevista com o radialista e blogueiro José Bonifácio Bezerra, que deverá ser veiculada no próximo sábado pela manhã no programa do Carlos Biá, com a participação do Bonifácio, na rádio comunitária Rio Taquara FM, de Santa Filomena.

Também participaram do encontro o prefeito Ernani do Amaral Soares, os vereadores Deusdedith Dias Ferrer, Elias Elton do Amaral Rocha, Fernandes Almista de Sousa, Gecílvio Borges, Jocimar Ferreira, Manoel Gomes e Valdinar Ramos, o presidente do PDT, Wladimir Rocha, o presidente do PT, Raimundo Nonato de França Oliveira, o ex-vice-prefeito Jader Caixeta, o ex-prefeito de Tasso Fragoso, Ataliba Leite de Oliveira, os ex-vereadores Atualpa de Brito Araújo, Sandoval Rodrigues Costa, Avelar Ribeiro, Lourival Lopes Filho, Maristela Mascarenhas, Antonio Rocha Neto, o presidente do PSB e ex-vice-prefeito, Itamar Vieira, dentre inúmeras outras lideranças do município.

domingo, 18 de julho de 2010

JACKSON EM ALTO PARNAÍBA

No final da tarde da próxima segunda-feira, 19 de julho, o ex-governador Jackson Lago estará desembarcando em Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, já como candidato ao governo do estado, quando, na Câmara Municipal, no início da noite, terá um encontro com a população do mais distante e mais abandonado município maranhense.

Eu voto Jackson.

sábado, 17 de julho de 2010

MARANHÃO DIFÍCIL

Desde a luta pela fundação, o município de Alto Parnaíba mantém uma fidelidade extrema ao Maranhão, cuja reciprocidade praticamente é inexpressiva.

Nos anos 1980, os agricultores do sul do país descobriram os cerrados do sul maranhense e a adequação de suas terras ao cultivo em grande escala de grãos, principalmente soja, arroz e milho. A serra do Penitente, localizada apenas nos municípios de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, tornou-se logo a cobiça mais preciosa de verdadeiros produtores, de especuladores e de políticos com vínculos na região. O Estado do Maranhão arrecadou milhares de hectares de terras e transferiu suas propriedades, na maioria, para pessoas que nunca d'antes haviam sequer semeado ao natural um pé de maxixe, mas ligadas ao domínio do poder político então reinante no Palácio dos Leões e com interesses centrados no sul do estado.

Essas pessoas ganharam muito dinheiro; algumas perderam tudo; outras se transformaram em milionários. A partir da presença de agricultores com origem e vínculo na terra, com empresas estruturadas e visão empresarial, a serra do Penitente deixou de penitenciar e passou a produzir.

Esse é o Maranhão. Toma as riquezas de Alto Parnaíba e retorna o mínimo. No último domingo, comentei o assunto com o radialista José Bonifácio Bezerra em seu programa na rádio comunitária Rio Taquara FM, da vizinha cidade piauiense de Santa Filomena. O Maranhão não possui um único posto de saúde e sequer um médico ou um dentista em Alto Parnaíba. Apenas uma escola, construída há sessenta anos. Nenhuma estrada, a não ser a MA-006 que nos ligam a Balsas, em estado quase precário. O aeroporto desativado. O escritório da Emater fechado há anos e nenhum apoio ao agricultor. O incentivo à produção agropecuária e empresarial é nula. O prédio da delegacia de polícia e do destacamento da PM é de propriedade do município.

Naquela entrevista, o também radialista Carlos Biá lembrava que o município, embora pobre e abandonado pelo estado, fornece servidores públicos para repartições do governo maranhense, como a delegacia de polícia e a escola.

Ainda na década de 1980, meu pai, na época prefeito, indagou de um certo secretário de estado, um tipo de gente que acha que nunca vai morrer, sobre a construção da estrada Alto Parnaíba à Lizarda, no estado do Tocantins. O presunçoso secretário, que chegou a ser votado em nosso município como deputado estadual, respondeu que aquela rodovia seria um dreno aos interesses do Maranhão. Antonio Rocha Filho, que não deixava nada sem resposta, disse-lhe que fosse dreno, desde que beneficiasse uma região importante do estado, mas não seria dreno como o governo praticava ao drenar impiedosamente o dinheiro público para finalidades alheias que não eram verdadeiramente do interesse da população maranhense.

A estrada até hoje não foi construída. Os drenos permanecem, conforme o noticiário policial da tevê. O Maranhão permanece distante anos luzes de Alto Parnaíba. É lastimável.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

CEM ANOS DE UM GRANDE HOMEM


Os homens de províncias também podem ser universais, pelo conjunto da obra humana e da dedicação à sua terra e sua gente.

Se vivo fosse, meu tio paterno Elias de Araújo Rocha teria completado cem anos de existência no último dia 06 de julho.

Morto relativamente jovem, aos 58 anos de idade, em consequência da doença de Chagas que tantos óbitos causou e continua a matar no município de Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, Elias Rocha nasceu quando o nosso município ainda se chamava Victória do Alto Parnaíba e era o primogênito de meus avós, Antonio de Araújo Rocha (Antunim) e Ifigênia do Nazareth Rocha.

Inteligente e autodidata, Elias foi promotor público, juiz de direito suplente da comarca de Alto Parnaíba e advogado provisionado até a morte, se destacando pela oratória brilhante no tribunal do júri e pela escrita fácil, que retratavam o conhecimento adquirido através da leitura permanente, hábito transmitido por meu avô aos filhos, que, na época, pelas condições do lugar, o estudo formal era mínimo.

Querido e estimado pela população mais necessitada, Elias aos pobres verdadeiramente se dedicou, ao mesmo tempo que, pelo próprio porte físico, era respeitado até pelos mais velhos.

Na política da província, foi tudo - vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito e prefeito de Alto Parnaíba -, se destacando pela probidade, pela eficiência administrativa e pela capacidade de gestão, alinhados a um carisma contagiante.

Maçom e pregador evangélico (da igreja Batista), meu tio Elias - segundo nos relatava o também saudoso Galileu Clementino Ramos dos Santos, dileto amigo de nossa família, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Maranhão, pai da ex-prefeita de São Luís, Gardênia Gonçalves e sogro do ex-governador e atual prefeito João Castelo -, se encontrava na capital do estado e convidado por ele, Galileu, em um certo domingo foi acompanhar o enterro de um rico empresário dali. No cemitério do gavião, um certo mal estar, já que o maçom que seria o orador na despedida ao ilustre morto, não comparecera. Elias, de pronto e sem sequer conhecer o dito cujo, não se fez de rogado e proferiu um inesquecivel discurso, de conteúdo bíblico sobre a vida e a morte, que a todos impressionou e continuava a provocar lágrimas em seu Galileu muitos anos depois.

Não me recordo de meu tio Elias, pois quando de sua morte eu tinha apenas dois anos. Sua história de vida, entretanto, continua sendo contada por aqueles que com ele conviveram. Casado com a educadora Maria de Lourdes Gouveia Rocha, pioneira normalista vinda da terra natal, São Luís, para alfabetizar gerações na distante Alto Parnaíba, aqui chegando a lombo de burro no final dos anos 1930, deixou duas filhas, Izidorinha Gouveia Rocha e Martha Rocha Avelino.

Um fato curioso do carisma de Elias sempre foi repetido na família Rocha, a própria preferência da mãe para com ele em face dos demais filhos. Franca e sem rodeios, um curioso perguntou à minha avó Ifigênia quem, se Deus permitisse, ela queria que morresse primeiro, se Elias ou os demais filhos juntos. A resposta deixou o interlocutor talvez persplexo: que fique Elias. Esse fato pode ser comparado em razão dela não haver resistido à morte do filho e falecido pouco tempo depois.

Sentindo a proximidade da passagem natural, Elias, desaconselhado pelos médicos que o atenderam em São Luís e Belém, deixou a cidade e foi para a fazenda predileta, a Salina, gleba da Data Água Branca. Ali, cercado por homens e mulheres do campo, caiu morto quando cantava um hino de louvor a Cristo. Velado sob o pranto e as ladainhas cantadas por aquela gente humilde que era o seu povo, o corpo foi trazido para a sede do município onde uma multidão acompanhou até a última morada.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

FÉRIAS E NATUREZA

Alto Parnaíba é, sem dúvida alguma e sem qualquer barrismo, um lugar bonito, pitoresco, onde a natureza praticamente é intocável.

Localizado no extremo sul do Maranhão, avistando o Piauí, cuja divisa é apenas as ruas majestosas do rio Parnaíba, o Tocantins e a Bahia, com extenso território de mais de onze mil quilômetros quadrados, o município de Alto Parnaíba possui milhares de hectares de cerrados - parte ocupada pela lavoura de grãos em grande escala, mas com razoável preservação ambiental -, e de baixões, com águas perenes em abundância, como do principal rio, o Parnaíba e seus alfuentes, dentre os quais, os rios Parnaibinha, Medonho, Pedra Furada, Pureza, Claro, Riozinho, Brejão, Panela e Branco, todos e mais os ribeirões e brejos aptos ao banho com segurança e sem qualquer poluição, destacando-se as corredeiras da Taboca no Velho Monge, um dos pontos mais belos da região, ainda livre da ameaça irracional do homem.

Aves em extinção em outras regiões sobrevoam a cidade e regiões do interior, como araras e papagaios de vários tipos, tucanos, gaviões, garças, além de pequenos pássaros e seus cantos incomparáveis, como a patativa, o curió, o pintassilgo, o bigode, o pássaro preto, o guriatã, o canário da terra e até mesmo o bicudo, que começa a reaparecer.

Outras animais também povoam as nossas matas, rios e baixões, como a onça pintada, a preta e a sussuarana, o veado catingueiro, o mateiro e o suassuapara, a capivara, o porco queixada, porco espim e o caititu, a paca, cotia, tatú, tamanduá bandeira, jacarés, cuatis, guaxinins, raposa, ema, siriema, perdizes, jaós, pequenos macacos, lambús, o lobo guará, o gato do mato (jaguatirica), enfim, a relação é enorme.

A beleza das serras é impressionante, como da serra geral e chapada das mangabeiras, onde o Parnaíba nasce. As serras que circundam as fazendas Serra Branca e Volta da Serra. A serra do Penitente, que de penitência não tem nada nos dias atuais, mas antigamente era mais do que uma penitência atravessá-lo, cujo nome, segundo alguma lenda popular com jeito de veracidade, teria origem em um famoso valentão de um passado não tão distante obrigado por um certo prefeito de Tasso Fragoso a correr em disparada daquela cidade e o único caminho, subir e cortar demarcando nas pernas a serra até descer próximo ao rio Medonho e alcançar a cidade de Alto Parnaíba. A dita serra hoje possui as terras mais valorizadas da região. A vista da serra do Jalapão é incomparável e seu esplendor cicunda parte do nosso município, a partir da região do Angical.

Os baixões do Cedro, próximo ao São Pedro e na região da Serra Branca, é de uma beleza esplêndida, assim como os baixões dos setes contos, na Salina, fazendo a vista se perder no infinito. As pinturas seculares na fazenda Figuras - dai o nome dado pelos antigos - ainda não exploradas. Aliás, tudo é praticamente natural quanto d'antes.

Na cidade, chegou o mês de julho, a temperatura amena, o vento permanente e o convite é o rio Parnaíba. Na margem do Velho Monge, o banho é uma delícia ao lado de botecos que vendem muito de nossa comida típica, como os de Jean Rosa, de tradicional família de cozinheiros do lugar, de Deuriel e Tereza Cristina, de Graciema Souza, a Pitica, de José Carlos Alencar, o Carlinhos, o peixe incomparável - principalmente o piau - do bar Victória, do Cândido Brito, herança de seu pai, Ivan Brito. No Jean, podemos encontrar o peixe frito - piaus, pacus, surubins, branquinhos, mandubés, mandis e outros - e o caldo de cabeça de surubim; a galinha caipira a molho pardo; pratos de carne seca variados, como o coxido, a paçoca e a maria isabel, além da panelada e do chambari.

Enfim, não custa nada conhecer Alto Parnaíba, cujo melhor acesso é através de Balsas, já que a estrada - MA-006 - é pavimentada, mas também pelo estado do Tocantins, a cidade mais próxima é Lizarda, e pelo Piauí, por Gilbués. Ao contrário, quem vem não se esquece e quem bebe da água do Parnaíba, diziam os nossos antepassados, volta sempre.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

CONTAS DESAPROVADAS E IRREGULARES

Encontra-se disponibilizada na página oficial do Tribunal de Contas do estado do Maranhão - TCE - na internet, a relação remetida ao Tribunal Regional Eleitoral maranhense - TRE -, dos gestores públicos maranhenses com contas julgadas desaprovadas ou consideradas irregulares, com pareceres prévios da Corte de Contas, o que significa, na prática, que estariam os mesmos responsáveis pelo dinheiro público impedidos de concorrer a novos cargos eletivos, ou seja, inelegíveis, caso não promovam o enfrentamento no Judiário e comprovem a lisura de seus atos. A relação é de 24 de maio último.



A situação de ex-prefeitos e ex-presidentes da Câmara Municipal de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, é a seguinte:



1 - A ex-prefeita Raimunda de Barros Costa tece as contas do exercício financeiro de 2004 julgadas desaprovadas pelo TCE (processo nº 3201/2005), o que foi mantido em definitivo pela Câmara Municipal; também desaprovadas as do ano de 2003, ainda sem apreciação do órgão julgador final, o legislativo do município (processo nº 8156/2004).



2 - O ex-prefeito José de Freitas Neto, o Zé Paraíba, teve desaprovadas pelo TCE as contas anuais de governo dos exercícios de 1999 e 1998. A primeira, a Câmara dos Vereadores derrubou o parecer prévio do Tribunal de Contas; a outra, ainda não apreciada pelos edis (processos nºs 3836/2000 e 2192/1999).



3 - O ex-presidente da Câmara, vereador Firmino José Brito de Amorim, no exercício financeiro de 2005, teve suas contas julgadas irregulares em parecer prévio do TCE, ainda não julgadas pelo plenário do legislativo (processo nº 3441/2006).



4 - Nos exercícios de 2007 e 2006 - os dois anos em que presidiu a Câmara - o ex-presidente e ex-vereador Evandro Pereira do Nascimento, também não logrou êxito no âmbito da Corte estadual de Contas com a rejeição de sua prestação de contas como irregulares, também sem apreciação, pelo que consta na dita relação, dos vereadores (processos nºs 3448/2005 e 7703/2004).

5 - O ex-presidente e ex-vereador Alan Nunes Vieira, de igual modo e ainda com parecer prévio e sem julgamento definitivo pelos vereadores, não conseguiu aprovação nas contas do exercício de 2001 (processo nº 7808/2002).

O TCE ainda deve enviar uma relação final e atualizada ao TRE. Ao eleitor, a decisão final.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

UM BOM ADVOGADO

Conheci o advogado gaúcho Leonir Possamai quando retornei a Alto Parnaíba em março de 1992. Com fortes traços trazidos da origem italiana, aparentando rudeza e despreocupado com a aparência, ao mesmo tempo emotivo, ele se solidarizava com a dor alheia e se colocava por inteiro em defesa dos menos afortunados.

Somente agora tive a informação concreta do falecimento de Leonir Possamai, ocorrido em outubro de 2008 em sua cidade natal, Ibirubá, no Rio Grande do Sul, para onde havia retornado após sofrer um indevido constrangimento imposto de cima para baixo como se o Brasil ainda vivesse sob estado de exceção. Esse episódio não deve ser esquecido, especialmente por aqueles que defendem o estado de direito e combatem o abuso ditatorial de autoridades, mas não merece ser comentado. Na época, a Ordem dos Advogados do Brasil, através da seccional maranhense e do seu presidente, Raimundo Marques, a Maçonaria e outras instituições da sociedade civil, e o povo alto-parnaibano, se levantaram e garantiram a imediata liberdade do pacato advogado, que apenas e tão-somente, queria advogar sem luzes ou holofotes.

Leonir Possamai era um advogado interiorano, espécie de clínico geral que chegou em minha cidade natal no final dos anos 1980 quando o único militante da advocacia domiciliado na comarca era meu irmão Plínio Aurélio, também morto. O gaúcho Possamai, mesmo bonachão e com aspecto de quem não estava para conversa, era de bem com a vida, se condoia daqueles que não podiam pagar honorários, tinha a altivez de não se rebaixar para os outros operadores do direito e adminstradores da Justiça, era direto em suas colocações, vivenciando a realidade do dia a dia da comunidade, enfim, foi um humilde, porém bom advogado. Fará falta, com certeza, mas, humilhado que foi no fim de uma vida relativamente curta, Leonir Possamai, por suas virtudes, colhe no outro plano o mandamento de Cristo e já foi exaltado.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

INELEGÍVEL

Na relação divulgada na última semana e encaminhada pessoalmente pelo presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Ubiratan Aguiar, ao ministro Ricardo Lewandowiski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e fartamente publicada pela mídia, apenas um político de Alto Parnaiba, no sul maranhense, ali aparece como inelegível.

Trata-se do atual vice-prefeito José de Freitas Neto, o popular Zé Paraíba, duas vezes prefeito e uma das mais importantes lideranças populistas surgidas no município de Alto Parnaíba nos últimos cinquenta anos.

Na sexta-feira, o Tribunal de Contas do Maranhão divulgará a sua lista. É provável que outros nomes, de ex-gestores do município, venham a aparecer. É a lei da ficha limpa começando a sinalizar que veio para ficar.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

SERÁ O VOTO NULO O CAMINHO?

Realmente, confesso, não tenho a menor ideia em quem votar para deputado estadual, deputado federal e senador. A desilução com a política me faz recordar o senador amazonense Jéfferson Perez ao se despedir da vida terrena da tribuna do Senado antes de embarcar para Manaus e dois dias depois, morrer do coração. No momento, não quero saber de política não.

Pode até ser que surjam bons candidatos e consigam me convencer de que sejam capazes de fazer alguma coisa - a exigência é pouca - por meu município, tão vitimado por sucessivos eleitos para a Assembleia Legislativa e Congresso Nacional e, passados os pleitos, nenhum compromissos com as causas de Alto Parnaíba.

Sei que algumas lideranças políticas se mexem e como sempre, sem qualquer comprometimento ou espírito público com um projeto viável para o município, como a construção e pavimentação de um trecho de pouco mais de 100km da BR-235 entre Alto Parnaíba e Lizarda, no Tocantins; a construção da ponte sobre o rio Parnaíba entre as cidades de Alto Parnaíba e Santa Filomena; a construção de um hospital público; a recuperação da MA-006 entre nossa cidade e Balsas; a construção - que seja de cascalho com obras de arte - entre a sede do município, o distrito de Curupá e as nascentes do Parnaíba, um dos lugares mais bonitos do Brasil, que, de forma sustentável e responsável, pode ser ponto turístico em toda aquela rica região da chapada das Mangabeiras.

Enfim, a eleição não me empolga. Tudo parece que continuará como agora. A vontade de anular o voto e com isso, nem que seja solitário, sentir que protestei contra esse Maranhão político mais miserável humanamente do que o Maranhão de fato.

terça-feira, 29 de junho de 2010

AINDA SEM DELEGADO

O município de Alto Parnaíba continua sem delegado de polícia, mesmo com todos os reclamos às autoridades da segurança pública do Maranhão.

Nem mesmo o noticiado homicídio que vitimou o ex-vereador Edivá Dias Vieira, ocorrido a poucos metros do fórum da Justiça no início da noite de 09 de junho de 2010, comoveu o governo maranhense a nomear um delegado de polícia para o mais meridional município do estado.

Segundo consta, faltam delegados de carreira, ou seja, bacharéis em direito concursados, no velho Maranhão de tantas mazelas impostas por sucessivos desgovernos.

Entretanto, a população não pode nem deve ser sacrificada em nome do mais restrito texto legal, quando dissociado da realidade nua e crua. Faço questão de relembrar um fato similiar ocorrido em Alto Parnaíba em 1992. Faltava promotor de Justiça em nossa comarca e a desculpa era mesma - o estado não dispunha de novos representantes do Ministério Público, cabendo tão-somente à comunidade esperar paciente e resignadamente. A juíza de direito Ilva Salazar Eliseu era a titular da comarca sul-maranhense. Ex-delegada e ex-promotora, de pulso firme e decisões rápidas, Ilva, hoje na capital, foi sem dúvida alguma um dos magistrados mais corretos e eficientes que conheci e convivi na militância do direito. Pois bem. A juíza Ilva oficiou o procurador-geral de Justiça, que é o chefe do Ministério Público estadual, e nenhuma providência era tomada. Então veio a decisão em plena vigência da Constituição de 1988: a juíza passou a dar andamento aos processos criminais e outros onde a presença do MP era indispensável e nomeou advogados militantes na comarca como promotores ad hoc. Os processos tiveram sequência, a sociedade agradeceu e depois, sem outra alternativa, com promotor nomeado para a antiga comarca, o Ministério Público ratificou a atuação dos provisórios promotores.

Positivamente, a República velha aportou e produziu no Brasil sob a égide do Estado democrático de direito.

Sempre se posicionando em defesa dos interesses legítimos de Alto Parnaíba, o diretório municipal do Partido Democrático Trabalhista, através de seu presidente, professor Wladimir Brito Rocha, remeteu expediente, que pode ser utilizado como representação, ao Ministério Público maranhense, representado pelo promotor Lindemberg Malagueta Vieira, para que o órgão que exerce o controle externo das polícias e defense os direitos coletivos e difusos da sociedade, tome providências. Eis a íntegra da representação:

"Há quase dois anos, o município de Alto Parnaíba não possui delegado de polícia próprio, que trabalhe e resida na cidade.

Os últimos acontecimentos estão deixando nossa população assustada e os filiados do partido político cujo diretório presido neste município, demonstram receio com a onda de violência e clamam por medidas urgentes por parte do Estado.

É sabido que a ausência de um delegado de polícia atrasa os procedimentos policiais até rotineiros, prejudicando as investigações e daí, a elucidação de crimes e o encaminhamento dos inquéritos ao Ministério Público, enfim, falta comando civil e orientação à atuação dos policiais.

Na realidade, essa ausência do Estado do Maranhão já deixou de ser um ato meramente omissivo, até pelo lapso temporal e pelo crescimento da violência e da própria dimensão territorial e de divisas distintas do município com outros estados e municípios maranhenses que exigem uma política de segurança pública efetiva e eficiente.

Além do contigente policial ser mínimo, com apenas uma viatura, sem cadeia, com uma delegacia com quase nenhum recurso tecnológico, sem um único policial civil, não é admissível que o município de Alto Parnaíba, que mesmo nos dois séculos anteriores sempre possuiu delegado em sua sede, permaneça nessa situação atípica e que, inegavelmente, fere a lei, inclusive a Constituição da República quanto ao dever da segurança pública pelo estado-membro.


Diante dos fatos, rogamos a Vossa Excelência para que promova as medidas administrativas e judiciais indispensáveis ao saneamento da questão, exigindo do Estado do Maranhão, através de seu Secretário de Estado da Segurança Pública e, se for o caso, da Sra. Governadora, a nomeação imediata de delegado de polícia civil para o município de Alto Parnaíba, aqui morando e trabalhando".

quarta-feira, 23 de junho de 2010

PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL

O vereador Elias Elton do Amaral Rocha, do PDT, irá apresentar na próxima sessão da Câmara de Vereadores um projeto de emenda à lei orgânica que cria o Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico, Geográfico e Cultural do município de Alto Parnaíba, no extremo sul maranhense, a partir de um projeto do Partido Democrático Trabalhista e do empenho determinado da professora Carmélia Pacheco, uma incansável educadora e notável ativista cultural e política.

Alto Parnaíba possui 144 anos de história e não é possível que não tenha muito a preservar, a revelar, a conservar, a partir do centro histórico, mais precisamente da margem do rio Parnaíba onde a cidade nasceu, como a restauração e conservação do prédio da intendência e casa do primeiro prefeito, coronel Antonio Luiz do Amaral Britto, onde atualmente funciona uma beneficiadora de arroz; as casas do major Hamilton Lustosa de Britto (Mitim), do bar Victória, de Ivan Brito, o primeiro da cidade; de Aderson Lustosa do Amaral Brito - um sobrado cujo quintal é o velho monge; de Rodolfo Amaral Filho; de Benevenuto Pereira da Costa (Bena), de Carlos Lustosa do Amaral (Carreta), depois de Maria de Lourdes Rosa e Sá (Baía); do coronel Adolpho Lustosa e do poeta Luiz Amaral; de Antonio de Araújo Rocha; de José Rodrigues de Miranda; da cadeia pública, do quartel da Polícia Militar e delegacia de polícia, do templo de nossa primeira Igreja, enfim, apenas o casario já é considerável, podendo incluir, ainda, o primeiro cemitério, com muros no chão e transformado em refrigério para o gado.

O nosso folclore praticamente morreu, ressurgido aos poucos com quadrilhas juninas. Outras atividades culturais padecem do mesmo mal, necessitando do apoio público e da iniciativa privada para reerguer, como o reizado, o bumba-meu-boi Besouro de Arudá (da negra Maria Apolônia, com seus 1.90 m. de altura, filha de escravos ainda nascida no cativeiro e sua saia rodada dançando além do brejo do Rapadura, de memória viva da minha meninice), as rezas aos santos e santas de todos os gostos e credos que se espalhavam pela cidade e pelo interior, ainda um pouco presente, enfim, esse instituto tem tudo para dar certo e é salutar que o poder público se mobilize e que a vontade política se faça sentir na nova instituição.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

PT DO SARNEY

Assim como a maioria dos estudantes na minha época, fui militante de carteirinha de Lula, e no Maranhão, mais precisamente em São Luís, o PT foi fundado por gente como Manoel da Conceição, Domingos Dutra, Terezinha e Jomar Fernandes.

Fui contemporâneo de Flávio Dino na Faculdade de Direito da UFMA, onde ele iniciou sua carreira política, pela militância petista e lulista, depois juiz federal e atualmente deputado federal e candidato do PC do B ao governo maranhense.

Grande parte dos militantes e petistas históricos do Maranhão não mudaram; quem mudou foi Lula. Em um memorável comício do ex-líder dos metalúrgicos do ABC paulista, em São Luís, na campanha presidencial de 1989, presenciei a Praça Deodoro, reduto das causas da liberdade e palanque permanente da resistência democrática e moralizadora das práticas políticas em meu estado, se levantar e gritar em um único coro quando Lula atacava ferozmente e até sem qualquer compaixão José Sarney e seus filhos. O povo da capital se extansiava em ouvir de um lider nacional o que ele, povo, há tempos sabia e sentia no dia a dia, no atraso, na corrupção, na miséria de todo um estado.

O deputado Domingos Dutra está em greve de fome. Ontem, pela TV Câmara, o vi debilitado e com um cartaz de protesto afixado no peito, no plenário Ulysses Guimarães. Um deputado do PT, seu companheiro, com ele e com sua causa se solidarizava. O resto, desde a mesa diretora, se manteve inerte, covarde, cúmplice das mazelas impostas ao meu combalido Maranhão, que parece condenado perpetuamente ao degredo que impossibilita a alternância no poder, a lisura dos pleitos eleitorais, o desenvolvimento humano, social e econômico, o encontro com a qualidade de vida vista em outros estados do país.

Dutra continua o mesmo; Lula, não. Dutra não consegue, após trinta anos combatendo os oligargas, mesmo contra a vontade irada de Lula, levantar bandeira, carregar cartazes, discursar em palanques e andar Maranhão afora pedindo a continuidade da oligarquia, que a vida toda combateu, votando em Roseana Sarney em outubro, como quer o presidente. Lula é desumano com Dutra e companheiros. Lula não tem respeito pelo Maranhão. Lula, como gosta de dizer um velho amigo, não tem coração, pelo menos com o povo maranhense. Lula sabe de toda a verdade sobre o que aconteceu e acontece nas terras e com a gente do Maranhão e seu desprezo conosco é tamanho, que em nome de um projeto político também de perpetuação no comando do Brasil, trai o passado, esquece o que disse, renega as causas que o tornaram o grande líder da nação.

Dutra prefere a tortura da fome à se dobrar ao sarneysismo/lulismo/dilmismo. Bravo, Dutra, mas reaja, volte a comer e rompa com Lula e com o PT, assim como fizeram Heloísa Helena, Plínio de Arruda Sampaio, Luiza Erundina, Hélio Bicudo, Flávio Arns, Marina Silva, e use sua energia, sua força e sua inteligência para combater esse novo mal.

Também Flávio Dino, que foi um magistrado realmente de valor, um bom deputado, renegado por Lula que prefere Sarney e sua filha, mandando que o PT intervenha no diretório estadual para anular a decisão de apoio a ele, Flávio, e passar a apoiar Roseana, dê um basta hoje, em nome até da dignidade pessoal e da resistência maranhense, e saia desse grupo que desrespeita o nosso estado, dê o grito da liberdade e faça fileiras, com Jackson Lago e companhia, contra essa terrível dupla - Lula e Sarney, lembrando que primeiro é o Maranhão, cujos avanços e conquistas do governo Lula cá praticamente não chegaram.

Se Dutra, Flávio e outros honrados companheiros, não fizerem isso e permanecerem defendendo e apoiando Lula, como se Deus fosse, não adiante discurso ou greve de fome, estarão apoiando Sarney, a quem Lula tem uma dívida impagável e uma admiração incondicional.

terça-feira, 15 de junho de 2010

MUNICÍPIO SEM DELEGADO

Pode até parecer piada, mas o município de Alto Parnaíba, no extremo sul do Maranhão, com extensão territorial de mais de 11 mil km2, superior ao Grão-Ducado de Luxemburgo, em divisas com outros três estados da federação, Piauí, Bahia e Tocantins, em franca expansão econômica a partir da iniciativa privada e mais precisamente da agropecuária, não tem delegado de polícia há dois anos, que more e trabalhe na cidade.

No último dia 09 de junho, a comunidade alto-parnaibana foi surpreendida com uma espécie de homicídio que não conhecera nem no passado, nem mesmo nos mais ferrenhos embates políticos do coronelismo, provavelmente um crime de encomenda que ceifou covardemente a vida do negociante de terras e ex-vereador Edivá Dias Vieira, aos 53 anos de idade, pai de família que deixou filho órfão.

Jornais da capital maranhense noticiaram o crime, mas, infelizmente, se silenciaram e como Alto Parnaíba parece não ter importância para o centro do poder estadual, ninguém ousou indagar como estariam as investigações, onde descobriria facilmente que na estaca zero, já que o município sul maranhense sequer possui delegado de polícia civil.

Registrar boletins de ocorrência na delegacia de polícia se transformou apenas em um documento oficial objetivando resguardar algum direito futuro de quem se sente lesionado, já que não há delegado para coorndear as investigações e se for o caso, remeter ao Judiciário.

O Código de Processo Penal exige que o inquérito policial seja presidido por um delegado da circunscrição dos fatos, ou seja, do município. Em Alto Parnaíba, quando algum inquérito é concluído, na maioria das vezes, é produzido em Balsas, distante 250 km do lugar do crime.

Agora pela manhã os vereadores que integram a Câmara Municipal se reuniriam com o Promotor de Justiça para denunciar a omissão criminosa do Estado do Maranhão em não nomear um delegado para Alto Parnaíba e da preocupação com a violência e com o assassinato de Edivá Dias Vieira, que até agora nem mesmo um delegado especial veio à cidade, quase uma semana após. Não sei ainda se a reunião ocorreu e qual o resultado.

O PDT, partido que integro, por seu presidente, Wladimir Brito Rocha, enviou pedido de providências ao Ministério Público do Maranhão, através do Promotor Lindemberg Malagueta Vieira, sobre o descaso do estado-membro, para que o fiscal das leis e defensor da sociedade e dos direitos difusos coletivos, contrador externo das polícias, promova as medidas administrativas ou judiciais para obrigar o Estado maranhense a cumprir sua obrigação institucional.

Em Alto Parnaiba a presença do Estado do Maranhão é insignificante em todas as áreas de governo. Na educação, apenas a mesma escola inagurada há sessenta anos; nenhum curso superior. Na saúde, nem posto de saúde, nem hospital, nem médicos, enfim, nada. Em estradas, apenas a que nos ligam a Balsas, construída há dez anos, e bastante deteriorada. Até mesmo delegado de polícia, que nunca o nosso município deixou de ter trabalhando e morando na cidade, mesmo no Império e na República velha, o velho Maranhão de tanta corrupção causadora de misérias e de descrenças, não nos manda nem mais.

Enviei um apelo à governadora Roseana Sarney,em 11 de junho, recebido em Palácio pela funcionária Maria das Neves no mesmo dia às 14:50 horas, cujo teor do telegrama (utilizei o antigo e heróico instrumento de comunicações do passado, ainda vivo em lugares como o meu), é o seguinte:

"COMUNIDADE ALTO PARNAÍBA ABALADA E PREOCUPADA VIOLÊNCIA QUE CULMINOU COM O ASSASSINATO COVARDE E TRAIÇOEIRO DO AGRICULTOR E EX-VEREADOR EDIVÁ DIAS VIEIRA NO ÚLTIMO DIA 09/06. COMO ADVOGADO MILITANTE NA DISTANTE COMARCA HÁ 18 ANOS, SOLICITO A VOSSA EXCELÊNCIA, TAMBÉM EM NOME DA POPULAÇÃO QUE CLAMA POR SEGURANÇA PÚBLICA, QUE DETERMINE O ENVIO DE UM DELEGADO DE POLÍCIA A ALTO PARNAÍBA E COMPLETA E IMEDIATA INVESTIGAÇÃO PARA ELUCIDAÇÃO DO CRIME, CUJO NUNCA D'ANTES OCORRERA EM NOSSO MUNICÍPIO".

Não sei se a chefe do governo maranhense recebeu a mensagem; espero que sim, e que tome essa providência tão simples e rotineira na administração pública, já que não é culpa nossa, de Alto Parnaíba, continuar a pertencer ao Maranhão.

sábado, 12 de junho de 2010

CARNE DE PORCO, SEXO E 100 ANOS DE VIDA

Completar um século de vida hoje em dia não é mais uma raridade, principalmente nas grandes cidades e nas nações com os maiores índices de qualidade de vida do planeta.

No Brasil, o maior exemplo de uma celebridade centenária é o arquiteto Oscar Niemeyer, que ultrapassou a barreira dos cem anos.

Entretanto, pessoas como Niemeyer, possuem cuidados especiais pela própria situação econômica e social, vivendo em centros urbanos avançados, com acesso fácil à uma saúde de ponta, excelentes hospitais, alimentação adequada, medicamentos inovadores, conforto luxuoso de moradia, de informação, de lazer, enfim, habitam em um mundo distante anos luzes do interior maranhense.

No último dia 27 de abril, um alto-parnaibano do mais genuíno sertão nordestino, completou um século de existência.

Nascido na zona rural, de onde jamais se mudou Tertuliano Rodrigues da Silva, o seu Terto, raramente se desloca de uma de suas propriedades, a Fazenda Campo Alegre, aproximadamente 100 km da sede do município de Alto Parnaíba, no sul do Maranhão, para ir à cidade receber a sua pequena aposentadoria rural.

No início da semana, seu Terto esteve na cidade e foi ao médico, coisa rara, e ali constatou que o único problema aparente na saúde seria a fragilidade nas pernas, que não o impedem de continuar a andar.

Desta feita, não tive o privilégio de conversar com seu Terto, mas recebi a visita de seu neto, Silvino, de quem é próximo e sua companhia nas poucas viagens, que me relatou passagens surpreendentes no cotidiano de um homem com cem anos.

Ele continua se alimentando como se fosse um jovem, inclusive come carne de porco, de preferência com toucinho, e no jantar. Seu Terto permanece na administração de suas fazendas, seu gado, seus bens, não permitindo a intromissão de filhos, netos e bisnetos. Viúvo pela segunda vez, ao se alimentar recentemente e de forma farta com costelas de porco, o ancião for dormir – dorme muito bem – e se despertou no meio da noite, sentindo que a comida também serviu de estimulante à prática salutar do sexo.

Infelizmente, lamenta o patriarca secular, não tinha uma mulher ao lado.

Com certeza, os médicos e cientistas se assustariam com a experiência de um sertanejo que não mente e nem mais possuiria razões para não dizer a verdade, ou seja, a tão condenada carne de porco, devorada com fartura e no início da noite, é o viagra no interior do sul maranhense.

Onde seu Terto mora não tem banheiro, água potável, energia, saneamento, cujo acesso é por estradas carroçais, sem transporte, telefone, televisão, em que o vizinho mais próximo é o vaqueiro, a quinhentos metros.

A solidão também não encurta a vida, pelo menos no caso de Tertuliano Rodrigues da Silva, que desde a atual viuvez, vive sozinho, prepara a comida, se alimenta e cuida de si próprio.

Ainda saudável e sempre de bem com a vida, simpático e bom de prosa, seu Terto, que não quase não ouve rádio, não tem qualquer luxo, possui bens, administra-os com racionalidade, adquiridos que foram com o suor do resto, aprendeu a fazer um bilhete e a ler, mas a educação que transmitiu aos filhos não lhe permite passar a mão na cabeça dos descendentes em coisas erradas e nem perdoar dinheiro quando lhe devem. É o limite imposto pelos antigos pais e avós que tornam os filhos e netos mais humanos, amigos e decentes.